Sweet Love, Sweet Guy escrita por Tomoito


Capítulo 13
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

E a espera de vocês hoje é recompensada! Quem será a misteriosa voz no fim do último capítulo? O que vai acontecer agora?
Obrigada por todos os reviews que deixaram no último capítulo! Adorei ler a todos!
Espero que gostem da leitura~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/383664/chapter/13

—Ei! Ela disse pra você soltar, é surdo? —ouvi uma voz masculina.

Olho para a minha esquerda e vejo um cara de cabelo vermelho, estava com os braços cruzados e tinha uma cara de mal encarado; logo o reconheci como um dos integrantes da banda de Lysandre.

—Você... —minha voz saiu em um sussurro.

—Sabe, a gente tá se pegando aqui. —Dajan disse num tom casual— Privacidade é bem vinda.

—Eu até daria licença se fosse normal uma garota gritar pra alguém a soltar durante a pegação. —ele disse, se aproximando— E ai, vai soltar ela ou não?

—E se eu não soltar?

Pude sentir a tensão no ar. Dajan já não me segurava com firmeza, com um puxão eu provavelmente conseguiria me soltar; mas antes que eu pudesse agir, Castiel deu um soco em Dajan. Ele me soltou na hora, caindo do outro lado do banco, no chão; ele segurou o maxilar, conferindo se estava tudo bem.

Enquanto Dajan ainda estava no chão, sem reação, Castiel pegou minha mão e me puxou para fora do banco, me forçando a ficar de pé e sair dali o mais rápido possível, mais rápido do que eu conseguia raciocinar; saímos andando pela trilha, caminhando rápido, meu coração continuava acelerado e eu não conseguia soltar sua mão. Depois de tudo, sentia que eu estava tremendo.

—Minhas coisas... —disse, depois de um tempo—Preciso pegar as minhas coisas...

—Suas coisas são tão importantes assim? —ele me perguntou, num tom de irritação.

—S-se eu não pegar... ele pode usar isso como uma desculpa pra me procurar depois...

Ele suspira profunda e sonoramente, como se não se conformasse com a situação.

—... Tá. Onde elas estão?

—Na quadra de basquete...

Fomos para a quadra rapidamente, onde os alunos ainda estavam jogando despreocupadamente, não havia nenhum sinal de que Dajan havia voltado; dei uma desculpa qualquer para eles, sobre ter uma emergência, e fui embora do parque com Castiel. A mochila pesava sobre meus ombros cansados e trêmulos, e eu me sentia física e psicologicamente esgotada; andávamos em silêncio, aparentemente sem rumo algum. Não haviam se passado nem cinco minutos que saímos do parque e logo eu já sentia as lágrimas querendo sair, logo eu não conseguia parar de chorar ou soluçar; Castiel não falava nada, mas conforme eu não conseguia mais andar direito, ele parou e me abraçou, me aconchegando em seus braços, ali eu chorei até não conseguir mais. Quando eu finalmente me acalmei podia sentir meus olhos ardendo.

—Obrigada... —digo, me afastando dele. Eu não tinha coragem de olhá-lo nos olhos.

—Tudo bem. Vem. —Ele disse, tomando a mochila de meu ombro—Eu tô morrendo de fome. Aliás, vê se ajeita o seu cabelo, tá parecendo uma doida.

Passo a mão por meu rabo-de-cavalo, percebendo que ele meio que tinha razão; meu cabelo havia virado um enorme bolo de cachos desarrumados e bem armados, o melhor que pude fazer foi trançá-lo levemente enquanto caminhávamos. Logo chegamos a um restaurante por quilo de comida caseira, o relógio na parede dizia que era só 12h30, mas eu sentia meu estômago roncar enquanto o cheiro me fazia salivar.

Nos servimos e sentamos em uma mesa para dois, nos fundos do restaurante, o mais longe possível dos outros clientes; comemos rapidamente tudo o que havia em nossos pratos, sem conversamos. Castiel olhava para fora, pela janela, parecendo estar em devaneio; no fim, fui eu quem teve de falar primeiro.

—Obrigada por me ajudar lá no parque... —digo, olhando para ele.

—Tudo bem. —ele disse ainda olhando pela janela, pouco depois ele virou-se para mim e me encarou de modo sério—Você deveria tomar mais cuidado com quem você anda. Você o conhece, não é?

—Bem, sim... —digo, desconfortável com o assunto— Mas não achei que as coisas fossem acabar daquele jeito.

—Tem sorte de eu estar passando por lá naquela hora.

—... Eu sei... —respondo, sentindo o peso de seu olhar sobre mim.

No fim, com certeza ele acha que sou uma idiota ingênua que qualquer um poderia estuprar quando quisesse; ou algo do gênero, tenho certeza de que não estou tão longe do real conceito que ele tem de mim. Ficamos em silêncio mais uma vez, antes que eu voltasse a falar.

—... Se possível... Eu gostaria que não contasse o ocorrido para ninguém.

—Quando você diz ninguém, — ele respondeu após algum tempo— você quer dizer ninguém ou quer dizer Lysandre?

—Os dois. —respondo, mas logo acrescento— Especialmente Lysandre.

—Não sei qual é o problema de vocês dois...

—O que quer dizer com isso?

—Nada. —ele disse, se levantando— Eu já vou embora. Vê se volta logo pra casa.

—T-tá! Obrigada por tudo...

Ele não me respondeu, simplesmente deu um aceno por cima do ombro enquanto caminhava em direção ao caixa para pagar a conta, até que eu percebo que ele também havia levado a minha conta para pagar; dou um leve sorriso ao perceber isso, ele podia ser bem seco e não se importar com quase nada, mas ele certamente era gentil, de um jeito estranho mas ainda assim gentil. Termino de tomar meu suco calmamente e respiro fundo ao pegar minha mochila antes de sair; infelizmente, eu não poderia ficar ali para sempre, precisava ir para casa e enfrentar a vida. O que nunca é fácil.

Lillie POV off / Lysandre POV on

Cheguei em casa e não havia mais ninguém lá para me recepcionar, aproveitei o momento sozinho e fui largando minhas roupas pelo caminho para o chuveiro, eu precisava me acalmar, e nada melhor que água para fazer isso. Primeiro pus na água fria, numa tentativa infrutífera de esfriar a cabeça e apaziguar meus pensamentos, mas mesmo em pleno verão eu não consigo ficar na água fria por muito tempo, sou friorento demais; ponho na água quente e deixo o vapor encher todo o banheiro, me permitindo desenhar no vidro do box, e antes que eu pudesse notar lá estava, aquele olhar doce e gentil que eu tanto amava.

—Eu não quero pensar em você agora. —disse apagando o desenho com as mãos.

Eu nunca havia me sentido tão mal por alguém, nunca havia ficado tão nervoso por algo que havia visto. Me sinto insano por ter ido até a casa dela sem motivos, por tê-la seguido e ficado observando-a por tanto tempo só pelo simples prazer de vê-la; também não sei como aguentei ficar vendo aquele cara, praticamente a devorando com os olhos, não sei como suportei aqueles olhares, muito menos aquela cena durante o jogo.

Por mais que eu queira acreditar que Lillie não estivesse correspondendo, eu não consigo pensar em outra razão para que ele avance tanto sobre ela sem que haja alguma barreira; mas, ao mesmo tempo, eu não consigo acreditar que ela esteja tendo algo com ele ao mesmo tempo em que insinua algo comigo. Lillie não parece esse tipo de pessoa.

Saio do banheiro e visto um short e uma camiseta brancos; paro em frente à janela, olhando para a cidade, tentando entender as coisas. “O que há de errado comigo?” me pergunto. “Será que eu realmente deveria ter voltado pra casa? Deveria ter ficado mais tempo?”

Antes que eu pudesse responder a essas perguntas ouço a porta sendo destrancada e por ela entram Rosalya e Leigh, ambos rindo e falando alto; Rosa olha para mim e sorri em saudação.

—Oi Lys-fofo! Tudo bem? —ela pergunta, pondo a bolsa sobre a mesa.

—Tudo. —respondo abrindo a geladeira e pegando o iogurte— E você?

—Vou bem — ela respondeu, olhando para trás de mim — Então... você não fez o almoço? Isso é incomum... Aconteceu alguma coisa?

—Não. —respondo colocando um pouco de iogurte num copo—Tudo normal.

—Olha, eu sei que às vezes você não quer conversar sobre problemas, —disse Rosa se aproximando— mas às vezes você precisa botar pra fora e...

—Olha, já disse que não aconteceu nada, Rosa. —digo, pondo o copo vazio sobre a pia— Eu saí hoje de manhã e me distraí; esqueci de fazer o almoço, só isso.

Saio da cozinha e vou para meu quarto, ao passar pelos dois posso ver o olhar preocupado de ambos e Leigh segurando Rosa pelo ombro para que ela não me seguisse; fecho a porta atrás de mim e respiro fundo, logo eles sairiam para almoçar em algum restaurante e eu poderia ficar sozinho novamente. Fui até a escrivaninha e abri uma das gavetas onde guardo meus rascunhos de letras e desenhos, tudo misturado e desordenado; ali, no fundo da gaveta, eu havia colocado os vários desenhos que fiz de Lillie, cada um mais recente que o outro.

Mesmo que eu tenha brincado com ela naquele dia no parque, eu mesmo já havia parado para fazer um desenho dela, mais especificamente de seu olhar, que era tão expressivo; eu posso até tentar desistir dela depois do que vi hoje, mas o problema é que eu não quero. Eu sonho com ela toda semana, sonhos incrivelmente realistas, sempre com ela; isso não é uma coincidência.

Enquanto olho para meus inúmeros desenhos espalhados pela escrivaninha ouço uma batida na porta, logo vejo Rosalya entrando lentamente.

—Com licença...

—Vocês não vão almoçar em um restaurante? —pergunto, tentando não parecer grosso.

—Eu falei pro Leigh ir sozinho, depois eu almoço em casa. —ela disse sentando-se em minha cama— Achei que preferiria conversar se não houvesse mais ninguém em casa...

—Rosa, — digo, passando a mão pelo cabelo— eu não quero conversar.

—Lysandre, dá pra perceber de longe que tem algo de errado. Sua testa esta enrugada, suas costas curvadas e você estava falando de uma forma meio grossa. —ela disse, imitando o jeito que eu estava— O que quero dizer, — ela continuou, voltando ao normal— é que você raramente fica assim e isso me deixa preocupada.

Por mais extrovertida e agitada que Rosalya poderia ser, ela de fato conseguia tratar os assuntos de forma séria e centrada sempre que necessário; ela sempre se preocupa muito comigo, como se fosse minha irmã mais velha, sempre disposta a ajudar. De fato era muito bom ter Rosalya por perto, pois alguns assuntos eu não conseguia conversar com Leigh, então ela vinha como um apoio para essas horas; ela era alguém que dava opiniões sinceras e sempre tentava ajudar naquilo que podia.

—Bem... —coço a cabeça, pensando em como contar a ela— É sobre Lillie.

—Aaah! —ela disse, como se as coisas fizessem mais sentido— O que aconteceu entre vocês?

—Não foi exatamente entre a gente, foi... Bem, eu estava no parque e vi a Lillie jogando basquete com um time e no banco tinha um cara olhando pra ela o tempo todo.

—Pera, que cara? Um cara qualquer que resolveu assistir o jogo?

—Não, alguém do grupo, um jogador no banco de reservas. Ele ficou lá olhando pra ela o tempo todo, inclusive quando entrou no jogo; o problema é que durante o jogo ele deu um encontrão nela e os dois caíram no chão, com ele por cima dela... e ele deu aquele tipo de olhar que quase arranca um pedaço.

—Lys... Você esta assim porque um cara ficou olhando a Lillie? Sério?

—Não, Rosa, você não está entendendo. — respondo, frustrado— Eu estava lá longe da quadra e consegui sentir a intensidade do olhar, ela então... O ponto é que a Lillie não demonstrou nada sobre aquele olhar, agiu como se estivesse acostumada, como se fosse normal o cara olhá-la daquele jeito!

—Lys, uma coisa que você não sabe sobre a Lillie: Ela é muito inocente. De verdade. Quando se trata de olhares, mensagens corporais e coisas do gênero, ela é a última pessoa a perceber o que aquilo quis dizer, sempre. A não ser que isso venha de alguém que ela esteja interessada, mas às vezes nem assim ela percebe.

—Como ela pôde não perceber aquele olhar? —pergunto sem entender.

—Olha, ela só é assim. —ela disse se levantando da cama e encostando na escrivaninha, ao meu lado— Eu sei que é difícil de entender, mas nesses anos em que sou amiga da Lillie o que mais vi foram caras se aproximando dela, fisicamente falando, e ela achando que não estava rolando nada. Ela é ingênua nesse tipo de coisa, aproximações só físicas não surtem efeito nela; pode até ser algo físico, mas é necessário uma carga sentimental... como o beijo na mão dela.

Olho para ela surpreso por saber do ocorrido, logo chego a conclusão de que Lillie e Rosalya devem ter conversado sobre aquele dia. Mesmo com toda a explicação, eu ainda não gostava do que vi, sua falta de reação com relação ao outro cara me incomodava.

—Mesmo assim... Eu só vi aquilo. E se tiver rolado mais alguma coisa depois que eu tiver ido embora?

—Ela não retribuiu o olhar dele, certo?

—Não, ela não retribuiu.

—E nem ficou olhando para ele durante o tempo em que você esteve bisbilhotando, correto?

—Certo... —respondo, incomodado com a palavra “bisbilhotar”, algo que eu odiava que fizessem.

—Então não tem porque você se preocupar. Essa é a Lillie, sendo tão inocente quanto uma criança de oito anos.

Ficamos em silêncio durante algum tempo enquanto eu pensava. Será que alguém realmente poderia ser assim tão inocente a ponto de não perceber todos aqueles olhares? Afinal, Lillie já tinha vinte anos e pela regra é de se supor que ela tenha aprendido a perceber esse tipo de coisa no decorrer dos anos; é claro que existem exceções, mas ela era uma exceção tão... tapada desse jeito?

—Lysandre. —disse Rosalya, pondo a mão sobre meu ombro— Eu sei que você ficou preocupado com Lillie, mas... até o momento, vocês dois não passam de amigos. Se você sentiu ciúmes ao ver aquela cena, sugiro que você pense na possibilidade de namorarem...

—Mas eu não senti ciúmes! É que... —disse, tentando me desculpar.

—Desde o dia em que a conheceu você não consegue parar de pensar nela, confesse. Esses desenhos são a prova do que estou dizendo. —ela disse sorrindo com compreensão, olhando os desenhos sobre a mesa— Eu sei que não sou a melhor no assunto, mas acredito que se você realmente gostou de Lillie, não deveria perder tempo, porque pode ter mais gente atrás dela.

—... Eu sei. —respondo com um suspiro—Só gostaria de saber se o sentimento é recíproco...

—Tem certeza de que não sabe? —ela disse rindo— Afinal, acho que já recebeu dicas o bastante sobre qual é o sentimento da Lillie.

Ela ficou à minha frente e afagou meu cabelo ainda úmido, dando um beijo em minha testa, como uma irmã mais velha; ela me deu um largo sorriso e disse:

—Você realmente pode ser o cara perfeito para Lillie, de verdade. Então se esforce e me deixe orgulhosa do que vier a fazer.

Assim ele saiu do quarto, fechando a porta silenciosamente.

Eu não podia negar para mim mesmo de que havia sentido ciúmes naquela hora, queria que se aquela cena fosse para acontecer que fosse comigo e não com um cara qualquer; e era verdade que eu não conseguia para de pensar em Lillie nos últimos dias, o que havia me servido inclusive de inspiração para a letra de uma música. O fato é que aquele rosto delicado de olhos gentis e cabelo acobreado havia conseguido tocar meu coração como nenhuma outra garota havia feito.

Mesmo que Rosalya diga que Lillie sente algo por mim, sinto que não vai ser assim tão fácil ficar junto dela, é como se eu soubesse que havia coisas por vir, obstáculos; o amor nunca é algo fácil de conquistar, é necessário carinho, compreensão e investimento na relação para que tudo dê certo. Peguei minha pilha de desenhos e comecei a organizá-los, todos retratavam Lillie em diferentes ângulos e expressões que eu já havia presenciado; um dos meus preferidos era um retrato em que ela está rindo, tão espontânea e sincera que eu quase podia ouvir sua risada novamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No fim esse capítulo se tornou menos emocionante, mas espero ter compensado nos sentimentos que tentei colocar... ficou até que bem grandinho o capítulo! Sinto muito por só postar uma vez por semana, mas tudo que escrevo é de coração.
Criticas construtivas são sempre bem vindas!

Espero pelos reviews de vocês!