Silêncio escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 12
Capítulo 11 - Frio




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Francine entra pela porta da frente de casa, com os olhos vermelhos e uma expressão de dor explícita no rosto.

- O que houve? – Todd levanta-se do sofá preocupado.

- Eu não pude impedir – Ela abraça o marido e desaba em lágrimas – Eu não consegui salvá-lo.

- Eu sinto muito – Ele suspira, é só o que tem a dizer naquele momento.

- Ele não vai parar até ser parado, Todd! Ele está dando um jeito de fugir da policia, ele é muito inteligente, não adianta tentar prendê-lo, nós temos que mata-lo e para achar o desgraçado, temos que usar alguém como isca. Eu.

- Nem pensar!

- Não, me escuta, nós vamos bolar um plano, eu não vou me machucar.

- Mas...

- Shh, Não diga mais nada, é isso que nós temos que fazer, não podemos mais correr perigo – Ela interrompe.

Todd não diz mais nada.

- O que temos a fazer agora, é avisar aos outros sobre perigo que os ronda – Ela diz, pegando o celular do bolso.

- Como assim? – Todd pergunta.

- Ele está matando todas as pessoas próximas a mim – Ela abaixa a cabeça e diminui o tom de voz – E está começando pelos colegas da Spring, então para ele, só faltam Quentin e Rachel, só depois virá atrás da gente. Preciso avisá-los.

Ela disca o número de Quentin e nem mesmo sabe o que vai falar.

- Alô? Quentin?

- Oi Francine – A voz dele é extremamente dolorosa, perdeu vários amigos assim como ela, e a Spring infelizmente fechará por alguns meses.

- Quentin, eu preciso te falar algo, isso vai ser bem estranho, mas eu quero que você faça o que eu vou pedir.

- Tá.

- Tranque as portas e não saia de casa, apenas faça isso e se preteja com alguma coisa.

- Por quê?

- É difícil de explicar, apenas faça isso.

- Espera – Ele diz – Tem alguma coisa a ver com os recentes assassinatos? – Quentin pergunta.

Francine demora um pouco em silêncio, dá um suspira e finalmente responde:

- Sim.

- Ah deus.

- Tome cuidado Quentin, apenas tome cuidado.

- Você também, tchau.

- Tchau.

Ela desliga o telefone e sente um peso grande em suas costas. É a culpa. Ela ainda não consegue aceitar o fato de que não conseguiu impedir a morte de Aidan. Eu poderia ter evitado.

Tentando não pensar mais nisso, ela disca o número de Rachel e espera alguns segundos até ela atender.

- Oi Fran – A voz dela soa ainda mais dolorosa que a de Quentin.

- Rachel, vai parecer estranho o que eu vou te falar agora, mas escute com atenção.

- Estou ouvindo.

- Você está sozinha em casa?

- Não, estou com o Ryan – Rachel responde e Francine reconhece o nome. O namorado dela.

- Então tranque as portas e feche as janelas, e qualquer coisa suspeita, chame a policia imediatamente.

- Mas por quê?

- Os assassinatos recentes não são coincidência.

- Como assim? – Ela fica mais desesperada ainda, e começa a chorar.

- Você vai ficar bem, só faça o que eu disse.

- Não, não é verdade.

- Infelizmente é sim, então como você explica as mortes que aconteceram?

- Eu não sei, mas não vai acontecer comigo! – Ela tenta mentir para Francine e para si, pois sabia que estava perigo, sabia que as mortes não haviam sido apenas coincidências, é impossível.

Rachel desliga o telefone.

- Droga! – Francine diz.

- O que foi? – Todd pergunta.

- Ela não acredita.

- Ela não quer acreditar, mas no fundo sabe que é verdade. Ela deve estar muito abalada, só isso.

- Essa não é a hora certa pra dar show, estamos em perigo e ela sabe!

- Relaxa, enquanto o assassino não enviar uma mensagem com o nome dela, ela estará a salvo, não foi você que disse que ele manda um sms com o nome da próxima vítima?

- É.

- Então se você não receber nenhum, não haverá nenhuma morte, enquanto isso, a policia vai ter tempo de acha-lo onde quer que ele esteja.

Francine olha para ele, seu olhar exala medo, e então o abraça.

- Eu não quero morrer – Ela se segura para não chorar.

- Enquanto eu estiver aqui, você não vai – Ele dá um beijo no topo da cabeça dela.

No outro lado da cidade, Rachel chorava, deitada no peito do seu namorado, Ryan.

- Vai ficar tudo bem – O homem de olhos verdes e cabelo escuro tenta consolá-la – Mas o que foi que ela disse?

Rachel demora um pouco, mas depois responde:

- Nada, só ligou para me dar forças.

Ryan fica desconfiado.

- Bom – Ele se levanta do sofá – Eu preciso ir agora, você vai ficar bem?

- Vou sim.

Eles se abraçam e se envolvem em um beijo.

- Tchau – Ryan se despede.

- Tchau.

Todd desce as escadas rapidamente e encontra Francine, sentada em uma poltrona, olhando atentamente para o celular.

- O que houve? – Ele pergunta.

- Nada, só estou apreensiva.

- Tente relaxar um pouco.

- Tá – Ela olha mais uma vez para a tela do celular, esperando a próxima mensagem do assassino.

Enquanto isso, não tão longe dali, Quentin fazia cortes em uma abóbora, afinal era Halloween, a data favorita dele.

- Não era para ser uma cara assustadora? – Pergunta Natalie, a esposa de Quentin, pegando-o de surpresa.

Ele olha para a abóbora e percebe que realmente não parecia um rosto assustador e sim uma cara feliz.

- Foi o que consegui fazer – Ele sorri.

- Eu e a Violet vamos ao supermercado – Ela diz – E vamos demorar um pouco, talvez a maioria esteja fechado.

- Boa sorte – Ele ri e continua o trabalho na abóbora.

- Vamos Violet! – Natalie grita e rapidamente, a pequena Violet de quatro anos desce as escadas saltitando.

- Vamos mãe, tchau pai!

- Tchau querida.

As duas vão embora e ele continua tentando dar um jeito de deixar a escultura um pouco mais assustadora. Alguns minutos após sua mulher e filha terem saído, ele desiste de tentar esculpir a abóbora e senta no sofá. Tomando uma cerveja, ele procura algo na programação da TV, é quando ouve um barulho vindo de cima.

- O que foi isso? – Ele pergunta para si mesmo e se levanta, lentamente sobe as escadas.

- Shawn? – Ele pergunta, esperando que o cachorrinho apareça correndo como sempre faz, mas não é ele, não é Shawn.

Caminhando pelo corredor, ele percebe uma sombra vinda de dentro do seu quarto e corre até lá, encontrando um homem alto, vestindo um terno preto, virado de frente para a janela. Quentin corre até a cama e debaixo dela, pega uma faca – Que guardava ali para se defender caso alguém invadisse sua casa.

- Vire-se! – Ele grita. – Eu te peguei desgraçado!

O homem lentamente se vira, revelando uma máscara ensanguentada e assustadora, e por trás dela, ele fala algo.

- Não, eu te peguei – Ele revela um grande machado em suas mãos.

O sujeito caminha lentamente pelo quarto na direção de Quentin, que rapidamente põe-se a correr. Ao chegar à sala de estar, ele pensa em sair de casa e chamar a policia, mas não pode deixar aquele maníaco fugir, então corre até a garagem, lá ele acharia algo para se defender. Ao chegar ao local, ele acende as luzes e corre para buscar uma arma de pregos que tem guardada, mas não consegue acha-la, então pega uma barra de ferro com a ponta afiada e vira-se, porém, ninguém está lá, o assassino não está mais atrás dele, então ele sai da garagem lentamente indo em direção à sala, ao chegar lá, ninguém novamente. Ele deve ter ido embora. Finalmente Quentin se lembra. Hoje é halloween, deve ter sido alguém pregando uma peça. O vizinho. Ele ri de si mesmo e então vai até o quintal.

- Muito engraçado! – Ele grita, para o vizinho. George, o outro cachorro da casa, permanece latindo. Quentin vai acalmá-lo.

- Calma garoto, calma – Ele diz, sorrindo por cair na brincadeira. Pareceu tão real.

George continua latindo.

- O que aconteceu? – É quando Quentin percebe, o cachorro está latindo para algo atrás dele.

Ao se virar, ele dá de cara com o sujeito, que ele ainda pensa ser o seu vizinho.

- Ah, você está ai – Ele sorri – Quase me matou de susto – Quentin começa a caminhar até a casa. – Pareceu real.

Uma dor excruciante o atinge, fazendo-o cair no chão, como se algo houvesse cravado em suas costas – Ele olha para trás e percebe o machado cravado em suas costas.

O assassino caminha até ele e puxa ele pelo cabelo e saca uma arma de pregos da calça. As lágrimas de dor descem pelo rosto vermelho de Quentin, a expressão em seu rosto é de medo e desespero.

- Por favor, não! – Quentin pede aos prantos, sem entender o motivo daquilo.

O homem não diz nada, apenas coloca a arma dentro da boca dele. Ele tenta lutar contra o homem, mas a dor que sente nas costas, não permite que ele salve sua vida. Com a arma dentro da boca dele, o sujeito olha bem para o rosto daquele homem ali, lhe implorando pela vida, mas não sente absolutamente nada.

- Feliz halloween – Ele diz e então dispara o primeiro prego, que entra rasgando a garganta dele até chegar ao outro lado. Dispara o segundo, novamente entra rasgando. Dispara o terceiro, Quentin já não tem mais vida, mas ele não simplesmente não quer parar, então dispara o quarto. O último prego também atravessa a garganta e o sangue suja o piso branco da varanda da casa. O assassino ainda não parece satisfeito, então dirige a arma até o olho esquerdo e dispara, o prego entra a toda velocidade, fazendo o líquido vermelho respingar na roupa do homem. Depois, ele direciona a arma para o outro olho e faz o mesmo e solta o corpo sem vida de Quentin no chão.

Francine não consegue ficar calma sabendo que pode receber uma mensagem daquelas a qualquer momento. Ela pega o celular e liga para Vanessa, que atende alguns segundos depois.

- Oi Fran.

- Onde você está? – Francine pergunta.

- Em casa, mas por que a pergunta? – Vanessa fica desconfiada. O assassino enviou uma mensagem com o meu nome, só pode ser isso.

- Por nada, só queria conversar.

- O assassino deu alguma pista? Enviou alguma mensagem?

- Por enquanto não, é isso que me preocupa.

- Relaxa, enquanto ele não mandar nenhum sms, ele não vai agir.

- Eu sei, mas não estou com um bom pressentimento.

- Eu também não

- Espera um pouco, tem alguém na outra linha – Francine diz.

- Tá bom.

- Alô? – Francine pergunta, ao passar para a outra linha. É Frank.

- Francine?

- Oi Frank.

- Você recebeu algum sms?

- Não, por quê?

- Seu amigo, Quentin, está morto.

- O que? – Ela estremece por dentro. Como? O assassino não mandou nenhuma mensagem.

- Eu lamento.

- Oh meu deus, eu estou indo para ai – Ela sente as lágrimas chegando.

- Tá.

Francine volta a conversar com Vanessa.

- Quentin está morto – Ela diz aos prantos.

- Não pode ser – Vanessa fica surpresa.

- Mas como isso aconteceu? Ele não mandou mensagem alguma.

- Eu não sei, eu não sei, estou indo até a casa dele agora – Ela está muito nervosa.

- Eu estou indo agora.

- Tá, tchau.

- Preciso sair – Ela diz, sentindo uma ardência nos olhos. Ia começar a chorar.

- Como assim? Pra onde? – Todd, que estava na cozinha, pergunta.

- Aconteceu algo – Ela responde – Com Quentin.

- O que?

- Ele está morto – A primeira lágrima finalmente cai.

- Eu sinto muito – Todd diz, largando a frigideira que estava segurando.

- Fique com o Caleb, eu volto em pouco tempo – Ela sai apressada.

Ao chegar á frente da casa de Quentin, ela desce do carro com os olhos vermelhos, já parou de chorar, mas ainda não consegue aceitar. Ao ver Frank, corre e o abraça.

- Eu sinto muito – Ele diz. Ela não consegue dizer mais nada.

- Oh meu deus, onde está Natalie?

- A esposa dele né? Ela está conversando com os policiais, está muito abalada.

Francine caminha até o jardim da casa, onde encontra Natalie aos prantos conversando com o delegado. Ao ver Francine, ela interrompe a conversa e dá um abraço.

- Eu sinto muito – Francine diz, está nervosa, mas não tanto quanto a mulher na sua frente.

- Obrigada.

- Oh meu deus, e Violet?

- Ela está na casa da avó, ainda não sabe. Eu nem sei como vou contar a ela.

Vanessa chega ao local e encontra Frank.

- Onde está Francine? – Ela pergunta.

- Falando com a esposa dele – Frank responde.

- Vamos.

Os dois vão até Francine, Vanessa abraça Natalie e a consola.

- Precisamos conversar – Ela diz, puxando Francine para longe, muito nervosa.

- O que? – Francine pergunta.

- Como assim o que? O assassino não avisou sobre isso!

- Mas pode não ter sido assassinato, você sabe como ele morreu? – Os olhos dela brilham, ainda não quer aceitar a morte de Quentin.

- Ele foi encontrado com quatro pregos na garganta e dois nos olhos, nunca vi um acidente desse jeito.

- Oh meu deus – Ela tapa a boca com uma das mãos.

- O que nós queremos dizer é o seguinte – Ele começa – O assassino não vai avisar mais, eu não sei por que, mas agora ele está atrás de nós e não temos mais nenhuma pista de onde ele possa estar.

- Rachel – Francine diz baixinho. A ficha caiu – Ela é a próxima.

- É verdade – Vanessa diz – E ela está correndo perigo, o assassino pode estar indo pegá-la agora mesmo.

- Droga! – Frank diz – Onde é a casa dela? Vamos no meu carro!

Os três vão embora, precisam alertar Rachel sobre o perigo que ela corre.


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