A Garota De Roupas Excêntricas. escrita por Soquinho


Capítulo 5
George "Doente".


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora. Tudo bem com vocês? Aqui vai mais um new chapter!
Enjoy!



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O tempo estava nublado, nada que pudesse apontar neve vinda aí. E a temperatura consideravelmente média. Uma ótima tarde, enfiados em um estúdio dialogando forçadamente com a nossa gravadora. Jerry sempre, sempre apresentando um problema feito por nós para ser ligeiramente resolvido. Greer o olhava fulminante, e eu digo que se fosse um cachorro com raiva, o funeral do Jerry já seria hoje à noite. Essa gravadora geralmente busca talentos joviais e que façam um som pop, ou pop rock, mas eles também abrangem estilos mais pesados até o heavy metal. E não, não é a Hollywood Records. É a ASPA, vai lá Deus saber o que diabos essas siglas significam.

Nesse caso, somos a banda considerada pelos arredores aqui como a “banda fruit-pop”. Caralhos! É tudo culpa minha. Fui inventar de gravar um demo comendo morango e me engasguei. Um rótulo lindo, não? Para serem mais agradáveis, nos rotulam de Teen Pop. Incrível como eu não pego o gosto e o costume.

A ordem estabelecida foi à seguinte: Se não entenderem, acenem e deem o seu melhor sorriso falso. Não, não foi o Jerry que determinou esta regra, fui eu mesmo. Com certeza, valeu a pena e dada às três horas da tarde (HALLELUJAH), fomos liberados do centro de tortura direto para o AUDI que ele comprou, sem ter a carta para dirigir. Fora isso, com toda a grana que já arrecadou, ele tem o seu próprio motorista.

- Isso foi um cú. – Aqui utilizamos muito da linguagem obscena e inapropriada. Deixamos o nosso pudor na cama, junto com a coragem hoje de manhã. Observação: Não tive vestígio algum da Emily hoje.

- Um cú com hemorróida, pra ser mais exato. – Greer acrescentou. Eu ri.

- Se eles pegassem vocês falando assim, o contrato era picotado na frente de vocês e cremado.

- Jerry, por favor, que merda é essa de fazer dueto com porra de Justin Bieber, cara? – Ataquei com a minha raiva. Sim. Querem organizar um encontro com esse “astrozinho” para gravarmos uma canção e alucinar as garotas. Não foram com essas palavras que o Senhor Fulano falou, mas foi compreendido desta forma pela minha cabeça. O pior de tudo é que a letra vai ser composta por compositores da própria gravadora, o que me deixa terrivelmente puto do juízo.

Gosto da sensação da hora em que você sente aquela inspiração, aquela ideia e pretende depositá-la em uma folha qualquer para compartilhar com alguém mais tarde. Gosto de ver as palavras sendo grafada no papel e até mesmo do bloqueio que se dá e a gente passa horas e horas se descabelando atrás de algo que rime uma frase que tenha nexo com aquilo, alguma palavra e de repente, surge e você quase explode de alegria e fica se perguntando: “como não pensei nisso antes?” O melhor de tudo é você ver que aquela música agradou a quem você queria e a outras pessoas também, que você nem conheça.

Eu exprimo de vez em quando, da forma mais prudente o possível, minha insatisfação com algumas decisões que foram tomadas dentro dessa banda.

- É eu sei. Nem eu curto muito aquele guri de cabelo com gosto duvidoso. – Primeira coisa sensata dita pelo Jerry. Porcaria que eu deixei a minha filmadora ser comida por uma vaca no sítio do meu avô. – Poderia ser até a Miley Cyrus.

Ele ficou pensativo por uns instantes e nós, incrédulos. Afundei furioso no banco, bufando e mirando na paisagem do lado de fora, com alguns prédios mais além no horizonte sendo cobertos por nuvens carregadas de água. Mas isso é em Minnetonka, outra cidade.

- Miley Cyrus, Jerry? Miley Cyrus? Você tem o que nessa cabeça, seu bundão? Rim de boi? – George se sofreou para não dar nenhum grito. Serviu o suficiente para tirá-lo do momento de transe.

- Rim de boi é pouco. Isso daí tem é coco de gambá. – Disse com a voz grave devido ao meu humor magnífico de bom. Consta no DNA da família Gonzalez uma porcentagem indevida de ironia.

- Francamente, man. Os artistas do nosso estilo hoje não estão com nada. – Como se a gente também tivesse.

- Mattie, o negócio a ser tratado aqui não é se a letra de suas músicas tem conteúdo, o que queremos são os mais badalados nesta indústria, captou? – É realmente impressionante a capacidade que o homem tem para chegar a um ponto de ambição tão alto.

- Isso não faz sentido! – Exclamei.

- Não na cabeça de jovens. Para mim, isso é completamente aceitável e com sentido. – Sorriu sacana. Arqueei a sobrancelha, já recebendo a mensagem do que aquele sorriso representava. Ganância.

- Dinheiro bom... Para se aproveitar em mansões, alugar boates para fazer uma festa com um gasto super alto, se endividar, manipular. – Insinuei não despegando o meu olhar dos seus. Escutei uma risadinha do motorista, seguida pela a do Greer.

- Garoto esperto, esse não é senhor Feynman? – Proferiu pela primeira vez o motorista, com um pouco de veneno na sua frase.

Claro, o sorriso sem caráter dele apagou-se aos poucos como uma borracha preguiçosa apagando a palavra escrita de jeito errado. Jerry virou-se para frente, e pelo vidro aberto de sua janela, o vi ficar contrariado.

- Se o Michael ainda estivesse vivo. – Mattie falou, lamentando.

- Velho, ainda tem a Cyndi Lauper! E ela é foda! – Greer opinou desenhando um sorriso mais entusiasmado desta vez. Cyndi Lauper é talentosa, uma pegada que te faz se embalar, mas não me vejo por aí enfiado em um vestido vermelho de peitos falsos para cantar Girls Just Wanna Have Fun.

- Ótima escolha. Temos a Rihanna, Katy Perry, Madonna. – Se eu possuísse nesse instante qualquer tipo de arma, de preferência uma faca, a jugular desse cara já estaria cortada nesse momento.

Hayley Williams, Amy Lee, Lzzy Hale, Taylor Jardine, Joan Jett, Kathleen Hanna. Entre tantas outras opções femininas.

Corey Taylor, Steven Tyler, Bono, Tom Delonge, Robert Smith, Eddie Vedder. Entre tantas outras opções masculinas.

#

Cinco e meia da tarde. Um George doente. Um Jerry furibundo. E outros três imbecis ocultando o segredo.

O quarto verde-oliva do George estava iluminado pela tarde crepuscular e uma televisão com o volume no baixo para ser apreciado os grunhidos do nosso sublime produtor.

- George, hoje de manhã a sua saúde estava impecável, meu filho! E logo agora você me inventa de adoecer?! – Seus berros de revolta vão sendo amplificados à medida que o nosso doente espirra e sai uma gosma verde horrenda de suas narinas.

- Poxa... Atchim! – Um uivo de ódio. – C-cara, um resfriado pode ser pego... Atchim! – Não exagera seu jegue. – A qualquer época e logo que Minnesota está me intrigando com essas constantes mudanças de temperatura justamente no outono! 

Ele está encolhido em seu edredom e com os cabelos de limão e lisos colando na testa por causa do seu suor.

- Tudo bem! Só que esse vírus poderia ter esperado pra te atacar amanhã, não? – Além de ganancioso, é insensível. Típico nessa personalidade.

- O-os g-garotos... Atchim! Não podiam ir ser mim não? – Que ajuda ele está nos dando.

- EU PROMETI VOCÊS QUATRO A MIKKA! OS QUATROS! E como ela é uma fã alienada pelo nosso debilitado guitarrista aqui, é mais que óbvio na quão decepcionada ela iria ficar!

Valeu Mikka! Agradeci mentalmente a sua enfermidade em relação ao George.

- Diga a ela que sinto muito e recompenso com algum jantar ou show na casa dela, mas... Atchim! Atchim! Atchim! Vixe nossa Senhora protetora dos... Atchim! Atchim! Atchim!

Acesso de espirros. Bela atuação de George, isso renderia a ele boas críticas no cinema. Ele tem um dom para isso, por isso foi o escolhido.

Jerry recuou, fitando-o assombrado e tendo a impressão da gravidade na doença do George. Reprimi o sorriso.

- Você me deve essa, Baker. Ah, se me deve. – Murmurou alto o bastante para ouvirmos e omitir uma gargalhada. George o olhou debochadamente.

- Lhe pagarei, aguarde. – Devolveu no mesmo tom.

- VOCÊS TODOS ME DEVEM, CACETE! – Bradou pela última vez, batendo ferozmente a porta do quarto. Podíamos ainda escutar seus murmúrios indignados e o seu sapato social enraivecido se chocar nos degraus.

Celebramos cauteloso o êxito da armação. Arquitetado pelo Mattie que contatou seus amigos de medicina que furtaram do laboratório uma gosma amarelada (não é catarro, mas parece muito) que serve para fazer estudos, não sei o que é não. Para por isso no nariz dele rendeu, precisamos imobilizá-lo e garantir que aquilo não havia saído da boca de uma pessoa com gripe Suki. Colocamos alho nas axilas dele (tá precisando de uma gilete e desodorante ali) para gerar febre. Tudo muito simples, mas bem idealizado por todos nós.

- E você sem querer botar o catarro no nariz... – Mattie deixou escapar, o que paralisou a todos nós e claramente, o George.

- Aonde estudantes de biologia arrumaram catarro humano? – Perguntei.

- FOI DE ALGUÉM COM PNEUMONIA? BRONQUITE? SUKI? SUÍNA?

- De uma pessoa infectada apenas por bactérias, nada muito preocupante. – Explicou meio envergonhado.

- Seu filho de uma boa mãe que tem casos extraconjugais remunerados! – George saltou da cama e tratou de iniciar uma correria pelo quarto.

- Humilhou.

- Ele tem um bom linguajar.

- Quer parar de correr atrás de mim, seu merda? – O engraçado é que mesmo pulando da cama, cadeira, mesa, eles não ficam ofegantes.

- Eu deveria te fazer engolir o resto de catarro ainda dentro do meu nariz!

Por fim, George conseguiu segurá-lo pelo colarinho da camisa e passou a enforcá-lo. Nossa. É só uma gosma que é expelida pelo nariz de todos.

- George! Para com isso, seu louco! – Tentei não gritar, me aproximando para impedir uma morte macabra e divertida. Divertida pelo fato das momices no rosto amorenado da vítima.

- Nunca!

- P-porra... E-eu... Cof! Cof! – A voz do Mattie já se encontrava por um fio e estrangulada.

Então, estranhamente, sem ninguém se opor ao ato bruto dele, o mesmo largou o baixista que caiu com um olho aberto e o outro semicerrado e a língua quase pra fora, e partiu para o seu celular em cima de um pufe vermelho ao lado de um criado-mudo com uma luminária.

- Para não te matar, irei ouvir We Hate Everyone. Com licença. – Ele é sabido. Prisão perpétua ninguém quer pegar, certo?

Nós, o restante foi auxiliar o pobre coitado com uma mosca sobrevoando o talvez cadáver. Cutuquei-o com um pé e o mesmo deu um sobressalto e tornou a desmaiar na cama.

- Campeonato. Lá vamos nós. – Falei lançando o meu olhar para a janela contemplando com o anoitecer tépido e crepúsculo.

Continua...


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