Soul escrita por Writer


Capítulo 22
Medo


Notas iniciais do capítulo

Sem nada a declarar, porque na vdd, estou envergonhada demais pra dizer algo.



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Já de manhã eu estava orando, enquanto arrumava as malas, para meu pai para que ele soubesse da minha escolha, caso ele não tivesse ficado sabendo. O que eu duvidava muito.
Nós íamos passar no apartamento, para eu poder pegar o resto das minhas coisas. E eu queria ir lá antes dos outros irem, porque ia fazer a despedida ficar muito mais difícil do que já estava sendo.
Torci para que eu estivesse fazendo a escolha certa. Que ao me afastando um pouco, eu aprenda a ter controle sobre os meus poderes e como eles influenciavam das pessoas que eu mais gostava até das que eu mais odiava. Porque eu não queria ir para lá e voltar uma pessoa completamente diferente, sozinha e reclusa. Na verdade esse era o meu maior medo.
Na noite anterior eu tinha discutido com Nico, e por fim "nós" decidimos que ele viria junto. Foi escolha e decisão dele, na verdade. Queria mantê-lo o mais longe possível de mim mas a vontade não estava em ambas as mentes.
Levei uma hora e meia pra tirar tudo da mala quando cheguei. Demorei quase duas pra colocar lá de novo. Quando terminei eram quase meio-dia. Quando sai do chalé, senti uma espécie de alívio quando senti o cheiro de árvores e o vento de outono. Me senti obrigada a parar e sentir o vento e o cheiro, fechei os olhos para tentar guardar aquilo na minha memória.
Fui desperta com o pensamento de que eu demoraria a sentir aquilo de novo. Afinal estava indo para o mundo inferior. O lugar onde as almas vão quando se tornam, bem, mortas. Talvez lá não cheirasse a folhas e tivesse brisas frescas.
Comecei a caminhar para o refeitório, sem animo para procurar qualquer um. Mas parece que me acharam.
Elisa e Elizabeth correram até mim e eu logo notei que o cabelo loiro de Elisa estava em um certo mal humor, porque ela havia prendido ele em um coque.

–Como assim você vai embora? - Elizabeth logo exigiu.
–Eu não vou embora eu só... Vou morar longe um tempo. - Me encolhi um pouco e me abracei. De repente desejei ter pego um casaco.
–Qual a diferença? - Elisa também estava revoltada.
–A diferença é que não vai ser por muito tempo. Eu vou voltar.
–É por causa de Sam, não é?

Não respondi.

–Não foi culpa sua Sophie. - As duas falaram em uníssono.
–Talvez tenha sido. - Falei sombriamente. - Eu não posso controlar meus poderes. Não quero passar minha vida toda prevendo a morte das pessoas ao meu redor e tendo que levá-las. É um peso que eu não aguento. É provisório, só até eu aprender a me controlar.
–Você promete?
–Claro. Não largaria isso tudo por nada. Esse lugar é incrível. Essa vida é incrível. - Me senti obrigada a admitir. Apesar dos problemas, eu amava minha vida.
–Bom mesmo, porque se você largar a gente eu juro que te dou uns tapas. - O lado durão de Elizabeth apareceu e eu ri. O som foi tão diferente do que eu tinha soado nos dois últimos dias que eu estranhei.

Não conversei com elas depois disso. Caminhamos em silêncio até o refeitório e eu me sentei sozinha na minha mesa após pegar a minha comida. Não comi quase nada, apenas revirei a comida no prato. Não estava muito no clima pra comer. Se é que se tem um clima especifico pra isso.
O acampamento ainda estava meio fúnebre, mas estava se recuperando. Mas eu podia ver os efeitos claramente no chalé de Atena. Eles mal conversavam e quando faziam, o faziam em forma de sussurro. A maioria estava revirando a comida no prato que nem eu estava fazendo. Me senti mais culpada do que nunca.
Nico não estava no refeitório, então quando sai fui direto para o chalé dele.
Eu sei que haviam regras, um garoto e uma garota não deviam ficar sozinhos e tal, mas eu não estava dando nem um pouco da minha atenção à elas. De verdade.
Bati na porta e ouvi gritando "Pode entrar". Abri a porta pra encontrar uma versão caótica do chalé de Hades. Haviam roupas jogadas em cima da cama, algumas pequenas pilhas de camisetas dobradas e outras jogadas pela cama.

–Uau, acho que alguém é mal organizado. - Murmurei.
–Não me zoa Seele.
–Ok, Di Angelo. - Entrei e fechei a porta atrás de mim. - Quer uma ajuda?
–Não precisa. - Encarei ele com uma das sobrancelhas erguidas. - Talvez.

Caminhei até a cama e comecei a dobrar as camisetas. Fizemos muitas coisas em um completo silêncio. Não precisava dizer nada e não havia o que dizer, na verdade. Eu estava muito triste para dizer algo, e ele, muito preocupado comigo.

–Já se despediu de todo mundo? - Ele perguntou para puxar um assunto.
–Não, não vi quase ninguém hoje, só Elisa e Elizabeth.

Mais silêncio. A tentativa dele não foi bem sucedida e eu fiquei meio triste por isso.
Minha mente vagou para imaginar como iria ser morar no Mundo Inferior. Não ia ser um mar de rosas, mas não ia ser ruim também, era o que eu achava. Mas tudo podia acontecer, eu podia sofrer muito por causa de toda a dor acumulada naquele lugar, ou aquilo poderia não me afetar nem um pouco.
Pela primeira vez, desejei ter uma vida normal. Não ter que me preocupar com Deuses e poderes, monstros, meu passado misterioso e pessoas me caçando. Onde eu só me preocupasse com notas na escola, um namorado, amigos, estar engordando ou com espinhas. Você sabe. Problemas normais e fúteis.
Mas eu imagino que se eles não tivessem escolhido aquela escola, eu não estaria aqui neste exato momento. Ainda estaria vagando, invejando a vida das pessoas, sonhando em um dia ter uma vida de verdade. Então eu tinha que ser grata pelo que eu tinha, na teoria. A prática era um pouco mais difícil.

–Quanto tempo pretende ficar lá? - Nico fez uma tentativa de conversa.
–Não sei. Até eu conseguir me controlar eu acho. Quanto tempo você acha que vai levar?
–Uns meses. - Pela minha leve cara de desespero ele entendeu o que eu queria dizer. - Nós vamos visitá-los sempre. Não é como se fôssemos ficar presos lá.
–Ainda não concorda que eu vá, não é?
–Nem um pouco. Mas pelo menos vou estar com você, não vou te deixar sozinha nunca.

Terminei de dobrar tudo e ele colocou as coisas rapidamente na mala. Quando acabou, paramos e nos encaramos. Eu não tinha dúvida de que estava fazendo o certo. Protegendo os que eu amava de mim mesma. Mas porque eu tinha esse mal pressentimento?

–Nós precisamos ir. - Falei ignorando todas as sensações ruins. - Antes que eles vão pra casa, preciso pegar umas coisas.

Ele assentiu e pegou as malas dele. Fomos para o meu chalé e quando entrei me deparei com uma multidão no meu quarto. Dava pra ser considerada uma multidão, porque o chalé é pequeno e eles estavam espremidos ali.
A lista de pessoas ali era, os semideuses que moravam conosco, Percy e Annabeth, as meninas de Éolo, Connor e Travis. Em resumo dez pessoas em um espaço de 7 metros quadrados, todas em pé.

–Festa de despedida? - Eu briquei sem muito ânimo.
–Não, se tivesse bolo seria mais legal. - Leo disse.
–Vocês já estão indo? - Annabeth soou meio triste, fiquei com vontade de dar um abraço nela mesmo não gostando de abraços.
–É, eu quero pegar algumas coisas em casa antes de ir.

Surgiu aquele silêncio desconfortável. Eu não tinha o que perguntar e eles não tinham o que falar, eu acho.

–Sabe que nós ainda não apoiamos essa ideia, não é? - Elisa tentou argumentar comigo mais uma vez.
–Eu sei, e não ligo se concordam ou não. Amo vocês demais para ficar perto e provocar mais uma morte.
–Eu vou tomar conta dela, podem ter certeza disso. - Nico garantiu, e para demonstrar isso passou o braço por cima do meu ombro e eu sorri de leve.
–Nós sabemos disso. Só nos preocupamos de ela tomar um rumo... ruim.
–Eu sei me cuidar.

Olhei para o relógio da parede e eram 15:25. Eu precisava ir embora logo.

–Está ficando tarde. Eu preciso ir, de verdade.

Eles se entreolharam, com olhares meio tristes. Eu me senti culpada por fazê-los tristes em quase todas as oportunidades que tinha. Mas estou indo embora pro bem deles, lembrei a mim mesma. Mas isso não tornava as coisas muito mais fáceis.
Todos vieram nos abraçar e eu me esforcei pra não chorar. Aqueles abraços que eu estava dando não estavam me incomodando nem um pouco. Pelo contrário. Me faziam sentir segura, por um pequeno momento. Quando Leo veio até mim, ele carregava uma pequena caixinha de presente.

–Se esqueceu que isso não está sendo um aniversário? - Brinquei e ele deu uma risada sem graça.
–O Super Leo fez um presente pra você, em nome de todo mundo.
–Ah, então obrigada Super Leo.

Meu sorriso era grande quando eu abri o pacote. Era uma pulseira feita de aço, cheia de pingentes. Meu coração parou quando os olhei. Cada um era um símbolo de um deles. Havia um raio para Jason, pena para Piper, o fogo de Leo, uma águia me lembrando do poder de Frank, um diamante para Hazel, o símbolo do pai de Percy e o da mãe de Annabeth, três linhas onduladas simbolizando o vento que o pai de Elisa e Elizabeth comandava e por fim uma caveira para me lembrar de Nico. Uma lágrima escapou antes que eu pudesse impedir.

–É o melhor presente de todos! - Disse entre um sorriso enorme e lágrimas que eu continha.
–É tão bom ver a antiga Sophie aparecer. - Frank comentou e eu sorri mais ainda.

Tirei a pulseira da caixa e estendi o braço para Nico, em um pedido silencioso. Ele colocou e eu ainda sorria enormemente quando ele o fez. Abracei todos mais uma vez, dessa vez com força e muito mais alegre do que eu estava antes.
Quando era hora de partir, Nico pegou uma mão minha e a outra carregava a mala dele. Era o mesmo comigo. Acenei timidamente antes de pegar a mala e me concentrar.
Íamos rachar a viagem nas sombras, para nenhum dos dois ficarmos extremamente cansado. Pensei em casa, na sala iluminada. No cheiro de perfume que aquele apartamento sempre tinha.
Não demorou nem cinco segundos para o frio nos engolir, enchendo meus pulmões de ar congelante. Apertei a mão de Nico com tanta força que não estava nem ligando se estava machucando ou não. Morria de medo de me soltar dele de novo.
Fiquei aliviada quando as coisas começaram a clarear. Podia até sentir um pouco do calor normal.

Finalmente em casa, eu pensei aliviada.

Soltei a mala e a mão de Nico, observando tudo por uma última vez, antes que eu vá embora e volte só depois de muito tempo.

Lágrimas ameaçaram surgir mas não vieram. Ao invés disso, me virei pra Nico e murmurei algo como "vou pegar as minhas coisas".

Fui até o meu quarto, pegando tudo o que eu queria o mais rápido que pude. Meu notebook, mais roupas, sapatos, alguns livros e coisas pra cabelo. Imaginei quando eu entraria ali novamente. Quando terminei, cerca de quinze minutos depois, sai e encontrei Nico esparramado no sofá vendo TV.

–Ainda temos uma hora antes que eles cheguem. Quer assistir alguma coisa? O sinal no Mundo Inferior não é o dos melhores. - Eu ri suavemente do seu convite fofo e ao mesmo tempo preguiçoso.

Não resisti e sentei com ele. Assistimos metade de um episódio de Arrow, quando houve um baque na porta. Nico se levantou na hora mas eu continuei sentada e atenta.

–Deve ter sido o vizinho. - Murmurei.

Nosso vizinho sempre que chegava com compras e ia abrir a porta de seu apartamento, batia as sacolas na porta e fazia um barulho. Quando isso acontecia Jason costumava levantar e ficar armado na porta. Até Hazel olhar pelo olho mágico e ver o vizinho lutando para abrir a porta.

Meio minuto depois de eu ter falado aquilo o baque surgiu denovo. Dessa vez com muita força, e a porta tremeu.

Em um pulo me levantei e saquei a espada, completamente atenta. Nico me empurrou para trás mas eu empurrei seu braço e me coloquei do lado dele. Nos entreolhamos, ele preocupado e eu assustada.

Houve outra pancada, dessa vez três vezes mais forte. E a porta cedeu, a batente da porta se partindo.

O que aconteceu foi muito rápido.

Em um piscar, a sala estava cheia de monstros e criaturas, algumas delas eu nunca tinha visto.

Uma delas era uma serpente com duas cabeças, uma que ficava no lugar normal de uma cabeça e outra no rabo. Mas possuía patas escamosas, que não eram exatamente como os de uma galinha, mas da mesma família.

Fiquei de costas com Nico e ataquei. Meu coração estava batendo rápido e eu estava quase chorando de medo por causa da dimensão do ataque. Nunca nem tinha imaginado enfrentar algo daquele tipo.

Meus movimentos eram apenas guiados pelo instinto, porque eu realmente não sabia o que eu estava fazendo, Contra o que eu estava lutando.

–Parem!

Naquele momento, cada monstro na sala congelou como se a pessoa que tivesse falado possuísse um botão que controlassem todos.

Procurei por Nico pela sala e o encontrei encarando um ponto atrás de mim, com um arranhado em um tom de verde arroxeado. Pelo seu olhar ele parecia em pânico.

Encarei a dona da voz, com uma sensação estranha dentro de mim.

Pra começo de conversa eu não a conhecia.

Ela possuía cabelos negros, pesados e ondulados que iam até o meio das costas, com alguns cachos grandes. Olhos exatamente iguais os meus, azuis claro e brilhantes. Ao contrário de mim, era alta.

Segurei minha espada com força e Nico veio até mim, em uma posição protetora.

–Quem é você? - Ergui a espada, tentando soar ameaçadora. Mas estava com tanto medo que eu provavelmente parecia ser como um filhotinho de gato. - O que você quer?

Ela riu. Uma risada pura cheia de ironia e humor negro. Me senti uma personagem de filmes.

–Eu acho que você realmente perdeu sua memória.

Meu coração parou. Ela me conhecia, antes de tudo. Ela sabia quem eu era, de onde eu vim. Minhas mãos começaram a tremer e eu senti a cor ser drenada do meu rosto.

–Eu exijo que você diga, quem você é.

–Sophie, eu não faria isso. - Senti medo pela forma que ela pronunciou meu nome. Foi como se ela estivesse me contando um segredo sobre mim mesma. - Você está medindo forças com quem não se deve.

–Então eu exijo saber, quem é você. - Nico se envolveu.

–Nico Di Angelo. Mais bonito pessoalmente do que dizem. - Ela o analisou de cima à baixo. Se ele sentiu o mínimo de vergonha, não demonstrou. - Você e Sophie são um casal tão lindo, mas eu adoraria ter você para mim.

O ciúmes queimou dentro de mim, assim como o medo. Eu precisava saber quem era ela. Antes que eu dissesse algo, ela ergueu a mão um sinal para eu aguardar.

–Eu não quero ouvir nenhuma pergunta tosca de vocês. De verdade. Se perguntarem quem eu sou, - Ela deu uma risada cheia de sarcasmo - eu juro que vou quebrar pescoços. Eu só vim aqui por um motivo, e só vou sair quando consegui-lo. Você vai vir comigo, querida pequena Sophie.

Foi a minha vez de rir e usar uma risada que veio do fundo de minha mente. Se ela queria que eu fosse com ela, tinha começado da forma errada. Muito errada.

–Você não vai levá-la a lugar nenhum. - Nico se impôs enquanto eu me recuperava do ataque de risos.

–Eu não sei que demônios é você. Não quero nada de você. E você não vai me levar daqui, se quiser tentar, está livre.

–Não diga que não quer vir, eu posso te contar tudo sobre sua vida Espectro.

–Quem diabos é você? Eu sou velha demais para cair nesses truques.

–13 Fevereiro de 1968, certo? O dia em que seu inferno começou?

Deixei minha espada cair. Poucas pessoas sabiam disso. Na verdade, ninguém sabia da data exata além de mim.

O apartamento ficou em uns 20 C.

–Você não vai me convencer jogando datas em mim. Você é louca. - Abaixei e peguei a espada. - Saia da minha casa, você não vai me arrastar daqui.

–Claro que não vou te arrastar. Vou fazer você vir junto comigo.

Em um piscar de olhos, um monstro se aproximou. O que se parecia com uma cobra mas tinha duas cabeças. Mas ela não estava vindo na minha direção, e sim para Nico.

A cobra atacou tão rápido que Nico não pôde reagir. Ela atacou, mordendo enquanto Nico tentava em vão se defender.

Meu grito foi a única coisa que soou pelo apartamento. Uma fúria tomou conta de mim, e tarde demais percebi que havia ativado um poder que eu nem conhecia. Me concentrei, queria que a cobra queimasse. E foi isso que aconteceu. Ela explodiu em chamas e pulou de Nico, se contorcendo e soltando gritos no chão.

Mas eu não liguei para a cobra. Corri para Nico, seu corpo caído no chão.

Eu não iria perdê-lo. De jeito nenhum.

Coloquei seu tronco sobre as minhas pernas, sua cabeça apoiada em minhas mãos.

Cure ele, disse uma voz dentro de mim. Era a minha voz, mas eu não sabia que tinha tal poder. Eu era Morte, mas poderia também ser Vida?

Minha visão estava borrada mas os meus sentidos de filha de Tânatos atacaram. Sua agonia e medo, se tornaram os meus. Sabia exatamente o que estava ferido nele.

–Nico, - Eu falei entre soluços. Com um muito esforço ele pegou a minha mão. - Nico, por favor não me deixa. Por favor. Por favor.

–Eu amo você, Soph. - Sangue estava saindo de todos os lugares, e eu tentava fazer parar, em vão. Balancei a cabeça, negando que ele havia dito aquilo como uma sentença final.

–Você vai ficar aqui, me encher por muito, e muito tempo.

Seu coração estava parando. Eu podia ouvir cada batida hesitante de seu coração. Lutando contra a perda de sangue e o veneno.

E eu me sentia como se mil pedaços de mim mesma estavam se partindo. Eu estava morrendo junto com ele.

Peguei seu rosto com as minhas mãos, me aproximei e sussurrei.

–E eu amo você, mais do que eu deveria e poderia. Então você vai ficar aqui, comigo. Você vai terminar a escola e nós vamos fazer uma faculdade, arranjar um emprego e morar juntos. Teremos empregos comuns, ou poderemos viver com os semideuses. Eu deixo você escolher.

–Promete?

–Eu prometo. De todo o meu coração. Juro pela minha alma, mas você tem que ficar pra isso acontecer. Por favor fica aqui comigo, não me deixa sozinha. - Entrelacei nossas mãos, sentindo uma dor única.

E então, seu coração parou.

Meu corpo todo tremeu em soluços, e eu gritei. De raiva, dor, desespero e agonia. Abracei o corpo inerte, beijei-o na esperança de receber algo de volta. Mas era apenas um vazio, um calor que nunca mais haveria em seu corpo.

Cure ele, uma voz diferente soou na minha cabeça poderosa. Traga ele de volta, minha querida.

Palavras surgiram na minha cabeça, em grego antigo. Um feitiço de ressurreição.

Era como se por um momento, o corpo não fosse meu. Apesar de eu estar ciente de cada palavra do feitiço, conhecia cada passo.

–Dou meu sangue para sua vida, - Murmurei em grego antigo enquanto fazia um corte em minha mão e colocava em seu peito. Apontei minha outra mão para os monstros que estavam na sala. - e tomo-lhes sua vitalidade para que seu coração volte bater. Para que o amor e um salvador seja trazido de volta. Monstros e meu sangue, por um herói. Em nome de Hécate, e de sua Espectro, eu restituo a vida.

O mundo brilhou, fui tomada por uma luz que eu nunca havia visto e um êxtase que eu nunca havia sentido. E então acabou, e foi como se nada tivesse acontecido. Exceto pelo fato de que todos os monstros serem apenas pó. A dor de sua perda ainda estava dentro de mim, e eu chorava com todas as minhas forças. Meu corpo queimava e doía.

Mas eu estava mantendo a esperança, olhando seu rosto esperando que ele retornasse.

E ele os abriu.

–Sophie?

Minhas forças desapareceram, como se tivessem sido roubadas de um segundo para o outro. Minha visão escureceu e eu apaguei.


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Notas finais do capítulo

Eu só quero perguntar uma coisinha. Vocês me perdoam por ter desaparecido assim?



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