301 escrita por blackwaffle


Capítulo 3
Luiza




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Já faz tanto tempo que já acho até que sumiu, mas mesmo assim tenho receio de viver. Quero viver como você, como as pessoas normais, viver como acho que devo viver. Preciso viver, é o que mais peço.

Eu tenho uma irmã gêmea em algum lugar, sei que tenho. Imagens passam pela minha cabeça, imagens boas e felizes onde eu brincava com uma garotinha exatamente igual a mim. Cresci sabendo de algo que virou pior ainda quando descobri. Minha "família" não sabe que eu já descobri tudo. Fui tratada tão mal que eu tive como suspeitar.

Todos da minha família seguiram e ainda seguem uma tradição ridícula, injusta e precavida, algo que não sei nem se a polícia seja capaz de resolver. Cada casal tem que, por obrigação, ter apenas 1 filho de cada vez para que o mais velho seja herdeiro e assim passe todas as suas riquezas e bens de geração pra geração, mas infelizmente meus pais tiveram gêmeas. Minha irmã foi mandada pro lado rico da família, o lado no qual o herdeiro tem que viver. Escolheram minha irmã para ser herdeira de toda a fortuna porque ela era sempre a que aprendia primeiro. Disciplinada, inteligente, precoce e atenciosa, essa é minha irmã prodígio. Não quero me chamar de burra nem nada, só que tudo isso que citei ela foi capaz de aprender rápido e primeiro.

Fui para o lado pobre da família viver com meus tios "vagabundos" (alguns até são irmãos) e ter que lidar com a vida desde então. Eu e minha irmã fomos separadas logo quando crianças e não temos mais nenhum contato uma com a outra. Lembro de um hospital, lembro que fui levada para lá e só acordei no dia seguinte. Passei a suspeitar anos depois, pois eu não tinha nenhuma doença ou algo parecido. Felizmente fui capaz de ouvir a reunião em família, as coisas bruscas e idiotas que disseram me magoaram profundamente.

Nesta semana completou 7 anos em que uma bomba foi implantada em mim, mas não é uma bomba comum, é uma bomba desintegradora ou algo parecido, onde pode me matar por dentro e aos poucos, a qualquer momento. Um belo disfarce, pois quem estiver ao meu redor só me verá caindo no chão, não explodindo. O real motivo disso é, caso minha irmã precise de uma cirurgia, de um órgão, ou de algum membro, eles irão precisar me sacrificar para isso se for realmente necessário pois não há doadora melhor do que sua própria e idêntica irmã. Até hoje lamento pela má sorte que tive. Quero tirar esta bomba dentro de mim e, quem sabe, conseguir passar essa história a limpo.

Eu não sou louca, confie em mim! Depois que fui destratada até pelos que conviviam comigo, parei de comportar normalmente, fui jogada na rua e vivendo por lá desde então. Cometi erros invadindo casas e surpreendendo seus moradores, eu sei, mas é que tudo isso está me cansando. Sinto um "gelo" dentro de mim. Chego a tremer quando penso na minha família.

Torço para que tudo dê certo. Preciso ser ágil. Posso "apagar" quando menos esperar e isso me incomoda. Como fazem vários anos que tenho "isso" em mim, me acostumei um pouco e parei de achar que isso possa me matar logo quando eu ainda for jovem.

Eu me pergunto se já teve um caso parecido com esse em minha família. Bom, não posso saber, pois sei que cuidam disso logo quando as crianças ainda são crianças, inocentes e puras... Não quero chamá-los de família. Eu na verdade não tenho uma. É desumano!

Preciso vencer esse jogo estúpido, pois é possível que seja minha última chance. As vezes me pergunto se estaria feliz agora se não soubesse de tudo isso...


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