A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 8
Espionando - ¢


Notas iniciais do capítulo

Mais um!! Até que os updates da história estão rápidos né? haha
Enfim! Espero que gostem deste capítulo que é narrado por Polux
Beijooos,
Ju!



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A luz do Sol fazia o céu se tornar laranja e confortável quando recebi uma ligação dela. Apesar de estar esperando, e me preparando mentalmente para não ir até onde ela se encontrava e arrancar sua cabeça do pescoço, sua voz me provocava sensações diferentes todas as vezes que eu a escutava.

E na maioria delas a raiva se sobrepunha a todas as outras.

– O que é? – perguntei já irritado.

Ouvi sua voz metálica do outro lado da linha, e apertei a mão em punho tentando manter a raiva longe da voz à qualquer custo.

“Um dos meus amigos foi fazer uma visitinha à sua protegida” Ela disse.

Trinquei os dentes.

Eu já sabia. Tinha sentido que Helena estava em perigo, mas não havia nada que eu pudesse fazer de fato.

– Me ligou para dizer só isso?

De repente, a casa em que eu me encontrava parecia milhões de vezes menor, e o ar me faltava. Estava tudo tão abafado e pequeno! Eu precisava sair dali.

“Não. Só liguei para lhe avisar que, se se envolver com esta menina, eu mato vocês dois.”

Minha respiração ficou presa na garganta, e de supetão eu tinha toda a coragem do mundo para lhe falar o que estava há muito tempo entalado em minha garganta.

– Se você tocar em um fio de cabelo de Helena, eu mesmo arranco sua cabeça!

Sua risada fria fazia minha raiva borbulhar ainda mais.

Ela ignorou minhas ameaças.

“Aposto que você não é o único atrás daquele pedaço de carne ambulante. Se estou certa, seu irmão já está na cidade, e não vai demorar até colocar as mãos nela”

– Vá pro inferno, sua vaca! – gritei raivosamente, impedindo a de continuar com seus jogos mentais.

Ela riu mais uma vez, achando graça em toda a situação.

“É tão fácil deixar um anjo como você irritado.” Ela disse, me fazendo entender o duplo sentido da frase. “Perde a graça algumas vezes.”

E antes que eu pudesse ao menos me defender, ela desligou.

Maldita!, pensei exasperado.

Não era a primeira vez que ela me ameaçava deste jeito, mas botar meu irmão no meio, fora definitivamente novidade. E como ela sabia que ele estava na cidade? Pelo que eu me lembrava ele não tinha contato com ninguém de Sleepy Hollow. E muito menos com ela.

Helena estava segura agora, mas para mantê-la deste jeito, tinha de vê-la mais uma vez. Acompanha-la para ter certeza de que ela chegaria em casa em segurança.

Olhei pela janela para ver as condições do tempo, e pude constatar que o sol já estava se pondo, fazendo a luz alaranjada e rosada se espalharem pelo horizonte até onde meus olhos alcançavam. Dei uma olhada em meu relógio de punho, e constatei que à qualquer momento Helena iria sair do trabalho e ir para casa. Decidi acompanha-la à pé mesmo, já que abrir as asas num horário desses era bem perigoso, e qualquer um poderia ver.

Verifiquei se a porta estava trancada devidamente, duas vezes, antes de sair para procura-la. Eu tinha coisas ali dentro preciosas demais para qualquer mortal colocar suas mãos. Coisas que nem eu conseguia entender.

Fechei o casaco até ficar com os olhos somente aparentes, e coloquei uma touca preta cobrindo os cabelos louros. Quando a noite viesse, eu seria somente mais uma sombra entre as outras.

O caminho até o lugar que ela trabalhava era longo, o que me dava tempo o suficiente para pensar. Eu havia escolhido uma casa longe do centro para ficar sempre atento. Não podia me dar ao luxo de que nenhum humano, ou criatura, me encontrasse. Apesar de ter uma vaga noção de que só de estar dentro de Sleepy Hollow, as pessoas sabiam instantaneamente quem eu era e o que estava fazendo ali. Mesmo que nem eu soubesse.

Os carros passavam por mim calmamente. Tão devagar que muitas vezes era possível ouvir o que estavam pensando e as emoções que eles guardavam dentro do coração. Toquei em meu peito e desejei que pudesse o sentir bater pelo menos mais uma vez. Avistei a empresa onde Helena trabalhava, e encostei em um beco, esperando-a sair de lá de dentro. Alguns minutos se passaram e nada. Comecei a andar de um lado para o outro, procurando alguma razão para que Helena ainda não tivesse saído de lá. Algum problema, talvez.

Mais minutos se passaram, e a porta da frente se abriu, revelando uma garota de cabelos castanhos, com um casaco quase maior que ela, levando consigo uma mala comprida com algumas coisas bem pesadas, dentro – supus pelo jeito de andar. Se meu coração batesse, certamente estaria pulando dentro do peito. Tive que me segurar para não correr ao seu lado e tomar a mala de sua mão para que ela não tivesse de fazer nenhum esforço.

Mas por enquanto, tudo o que eu precisava era ficar nas sombras.

Escondido.

Helena foi até o carro e abriu o porta-malas, fazendo um esforço grande para colocar a bolsa dentro dele. Pelo barulho que fez de metal tive certeza que tudo o que ela carregava eram armas e mais armas.

Ela murmurou algumas palavras incoerentes, alguns palavrões, entrou no carro e saiu cantando pneu.

Como a noite já se fazia presente pude tirar o casaco e liberar minhas asas livremente, a seguindo sem pensar nas consequências, me certificando de que se algum humano me visse pensaria que eu era parte das nuvens.

Pousei algumas casas depois do sua, ainda tendo uma visão ampla de sua janela. Pude ver que ela entrou na casa alguns segundos depois de estacionar o carro na rua – no lugar de sempre –, bufando irritada com alguma coisa, praticamente gritando:

Quem ele pensa que é para me deixar de fora dessa missão? Ele não é ninguém!

Soltei uma risada baixa, me divertindo em ver quão nervosa ela podia ficar com coisas bobas.

Aproximei-me um pouco mais, agora curioso para ver qual seria seu próximo movimento, observando-a caminhar até a cozinha, pegando algo como um lanche pronto de dentro do freezer, somente para enfia-lo sem dó no micro-ondas, apertando alguns botões rapidamente, nem esperando para ele ficar pronto. Subiu rapidamente as escadas e dirigiu-se ao banheiro, ligando a banheira grande, tirando as botas e meias.

Neste exato momento, pude sentir minhas palmas ficando mais escorregadias, e meu corpo sendo praticamente atraído para ela. Eu queria agarrá-la e nunca mais soltar. Queria poder sentir seu toque de leve em meu rosto, e ela me dizendo que tudo iria ficar bem, apesar de ser uma total e completa mentira.

Queria ao menos que ela se lembrasse de mim, pensei tristemente.

Helena caminhou até as gavetas de um pequeno armário, e tirou de lá de dentro uma carta.

Senti meu estômago se revirar dentro de mim. Ela havia guardado a carta!

Ela a leu uma vez franzindo o cenho, deixando-a com uma cara de criança emburrada. Quando Helena ia lê-la uma segunda vez o apito do micro-ondas a interrompeu, e ela saiu correndo para botar o lanche em um prato.

No caminho para a cozinha, vi que ela havia tirado não somente o casaco, mas estava pronta para tirar tudo. E eu não conseguia fazer nada mais do que olhar.

Ela era uma criatura deslumbrante de se ver em movimento. Uma criatura de movimentos simples, mas ao mesmo tempo hipnotizantes. Seus olhos de uma cor meio chocolate puxado para o vermelho, a boca pequena e rosada, sobrancelhas grossas e desenhadas, e cabelos lisos eram a combinação perfeita da simplicidade em pessoa.

Helena deu uma pequena mordida em seu lanche antes de se apressar para o banho, e neste meio tempo arrancou praticamente toda a roupa, deixando um rasto de peças por onde passava. Apesar de meu corpo estar praticamente me implorando para ir tocar-lhe, eu sabia que não podia... Eu estaria colocando minha vida e a dela em risco.

E esta era, no momento, minha maior preocupação.

Sua segurança.

Concentrei minhas forças nela, e sussurrei no fundo de sua mente: Você é linda, Helena.

Pude ver que ela se assustou um pouco dando um pulo para trás, quase tropeçando em sua roupa, mas manteve a compostura, entrando na banheira. O jogo mental durou seu banho inteiro. Eu sentia uma urgência de espiar, mas tinha prometido à mim mesmo que não faria. E era por isso que estava de costas para sua casa, somente ouvindo sua respiração descompassada e os barulhos dos pertences que ela derrubava no chão ao tentar sair da banheira cobrindo o corpo.

Não precisa ficar desconfortável. Não é nada que eu já não tenha visto antes, sussurrei sedutoramente.

A ouvi arquejar de surpresa, sentindo a vergonha tomar todo seu ser, e tive de sorrir.

Helena se trocou rápido demais e se enfiou embaixo da cama, levando consigo a carta que estava em cima do travesseiro. Estava tão cansada, que acabou se esquecendo do lanche que esfriava consideravelmente em cima da mesa, e caiu na inconsciência. Fui em direção à sua casa e entrei, mesmo sem ter sido convidado, e todas as luzes, deixando somente o abajur ligado.

Acabei lhe assustando tanto, que a casa estava uma completa bagunça, mas eu não podia sair por aí limpando as coisas, ela provavelmente acharia que tinha um fantasma dentro de sua casa.

Antes de sair e voltar para meu posto de “guarda”, toquei-lhe as faces e afastei os cabelos molhados da testa, inclinando-me para lhe roubar um beijo rápido.

– Você ainda será minha, Helena. – sussurrei convencido.

E para minha gratificação, ela sorriu em resposta.


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Notas finais do capítulo

continua?