A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 6
Confuso - £


Notas iniciais do capítulo

Mais um! Espero que comentem sobre o que mais gostaram e etc... kkkk
enfim!
Beijooos e até semana que vem!
Ju!



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O caminho todo até a sala de Fitch foi silencioso e desconfortável. Eu ficava pensando se ele havia visto alguma coisa que não deveria, como Alex me ajudar, e também em várias maneiras que ele provavelmente estava planejando de me matar. Mas o pensamento de que ele provavelmente não era humano me incomodava.

Quando chegamos, ele simplesmente trancou a porta e indicou a cadeira de couro para eu sentar. Ao invés de se sentar em sua própria cadeira, ele foi até a janela, e ficou olhando para fora, parecendo esperar alguma coisa acontecer.

Com o silêncio desconfortável, fiquei rodando os olhos pela sala, admirando as paredes escuras, as estantes de madeira, que praticamente tinham a mesma cor do que as paredes, o piso de carpete bege que dava um ar meio brega à sala, as grandes pinturas que ele pendurara nas paredes, e as janelas grandes por onde Fitch estava olhando fixamente para fora.

Passados alguns minutos ele finalmente sentou-se na cadeira apoiando os pés na mesa, fazendo questão de me analisando cautelosamente.

– Por que não me chamou pessoalmente quando chegou aqui? – perguntou.

Fiquei confusa com a pergunta.

– Eu tinha acabado de chegar quando avisei o pessoal que tinha uma criatura no prédio.

Ele apertou a ponte do nariz enquanto respirava pelo nariz e expirava pela boca. Por esse pequeno gesto pude dizer que ele estava se controlando para não gritar comigo. Ele nunca gritava comigo. Nem quando eu era a pessoa errada da história.

Não que isso me deixasse orgulhosa, mas ele era uma das razões pelas quais eu ainda estava neste ramo. E para ser sincera não sabia como ele me aguentava, quando nem eu me suportava às vezes!

– Fitch... – comecei.

– Não comece, Helena! – ele avisou rudemente.

Senti um aperto no coração e uma coceira no fundo do nariz quando ele falou daquele jeito, pois apesar de tudo, Fitch sempre fora muito carinhoso comigo, não importasse a situação. E realmente, eu não conseguia entender a gravidade da situação... Eu já havia feito coisa muito pior e ele não tinha ficado tão sem paciência.

– Eu só quero saber o que está acontecendo – disse com a voz embargada pelo choro que ameaçava surgir em meu peito.

E pela primeira vez desde que entramos em sua sala, Fitch realmente olhou para mim. Percebeu que tinha feito besteira, e seus olhos suavizaram um pouco. Ele retirou os pés de cima da mesa e se levantou, vindo em minha direção. Fitch era absurdamente alto comparado à mim, e talvez por isso eu me sentisse tão protegida com ele.

– Helena... Tem coisas acontecendo que eu preferia manter você fora. – ele disse calmamente.

Minha expressão era de total horror.

– Você só pode estar brincando comigo!

Mas Fitch ignorou meu comentário e continuou como se nem ao menos tivesse me ouvido.

– Eles não podem descobrir que estão sendo observados de perto – ele disse, fazendo me ter um pequeno deja-vú. – e nem que temos vários infiltrados. – Fitch disse esta parte mais para si mesmo.

– Como assim? Infiltrados de quê maneira, Fitch? – perguntei impaciente, sabendo que provavelmente não gostaria nada da resposta que ele daria.

Ele certamente desviaria a conversa, e tentaria introduzir outro tópico, me fazendo perder o controle e gritar com ele.

Mas desta vez, não foi o que Fitch fez. Pelo olhar que ele me lançou, eu sabia que era errado – brilhante, mas errado -, fazer o que ele estava planejando.

– Estamos fazendo aliança com eles agora? – perguntei com a raiva borbulhando dentro de meu peito.

Fitch pareceu culpado por um segundo, mas se recompôs rapidamente, cruzando os braços em cima do peito.

– O que você pensa que está fazendo? Acha que vai tirar alguma recompensa com isso? – e meus insultos não paravam por ai.

Depois de uns bons minutos praticamente jogando em sua cara que o que ele estava fazendo era uma pura bobagem e provavelmente acabaria matando à todos, Fitch ainda arrumou uma maneira de andar para longe de mim, praticamente me deixando falar sozinha, e gritou duma maneira que eu nunca pensei que ouviria.

– Chega!

Sua voz parecia um trovão. Fez tudo chacoalhar, e os pelos de meu corpo se arrepiarem de medo. Não que eu realmente admitiria um dia que ele tivesse chegado a me assustar, mas Fitch havia passado dos limites. Ou talvez eu tivesse.

– Eu ainda sou o seu chefe, apesar de nossa amizade indicar o contrário!

Ouvi um soluço vindo de algum lugar, e demorei a perceber que ele era meu. De dentro de meu peito. De um lugar tão profundo e doloroso que fez com que uma lágrima escorresse involuntariamente de meus olhos.

– Helena... – ele tentou consertar, e agachou no meio de minhas pernas, para me observar melhor.

Fitch tentou pegar meu rosto entre as mãos, e eu as empurrei para longe, e pensei ter visto um traço de tristeza dentro de seus olhos, que se foram tão rápidos quanto apareceu, e me perguntei se não fora coisa de minha cabeça me pregando peças.

– Eu não posso te perder. – ele sussurrou.

As lágrimas agora não eram mais controladas por mim. Fitch era meu melhor amigo, meu chefe, e nunca, nem quando ele estava prestes a explodir minha cabeça, ele tinha sido tão grosso quanto hoje.

E isso era o que mais me machucava, apesar de eu saber que tinha uma grande parcela de culpa na discussão.

– Não posso viver sem ter você ao meu lado, puxando meu saco, me infernizando... – ele disse com um sorriso de canto.

– Eu praticamente fui morta por um demônio há alguns minutos atrás, e você não pareceu se preocupar tanto assim. – me queixei.

Ele riu.

Virei meu rosto para encará-lo e permanecendo em silêncio sentindo-o acariciar meu rosto com o polegar, e não pude deixar de notar pela primeira vez, que tinha muito mais de Fitch que eu conseguia ver superficialmente. Ele era inteligente e engraçado, temperamental, mas ao mesmo tempo me acalmava com seu jeito tranquilo para certas coisas, e era lindo. E parte de meu corpo reconhecia isso e fazia meus joelhos virarem massinha de modelar.

Seus olhos eram de uma cor azul muito profunda, seu cabelo era castanho claro, praticamente louro, ele tinha o nariz perfeitinho e anguloso, sobrancelhas arqueadas, lábios cheios e o maxilar másculo.

Fitch pegou meu queixo gentilmente com dois dedos, e apoiou a mão em minha bochecha. Seu toque era macio contra minha pele. Ele limpou uma lágrima que pendia em meu lábio superior com a ponta do dedo, e fez questão de praticamente desenhar todo o contorno de minha boca antes de dizer palavras que grudaram no fundo de minha mente.

– Eu não posso perder a única coisa que me mantém são. – ele disse olhando-me fixamente, ignorando que eu havia feito a suposição de que ele não ligava a mínima para mim.

Fitch lambeu os lábios, e como se fosse uma coisa natural, eu sabia o que iria acontecer depois. E, Deus!, eu já havia planejado um relacionamento inteiro com apenas um olhar! Isso não estava certo.

– Fitch... – sussurrei quando senti ele se aproximar mais de mim, seus dedos nunca deixando de traçar cada detalhe de meu rosto.

– Helena... – ele sussurrou de volta.

Quando nossos lábios estavam prestes à se tocar, como que de provocação, ouvimos uma batida na porta. Fitch grunhiu alto, quase como um cachorro, e novamente senti os pelos de meu corpo se arrepiarem.

– O quê? – ele gritou.

Ouvi a voz de Claire dizendo para ele abrir imediatamente, e Fitch se levantou de mau-humor.

Antes dele se levantar, pude ver que seus olhos estavam dois ou três tons mais escuros do que eu me lembrava, e que eles pareciam ferozes, prontos para qualquer coisa.

Ouvi Fitch destrancar a porta sem muita vontade, e estava prestes à gritar com ela quando Claire lançou a bomba sem dó nem piedade.

– Eles estão aqui.

Fitch e Claire trocaram olhares que eu não entendi muito bem, mas algo em minha mente ficava me dizendo que, se eles não falavam alto, provavelmente não era de meu interesse. Ou talvez fosse aquele assunto que ele insistia em me manter longe, e dizia que era por cuidado à minha segurança.

– Quem são eles, exatamente? – perguntei levantando-me da cadeira, ainda meio corada pelo ‘quase-beijo’, esperando do fundo do meu ser que Claire não tivesse que pedir permissão para Fitch para me contar.

– Os gêmeos proibidos. Os Finnik. – ela disse de uma vez só, e sem muito fôlego.

Finnik. De onde eu conhecia aquele nome?


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Notas finais do capítulo

Continua?