A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 39
Tentaremos - £


Notas iniciais do capítulo

OiiI!! Obrigada pelos reviews lindos que recebi no outro capítulo! Estamos rumando aos 300 reviews e 70 - MARAVILHOSOS - leitores haha
Beijoooos e espero que gostem,
Ju!



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Acordei com a luz do sol invadindo meu quarto, deixando todas as paredes com uma cor alaranjada e suave. Olhei no relógio do telefone que repousava cuidadosamente na mesa de canto e percebi que estava acordada cedo demais para quem havia ido dormir às três horas da manhã, e nem um pouco cansada. Pelo contrário. Eu parecia ter sido carregada na tomada à noite, pois em menos de dez minutos já estava arrumada e indo em direção ao quarto de Edward para acordá-lo.

Não me importei em bater e simplesmente entrei. O quarto ainda estava emerso na escuridão, e Edward embaixo das cobertas. Sem delongas puxei as cortinas para deixar a luminosidade entrar e ouvi-o grunhir, ainda sonolento.

– Helena, apague a luz!

Ri de leve.

– Não.

– Pelo amor de Deus, são sete e meia da manhã – ele reclamou, abrindo os olhos o suficiente para olhar no relógio analógico em cima da mesa de canto que ficava do lado de sua cama.

Cruzei os braços no peito e caminhei até sua cama, puxando a coberta de seu corpo, o deixando somente com a calça de moletom e blusa regata branca, ele tinha uma tatuagem na altura do ombro que eu não conseguia identificar muito bem.

– Não havia percebido que você tinha uma tatuagem. – comentei apontando um dedo para seu ombro.

Do lugar que eu estava pude ver seus músculos enrijecerem consideravelmente. Edward não respondeu e levantou da cama como se ela estivesse pegando fogo, caminhando até o banheiro, fechando a porta e ligando o chuveiro.

Se eu não tivesse acabado de lhe acordar de uma maneira nada agradável, iria jurar que ele estava me ignorando.

E eu odiava ser ignorada.

Empurrei a parte de minha mente que queria acreditar que ele havia se trancado no banheiro para não responder minha pergunta em um canto obscuro de minha consciência, e saí do quarto.

Decidi acordar Jason, mas quando vi que ele dormia profundamente, meu coração se derreteu. Ele parecia um anjo quando ressonava assim... Tranquilamente. Jason tinha as faces tão serenas que me obriguei a dar meia volta e sair de seu quarto, mudando de ideia sobre lhe acordar. Havíamos ido dormir tarde demais para acordar às oito da manhã, mas por alguma razão eu estava ligada nos 220 volts.

Desci até a cozinha e comi uma tigela de cereais rapidamente, indo até o escritório, pegando os dados que eu havia recolhido sobre Theodore e enfiando dentro de uma bolsa pequena, fazendo questão de não deixa-los amassados de maneira nenhuma. Aqueles papéis tinham um significado tão grande para Jason quanto para mim, e por isso mesmo eu acharia uma maneira de me encontrar com Janice de qualquer jeito. Nem que para isso, tivesse que ir até Manhattan novamente.

Hoje seria mais um dia corrido no trabalho. Os caçadores provavelmente estariam desesperados para acharem algum demônio ou algo que nos mantivesse ocupados demais para pensar no fato de Fitch não estar nos ajudando de maneira nenhuma.

Merda, ele já deveria ter voltado para a empresa, pensei exausta.

Peguei a chave do carro, e quando estava pronta para subir pra buscar Edward, ele desceu as escadas, parecendo mais relaxado. Usava nada mais do que uma calça jeans básica escura e uma camiseta branca, parecendo tremendamente comum aos meus olhos, mas ainda assim arrumado, enquanto eu parecia um tanto quanto desleixada com minha camiseta larga e calça apertada o suficiente para não conseguir respirar. E não podemos desconsiderar a mesma bota que eu insistia em usar, e já estava desgastada, parecendo muito mais velha do realmente era.

Olhei-o de cima à baixo e constatei que ele estava até bem vestido para quem havia acordado há apenas alguns minutos. Dei uma olhada em seu ombro e percebi que a tatuagem não era vista por causa da manga da blusa, e fiz uma careta.

– Por que não deixa a tatuagem à mostra? Ela é linda. – disse dando de ombros, pegando um papel e caneta jogados em cima de um móvel qualquer perto da escada, e escrevi um simples bilhete para Jason que estava desmaiado no andar de cima.

Ouvi Edward bufar.

– Se a deixasse à mostra, teríamos problemas maiores do que eu posso aguentar.

Uma fagulha de curiosidade cutucou meu cérebro.

– Como assim? – perguntei olhando diretamente para seu ombro encoberto pela manga da camisa.

Apesar dela ser totalmente branca, eu não conseguia ao menos enxergar o contorno dela.

– Vamos dizer que eu não gostaria de tê-la.

– E por quê?

Ele revirou os olhos e sorriu.

– Quando Fitch chegar ele pode lhe contar.

Foi minha vez de bufar.

– Fitch, Fitch, sempre Fitch.

Edward riu.

– Não é minha culpa. Se fosse um segredo somente meu, eu já teria lhe contado há tempos, confie em mim. – ele comentou enquanto ajeitava algo em sua cintura, e percebi ser uma arma pequena. Talvez a mesma que teria usado no baile.

Prendi o cabelo num rabo de cavalo e arrumei as sobrancelhas, desnecessariamente, na frente do espelho em cima do móvel.

– Helena, - ouvi Edward me chamar, e resmunguei um “hm” para que ele continuasse, não me virando para olhá-lo. – eu sei que você não se lembra de nada daquela noite, mas o que aconteceu com Anne e Charlotte?

E de repente um choque passou por todo meu corpo.

Merda.

O choque que eu me encontrava era forte o suficiente para me deixar sem palavras ou reação por alguns segundos.

– Eu não sei. – respondi verdadeiramente.

Senti um calafrio percorrer minhas entranhas, e me virei para Edward com lágrimas nos olhos.

– Eu não as vi na festa, e a última coisa que lembro é de tomar mais de três copos de bebida e então tudo é um mistério. – sussurrei, abraçando meu próprio corpo.

Senti os braços dele circundando meu corpo, e seu calor passando para mim, de uma maneira quase insuportavelmente quente. Mas parecia rude demais eu me afastar bruscamente dele naquela hora. Ele estava me consolando, e eu não poderia recusar.

– Está tudo bem... – ele sussurrou. – Vamos achar uma maneira de encontra-las, não importe o que.

– Você acha mesmo? – perguntei contra seu peito.

Senti-o respirar fundo antes de responder, mas para minha surpresa, ele somente beijou o topo de minha cabeça e disse:

– Prometo que vamos tentar.

Assenti debilmente e me afastei dele, pigarreando alto para livrar minha garganta de qualquer fiapo que me impedisse de falar.

– Precisamos ir trabalhar, tenho coisas a fazer à tarde, e você vai me acompanhar.

Edward levantou as sobrancelhas, surpreso.

– Eu vou?

– Sim. – respondi andando em direção a porta da entrada e a abrindo, sinalizando para que Edward me seguisse. Coisa que ele fez sem pestanejar.

Abri a porta do carro e entrei, vendo que ele imitou meus movimentos, ligando o carro apressadamente, querendo chegar à empresa o mais rápido possível. Eu precisava encontrar as meninas e salvá-las do tal Drake. O tal demônio que havia infernizado a vida delas por vários dias, e talvez semanas.

Enquanto dirigia imagens vieram à minha mente. Era um homem de cabelos escuros e barba rala, com feições brutas, e olhar frígido, ele se comportava como um vampiro, apesar de não ser tal coisa, e parecia manter suas “refeições” trancafiadas em lugares seguros. Ele as drenava até a morte, somente para ter o prazer de vê-las agonizar até o último suspiro.

Isso era cruel até mesmo para ele, que era parecia ser a crueldade em pessoa.

Algo em suas feições e nome me lembravam alguém, mas não importava o quanto eu tentasse me lembrar, parecia que minha mente estava barrada.

O silêncio no carro era preenchido pela música baixa que tocava no rádio, nos tirando aquela sensação de que um dos dois deveria quebrar o gelo. Edward era sempre a pessoa que fazia isso contando uma piada tosca, mas desta vez, ele não parecia inclinado a bater um papo, por isso ligar o rádio num volume baixo e tranquilo me parecia a melhor opção.

Quando chegamos à empresa, seguimos o caminho, distantes um do outro, mas atentos a tudo e todos que pudessem olhar de uma maneira diferente para nós. Eles achavam que só porque Edward morava em minha casa tínhamos algum tipo de envolvimentos, o que era totalmente fora de cogitação.

Clair estava sentada na mesa de meu cubículo quando me aproximei, e pelo seu rosto preocupado, percebi que algo estava errado.

– O que foi desta vez? – perguntei, vendo pelo canto dos olhos que Edward passava por nós meio cabisbaixo e seguia para seu próprio cubículo, se sentando atrás do computador, digitando alguma coisa rapidamente.

Desviei os olhos dele e me concentrei em Claire.

– Estou preocupada, só isso. – ela sussurrou, passando a mão na testa para eliminar qualquer sinal de suor invisível.

Revirei os olhos.

– Eu te conheço, você não fica assim por que está preocupada. Me diga a verdade.

Ela suspirou e se ocupou em brincar um lápis mordiscado que estava em algum lugar da mesa.

– Claire... – chamei sua atenção com um estalar de dedos.

– Só estou preocupada com Fitch, tá legal? Ele não aparece aqui faz alguns dias e isso está começando a me incomodar.

Se te incomoda dessa maneira, imagine a mim, pensei em dizer em voz alta, e tive que morder a língua para me conter.

Sua resposta fora dura, e provocou um aperto no coração desconhecido por mim. Algo me dizia que aquilo era ciúmes, mas eu preferia acreditar que era somente uma batida descompassada pela preocupação que eu também sentia.

Suspirei e arranquei o lápis de suas mãos.

– Eu também estou, mas isso não quer dizer que vamos parar de trabalhar só porque ele está aqui. – quis mudar o foco da conversa para ficar menos desconfortável do que já estava.

Claire me olhou de soslaio e pude ver o descontentamento dela.

– Ah, e, além disso, preciso pedir um favor a você. – sussurrei, me aproximando dela.

– Estou às ordens. – ela disse.

– Ótimo. Preciso que ache duas meninas para mim. Anne e Charlotte.

Vi ela anotar com o lápis mordido em um papel e então suas feições desmontaram um pouco, como se ela se lembrasse de algo, subitamente.

– Sobrenomes?

Mordisquei os lábios.

– Não faço a mínima ideia. Tente procurar na lista de desaparecidos, ou então na lista de convidados do baile de máscaras. Tenho certeza de que achará. Ou então procure por um Drake.

Ela não pareceu muito feliz.

– Sem sobrenome também?

Claire estalou a língua para mim em desaprovação.

– No que diabos você está se metendo, Helena?

Dei de ombros.

– Nada que valha à pena lhe contar agora. – respondi.

Ela nem se deu ao trabalho de retrucar, e simplesmente se levantou da mesa e saiu do cubículo, indo em direção ao seu próprio, se sentando atrás do computador, pronta para fazer as pesquisas dos nomes. Ou assim eu esperava, pelo menos.

Olhei em direção à ala de treinamentos, e eu meus músculos formigaram, necessitando de uma exercitada básica. Agradeci mentalmente por Jake estar na missão juntamente com Fitch e por não conseguir pegar no meu pé de tão longe, e nem me fizesse um treino puxado. Mas era de exatamente aquilo que eu precisava; um treinamento tão pesado que fizesse todos os meus músculos ficarem fatigados e latejando. Tão exausta que não teria forças ao menos para pensar em Anne, Charlotte, Theodore, ou no homem que teríamos de visitar mais tarde, Max.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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