Rua dos Alfeneiros também corria perigo. Em meio a toda aquela guerra, a casa do tio Valter também estava ameaçada. Voldemort era capaz de torturá-los até a morte, e para evitar isso, foi decidido que eles abandonariam a casa, e iria passar uma temporada na casa da Tia Guida - ela não é minha tia de verdade, porém quando eu era menor, fui obrigado a chamar aquela gorda de tia. - Ela morava no campo, era um lugar seguro em comparação com Londres, onde comensais rodava o tempo inteiro.

Eu estava no meu antigo quarto, onde passei toda minha infância, estava juntando apenas as coisas que seriam necessárias para uma batalha que iria chegar. Desço as escadas e me dou com Tia Petúnia chorando. Meu olhar vai de encontro ao dela.

– Morei nesta casa 20 anos – Ela pisca, a fim de disfarçar as lágrimas – E agora, numa noite como outra qualquer, sou obrigada a deixá-la.

– Eles vão torturar vocês! – Tento explicar o motivo que fez com que eles abandonassem aquela casa. – Se você ao menos imaginar para onde estou indo, nada poderá detê-los!

– Você acha que não sei do que ele é capaz? – Ela dá de ombros, com certeza estava falando de Voldemort.

Com pequenos passos entro naquela sala, que estava sem móveis, tudo já havia sido retirado pelo caminhão de mudança. Vejo que ela estava realmente com um olhar diferente, não um olhar de maldade, como sempre tinha ao conversar comigo. Ela estava com um olhar de arrependimento, deve ser por tudo aquilo que fizera comigo, não sei.

– Assim como você perdeu sua mãe naquela noite, em Godric’s Hollow, sabe? – continuou ela, e em um tom mais baixo, quase cochichando, e disse depois de uma pausa. – Eu perdi uma irmã!

Naquele momento fiquei sem chão, sempre achei que ela odiava minha mãe, mas não. Ela a amava, e quis demonstrar isso para mim, demonstrar que ela sofreu com aquele assassinato de meus pais. Em questão de segundos fui percebendo tudo que acontecia no passado. Minha mãe, pelo fato de ser uma bruxa, era sempre a queridinha da família, sempre o exemplo, sempre a super filhinha e tia Petúnia sentia inveja, não uma inveja maldosa, mas uma inveja por não receber toda atenção que Lílian (minha mãe) recebia. Afinal, tia Petúnia não passava de mais uma trouxa qualquer.

Ouço o barulho do carro ligando, tio Valter já estava pronto para sair. Sem pensar duas vezes tia Petúnia sai pela porta que estava atrás de mim, sem dizer mais nada e deixando em minha mente um grande nó. “Ela amava minha mãe” “Ela não era tão ruim quanto eu pensava”. Pensamentos como esse tomou minha mente pelo resto do dia. Chamo Hermione que estava no meu quarto e em questão de segundos aparece na porta e sem mais perguntas, aparatamos para uma floresta para continuarmos as buscas pelas horcruxes.