No dia seguinte...

Pov Angie

Era oito da manhã. Eu estava no banheiro me arrumando e Germán se arrumava no quarto. Até que essa noite não foi tão ruim assim... Dormimos o mais longe possível e de costas um para o outro. 

Germán dormiu com duas cobertas, e eu dormi com o dobro. Estava muito, mais muito frio mesmo, nem o aquecedor dava conta de esquentar o ambiente. Nem sei como ele conseguiu dormir só com duas cobertas.

O clima entre nós ainda estava estranho, por mais que ele tivesse pedido desculpa pelo o que ele fez ontem.

Hoje iríamos esquiar. O problema é: eu não sei esquiar. Tentei dizer isso à Violetta ontem, mas o garçom me interrompeu e acabei deixando quieto.

Saí do banheiro já arrumada e Germán estava deitado na cama, assistindo televisão. Ele já estava pronto pra sair, provavelmente estava me esperando. Como já estávamos atrasados, joguei uma almofada nele e disse:

- Vamos!

Germán jogou a almofada de volta, rindo, e se levantou. Caminhou até mim. Ficou bem próximo e ficou me olhando de maneira estranha. Me intriguei com isso... E depois de me observar por uns segundos, ele finalmente disse:

- Você fica uma graça com essa touca.

Arqueei as sombrancelhas. Aquele homem sabe direitinho como me provocar, mas não é legal ele estar com uma e ficar elogiando tanto uma outra. Respirei fundo e respondi:

- Há-há. - ri irônica. - Vamos logo, Germán, já está tarde. - destranquei a porta do quarto e saí. Ele veio atrás.

Passamos no quarto de Violetta e León, bati na porta e ninguém atendeu. Acho que eles já tinham saído. Então eu e Germán descemos de elevador.

- Bom dia, seus demorados. - Violetta se aproximou assim que nos viu saindo do elevador. Ela e León nos esperavam no saguão.

- Culpa da sua tia, que demora cinquenta horas pra se arrumar. - Germán respondeu.

- Você tá cheio de graça hoje, né, Germán? - retruquei me virando pra ele. O moreno sorriu pra mim e eu simplesmente continuei a andar pra fora do hotel.

Os outros três vieram atrás. Ao sair pela porta de entrada do hotel, estremeci de frio. Lá fora estava bem mais gelado. Tive vontade de voltar correndo lá pra dentro.

- Olha lá o teleférico! - Violetta apontou. - Vamos subir por lá e no pico da montanha há uma barraca para pegarmos os esquis, então é só descer esquiando na neve. Vai ser divertido!

Enquanto Violetta falava, dava para ver o ar quente saindo de sua boca. Era engraçado de ver.

Olhei para o lado e vi que León e Germán fitavam a montanha sorridentes. Homens adoram esportes, provavelmente estavam animados com isso.

Caminhamos até o teleférico. Eu fui esfregando minhas mãos - cobertas com luvas - uma nas outras para esquentar. Chegamos até o teleférico. A mulher que cuidava de lá era uma pessoa extremamente grossa.

- Olá, moça, er... poderia me dizer quantas pessoas vão em cada acento? - Violetta perguntou.

- Duas. - a mulher respondeu curta e seca.

- Então vamos querer dois acentos, por favor. - Violetta sorriu tentando ser simpática, mas a mulher continuava séria.

Os teleféricos chegaram e Violetta sentou-se ao lado de León. Obrigadamente, tive que ir com Germán. Os acentos foram subindo e eu evitava o olhar dele, ficava olhando para baixo e para montanha, que por sinal era extremamente bonita.

Finalmente chegamos. Desci e fui correndo para barraquinha de esqui. Todos vieram atrás. Cada um pegou o seu, e se dirigiu para a descida da montanha. Violetta e León foram correndo na frente, eu e Germán fomos andando mais calmos.

- Você sabe esquiar? - perguntei pra Germán.

- Sei sim, quando eu tinha doze anos, eu visitei uma cidade aqui no Canadá e meu avô me ensinou a esquiar.

- Ah que sorte, porque eu não sei.

- Não sabe? - ele parou de andar. Parei também e me virei pra ele. - Eu te ensino, não é tão difícil.

- Pode ser, mas você tem que ter paciência, não levo jeito com esportes. - soltei uma breve risada.

- Sem problemas. - ele riu. - Não leva jeito com nenhum esporte?

- Apenas corrida e natação. Mas outro tipo não. Na época de escola, nas aulas de educação física, eu era tecnicamente humilhada. - fui explicando enquanto continuávamos a caminhar até a descida. - Não sabia jogar nada. No futebol, eu nunca conseguia acertar o gol. No vôlei, eu nunca conseguia rebater a bola. No basquete, não sabia nem o que fazer, levava cada bolada... - ri lembrando desses tempos. - Bom, acho que você já entendeu... Eu era uma negação na educação física, todos riam de mim e de meus desastres com os esportes. Teve um ano que eu quase repeti por causa das minhas notas em educação física.

Germán riu também.

- Eu só não era bom em futebol, mas o resto eu era sim. - ele comentou.

Chegamos na descida. Era uma grande descida. Bem íngreme e cheia de neve... me deu frio na barriga. Prendi um esqui em cada pé e me preparei.

- Bom, primeiro você tem que aprender a se posicionar no esqui. - Germán começou a me explicar.

Me segurou pela cintura para me ajudar a me equilibrar nas tábuas do esqui. Me arrepiei com esse toque. Germán estava bem próximo de mim e suas mãos seguravam firme em meu quadril... Estaria ele me provocando?

- Se sente segura? - ele perguntou. Pra falar a verdade, com ele me segurando assim, eu me sentia bem segura. Porém não queria que ele me soltasse... respondi:

- Pra falar a verdade, não... - obviamente menti, apenas queria que suas mãos continuassem em minha cintura.

Germán me soltou e pegou em uma das minhas mãos. Se posicionou no seu esqui e se virou pra mim.

- Você tem que dar impulso com isso. - ele entregou duas bâtons em minhas mãos. (N/A: bâtons são os dois "pauzinhos" que as pessoas seguram um em cada mão quando estão esquiando). - e depois que der o impulso, você controla com os pés a direção que quiser ir. É mais fácil deixar os pés bem parelelos, ok?

- Tá, acho que entendi...

- Vamos tentar? - ele segurou na minha mão. - Tô aqui com você, não precisa ter medo.

Assenti com a cabeça. E... fomos. Nós dois demos impulso juntos e fomos descendo de mãos dadas. Estávamos esquiando bem até a metade do caminho, eu estava conseguindo me guiar certamente. Mas, uma hora tropecei em mim mesma e caí. Germán que estava segurando minha mão, acabou vindo junto e caiu comigo. Saímos rolando juntos, meio que abraçados, até o fim da montanha.

Pov Germán

Estava ajudando a Angie a se equilibrar no esqui. Assim que ela conseguiu, começamos a esquiar juntos, mas Angie tropeçou e se desequilibrou. Resultado: nós dois rolando juntos montanha a baixo.

Finalmente paramos de rolar pela neve. Eu acabei em cima de Angeles, e logo me levantei para não machucá-la. Ela se levantou logo depois.

- Você está bem? - perguntei.

- Sim, mas eu disse que não levava jeito pra essas coisas. - ela respondeu tímida.

Sorri e passei a mão pelo seu cabelo, tirando a neve que tinha nele. Angie ficou envergonhada e suas bochechas rosaram.

- Quer tentar de novo? - ofereci.

- Não, talvez mais tarde...

- Então o que acha da gente ir tomar um chocolate quente? Violetta e León podem ficar esquiando por mais um tempinho sozinhos.

- Pode ser...

Assim que ela aceitou, fomos caminhando até uma cafeteria próxima. Entramos lá e arrumamos uma mesa no lugar mais próximo do aquecedor.

Pedimos nossos chocolates quentes e enquanto tomávamos, conversamos um pouco.

- Sente falta da Esmeralda? - Angie perguntou pra mim.

- Eu? - para falar a verdade, eu não sentia falta da Esmeralda. Estava tudo perfeito sem ela... mas eu não diria isso alto. - C-claro, ela é minha namorada, como não sentiria falta? - menti meio receoso.

- Ah. - Angie foi curta, acho que ficou com ciúmes.

- E você, sente falta do Pablo? - perguntei.

Angie franziu o cenho.

- Por que eu sentiria falta do Pablo? - ela realmente tinha estranhado minha pergunta.

- Uai, vocês não estão namorando? - fiquei curioso.

- Não! - Angie riu incrédula pela minha pergunta. - De onde você tirou isso? - ela continuava rindo e eu senti um alívio total por ela não estar com ele.

- Ah, sei lá...

Coloquei minha mão no rosto de Angeles e o acariciei com meu polegar. Ela não conseguiu segurar o sorriso. Aquele sorriso lindo, radiante, perfeito. Aquele sorriso era o meu paraíso.

- Germán, por favor, não faz isso comigo. - ela tirou minhas mãos de seu rosto.

- Isso o que, Angie? - me fiz de desentendido.

- Você sabe bem do que eu estou falando. - ela suspirou. - Vamos, Violetta e León devem estar nos procurando.

Pov Angie

Saímos da cafeteria e caminhamos para montanha novamente sem dizer nada. Aquele homem não cansa de provocar emoções extremamente fortes em mim. Assim fica difícil esquecê-lo. "Ahhh, Angie, a quem você quer enganar? Você nunca vai conseguir tirá-lo da cabeça..." Pensei pra mim mesma... pois é, tudo entre nós aconteceu tão rápido que sem perceber meu coração já pertencia a ele e somente a ele.