Jason sentiu seu estômago pular quando leu a placa que dizia: “Bem vindos a Sydney”. Era agora ou nunca. Ele procuraria pela amada e a pediria em casamento. Aquela era uma das mais importantes decisões que ele havia tomado. Estava morrendo de medo. Medo de não encontrá-la, medo de ela recusar e, principalmente, medo de não ser amado. Mas precisava tentar. Agarrou sua mala na esteira e caminhou para fora do aeroporto. Teria que ligar para Hillary assim que possível.

*/*

– Obrigada. – disse Hannah com a cabeça apoiada no largo peito de Brian.

– Pelo que?

– Por me compreender, por estar sempre comigo e me transmitir segurança, por me amar. – respondeu a mulher enquanto se levantava e olhava nos olhos dele.

– Querida, é simplesmente involuntário. Você não precisa me agradecer por isso. – disse Brian enquanto ajeitava alguns fios de cabelo rebeldes de Hannah que pairavam sobre seu rosto.

– Eu... Eu tenho que confessar que meu passado me assombra. Eu amei apenas um homem na minha vida e ele não correspondeu meus sentimentos, me decepcionou. Não quero que isso se repita. Eu gosto muito de você, Brian, mas não quero lhe iludir. – disse a loira enquanto sentava na beirada da cama e se cobria com o lençol.

– Ei... – disse o homem ao se aproximar dela e abraçá-la. – Você não precisa falar sobre isso. Eu quero que você se sinta confortável com essa situação. Além do mais, é apenas uma questão de tempo até que você esqueça completamente o infeliz e perceba que me ama.

Hannah olhou nos olhos escuros de Brian. Ele sorria. Aquele homem a amava e ela era idiota o suficiente para não dar valor. O que havia de errado? Ela sabia muito bem. Jason estava interferindo e ela precisava cortar qualquer tipo de sentimento para com ele. Estava na hora de seguir em frente e ser feliz.

*/*

– Eu quero um quarto, por favor. – disse o moreno alto para a moça por detrás do balcão.

– Somente uma pessoa? Tem preferência por vista ou preço? – perguntava a recepcionista do hotel.

– Somente uma pessoa e eu não tenho preferência.

Jason havia chego a um dos hotéis de Sydney por volta do meio dia. Já tinha tudo planejado em sua mente. Ele iria tentar achar o endereço que Hillary havia lhe passado e conseguir sua garota de volta. Simples assim.

O homem deixou sua bagagem no quarto e saiu levando consigo um pedaço de papel com uma anotação. Caminhou até o elevador com os olhos direcionados para o chão. O que ele tinha na cabeça? Começou a fazer uma pequena retrospectiva de sua vida desde que havia conhecido Hannah.

Eles se conheceram e alguns meses depois ele conseguiu fazer com que saíssem juntos. O primeiro encontro havia sido perfeito, na opinião dele. Logo em seguida, houve mais encontros casuais e ele logo percebeu que havia alguma força dentro dela que o atraía.

Ele se lembrou da primeira vez que fizeram amor. Havia sido algo mágico. Ele nunca havia experimentado nenhuma sensação tão forte quanto a de estar com Hannah. Ela fazia com que ele se sentisse completamente feliz. Ele percebeu que a amava, mas nunca conseguiu compreender aquele sentimento. Nunca conseguiu dizer aquelas três palavras que poderiam mudar tudo. E ele se odiava por isso. Um erro que cometeu e que lhe custou a coisa mais importante de sua vida.

O relacionamento dos dois foi, segundo Jason, perfeito. Ele não conseguia enxergar nada de errado. Saíam juntos, se divertiam, faziam amor. Ela já fazia parte de sua vida e de sua rotina. Somente depois que conversou com Hillary, percebeu aquele erro.

*/*

– Mas... Eu realmente não entendo. Onde foi que eu errei? Tentei ao máximo ser o cara perfeito para ela. Eu sei que meu passado não ajuda, mas eu juro que mudei, Hillary. – ele estava desesperado depois que Hannah havia deixado sua casa na noite anterior e precisava conversar com alguém que entendesse o casal e soubesse de sua história.

– Você é mesmo um idiota, não é mesmo, Jason? Preste atenção! Responda-me uma coisa... Você a ama? – Hillary parecia impaciente do outro lado do telefone.

– Mas é claro! – ele já gritava e lágrimas surgiam em rosto. Seu desespero era evidente.

– Está aí seu erro, imbecil. Você disse pra ela? Você disse que a amava? Você pediu que ela ficasse? Você pelo menos disse alguma coisa?! Não. Ela acredita que você não a ama.

– M-mas... Mas eu a amo. Eu tentei demonstrar de todos os jeitos possíveis. – ele não acreditava que apenas três palavras eram tão importantes.

– Ai Jason... – Hillary parou e respirou fundo. Do outro lado da linha ela passava a mão pela nunca num sinal de cansaço. – Às vezes é preciso dizer. Mesmo que esteja implícito.

– Meu Deus... E o que eu faço agora?

– Dê um tempo para ela. Tente seguir sua vida. Se daqui alguns meses você perceber que ela é, realmente, a mulher com quem você quer passar o resto da vida, vá atrás dela. Eu lhe ajudarei.

– Não! Eu tenho que procurá-la agora! Vou para a Austrália! – ele não pensava mais. Só queria tê-la de volta e faria todo o possível para conseguir.

– Pare! Pare e pense. Ela está muito decepcionada. Você partiu o coração dela. Se for agora, não vai conseguir nada além de mais lágrimas. Acredite em mim! Antes de tudo, se acalme.

– T-tudo bem. Eu vou pensar.

*/*

Ele nunca deixou de pensar nela. Jason enfrentou uma sequência de sentimentos depois que Hannah o deixou. Depois de desespero, ele sentiu tristeza. Não conseguia comer, dormir ou viver sua vida sem pensar nela. Conseguiu superar com a ajuda de Hillary e dos pais.

Logo em seguida, veio a raiva. Raiva de si mesmo, raiva dela. Porque diabos ela não perguntou? Porque diabos era tão complicado assim? Com isso, resolveu tentar esquecê-la. Após um tempo, percebeu que era em vão.

Sentiu saudades e essa foi a pior parte. Sentia uma saudade incontrolável de vê-la, beijá-la, possuí-la. Sentia saudade de seu perfume, de seu jeito durão e controlador, da frieza que muitas vezes o atingia com palavras afiadas. Sentia falta de seu corpo quente ocupando o outro lado da cama.

Durante todos os segundos em que estiveram juntos, Jason a amou. E a amava mesmo longe.

Mais ou menos seis meses haviam se passado quando ele decidiu que era hora que buscá-la. Talvez tivesse demorado demais, mas não cometeria o mesmo erro do passado.

*/*

– Tenho que ir pra casa. Annabelle não pode ficar muito tempo com a babá. Não sei por que, mas ainda não confio naquela moça. – disse Brian enquanto abotoava a camisa.

– Eu entendo.

– Ei... – disse o homem enquanto puxava a loira para si. – Nos vemos em breve, certo?

– Certo. – respondeu Hannah por entre risos. Ela não podia deixar de notar que seu coração acelerava quando ele sorria daquele jeito. Ele a tornava mais leve.

Hannah vestia uma camisola e um roupão por cima. Brian já estava vestido e ambos caminhavam para a porta quando a campainha tocou.

– E-eu... Eu não estava esperando ninguém. – disse Hannah enquanto olhava para porta. Um calafrio percorreu sua espinha. Ela tinha um péssimo pressentimento.

– Bom... Hoje é sábado. Talvez... – começou Brian, mas sua voz falhou e congelou completamente quando se deparou com a cena seguinte.

– Jason? – Hannah estava incrédula. O choque era tanto que ela estava estática. Não possuía reação alguma.

– Oi, flor.