O Adeus De Teresa escrita por otomriddle


Capítulo 1
A Primeira Vez




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A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta
a correnteza,
A valsa nos levou nos giros
seus...
E amamos juntos... E depois
na sala
"Adeus" eu disse-lhe
a tremer co'a fala...

E ela, corando, murmurou-me: "adeus."

-

Aquele Baile de Inverno tinha sido uma perda de tempo total. Draco tivera que vestir um terno extremamente desconfortável (da melhor qualidade, é claro) e aguentar a companhia de Pansy Parkison durante as cinco horas que levaram para o martírio ter fim, e tudo isso para que? Para ver Potter ser homenageado. Ridículo!

E não havia sido apenas isso. A garota Granger de alguma forma conseguira ser a acompanhante de ninguém menos que Viktor Krum! O que alguém tão importante como o jogador queria com ela Draco não podia entender. Era verdade que, com um vestido azul que lhe realçava a pele clara e os olhos dourados, a jovem estivera... Decente, durante o evento. E também era preciso fazer notar que a garota tinha capacidade suficiente para entreter qualquer um, ao contrário de sua própria acompanhante, que o entediou de tal forma que ele fora obrigado a fugir dela no meio da festa. Krum provavelmente não tiver o mesmo problema com Hermione e sua mente rápida e língua afiada.

Mas nada disso importava mais. A noite já havia acabado e ele pudera, finalmente, dispensar Pansy sem parecer rude. O garoto estava saindo do Grande Salão lentamente, com seu paletó jogado por cima de um ombro enquanto aproveitava a brisa gelada que entrava pelos vãos da porta de entrada, quando viu a pessoa que ocupara seus pensamentos durante todo o Baile, sentada nas escadas, com o rosto entre as mãos. Ele olhou para os lados, franzindo o cenho. Será que Granger e Krum haviam discutido? Por que iriam se desentender? Ambos pareceram muito mais do que amigáveis durante a noite. Não que Draco se importasse com isso. Dando de ombros, ele continuou por seu caminho, porém seus olhos mais uma vez repousaram na jovem de azul, e ele percebeu o modo como os ombros dela tremiam levemente, como se estivesse rindo ou...

Sem perceber, seus pés o levaram até onde a garota estava. Ele sentou-se, colocando o paletó ao seu lado.

“O que houve, Granger?” as palavras saíram de forma mais ríspida do que ele pretendia. Idiota! Assim ela nunca vai falar com você! pensou.

Ela levantou o rosto de entre as mãos, e o encarou. Seus olhos estavam vermelhos e molhados, e havia uma trilha de lágrimas marcando seu rosto. A maquiagem, porém, estava intacta. Como, Draco não sabia dizer.

“O que você quer aqui, Malfoy?” ela cuspiu a última palavra como se fosse algo ruim em sua boca. “Não vê que quero ficar so-sozinha?”

“Bem, devia ter pensando nisso antes de vir chorar no Hall de Entrada, não acha?” ele comentou de forma desinteressada, desviando o olhar do rosto dela e deixando seus olhos vagarem para os poucos casais remanescentes que andavam por ali e lançavam olhares distraídos na direção dos dois. Provavelmente se perguntando o que estamos fazendo aqui, Draco pensou. Também gostaria de saber.

“Eu apenas fiquei curioso” ele continuou, voltando a fitá-la “Você me parecia muito... Alegre... No decorrer do Baile. É estranho lhe encontrar chorando apenas alguns momentos depois de eu ter visto você rindo lá dentro.” Draco movimentou a cabeça em direção do Grande Salão.

Suspirando, foi a vez dela de desviar o olhar do garoto.

“Eu tive uma briga com Ronald, mas não vejo como isso possa representar um interesse para você, Malfoy.” Ela disse, levando as mãos aos ombros e esfregando-os de forma a esquentá-los.

O garoto pegou o paletó que jazia esquecido ao seu lado e jogou-o sobre os ombros de Hermione. Ela o encarou com olhos arregalados, mas segurou o paletó firmemente contra o corpo.

“Às vezes nós não vemos aquilo que está bem na nossa frente, Granger.” Ele disse, brincando com os botões de sua camisa. Os olhos dela foram atraídos para o local.

“É, eu tenho que concordar... Às vezes nós achamos que entendemos as pessoas, mas não as conhecemos de verdade. Às vezes a gente acha que sabe o que está sentindo, mas na verdade estamos apenas nos enganando.” Ela disse com a voz tão baixa que Draco mal conseguiu ouvir suas palavras. Hermione continuava a encarar os dedos do jovem a mexer nos botões.

“Acho que devemos fazer um pacto.” Ele respondeu, engolindo em seco. Isso atraiu o olhar dela de volta ao seu rosto. Um olhar tão intenso que ele quase desejou que ela não estivesse ali. Quase.

“Que pacto?” Ela perguntou, virando levemente a cabeça e franzindo o cenho. Um sorriso brincou no canto dos lábios de Draco. Ela estava adorável daquela forma, com a luz batendo em seu rosto e o paletó dele sobre seus ombros...

“Eu digo que não mais julguemos as pessoas antes de conhecê-las.”

O som da risada de Hermione ecoou pelas paredes do Salão, agora já vazio.

“Eu sempre fiz isso, querido Malfoy. A pergunta é: você consegue ser assim?” Ela disse ceticamente. Ele sorriu levemente.

“Eu posso ser o que eu quiser, querida Granger.” Ambos os olhares se encontraram. Estendendo a mão, Hermione falou:

“Ótimo. A partir de hoje, nada mais de julgamentos precipitados. Acordo?”

Ele segurou a pequena mão. A pele dela estava quente em contato com a sua.

“Acordo.” E, puxando-a levemente na direção de si, a beijou. O garoto não soube bem o que o fez fazer isso, mas o certo era que já era tarde para voltar atrás.

Draco levou seus dedos até os cabelos de Hermione e, entrelaçando-os com as mexas, a puxou mais para perto. Ela, de forma hesitante a princípio, se deixou levar. Eles não saberiam dizer quanto tempo se passou, quando uma voz acordou ambos do estupor em que se encontravam.

“Her-mi-o-ne?” Krum chamou. A garota se afastou de Draco tão rapidamente quanto era humanamente possível. Ninguém poderia dizer que ela estivera beijando-o de forma apaixonada até alguns segundos atrás, a não ser pela bagunça que os dedos dele deixaram por entre os cabelos dela. O paletó se encontrava agora no chão, aos pés do garoto.

A porta do Salão se abriu e Krum adentrou o recinto.

“Ah, ai estah vose Her-mi-o-ne.” Ele falou, sem nem mesmo lançar o mais breve olhar para Draco. “Esteva tê prrrocurando.” Hermione caminhou até ele, sorrindo como se nada tivesse acontecido.

“E o que você queria comigo?” Ela perguntou, alcançando o lugar onde ele a esperava.

“Nada te mais. Queria apenas converrsar um poco. Pensei que estivese dorminto... Ainta bem que está acordada!” Ele pegou-lhe a mão (que até momentos antes estivera apoiada no na parte de trás do pescoço de Draco) e sorriu.

“Ah!” Ela corou, e olhou pelo mais ínfimo dos momentos para Malfoy, antes de voltar a encarar o jovem em sua frente. “Bem, vamos lá fora, então. Para conversar.” Krum acenou, e, juntos, começaram a sair. Draco encarou a silhueta de ambos contra a luz que entrava pela porta, a dela muito pequena se comparada à dele, e falou alto o bastante para ser ouvido por cima do barulho dos passos e do vento lá fora:

“Adeus, Hermione.” Sua voz tremera levemente ao falar o nome dela.

Ela olhou para trás, e Draco pode ver que ela corava novamente.

“Adeus.” Ele apenas viu a palavra se formar em sua boca, ao invés de ouvi-la. E então ela se foi. 


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