– RODRIGUEZ! – Clarisse berrou enfurecida.

A menina revirava seu baú com roupas milhares e milhares de vezes em busca de apenas uma blusa que não estivesse pintada de rosa chiclete com os escritos “eu amo Chris Rodriguez” em vermelho brilhante.

E não eram apenas as roupas. Sapatos, pulseiras, relógios, bandanas e até mesmo sua lança elétrica. Clarisse estava furiosa e jogava com força no chão um ursinho de pelúcia – também rosa – que estava em cima da cama dela. Ele segurava um coração branco com lantejoulas com os escritos “Clarisse ama Chris, o seu galã gostosão”.

Maldito Rodriguez! Já não bastava Clarisse ter que aguentá-lo o dia inteiro e ainda tinha que aturar uma brincadeira de mal gosto como essa?

Clarisse grunhiu irritada quando tirou a última peça de roupa rosa de seu baú.

– Nossa Clarisse, desta vez você definitivamente me surpreendeu! – Igor, um dos irmãos de Clarisse riu enquanto pegava o ursinho rosa do chão – Eu não tinha ideia que sua cor favorita era rosa!

Igor e mais quatro irmãos de Clarisse riram abobadados enquanto viam a menina encarar eles com raiva. Naquele momento, a única coisa que ela queria fazer era atirar com um canhão na cabeça de Chris Rodriguez.

– Quando vai ser o casamento, hein Clarisse? – Rory, o irmão mais novo de Clarisse que possuía nove anos zombou.

Todos os irmão de Clarisse menos Rory fecharam a cara.

– Casamento? O que é isso Clarisse? Você gosta mesmo do magricela do Rodriguez? – Igor a encarou.

Clarisse fuzilou Igor com os olhos e apertou o ursinho de pelúcia, arrancando-lhe a cabeça.

– Calem a boca seus estúpidos! Eu não gosto do Rodriguez, eu não o suporto! Agora parem de me olhar senão eu mato vocês! – grunhiu ela e encarou a roupa que usava: um pijama branco, a única coisa não rosa de seu guarda roupa.

Ainda irritada, a menina pegou uma blusa do Acampamento Meio Sangue (rosa) e uma calça jeans (rosa) e colocou um All star (também rosa).

Dispensando comentários exagerados e infantis de seus irmãos, Clarisse saiu do chalé 5 com passos duros, e sem pensar duas vezes se dirigiu ao refeitório, onde sabia que Chris Rodriguez estaria.

Assim que chegou ao refeitório, como o esperado, todos os campistas começaram a cochichar e rir discretamente – nem tanto – de Clarisse. Ninguém seria corajoso o bastante a ponto de zoar com ela, a não ser que esta pessoa goste de ser eletrocutada e depois jogada nos estábulos para servir de comida para os pégasos.

– Clarisse! Que amor da sua parte! Finalmente conseguiu admitir seu amor por mim que por anos ficou ocultado? – Chris levantou-se prendendo a risada.

Os olhos de Clarisse pareciam pegar fogo e seus punhos estavam cerrados, porém, em vez de Clarisse avançar para esmurrar o filho de Hermes ela apenas deu um sorriso sarcástico.

– Bela piada seu ladrãozinho barato! Não pense que eu não sei que foi você que fez isso com minhas roupas! Eu vou simplesmente acabar com você seu infeliz...

– Ei, ei Honey, acalme-se! Não fique tão triste pois não tem seu amor correspondido – sorriu ele – mas não tente mentir falando que eu fiz isso tudo!

– Chris Rodriguez eu vou...

O sinal do inicio das atividades tocou e os campistas saíram do refeitório lentamente, até não sobrar ninguém além de Clarisse e Chris.

– Por que raios você fez essa palhaçada Rodriguez? – murmurou ela enquanto andava até o filho de Hermes, que sorria com a irritação de Clarisse La Rue.

– Oh princesinha, eu estava ajudando você a mostrar ao mundo os seus sentimentos por mim! - zombou ele.

Ela revirou os olhos com raiva e segurou a vontade de bater naquele rostinho bonito dele.

– Cale a droga da sua boca e pare de me chamar de princesinha! Seu imbecil, eu vou te...

– amar para sempre? – completou ele.

– Não! – falou ela vagarosamente – Eu vou te eletrocutar e depois...

– me amar para sempre – interrompeu Chris novamente.

– CALE A BOCA, RODRIGUEZ! – berrou ela levantando a mão para bater em Chris, porém ele se esquivou e conseguiu ficar por trás dela.

– Não negue seu amor por mim, Honey – sussurrou ele no ouvido dela.

Clarisse o mirou com os olhos e murmurou baixinho um “eu te odeio, Rodriguez”.

O menino sorriu e saiu do refeitório, deixando Clarisse plantada no lugar. Ela fervia de raiva, porém ele não se importou com isso. Clarisse vivia ameaçando-o, porem nunca fazia nada com ele. A verdade era que ela gostava minimamente de Chris.

– E a propósito – Chris voltou para Clarisse quando estava na porta do refeitório – a tinta é permanente, tal como seu amor por mim.