Já haviam feito dois dias desde que eu estivera na casa do meu namorado e fora “torturada” pela minha sogra e sua aliada Ludmila. No fim daquele dia eu fiquei martelando praticamente a noite inteira pensando em um presente para o León, e quando finalmente me decidi, me dei conta de que tudo o que eu havia pensado era completamente clichê e inútil, até porque León era de família rica e tinha basicamente tudo o que queria.

Coloquei a mão no meu rosto e comecei a me preocupar de verdade, já estava a poucas horas do início da festa e eu sequer tinha algo em mãos para dá-lo, e como não tinha nada em mente, sequer adiantava eu correr em alguma loja e escolher algum presente aleatório. León não receberia presente de sua própria namorada. Tá certo, Violetta. – Pensei.

Nas ultimas horas ficara tanto tempo pensando no presente de León que acabara esquecendo-me de planejar a minha roupa. Estava sentada na beirada da minha cama, quando peguei o meu celular e então olhei no visor que já marcava 18h, e a festa começaria as 19h. León passaria aqui para me pegar, pois a minha “querida” sogra não queria que ele visse como as coisas estavam sendo preparadas, era uma espécie de “festa surpresa que ele estava consciente”, o que já não fazia sentido algum. Só esperava não ser humilhada naquela festa, porque depois daquele dia na casa do León eu já não duvidava de mais nada.

Fui correndo até o armário e para a minha sorte, lá se encontrava um vestido azul-marinho cujo eu nunca havia usado, acho que eu nunca mais seria tão sortuda daquela maneira. Corri para o banho e fiz o meu melhor para não demorar. Ao sair, passei o meu melhor perfume, sequei e escovei o meu cabelo, então coloquei o meu salto preto e passei a maquiagem preta também. Exatamente na hora que eu terminei de colocar os brincos (que era a única coisa que faltava), ouvi a buzinada de León vinda do lado de fora da casa.

Desci as escadas e pude notar que papai e Angie estavam lindos (sim, eles também haviam sido convidados), porém estes afirmaram que chegariam um pouco mais tarde para “perder a bagunça da entrada”. Despedi-me com pressa e então corri para o carro. León estava lindo. Mesmo sentado, pude notar que este vestia uma camisa branca, calça jeans preta e um all star, fiquei babando por um tempo até que León decidira quebrar o silêncio:

- V-você está linda. – Ele disse enquanto me fitava com muita atenção.

- Qual é León, você sempre diz isso. – Ri timidamente.

Ele permanecera com aquele olhar, como se estivesse fascinado ou algo do tipo.

- É sério. Você sempre está linda, mas hoje você está... – Suspirou. – Eu não sei, tem algo diferente.

- Talvez você esteja me olhando diferente, porque me arrumei às pressas e sequer tive tempo de fazer algo especial. – E então eu me lembrei do presente que eu não havia comprado.

- Fazer algo especial? Você acha que VOCÊ tem que fazer algo especial? Só o fato de você estar aqui, ainda por cima linda desse jeito me deixa doido. – Soltou uma risada sem humor.

- Não León, estou falando sério. Eu sequer comprei um presente pra você, não consegui pensar em nada. Sou uma inútil. – Eu olhei para baixo.

- Hey. – Ele disse enquanto levantava o meu queixo com sua mão. – Você sabe que eu não ligo pra isso. Materialmente eu já tenho tudo o que quero. – Afirmou com segurança.

- É, mas o problema não é esse. Eu sou sua namorada e sequer fui capaz de pensar em algo que você goste.

Ele riu.

- Sabe do que eu gosto? – León dissera aquilo e fora se aproximando lentamente de mim.

Eu sequer tive a ousadia de responder, sabia muito bem o que ele queria dizer com aquilo. Nossos rostos foram se aproximando cada vez mais até que nossos lábios roçaram um no outro. Quando íamos dar início a um beijo profundo e apaixonado, ouvimos alguém pigarreando do lado de fora do carro e nos separamos. Papai.

- Ué! Vocês ainda não foram? – Perguntou enquanto aparecera sem sutileza alguma na janela do meu lado.

- Pois é, acabamos nos enrolando aqui. – León coçou a cabeça e riu com nervosismo.

- Ah sim. Já que vocês vão sair agora, vou seguir o seu carro, tudo bem? – Papai perguntou para León.

- Sem problemas. – León respondeu prontamente.

Papai fez um sinal positivo e então nós o vimos juntamente com Angie adentrando o carro que se encontrara logo após o nosso. León deu partida no carro e finalmente começamos a ir.

Nada muito importante acontecera durante o caminho. O meu remorso ainda não havia se passado, então León fazia questão de dizer palavras que me reconfortassem a cada segundo. Pude notar que León estava estressado, pois ele ainda não sabia onde seria a tal festa, só tinha o endereço da mesma. Ele não parava um segundo de falar que tinha medo do que a mãe dele poderia ter “aprontado”.

Poucos minutos depois, chegamos ao tal endereço. Estaria tudo normal e perfeito, se o endereço não fosse de um condomínio completamente luxuoso somente com apartamentos duplex (N/A pra quem não sabe, duplex é um apartamento com dois andares).

León foi com o carro até o portão do condomínio e apertou o interruptor do alto falante. De lá saiu uma voz tremendamente assustadora:

- Nome?

León estranhou a situação.

- León Vargas. – Respondeu.

Fez um pouco de silêncio depois que León respondeu, mas não demorou muito até que voltasse a falar:

- Seja bem-vindo. A festa será no prédio 2, no sétimo andar, apartamento 14.  – Logo que ele disse o portão se abriu.

- O-obrigada. – León respondeu e então voltou o seu olhar para mim, como se não estivesse entendendo nada do que estava acontecendo, e com razão.

Logo de cara nós pudemos avistar o tal prédio 2. León estacionou o carro na frente do mesmo e nós descemos. Este caminhou até mim e fizera questão de atravessar seu braço pela minha cintura, assim nós caminhávamos juntos. Fomos até o elevador, León apertou para irmos ao sétimo andar e em pouco tempo já estávamos lá.

O lugar era realmente muito luxuoso, cheio de luzes e uma bela decoração, exatamente a cara da mãe de León, que era toda elegante. Nós ouvimos um barulho vindo da tal porta 14 e então tivemos certeza de que a festa era ali mesmo, só não fazia sentido a mãe de León alugar um apartamento pra isso invés de um salão.

León tocou a campainha e logo de cara nós pudemos ver a mãe de León, que abrira a porta com grande afobação.

- Filhinho! Você chegou. – Disse e o espremeu com um abraço. – E Violetta, como você está linda! – Ao dizer aquilo ela correu para me abraçar.

Certo, alguma coisa estava estranha.

Eu sorri timidamente e retribui o abraço.

- Mãe, o que é isso? – León logo perguntou. – Aliás, que lugar é esse?

Logo que ele perguntou aquilo, Ludmila apareceu atrás da mãe de León, o que me fez cerrar os punhos.

- Então... – Disse com aquela voz nojenta. – Esse condomínio é do meu papai. – Sorriu. – E ESTE duplex é a mais nova casa do León.

León olhou estranhamente para a mãe dele.

- O quê? Nós vamos nos mudar?

- Não, filho. VOCÊ vai se mudar. – Ela sorriu. – Esse é o presente de aniversário que eu e seu pai preparamos para você. – Disse com empolgação e olhou para mim. – Na verdade, para vocês, pois eu sei que a Vilu vai passar muito tempo aqui, não é mesmo? – Ao dizer aquilo ela deu uma piscadela para mim, o que me fez corar completamente.

León arregalou os olhos.

- É sério? Obrigado mãe! Obrigado pai! – Ele disse e correu para abraçá-los.

Agora tudo fazia sentido na minha cabeça. A Sra. Vargas não queria que eu soubesse de nada porque a surpresa também era pra mim, e o fato da Ludmila estar na casa deles há alguns dias era para acertar a papelada. Talvez eu tivesse tirado conclusões precipitadas sobre as duas.

Depois de algum tempo de comemoração, nós finalmente adentramos por completo o apartamento e vimos que ele era simplesmente incrível (N/A vou deixar um link de “visão” dele nas notas finais, então sugiro que vocês já vão lá agora pra ter uma noção enquanto estiverem viajando na história), e eu com certeza gostaria muito de passar vários momentos ali. León ainda estava fascinado com tudo aquilo (tanto quanto eu, diga-se de passagem), e antes que pudesse cumprimentar os convidados, subiu as escadas e foi até os quartos. Lógico que eu fui atrás dele.

Chegando lá pudemos avistar duas portas. Eram duas suítes, porém só uma suíte tinha cama... E de casal, o que era algo bem sugestivo da parte da mãe de León. O quarto também era maravilhoso, assim como o restante do apartamento. León fizera questão de fuçar cada uma das coisas e então se jogar em sua nova cama.

- Cara, isso é demais! – Ele disse com empolgação enquanto eu somente o observava da porta.

- Concordo. – Sorri.

- Senta aqui pra você ver como esse colchão é confortável.

Eu ri.

- Depois eu sento, não quero amassar a minha roupa agora, a festa mal começou.

Ele permaneceu calado, se levantou e caminhou até mim.

- Você não era tão cuidadosa desse jeito. – Disse e riu.

- Sabe como é, já vou fazer vinte anos.

- Tá me chamando de criança, é?

- Eu? Imagina, nunca disse isso. – Eu falei com ironia.

- Aé? Então isso me dá direito de cobrar meu presente, certo?

Quando ele disse aquilo eu corei e comecei a olhar para o chão.

- M-mas você disse que...

Ele começou a rir maleficamente, mas era óbvio que estava atuando. Quando pra minha surpresa, ele se calou e passou os braços pela minha cintura, me envolvendo em quase um abraço. Meus olhos rapidamente foram de encontro aos dele.

- Passa a minha primeira noite aqui comigo? – Ele fazia um olhar apaixonante. – Prometo que durmo no sofá.

Eu tomei um susto ao ouvir o convite.

- León, é um absurdo você ter que dormir no sofá na sua primeira noite. Eu não vou dormir aqui. – Disse com frieza.

Ele fez um olhar triste.

- Por favor? Como presente de aniversário? Por mim? – Insistia. – Sem contar que aquele sofá parece super confortável.

Nisso ele tinha razão. Eu bufei.

- Tá bom. – Cedi. –Mas você sabe que vai ter que pedir para o meu pai, né?

- É, sei disso.

Incrivelmente quando ele disse aquilo, meu pai apareceu atrás de mim na porta. Parecia que ele estava em todos os lugares, e aquilo estava me assustando.

- Ouvi meu nome? – Disse com frieza.

- Na verdade não. – Eu respondi prontamente.

León fez um sinal para mim, como se estivesse falando que ele dominaria a situação e pra eu ficar calada.

- Senhor Germán, é que...

- Eu já ouvi. – Meu pai o cortou. – E não vou deixá-la dormir aqui. Sei muito bem o que vocês são capazes de fazer sozinhos em um apartamento.

León suspirou e passou a olhar com determinação para o meu pai, como se estivesse realmente falando sério.

- Senhor Germán, eu seria incapaz de tocar na sua filha antes de colocar uma aliança no dedo dela.

Pude notar que o meu pai se surpreendeu muito ao ouvir aquilo, pois este abrira um sorriso discreto em seus lábios.

- É, seu pai soube te educar. – Disse ainda com autoridade. – Ele era um perfeito cavalheiro quando tinha a sua idade, cortejou a sua mãe até levá-la ao matrimônio.

- Você conhece o seu amigo. Quero seguir esse exemplo.

Meu pai ficou pensativo por um tempo, como se estivesse repensando na resposta. Pude notar que ele ainda se encontrava extremamente desconfiado, o que era completamente natural, mas por outro lado eu percebi que ele se sentiu confortável ao perceber que León tinha a mesma personalidade do Sr. Vargas, o que me dava a esperança de uma nova resposta.

- Então...? – Eu perguntei já impaciente.

- Tudo bem. – Meu pai respondeu em um fio de voz. – Mas saiba que eu estarei vigiando, hein?

Confesso que aquilo me deu um pouco de medo, mas pelo menos tínhamos conseguido. No momento só faltava nós voltarmos para festa, mas confesso que ainda temia o que nos aguardava ali.