- Me recuso a falar qualquer coisa se o senhor permanecer alterado desse jeito, papai!

Quando disse aquilo meu pai arregalou os olhos, pausou por um tempo, mas eu sei que ele estava só hesitando em falar algo. Eu estava simplesmente furiosa, já estava praticamente com vinte anos nas costas e ainda era tratada como criança, isso porque por diversas vezes papai havia falado que iria mudar. Eu era incapaz de fazer qualquer indecência com León, e me surpreendia que meu pai ainda não tivesse certeza disso.

- Tudo bem, Vilu. Eu deixei você dormir no apartamento dele, entretanto isso nunca mais vai acontecer. – Papai seguiu em um tom mais baixo.

- Pai, você não pode mais me impedir de fazer as coisas. Eu quero dizer, poxa, já vou fazer vinte anos e você ainda continua com esse tratamento. Não confia na criação que me deu ou o quê? Me ofende o que você pensa de mim.

-Verdade, Germán. Soou um pouco exagerado. – Angie disse em um tom baixo enquanto surgira por trás dele.

- Não sei, não sei. Eu realmente quero confiar em você, Violetta, porém fica difícil depositar confiança depois do que acabara de ouvir. – Disse ainda desgostoso.

- Isso porque você não deveria se intrometer em nada! Você nem sabe sobre o quê León estava falando.

- Claro que sei, você acha que eu não sei o que “te amo. E estou ansioso pra que noites como essa se repitam” significa? Qual é, Vilu. Já tive a idade do León, fazia o mesmo com a sua mãe.

Arregalei os olhos.

- Papai, poupe-me de seus comentários sobre o que você fazia com a minha mãe. Entretanto não é porque você era safado que o León também é! – Disse por fim, mas no mesmo momento me arrependi de ter dito.

- Suma da minha frente. – Papai disse friamente e eu só pensei em subir para o meu quarto. Tinha feito uma burrada tremenda.

Eu não conseguia pensar em mais nada. Apesar de ter tido o que foi provavelmente a melhor noite da minha vida, esse dia já havia começado da pior maneira possível. Senti León meio envergonhado pela minha atitude na noite anterior, e agora havia brigado com o meu pai. Se fosse somente mais uma briguinha qualquer não teria problema, mas dessa vez eu senti que ele ficou realmente ofendido, e não era pra menos, já que eu disse uma tremenda merda.

Tranquei a porta do quarto e pensei em ouvir minhas músicas, precisava distrair a cabeça de alguma forma. Talvez afastar meus pensamentos das pessoas me fizesse melhorar, até porque eu tinha que focar bastante na música, já que há muito tempo eu não fazia isso e precisava fazer em dobro no momento, porque me tornaria professora do Studio. Talvez, se arrumasse coragem, ligaria para Francesca mais tarde para me informar sobre o que acontecera com ela, mas ainda não tinha certeza se faria isso.

POV MAXI

Estava tendo a melhor manhã de todas. Depois da festa de aniversário de León (que foi destruída pela Francesca, diga-se de passagem), Naty me chamou para terminar a noite na casa dela, jogando videogames, coisa que era idiota, mas que nós amávamos fazer juntos. Então eu acabei adormecendo no sofá e agora estava no jardim da casa, ajudando-a a regar as flores e fazer todas aquelas coisas de mulherzinha.

Eu realmente estava levando o relacionamento com Natália muito a sério. Fazia muito tempo que estávamos juntos, e eu tinha plena convicção dos meus sentimentos por ela, tinha certeza de que nada daquilo era perda de tempo, e já passara da hora de levar adiante. O único problema é que não sabia como pedir, não sabia se tinha a ousadia de fazer algo para mudar. Casamento me soava muito sério, e vendo por este lado, não sabia se Naty estava tão preparada quanto eu estava.

Fiquei devaneando por um bom tempo até que, de repente, senti uma esguichada de água fria nas costas. Automaticamente dei um pulo pelo contato repentino, e então me virei para trás para ver de onde vinha. Quando o fiz, pude observar Naty parada atrás de mim com uma mangueira na mão e a cara mais sapeca que alguém poderia fazer. Esta mostrou a língua e então começou a despejar mais jatos de água fria sobre mim.

Em um pulo fui até Naty e comecei a “agarrá-la” para controlar a mangueira que manuseava, mas confesso que aproveitei da situação para “tirar uma casquinha”. Segurei-a por trás com toda a minha força até que esta se rendesse e largasse a mangueira no chão, só então comecei a apertá-la e fazer cócegas até que a mesma começasse a se debater e conseguisse me derrubar no chão. Era incrível como aquela mulher era poderosa (N/A ignorem isso, não achei palavra melhor e está de madrugada).

Eu caí, entretanto no mesmo instante puxei Naty comigo, fazendo-a se jogar com brutalidade em cima do meu corpo. A mangueira, caída anteriormente, estava apontada justamente em nossa direção e nos molhava sem parar, arrancando altas risadas de nós dois. Foi então que aquela risada maravilhosa começou a me hipnotizar. O riso de Natália era o som mais lindo que eu já poderia ter ouvido, e não me cansava daquilo. A coisa mais gratificante para mim era ver aquele sorriso estampado constantemente naquele rosto, o mais lindo e encantador que eu já havia visto. Foi então que a situação começou a colaborar e tudo se tornou irresistivelmente perfeito.

Meus olhos se encontraram rapidamente com os de Naty e a situação pediu. Minhas mãos não se conformaram em ficar quietas, quando me dei conta já estava acariciando aquele rosto lindo, até que direcionei as mesmas mãos até o seu cabelo, na tentativa de tirá-lo de seu rosto para facilitar a minha visão. Aqueles olhos grandes me fitavam de maneira intensa, como nunca havia feito antes. Por um momento senti que era real, que todas as minhas dúvidas se esvaíram, simplesmente sumiram. Natália estava tão pronta quanto eu.

Foi então que a situação pediu e meus lábios foram de encontro aos dela de maneira suave, começando por leves selinhos até que isto fosse mais aprofundado e se tornasse em um beijo apaixonante e intenso. Nossas línguas dançavam em perfeita harmonia enquanto as mãos de Naty seguravam a minha nuca com firmeza, até que esta aprofundasse ainda mais o beijo e me deixasse completamente louco. Quando o ar se extirpou, nossos olhos se encontraram novamente e eu não pude conter o riso, afinal, não havia nada que me deixava mais feliz e com humor melhor.

- O que foi isso? – Natália perguntou com um olhar maravilhado.

- Eu que pergunto. Você vem fazer fanfarra e depois não quer ser beijada? Poupe-me, Natália. – Eu disse com cinismo na voz.

- Como você é besta. – Ela disse e soltou uma risada.

- SEU besta. – A corrigi.

Naty riu novamente e então me deu um selinho.

- Tudo bem, eu não quero estragar o momento nem nada, mas está começando a esfriar e eu não quero um namorado doente.

Fiz um bico.

- Ah, eu não quero sair daqui, Naty. E se eu adoecesse, você não cuidaria de mim? – Falei com voz de criança.

- Claro que cuidaria, bobão. Mas se você adoecesse, nada de beijos por um bom tempo.

- Natália, vamos sair daqui logo e tomar um banho quente, não quero ficar doente! – Disse desesperado.

- Sabia que mudaria de ideia rapidinho. – Disse convencida.

Levantamos-nos depressa e arrumamos a pequena bagunça que havíamos feito. Depois disso, Naty disse que era melhor eu tomar banho, já que havia uma tendência maior de eu fazer mais bagunça na casa enquanto ela estivesse fora. Por sorte, havia algumas mudas de roupa que tinha deixado na casa de Naty anteriormente, cuja mãe já havia até lavado, então não teria problemas com isso.

Antes de entrar no chuveiro, peguei o meu celular um pouco úmido no bolso da calça e notei que havia recebido uma mensagem de León, o que era bem surpreendente, já que eu tinha certeza que o mesmo estava completamente centrado em Violetta.

“Cara, preciso te ver com urgência. Vamos almoçar pra bater um papo? Você está na casa da Naty, não é? Estou indo aí pra te buscar, e você não tem opção.”

León como sempre muito simpático. Dei de ombros. Notei que havia recebido aquela mensagem há um bom tempo, o que significava que León já estaria por perto. Tomei o banho depressa, vesti as roupas e já estava pronto.

Disse a Naty sobre a mensagem que havia recebido de León, e a mesma compreendeu sem problemas. Poucos minutos depois, dito e feito, León já estava batendo na porta.

- Eae, mano! – Disse enquanto batia na mão dele.

- Como você tá, cara? Eu vi vocês ontem, mas nem deu pra dar muita atenção... – Ele disse enquanto coçava a cabeça, evidentemente com vergonha.

- Tudo bem, cara. Eu vi quanto trabalho você teve naquela festa. Mas deixa eu te perguntar, e a noite com a Vilu, hein? – Dei um sorriso malicioso e ele logo entendeu sobre o que estava falando.

León arregalou os olhos.

- Tá doidão? Mano, é justamente sobre isso que eu tenho que falar com você. A gente tem que vazar daqui!

- Mas é tão urgente assim?

- Urgentíssimo. E talvez você possa me ajudar, até porque tenho uma ideia muito boa pra você.

- Ideia pra mim? León, do que raios você está falando?

León suspirou impaciente.

- Vem comigo que você vai ver. –Disse por fim e praticamente me puxou para fora da casa, somente deixando com que eu me despedisse rapidamente de Naty, e me deixando completamente curioso.