Lunática. escrita por sa


Capítulo 9
Capítulo 9.




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– Ei, olha só quem eu encontrei. - entrou na sala. - Procurei por você por todos os cantos.

Era uma sala branca, cheia de colchonetes pretos e nada mais. Lana estava deitada em um deles, com fones de ouvido, não ouvindo então nada do que ele dissera. Seus olhos estavam fechados e ela balançava levemente os pés conforme alguma música ia tocando.

– Lana? - ele se ajoelhou ao lado dela, tirando um de seus fones, coisa que a assustou.

– Heitor! - gritou assim que abriu os olhos. - Você me assustou, sabia? - sentou-se.

– Desculpa. - ele estava rindo. - Procurei você pela escola toda.

– E como é que me achou? - olhou para ele.

– Bom, a porta estava meio aberta e eu sabia que a pessoa deitada aqui só poderia ser você. - olhou para a sala. - O que é isso aqui, afinal?

– Era um depósito de coisas velhas da escola até que eu o achei. - sorriu. - Os colchonetes também estavam aqui, aí pensei que seria legal transformar isso numa sala de descanso. Falei com a diretora e ela deixou, contanto que eu me encarregasse de tudo. E então virou a minha sala de descanso. - deu enfase no minha, mostrando que ela era a unica aluna que vinha ali. E agora ele.

Heitor prestou atenção em tudo que ela dissera, desviando seus olhos do rosto dela pouquíssimas vezes. Mesmo em pouco tempo, ele percebera que os olhos de Lana brilhavam quando ela falava sobre as coisas das quais gostava ou lugares onde se sentisse bem e gostasse de ficar. Sem esquecer o sorriso que aparecia naturalmente.

– Que música você tava ouvindo? - percebeu que eles nunca falaram sobre o gosto musical de cada um e ele estava mesmo curioso para saber qual era o dela.

– Parachutes. - respondeu rápido, sem nem se lembrar do seu ciúmes por suas músicas favoritas.

– E de quem é? - colocou o fone dela.

– Charlie Simpson. - sorriu.

Conforme a música tocava, Heitor podia imaginar Lana deitada naqueles colchonetes sozinha pensando em qualquer coisa enquanto ele não chegava e aquilo fazia ele gostar ainda mais dela. Cada dia, descobria, pelo menos, uma coisa nova sobre Lana. Coisa essa que, em uma outra pessoa talvez parecesse algo estranho mas, nela, não passava de algo normal para ele. "Unica", pensou. Ela era unica.

– E então? - olhava para ele com uma expressão de expectativa no rosto.

– É boa, muito boa. - entregou os fones a ela.

Passaram todo o primeiro intervalo ali, conversando sobre qualquer coisa. Lana contou sobre sua aula de filosofia mais cedo e sobre como foi boa e ele ouviu atenciosamente, contou também sobre ter comentado com seu professor que queria fazer companhia para uma pessoa no almoço mas não sabia como se aproximar por medo de como essa tal pessoa reagiria e que, felizmente, ele a encorajou a, pelo menos, tentar.

– Então hoje é o dia em que uma pessoa a menos vai almoçar sozinha no mundo. - ele riu do modo como ela falou da situação.

– Lana. - disse rindo.

– Que é? Estou falando sério. - fez uma careta.

(...)

– Hora do almoço! - gritou assim que encontrou Heitor no corredor, esperando por ela.

Enquanto iam para o refeitório, Lana não conseguia esconder sua ansiedade para saber o que aconteceria quando ela fosse, finalmente, falar com a tal menina. A pior parte, pra ela, era não saber qual seria a reação da menina quando ela se aproximasse ou se estaria incomodando ao invés de ser uma companhia legal para se passar o almoço.

– Ahhh. - ficou de frente pra ele, colocando suas mãos nos ombros dele e olhando em seus olhos. - Me deseje boa sorte Heitor. - e ele desejou.

Ela estava sentada sozinha, como quase sempre, olhando para a comida em seu prato e comendo um pouco algumas vezes. Era branquinha, tinha cabelos escuros e curtinhos, o que a fazia parecer mais nova. Usava um suéter azul claro com várias andorinhas pequenas desenhadas e Lana realmente gostou dele.

– Oi, eu sou a Lana. - ficou parada em frente a mesa, parecendo uma menina de cinco anos querendo começar amizade com alguém pela primeira vez na vida.

– Alexis. - pareceu confusa, mas sorriu.

– Eu vi você sozinha e pensei em te fazer companhia, o que acha? - torceu para que ela dissesse sim.

– Por mim tudo bem. - reparou o sorriso que apareceu no rosto dela ao se sentar.

Heitor continuou em pé, olhando o que estava acontecendo e agradecendo por, aparentemente, as coisas terem dado certo. Lana estava tão ansiosa e animada antes que, lá no fundo, ele ficou preocupado só de pensar na ideia de a menina se sentir ofendida ou incomodada e tratá-la mal. Se sentou em uma das mesas que estavam sobrando e tirou um livro da mochila, o mesmo que Lana estava lendo no dia em que se conheceram; ele teve a curiosidade de saber sobre o que ele era. 

– Você não vai em algumas aulas, não é? - aquele era um detalhe que todos reparavam sobre Lana.

– Não nas que não me interessam ou eu sei que não vai mudar nada estar lá ou não. - riu. - Sem contar da minha dificuldade pra me concentrar, então acaba sendo bem melhor faltar. - Alexis riu.

– Acho que já ouvi alguém falar algo sobre você, só não consigo me lembrar o que era. - pensou. - Ah sim, o professor de filosofia. Ele sempre diz que você é uma ótima aluna e sempre pensa nas coisas que ninguém mais pensaria. - Lana sorriu.

– Porque essa é uma matéria que me interessa. - fez uma cara engraçada.

Elas se deram bem e, com isso, Lana as vezes esquecia que tinham acabado de se conhecer e acabava fazendo algumas de suas caretas. Ela tinha essa mania de fazer caretas para tentar dar enfase a algo que dissera, mas nunca fizera isso com estranhos. Alexis se tornara uma exceção.


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Notas finais do capítulo

vão me contando o que estão achando da fic :)