Lunática. escrita por sa


Capítulo 4
Capítulo 4.




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– Cheguei. - jogou a mochila no sofá e foi até a cozinha.

– E como foi? - sua mãe fazia a mesma pergunta desde que ela era pequena.

– Faltei algumas aulas, como sempre. - deu de ombros. - A biblioteca é muito mais interessante, você sabe.

Claire esperava pacientemente pelo dia em que Lana conseguiria finalmente passar um dia todo na sala assistindo a todas as aulas mas, saber que aquilo não acontecera ainda, não a deixava triste. Pelo contrário, ela gostava do fato de Lana sempre contar a ela sobre essas faltas, em vez de mentir. Claire e sua mãe não tiveram uma relação boa quando ela era pequena e, com base nisso, prometeu que quando tivesse uma filha, seria uma mãe diferente da que teve. Ela e Lana confiavam uma na outra.

– Eu conheci um garoto hoje, na escola. - aquela frase pareceu menos estranha enquanto era apenas um pensamento de Lana.

O modo como aquilo soou, de algum jeito, incomodou Lana e ao perceber aquilo, Claire preferiu não comentar nada. Voltou a fazer sua torta de chocolate para a sobremesa enquanto Lana ficou sentada na bancada, pensando em qualquer outra coisa menos o fato de sua mãe estar fazendo sua torta preferida.

Flashback on:

– Aquela foi uma das poucas vezes que já entrei na biblioteca da escola na minha vida, sabia? - riu.

– Não era de duvidar, a maioria das pessoas dessa escola nem deve saber que tem uma biblioteca aqui. - deu um gole em sua bebida. - Eu praticamente vivo lá. - ela não estava exagerando.

– Então você deve matar muitas aulas. - analisou o rosto dela. - Você não tem cara de quem mata aulas e é uma das mais experientes daqui, isso é engraçado. - brincou.

– Eu não mato aula pra ir fumar ou ficar simplesmente fazendo nada. - entrou num tom defensivo sem querer. - Mato aula porque não vejo necessidade em ficar uma hora em uma sala com um professor falando coisas que eu não entendo e não quero saber. Além do mais, meu tempo é muito bem mais gasto lendo livros novos.

Heitor tinha uma expressão engraçada no rosto após ouvir o que ela disse, era como se quisesse dizer algo como "uau" ou "faz sentido" mas escolheu ficar quieto. Lana riu da cara do menino e voltou a beber seu chocolate quente. A ideia de que, mesmo depois de ela ter dito aquilo, ele ainda continuou bem ali, sentado com ela, fez com que ela sentisse uma sensação boa. Uma sensação de não ter de se preocupar com seu comportamento um tanto quanto estranho só para que ele não fosse embora, era como se ele não se importasse com como ela era. E isso era bom.

– E você, por que estava matando aula? - ela queria mesmo saber aquela resposta.

– Aula de biologia. - fez uma careta. - Eu não fiz as lições aí pensei em matar aula, pena que não deu certo. A ideia era ficar no jardim, mas aí meu professor foi até a secretaria perguntar sobre mim e me viu lá. Foi nessa hora que eu saí correndo. - e Lana teve a comprovação de que ele não era mesmo experiente naquilo.

– Um garoto do seu tamanho correndo de professor. - começou a rir. - Desculpa, mas isso é muito engraçado.

Qualquer outro garoto teria achado Lana chata ou estranha, mas Heitor não. Ele gostava da sinceridade que ela demonstrava e de como ela falava sobre as coisas, mesmo que tivesse falado pouco. Ele não fazia parte dos garotos metidos e populares da escola cheios de amigos e com todas as meninas que quisesse aos seus pés, mas também não era daqueles estudiosos e sem amigos. Ele era um meio termo. E Lana era o tipo de menina que ele ainda não havia conhecido.

– Você gosta daqui? - perguntou ao perceber que ele havia se distraído.

– Não sei. - riu. - Acho que eu já me acostumei sabe? Acordar e vir pra cá, virou uma rotina. Não é a melhor coisa do mundo, mas também não é a pior pra mim. - ele olhava fixamente para ela. - E você?

– Não muito. - foi rápida. - Eu adorava vir pra cá quando era pequena, mas agora as coisas mudaram. Eu adoraria poder ficar em casa. A unica coisa que faz esse lugar não ser uma tortura completa pra mim é a biblioteca, só ela faz com que eu ainda venha. - e mais uma vez, ficou com medo de qual seria a reação dele. Mas passou.

Heitor sabia da bronca que levaria quando chegasse em casa e sua mãe perguntasse o motivo de a escola ter ligado em sua casa para perguntar dele mas, mesmo assim, estava feliz por aquilo ter acontecido. Ele estava feliz por ter ido parar na biblioteca por acaso e ter encontrado Lana, estava feliz por ela tê-lo ajudado e por ela gostar de chocolate quente.

– Vamos fazer uma brincadeira. - sugeriu. - Eu te faço uma pergunta e você me responde e vice-versa. - ela aceitou. - Qual sua cor favorita? E por que?

– Branco, é como se me trouxesse paz e liberdade. - mais uma vez, ela deu uma resposta com certeza. - E qual a sua? - ela sabia que devia ter feito outra pergunta, mas foi um ato impulsivo.

– Amarelo.- disse. - Eu sempre pintava o sol de amarelo quando era pequeno e aí um dia disse pra minha mãe que essa era minha cor favorita, acho que isso continuou até hoje. - sorriu com a lembrança que veio a sua mente.

Naquela brincadeira, ela descobriu que ele era apaixonado por filmes e seriados, tortas de chocolate, correr e acampar em família nos finais de semana. Enquanto ele descobriu que ela amava livros, torta de frango, se distraía fácil e tinha teorias malucas para muitas coisas e que, mesmo não fazendo sentido para os outros, fazia para ela.

Flashback off.


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Notas finais do capítulo

continuem me dando a opinião de vcsss