Descobrindo O Erro! escrita por Lizzy


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi! Estão gostando da minha fic? Eu sei que vocês gostariam que a Julie demonstrasse logo que gosta do Daniel, mas pra tornar minha fic mais parecida com a série tenho que mostrar um pouco do namoro dela com o Nícolas Argh! Mas ó, a partir desse capítulo vocês vão notar que Julie não é tão indiferente a ele como ela pensa. Leiam e vejam se gostam, pois a partir desse cap. Julie começará a descobrir o erro.

P.S: Aninha Lulu brigada por favoritar minha fic!



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À tarde, Bia foi até o ensaio da banda. Eles já haviam ensaiado umas três músicas, quando, no intervalo de uma delas, Bia disse:

- Consegui marcar dois shows pra esse mês! – Todos sorriram felizes – Um na loja do Claus que será nesse sábado e um na festa de aniversário do Miguel.

O sorriso morreu nos lábios de Daniel – Só isso? Um show na loja do Claus e o outro numa festa boba de aniversário de um tal de Miguel?

- É Daniel. O que é que tem? – Julie perguntou, curiosa.

- O que é que tem? – Daniel perguntou com indignação -Julie, a gente não pode mais fazer show nesses lugares. – Suspirou – A gente tem de pensar grande. Fazer shows em lugares maiores; Em lugares com muita gente.

- Mas, Daniel, a gente tá só começando. Toda banda começa assim. A gente não pode pular etapas. Tem que viver cada momento. – Todos concordaram com Julie - Um dia a gente vai fazer show em...

- Um dia? Um dia nada. A gente tem que fazer show em lugar grande agora! – Ele olhou para todos - Vocês pensam muito pequeno. Desse jeito, a gente nunca vai chegar em lugar nenhum.

- Ah! Eu esqueci de dizer... – Bia começou a falar e todos se voltaram para ela – O Maracanã ligou. Ele quer que vocês toquem lá, junto com o NX zero e a Ivete Sangalo. – Sorriu com sarcasmo para Daniel que fez careta virando de costas. Todos riram.

Depois de rir, Julie se aproximou de Daniel tocando seu ombro. Ele se virou para ela. – Vai Daniel! Deixa disso! A gente começa com um show aqui, outro ali, mas eu garanto que se a gente continuar assim, em pouco tempo a gente vai tá enchendo o maracanã. Não, não... Pensei pequeno. A gente vai tá fazendo show em outros países. – Daniel sorriu – Mas, enquanto isso não acontece, que tal a gente ensaiar mais uma música? A gente precisa tá bem preparado quando isso acontecer.

Daniel olhou pra ela e depois pro Félix que estava sentado em sua bateria – Conta o tempo Félix! Por que hoje eu tô com vontade de tocar a minha guitarra como eu nunca toquei antes. – Daniel disse, e os outros sorriram, indo cada um para seus respectivos instrumentos.

Já eram quase cinco horas quando Julie resolveu parar o ensaio. Eles tinham tocado mais duas músicas e Daniel cumprira mesmo o que prometera. Tocou com maestria.

- Valeu Daniel! – Agradeceu Julie – Você mandou muito bem hoje!

- Você também, Julie. – Retribuiu Daniel - Tá cantando cada vez melhor.

Um sorriu para o outro com ternura. E neste momento, nesta troca de olhares, quase rolou um clima se não fosse o fato de Bia ter atrapalhado.

- Ei, Julie! Vamos! Se não você vai se atrasar para...

- Estudar! – Gritou Julie antes de Bia completar a frase. Ela não queria que Bia dissesse na frente do Daniel que ela ia se encontrar com o Nícolas, Sabia que Daniel iria implicar. – Estudar. É bom mesmo a gente ir porque esse trabalho é muito difícil e é... Pra amanhã.

Bia não entendeu, mas resolveu ajudar a amiga entrando em seu jogo. Depois pediria uma explicação sobre aquilo – É. E vale nota pra média total. É bem importante que a gente termine ele logo.

Daniel olhou para as duas com desconfiança. Os outros nem ligaram.

- Pois é... Vamos então? Daniel, Martim, Félix, a gente se vê amanhã no ensaio. – Julie se despediu puxando Bia pela mão, antes que ela acabasse se perdendo na mentira.

As duas sairam fechando a porta da edíicula atrás de si. Daniel continuou pensativo. Ele não acreditou em uma só palavra que elas disseram.

- Ah, Daniel! Eu quase ia me esquecendo – Começou a falar Martim, entregando a Daniel, um bilhete – Deixaram isso aqui pra você.

- Do que se trata? – Daniel perguntou sem abrir o bilhete.

- É de uma fantasma que ficou muito interessada em você. E eu garanto que não é nenhuma daquelas três. Ela escreveu aí nesse bilhete o endereço de um local pra vocês se encontrarem e... – Ele foi interrompido por Daniel

- Não estou interessado. – Entregou o bilhete de volta para Martim.

-  Mas, vai ficar. – Devolveu o bilhete para Daniel - Então fique com ele porque ela escreveu isso pra você e não pra mim.

Daniel revirou os olhos, colocou o bilhete dentro do bolso e saiu sem dizer mais nada.

- Onde você vai? – Perguntou Martim.

- Não sei bem, mas acho que vou atrás de pinóquio. – Respondeu seco e atravessou a porta.

- De um o quê? – Perguntou Martim para Félix que deu de ombros sem entender nada.

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Depois que saiu da edícula, Julie se arrumou e foi se encontrar com Nícolas. Eles marcaram na sorveteria. Chegando lá, sentaram-se em uma mesa, um de frente para o outro. O garçom veio e eles fizeram seus pedidos. Julie pediu o seu sorvete sabor chocolate, enquanto Nícolas pediu sabor côco.

- Hoje o ensaio quase não terminava... O que aconteceu? Fiquei preocupado. – Perguntou Nícolas, enfiando uma colherada de sorvete na boca.

- Nada. É que a gente tem dois shows marcados pra esse mês, então resolvemos ensaiar um pouco mais hoje pra não fazer feio.

- Você fazendo feio  em um show? Impossível! – Nícolas comentou e Julie sorriu agradecida, dando uma colherada em seu sorvete.

- Pinóquio. – Disse uma voz por trás de Julie.

- O que você disse? – Perguntou Julie parando sua colher no ar. Ela achou que Nícolas havia dito aquilo.

- Eu não disse nada. – Respondeu Nícolas, sem entender do que se tratava.

- Pinóquio. – Repetiu outra vez a voz.

Julie parou outra vez com a colher no ar, mas olhando para Nícolas percebeu que não era ele o dono daquela voz, então isso significava que aquela voz só podia vir de uma pessoa. Daniel.

- Nícolas, eu vou aqui rapidinho. – Julie se levantou.

- Você vai pra onde? – Perguntou Nícolas, mas a pergunta ficou no ar porque Julie já havia saído dali como num passe de mágica.

- Daniel! – Chamou Julie, sussurrando, quando chegou no balcão da sorveteria – Aparece! Eu sei que você tá aí! Fica visível!

- Pois não?! Posso ajudá-la? – Perguntou o garçom que estava limapando o balcão com uma flanela.

- Hã?! Quê?! Não. Eu... Só vim aqui porque eu queria pedir outro sorvete de chocolate. O meu derreteu. – Julie esboçou um sorriso forçado. O Garçom coçou a cabeça sem entender, mas mesmo assim, resolveu atender ao pedido, saindo em direção ao freezer.

Julie olhou para todos os lados procurando por qualquer sinal do daniel, até que ela viu uma palheta de sorvete flutuando em uma das mesas. Foi até lá. Sentou-se à mesa, disfarçando a todo momento.

- Daniel, eu sei que você tá aqui. Vi quando a palheta flutuou. Fica visível! – Falou por entre os dentes. Daniel apareceu. – O que você tá fazendo aqui?

- Peeeen! – Daniel excamou imitando o som de um alarme de jogo – Pergunta errada. A pergunta certa é: O que VOCÊ tá fazendo aqui? Você não disse que ia fazer um trabalho?!

Julie ficou sem graça – Eu disse. E eu fiz, só que já terminei.

- Você fez um trabalho dificílimo que é para amanhã e que vale nota para a média total em menos de cinco minutos??? – Daniel perguntou com sarcasmo. Julie fez careta – Na boa, melhor você refazer esse trabalho porque desse jeito vai acabar pegando recuperação outra vez, daí o seu pai vai proibir a gente de tocar e eu num sei se você tá lembrada, mas a gente tem um montão de shows pra esse mês.

- Ai Daniel! Chega! Para de falar! – Gritou Julie que entendia muito bem que Daniel já houvera entendido tudo e só estava enrolando a fim de torturá-la – Eu menti! Eu não tenho trabalho pra fazer coisa nenhuma. Eu vim me encontrar com o Nícolas. Pronto, falei. Tá satisfeito agora?

Daniel olhou para Julie, decepcionado. Julie se sentiu um lixo – Por que você mentiu pra mim?

- Porque será? – Cruzou os braços - Daniel, você vive chamando o Nícolas de mané. Não suporta ele e muito menos o meu namoro com ele. – Falou nervosa, e se levantou – Ah, e quer saber, eu vou voltar pra lá, e você, faz um favor?! Vá embora antes que alguém comece a pensar que eu sou uma louca falando sozinha.

Daniel se recostou na cadeira e olhou em direção à mesa de Nícolas – Não sei o que você vê nesse cara.

Julie suspirou profundamente - Tirando o fato de ele ser lindo e muito gentil? – Pausou- Ele está vivo.

Aquela frase foi como um punhal no coração de Daniel – Ok! Você venceu! Eu vou embora! – Daniel se levantou. Julie se arrependeu amargamente de ter dito aquilo.

- Daniel, espera! Eu não queria ter dito... – Julie começou a falar, mas não deu tempo, Daniel havia desaparecido. – Droga! O que foi que eu fiz? Agora mesmo, é que ele vai me odiar. – Completou triste.

- Moça? – Chamou o garçom fazendo Julie se virar – Aqui o seu sorvete. É melhor você tomar ele logo antes que derreta como o outro. – Entregou o sorvete para Julie que segurou quase que no automático já que olhava para um ponto fixo, ainda pensando com arrependimento no que tinha dito para o Daniel. O garçom balançou a mão em frente aos olhos de Julie que nem piscou – Moça? Moça? Você tá bem? Moça?

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- Julie? – Chamou Nícolas – Julie! – Insistiu ele, já que Julie continuava olhando para frente. Depois do que se sucedeu com Daniel, Julie havia voltado para mesa de Nícolas. Até então, ele não havia perguntado pra onde ela fora ou o que fizera, mas agora vendo Julie parecendo um zumbi, ficou preocupado. – Planeta terra chamando Julie – Estalou os dedos na frente do rosto dela a fim de acordá-la do transe.

- Oi! – Disse Julie, acordando de seus devaneios, e falando mais alto do que planejara.

- Julie, faz quinze minutos que eu estou aqui tentando te acordar e você aí olhando pro nada. Aconteceu alguma coisa?

- Hã! Não. Quero dizer, sim. – Julie não sabia o que dizer – Nícolas, se você dissesse alguma coisa muito ruim, mas muito ruim mesmo a uma pessoa que na verdade é o seu melhor amigo, o que você faria? – Julie perguntou com inocência, sabendo que Nícolas nunca desconfiaria que essa pessoa seria Daniel.

- Ah, não sei, Julie, mas acho que eu chegava pra essa pessoa e pediria desculpas.

- E você acha que essa pessoa pode me... quero dizer, desculpar essa pessoa?

- Acho que sim. Se ela for realmente a melhor amiga... Ou o melhor amigo... Dessa pessoa. – Respondeu Nícolas, tentando disfarçar, pois ele sabia muito bem que essa pessoa era Julie. Só não sabia quem era essa amiga, ou amigo.

Julie sorriu com a resposta, ao mesmo tempo em que ficou muito feliz por saber que podia contar tudo pra Nícolas, mesmo sem citar nomes. Ele era um ótimo namorado, pensou.

Alguns minutinhos depois, Julie e Nícolas estavam conversando sobre assuntos diversos. Julie estava rindo de algo engraçado que o Nícolas acabara de dizer, quando de repente, ao olhar para porta da sorveteria, sua expressão mudou.

- Você não faz idéia de quem acaba de entrar na sorveteria. – Disse Julie com ar de mistério.

- Quem? -  Perguntou Nícolas, dando uma colherada em seu sorvete, sem se dar ao trabalho de olhar pra trás.

- A Thalita e aquela amiga dela, como é mesmo o nome dela? Ah, Milena. – Disse com desdém.

- Desencana delas, Julie! Vai ver, elas nem viram a gente aqui. – Respondeu Nícolas, ainda sem olhar pra trás. Não fez nem questão.

Julie deu uma colherada em seu sorvete, olhando pra ela que conversava com sua amiga, animadamente, fingindo que não estava nem aí pra Julie, mas Julie viu uma das vezes que ela olhou pra eles. Ela não a enganava.

- A Thalita veio falar hoje comigo, na escola. – Disse Julie de forma natural.

- Foi? E o que ela queria?

- Ela disse que o nosso namoro está por um fio.

- Mas, você não acreditou nela? Acreditou? – Perguntou ele com ar de preocupação.

- Deveria? – Julie rebateu a pergunta.

- Não! Claro que não! Julie, entende uma coisa... – Segurou com delicadeza a mão de Julie por cima da mesa – A Thalita é página virada na minha vida. A única que me interessa agora é você. Só você. – Enfatizou essa última frase. – E...É melhor você limpar aqui, porque tá sujo. – Apontou para o cantinho da boca de Julie.

- Aonde? – Julie perguntou, tentando se limpar. Em vão.

- Aqui. – Disse em tom divertido, passando o sorvete pelo rosto de Julie, sujando-a.

- Ai Nícolas! Para! – Reclamou, esticando a mão para sujá-lo também. E os dois ficaram assim, rindo e sujando um ao outro por um bom tempo.

Do outro lado da sorveteria, alguém observava os dois e não estava gostando nenhum pouco do que via.

- É Thalita, parece que dessa vez o jogo está perdido para você. Vê só o jeito como eles estão se divertindo juntos. – Disse Milena para Thalita, apontando para o casal.

- Eu não posso ter perdido, queridinha. – Respondeu Thalita – Eu ainda nem comecei a jogar.

- E o que você pretende fazer?

- Ainda não sei. Mas, eu te garanto que essa diversão aí tem prazo de validade.

Milena olhou para Julie com desdém e comentou:

- Eu não sei o que ele viu nessa Julie. Essa menina é tão sem noção! Mas, já sobre a banda dela, eu não posso dizer nada. Eu curto as músicas deles.

- Ah, fala sério! Eu acho a bandinha dela ridícula.

- Pois, eu acho da hora aqueles caras fantasiados. Maior mistério. Eu daria tudo pra saber quem são eles. Imagina só, eu podia publicar no jornalzinho da escola, seria a notícia do ano. –  Thalita revirou os olhos – Amiga, bem que você podia perguntar pro Nícolas, me ajudaria muito.

- Perguntar o que pro Nícolas?

- Quem são os caras da banda. – Respondeu ela de forma natural -  Ele com certeza deve saber, afinal, ele é o namorado da vocalista da banda e... Thalita? – Ela chamou quando viu que Thalita sorria com ar de mistério. – O que foi? No que tá pensando?

- Nada. É que sem querer você acabou de me dar uma grande idéia.

- Eu dei? – Perguntou Milena se sentindo orgulhosa pelo feito, mesmo não entendendo do que se tratava.

- Deu. E se tudo sair como eu estou planejando, o nosso casalzinho ali terá sua primeira DR. – Falou e deu uma risada misteriosa. Milena também forçou uma risada.

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Algumas horas depois, Nícolas foi deixar Julie em casa. Antes de entrar, os dois ficaram trocando beijinhos na porta. O que eles não sabiam é que, do outro lado da rua, sentado na beira da calçada, alguém muito desconsolado os observava.

- Posso te dar um toque? – Perguntou Félix quando se materializou ao lado de Daniel.

Daniel olhou para o casal e depois virou o rosto de lado, assentindo com a cabeça.

- Desencana dela! – Exclamou Félix - Daniel, um fantasma e uma viva nunca daria certo. Vocês nunca teriam um namoro normal. Imagina a Julie tendo que te apresentar para o pai dela ou para os amigos... Eu sei que é difícil, mas se não partir de você, você nunca vai conseguir esquecer a Julie. Nunca! E ela nunca vai ser verdadeiramente feliz. É isso que você quer pra ela?

Daniel balançou a cabeça em negativa – Claro que não! Mas, o que você quer que eu faça? Que eu comece a agir como se não me importasse?

- Não, Daniel. Aja como se você se importasse e quisesse o melhor pra ela.

- Como?

- Seja amigo dela.

- Mas, eu sou amigo dela.

- Não. Neste momento não é. Se fosse, ficaria feliz por ela.

- Daniel franziu a testa - E... Por que eu deveria ficar feliz por Julie estar com esse mané?

- Porque... – Começou a explicar Félix - Você pode até não querer admitir, mas o Nícolas é um bom rapaz. E ele gosta da Julie, assim como ela gosta dele. – Colocou o braço ao redor dos ombros de Daniel – E você, Daniel, também é um fantasma bom e merece ter ao seu lado alguém, de preferência, uma fantasma, que também ache isso de você.

Diante daquelas palavras, Daniel ficou pensativo. Olhou para Félix, compreendendo cada palavra que ele dissera. Colocou a mão no bolso da calça, olhou mais uma vez em direção ao casal, e retirou a papel do bolso, então sorriu olhando para o papel, sabendo exatamente o que fazer.

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Julie mal fechou a porta atrás de si, quando se despediu de Nícolas, correu para edícula a fim de se explicar para Daniel.

- Daniel, eu sei que você deve estar com raiva de mim, mas eu posso explicar... – Julie falou assim que abriu a porta da edícula. Mas, os únicos que ouviram foram o Martim e  Félix que afinavam seus instrumentos. Ela ficou muito sem graça – Ué, cadê o Daniel? Pensei que ele estivesse aqui.

- O Daniel está num encontro. – Respondeu Martim com malícia.

- Ah, é? – Julie perguntou, e se deu conta que não gostou nenhum pouco de saber disso -  E ele foi se encontrar com quem?

Martim sorriu e olhou para Félix que também sorriu. Ambos com ar de mistério. Julie franziu a testa sem entender.

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O encontro foi marcado em um cemitério perto da casa de Julie, o que era bastante normal considerando que se tratava de um encontro entre fantasmas. Ao chegar em uma lápide, Daniel retirou o bilhete mais um vez do bolso, para se certificar de que estava na lápide certa. Olhou para todos os lados, mas nem sinal de fantasma nenhuma, suspirou e quis desistir, dando meia volta, porém ao ouvir uma voz vinda do interior da lápide, se virou.

- OOOOOiiiiii! – Cumprimentou a fantasma com voz cantante, aparecendo bem na frente de Daniel.

- Débora? – Daniel mal podia acreditar no que via. Nunca imaginou que seus amigos fossem loucos o suficiente a ponto de marcarem um encontro dele com a Débora.

- Eu não acredito que eu encontrei você. Não acredito. – Falou ela se contorcendo de felicidade.

- Você não acredita? – Perguntou com sarcasmo – E eu não acredito que o Martim e o Félix tiveram coragem de fazer isso comigo! – Disse para si mesmo.

Ela sorriu e se aproximou de Daniel enlaçando seu pescoço.

- Sabia que quando a gente era vivo, eu era caidinha por você? – Perguntou, lançando para Daniel, um olhar sedutor. – Não fala para o Martim, e para o Félix , mas dos três, você foi quem ficou mais bonitinho de fantasma.

Daniel retirou os braços de Débora de seu pescoço – Olha, Débora, o papo tá muito bom, mas eu tenho realmente que ir.

- Como assim você tem que ir? Eu fico um tempão esperando você aqui e agora você vem com um “eu tenho que ir”. Nananinanão! O nosso encontro mal começou.

- É Débora, mas... - Daniel ia começar a argumentar quando foi interrompido por ela que colocou o braço por dentro do seu.

- Mas, nada! O combinado era ter um encontro e a gente vai ter um encontro, queira você ou não. – Daniel arregalou os olhos – Eu fiz até um roteiro. – Ele começaram a caminhar – Primeiro a gente vai assustar umas crianças de um orfanato aqui perto, depois a gente vai assistir karaokê de fantasma e por fim a gente vai assustar leão no zoológico. – Bateu palminhas, toda animada - Eu adoro ser fantasma! - Daniel quis morrer outra vez.

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No outro dia, Julie estava em frente ao espelho acabando de arrumar seu cabelo para ir pra escola, quando viu refletido nele sua liga de cabelo flutuando.

- Daniel! – Constatou sorrindo.

Ele apareceu.

- Oi! – Cumprimentou ele.

- Que bom que você veio. Fiquei com medo de que não quisesse mais falar comigo. Acho que te devo um pedido de desculpas. – Falou ela sem graça para o espelho, se dirigindo a ele que estava atrás dela.

- Desculpas aceitas. – Disse ele de forma natural demonstrando todo o seu charme.

- E aí? Conta! Como foi o seu encontro com a Débora? – Olhou através do espelho para ele.

- Como você soube disso? – Quis saber ele.

- Os meninos me contaram ontem quando eu fui lá ne edícula para me desculpar com você. – Ela quis deixar isso bem claro para que ele soubesse que ela estava tentando desde ontem falar com ele.

- Hum! – Daniel adorou saber que ela o havia procurado - Foi legal! Quero dizer, logo que eu percebi que era a Débora, cheguei a pensar que aquela noite seria a mais terrível da minha morte. – Julie riu – Mas, me enganei, até que foi divertido.

Julie ficou pensativa.

- O que deu na cabeça do Martim e do Félix para quererem te juntar com a Débora? – Perguntou ela.

- Com a Débora – Pausou - Ou com qualquer fantasma. – Julie estranhou – Eles acham que essa é a única maneira pra eu conseguir... Te esquecer. – Essa última frase saiu quase que nun sussurro.

 Julie ficou um momento em silêncio analisando aquela frase com a cabeça baixa. Quando voltou a olhar o espelho, seus olhares se cruzaram por um momento, antes de Daniel desviar os olhos. Julie sentiu o ar saindo de seus pulmões. E só aí percebera que havia prendido a respiração.

O silêncio foi quebrado pelo barulho da porta se abrindo.

- O papai tá tirando o carro da garagem, e ele mandou perguntar se você quer ir com ele. – Perguntou Pedrinho, com a porta entreaberta.

Julie virou o rosto em direção à porta.- Fala pra ele que eu já tô descendo.

Ao ouvir a resposta, Pedrinho sorriu para Daniel, cumprimentando-o e saiu, fechando a porta. Julie, por sua vez, terminou de amarrar seu cabelo, e foi até à cama para pegar sua mochila. Porém, Daniel foi mais rápido e a entregou pra ela, sorrindo.

- Brigada! – Pegou a mochila das mãos de Daniel, e colocou-a no ombro – Er... Eu tenho que ir agora. – Sorriu. Daniel retribuiu o sorriso. Ambos sem graça. Tinham a sensação de estarem se vendo pela primeira vez. Daniel não sabia o que dizer, e Julie também não. Os olhares trocados diziam tudo. Um clima estava rolando. Os dois perceberam isso, e para completar, Julie teve uma reação inesperada, apoiou suas mãos nos ombros de Daniel, levantou os pés, ficando nas pontas dos dedos e sem pensar nas consequências lhe tascou um beijinho no rosto. Daniel a olhou, incrédulo.– A gente se vê no ensaio. – Sorriu, corando. Depois disso, abriu e fechou a porta atrás de si.

Daniel continuou parado, tocando de forma suave, com as pontas dos dedos, o local da face que fora beijada por Julie. Um beijo tão singelo, mas tão cheio de significados.

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Na escola, Nícolas estava vasculhando sua mochila à procura de sua carteira. Quando alguém se aproximou...

- Oi, Nícolas!

Nícolas ouviu àquele cumprimento e pouco a pouco foi levantando a cabeça. Primeiro viu suas pernas, que conhecia muito bem, vestidas em uma calça bastante apertada, depois viu a camisa da escola, e por fim seu rosto iluminado por um sorriso de canto a canto da orelha.


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Notas finais do capítulo

De quem será essa voz misteriosa? Alguém sabe?

Beijos e até o próx. capítulo!