Quando chegou ao encontro, Julie percebeu de longe que Nícolas já estava sentado no banquinho perto do lago.

Ao vê-la, Nícolas levantou-se e foi ao seu encontro – Oi! – Cumprimentou-a, com as mãos dentro dos bolsos, olhando em seus olhos.

- Oi! – Respondeu Julie, sorrindo e corando – Demorei muito?

- Não. Eu que cheguei cedo. –Respondeu Nícolas, fazendo com que Julie levantasse o olhar para compreender – Tive medo que você desmarcasse como da outra vez.

Julie franziu a testa – Nícolas,achei que você tivesse entendido que foi um...

- Fantasma?! Eu sei, eu sei, mas, Julie, fantasmas não existem! – Falou Nícolas com convicção.

Julie parou no tempo por um segundo - Oi?! Como assim fantasmas não existem? – Julie estava sem entender, já que se lembrava muito bem do susto que ele havia levado quando o Daniel resolvera aparecer pra ele.

Nícolas segurou a mão de Julie e puxou-a em direção ao banco, fazendo-a sentar-se.

- Julie, eu estive conversando com o Damien. Ele disse que talvez tudo isso que aconteceu comigo foi apenas viagem da minha cabeça por causa do stress e...

- Stress?! – Julie o olhava cada vez mais incrédula.

- É, Julie... Lembra que tava todo mundo zoando com a minha cara por causa do RPG? – Julie assentiu com a cabeça – Pois é, eu fiquei muito estressado com aquilo, então acabei viajando, alucinando, sabe?!

- Sei... – Julie concordou, e virou o rosto de lado, com um ar triste.

Nícolas percebeu e tocou o queixo dela com a mão virando-o para que o encarasse – O que foi Julie? Aconteceu alguma coisa? Eu falei alguma coisa que te deixou triste?

- Não... Só que acabou de passar uma coisa pela minha cabeça. – Nícolas a encarou com curiosidade. – Você deve me achar meio louca né?!

- Quê?! - Nícolas deu uma risada divertida – Não, Julie!  E porque eu te acharia meio louca?

- Ah, porque... porque... – Julie não conseguiu responder que era porque ela via fantasmas, afinal Nícolas deixara bem claro para ela que não acreditava na existência deles. – Deixa pra lá! O que você acha da gente mudar de assunto?!

- Por mim tudo bem! – Nícolas respondeu, sem pestanejar, e segurou outra vez a sua mão com delicadeza, acarinhando-a. – Eu já te disse que você tá linda hoje?

- Ainda não. – Respondeu Julie corando.

- E que eu tô muito feliz de tá aqui com você?

- Também não.

- Eu tô muito feliz de tá aqui com você hoje. – Enfatizou Nícolas a fim de que ela acreditasse em suas palavras. Julie sorriu, encantada. Então Nícolas se aproximou e eles se beijaram mais uma vez.

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Enquanto isso, na edícula, Daniel estava dedilhando “ o que o mundo escolheu”, quando Martim se materializou, sentado, ao lado dele.

- Então, é isso? Você vai ficar aí se martirizando sozinho?

- Eu não tô me martirizando. – Respondeu Daniel com ar de tristeza.

- Tá sim. – Rebateu Martim se levantando e parando na frente dele, com os braços cruzados – E eu não vou mais deixar que você faça isso. Vem, levanta! – Exclamou ele, puxando Daniel pelo braço.

Daniel levantou mesmo a contra gosto, colocando a guitarra de lado – Me deixa em paz! – Exclamou, fuzilando-o com o olhar.

- Não! – Respondeu Martim, seco – Eu vou te levar para um lugar bem divertio. E eu garanto que dentro de pouco tempo você... – Falou colocando o braço ao redor do ombro de Daniel, já encaminhando-o para o tal lugar. – Nem vai lembrar que a Julie existe. – Completou sorrindo com ar de mistério.

- Se for pra assustar leão ou pra fazer chapéu flutuar, eu vou logo avisando que não tô nem um pouco afim de...

- Não! Esquece isso! O que eu tenho pra você é muito melhor do que isso. – Respondeu Martim, piscando o olho. Então, sem mais delongas, os dois atravessaram a parede.