Descobrindo O Erro! escrita por Lizzy


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Volteeeeeeeiii! Desculpa a demora, estava viajando e quando cheguei estava meio sem inspiração, mas a inspiração voltou e eu tô aqui pronta para continuar minha fic. Como vcs estão? Espero que não me castiguem me abandonando :D... Prometo tentar não demorar mais. Vcs estão aí???

Boa leitura! Espero que gostem!!!Um capítulo grande para compensar minha falta!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/382247/chapter/12

- Muito belo trabalho Marina. – Disse Demétrius - Sabia que não ia me decepcionar.

Marina sorriu com o elogio, desceu da mesa e já ia se dirigindo para porta quando Demétrius se materializou bem à sua frente, impedindo-a de continuar – Aonde a mocinha pensa que vai?

- Eu vou embora.– Respondeu Marina – Pensei que este fosse o acordo... Eu acabaria com o romance entre a viva e o Daniel, e em troca você me deixaria livre.

Diante daquela resposta, Demétrius soltou uma risada malévola – Como você é tolinha... – Debochou Demétrius.

- Mas você prometeu! – Disse Marina em tom de desespero.

- Eu menti. – Respondeu Demétrius seco.

- Você não tem o direito de fazer isso comigo. Não tem. – Marina disse furiosa.

- Não só tenho, como faço. – Passou por ela, e virou. Ela estava de costas – Ou você já esqueceu o que você fez? – Perguntou e começou a caminhar em volta dela. Marina, por sua vez, apertava os olhos a cada palavra dita por ele – Bom, vou refrescar um pouco sua memória... Você infringiu a principal lei do código espectral quando resolveu aparecer pra aquele seu namoradinho vivo. E a pena pra esse tipo de infração é clara, passar o resto da eternidade dentro de um objeto inanimado. Porém, eu não deixei que isso acontecesse porque precisava que você me fizesse um servicinho, o que foi muito bem executado, admito... – Pausou - Só que ainda não acabou, pois destruir o romance daqueles dois é só parte do meu plano, existe ainda a outra parte dele, e você, Marina, é peça fundamental dele. Portanto, nem pense em atravessar aquela porta – Ele chegou bem perto de seu ouvido e falou em um tom ameaçador – Seria uma estupidez!

Marina abriu os olhos, e apertou os punhos – Está bem! Você venceu! Diz logo qual é a outra parte do plano! – Marina exclamou com raiva. Sabia que estava na mãos de Demétrius.

Demétrius esboçou um sorriso triunfante e se dirigiu até à escrivaninha a fim de explicar para Marina todo o resto do plano. Marina sentou-se outra vez em cima da mesa, cruzando as pernas... E os braços.

**************************************************************************

No dia seguinte, Julie tinha acabado de se aprontar, e estava terminando de arrumar seu material escolar na mochila, quando lembrou que hoje era aula de história. Foi até a estante para pegar o livro de história. Ele estava na última estante. Pegou um banquinho, subiu em cima dele, e esticou o braço, porém desequilibrou-se e já ia se esborrachando no chão, se não fosse o Daniel ter aparecido, do nada, segurando-a no ar.

- Oi! – Cumprimentou ele, olhando fixamente nos olhos deJulie. Ela estava em seus braços.

Por um momento, ela pareceu hipnotizada, porém ao lembrar da noite anterior, soltou-se de seus braços, com fúria – O que você tá fazendo aqui?

Daniel sorriu fraco sem entender sua reação – Eu vim te ver... – Sorriu de novo, só que dessa vez com malícia, segurou sua cintura e a puxou em um ímpeto contra seu corpo, pegando Julie totalmente de surpresa – Tava morrendo de saudades. – Seus olhos brilharam. Julie arregalou os olhos, então sem pensar duas vezes, Daniel uniu seus lábios aos dela, e a beijou. No começo, Julie curtiu aquele beijo, porém, logo depois, colocou as duas mãos espalmadas sobre o peito de Daniel e o empurrou. Seus lábios descolaram com dificuldade.

- Me solta! Tá maluco! – Exclamou Julie, ofegante – O que você pensa que tá fazendo?

- Julie, o que foi? – Quis saber Daniel. Ele realmente não estava entendendo aquela reação – Achei que depois do que tinha acontecido entre a gente... – Daniel franziu sua testa - Julie, você pode me explicar o que tá contecendo aqui?!

Julie olhou pra ele, espantada. Como podia ser tão cínico? Resolveu entrar no seu joguinho – A gente precisa conversar. – Falou sério.

Daniel riu pelo nariz e disse em tom de malícia – Julie, conversar é a última coisa que eu quero agora... – Julie ficou ruborizada. Daniel se aproximou dela, tocando de leve em seu rosto – Sabia que você fica ainda mais linda quando está envergonhada. – Disse olhando profundamente em seus olhos.

Por um momento, Julie achou que ia cair, suas pernas ficaram bambas com aquele olhar penetrante. Porém, não podia ceder a tentação, precisava ser firme. Mesmo que para isso precisasse ir contra seu próprio coração.

Deu dois passos para trás. Daniel a olhou com curiosidade – O Nícolas veio aqui ontem... – Falou a fim de cortar aquele clima entre os dois. Conseguiu. Daniel mudou sua expressão. – A gente conversou um monte, sabe?! E a gente... – Pausou, causando um suspense – Voltou.

- VOCÊ E O NÍCOLAS FIZERAM O QUÊ? – Perguntou quase que em um grito.

- É isso mesmo que você ouviu. O Nícolas e eu voltamos. Aliás, a gente nunca terminou, só deu um tempo, então... – Julie disse indiferente.

- Julie, você não pode fazer isso comigo! Você não pode voltar com aquele mané... – Passou a mão pelos cachos - Julie, será que o que aconteceu entre a gente ontem não significou nada pra você?

- Assim, como não significou nada pra você. – Rebateu de forma seca.

Daniel franziu a testa – Do que você tá falando?

Julie respirou fundo – Daniel, ontem eu fui até a edícula. – Daniel continuava não entendendo, então ela continuou: - Eu vi o beijo que você deu naquela garota.

Daniel ficou pensativo. Não sabia do que Julie estava falando, afinal, Marina o havia enganado, e tirado sua memória – Julie, de onde você tirou isso? Eu fiquei na edícula te esperando a noite toda. Pergunte pro Martim e pro Félix! Eu até pedi pra eles irem pro bar dos fantasmas pra gente ficar sozinho. – Julie cruzou os braços, olhando para ele sem acreditar em uma só palavra que ele dizia – Durante esse tempo não apareceu garota nenhuma. Tá maluca?!

- Como você é cínico! – Esbravejou Julie.

- Tá, eu sou cínico e você é louca. – Daniel disse sério.

Julie o fuzilou com o olhar – Daniel, não foi ninguém que me disse, eu vi com meus próprios olhos. Por que não admite e acaba logo com isso.

Daniel se aproximou do rosto de Julie - Eu não posso admitir uma coisa que eu não fiz.

Julie o olhou, decepcionada, virou o rosto e foi até à cama, pegou sua mochila, abriu a porta e já ia saindo quando Daniel segurou seu braço – Me larga! Eu preciso ir pra escola. Vou acabar chegando atrasada por sua causa.

Daniel fez que nem ouviu o que ela disse, segurou seu braço, aproximou-se, seus lábios a poucos centímetros de distância. Julie, por mais que tentasse, não conseguia disfarçar a vontade que tinha que ele a beijasse. Daniel a encarava com desejo, alternando seu olhar entre seus olhos e sua boca entreaberta. Julie continuou segurando a maçaneta, como uma proteção, para o caso de querer sair dali rapidamente – Se você sair por essa porta, eu vou entender que o nosso beijo não significou nada pra você, e eu juro, Julie, que dessa vez eu te esqueço, nem que pra isso, eu tenha que sumir da sua vida – Julie engoliu a seco. Não queria que Daniel sumisse da sua vida, mas a dor que sentira na noite anterior foi tão grande que, mesmo com essa ameaça, ela resolveu não voltar atrás. Girou a maçaneta e saiu, deixando Daniel com facíes de decepção.

Daniel ainda permaneceu alguns segundos olhando para porta fechada. Ele não conseguia acreditar no que havia acontecido. Há um segundo atrás se considerava o homem mais sortudo do mundo por ter tido finalmente a mulher da sua vida em seus braços, e agora, sentia-se como um lixo.

Desapareceu e apareceu na  edícula. Queria descontar a raiva que sentia, de alguma forma. Pegou sua guitarra e já ia tacá-la no chão se não fosse ter escutado um grito agudo vindo de detrás dele – Nããããããão!

Daniel parou com sua guitarra no ar. Olhou para trás para saber de quem se tratava aquele grito. Era Marina – O que você tá fazendo aqui?

- Te impedindo de fazer uma besteira. – Respondeu ela se aproximando.

- Mas, como você sabia que... – Daniel pausou, pensativo - Você tá me espionando?

Ela olhou para baixo. Não esperava aquela pergunta – Estou. – Ela respondeu seca. Ele franziu a testa esperando que ela se explicasse – Eu vi quando você e a viva se beijaram, assim como eu vi quando ela lhe deu um fora. – Daniel começava a ficar indignado – E vi também quando... – Ela olhava para os lados, pois ia mentir – A viva se ajoelhou e implorou para o seu namorado que voltasse pra ela.

- A JULIE FEZ O QUÊ?! – Daniel perguntou quase gritando. Marina sorriu, conseguira seu intuito. Enganar Daniel era bem mais fácil do que ela imaginava.

***************************************************************************

- O NÍCOLAS FEZ O QUÊ? – Bia perguntou, ao mesmo tempo, quase gritando, para Julie. Elas estavam no corredor da escola a menos de dois metros de sua sala. Bia estava sentada com as pernas em borboleta olhando fixamente para Julie, ouvindo atentamente Julie lhe contar sobre o dia anterior. Já Julie estava sentada com as costas apoiada na parede.

- Foi isso que você ouviu, Bia. – Respondeu Julie – O Nícolas se ajoelhou e implorou pra que eu voltasse com ele.

- Eu tô passada! – Bia exclamou incrédula - E você, o que fez?

- Ah, Bia, eu voltei com ele. Nunca imaginei que o Nícolas pudesse fazer uma coisa dessas. Nunca. Fiquei em choque.

Bia acabou concordando com Julie. Não sabia o que faria no lugar dela – Mas... E o Daniel?

Julie baixou o olhar. E levantou com uma expressão triste - O Daniel é página virada na minha vida. – Falou, magoada - Eu não quero mais falar com ele. Eu não quero mais falar dele. Pronto, o assunto acabou. – Cruzou os braços, fazendo biquinho.

- Eu entendo você, amiga. O Daniel não te merece! Ele é um cretino! – Bia estava indignada com Daniel, pois Julie lhe havia contado sobre o beijo dele com outra garota. – Mas... E quanto a banda? O que você pretende fazer com ela?

- A banda não tem nada a ver com isso. A gente não tem que misturar as coisas. A banda vem em primeiro lugar.

- Que bom! Só espero que o Daniel concorde com isso...

Julie olhou pra frente, em direção ao nada, e murmurou: – Eu também espero.

*****************************************************************************

- Ainda não consigo entender porque a Julie fez isso comigo... – Comentou Daniel para Marina.

- Daniel, achei que o combinado era você não falar mais na...  – Revirou os olhos - Garota viva. – Ela rebateu e ele baixou os olhos, envergonhado. Eles estavam sentados numa barra, no alto da Torre Eifel. Ambos estavam com as pernas balançando. Marina tinha convencido Daniel a aparecer com ela em Paris. Ela tentava a todo custo convencê-lo das vantagens de ser fantasma. – Será que você não vai se convencer nunca do quanto é divertido ser fantasma. A gente pode ir pra qualquer lugar, no dia e na hora que a gente bem entende. – Ela segurou seu queixo, virando para que ele a encarasse – Daniel, você tem de parar de andar com os vivos. Eles não são confiáveis! – Daniel ficou pensativo. Tinha certeza que já escutara aquela frase antes, mas não se lembrava de quem tinha dito – Viu só o que sua amada viva te fez? E você ainda fica aí se lamentando por perdê-la. Ela não te merece! Mas, não se preocupe porque eu vou te ajudar a esquecê-la de uma vez por todas... – Lançou pra ele um olhar sensual - Quer ir a um lugar em especial?

Em seu coração, o único lugar que Daniel pensava em ir era o quarto da Julie ou à escola onde ela estudava. Precisava vê-la de alguma forma, mas nunca admitiria isso para Marina – Não... – Suspirou - Eu prefiro ficar aqui mesmo.

- Tudo bem, já que você não quer escolher, eu escolho por você. – Daniel franziu a testa. Ela segurou sua mão, fechou os olhos e como num passe de mágica os dois apareceram em um outro lugar.

Daniel olhava para aquele lugar tentando reconhecer. Era um lugar lindo, diferente de todos os que que ele já havia ido antes.

- Não está reconhecendo, Daniel? – Daniel balançou a cabeça em negativa, e só então avistou as gôndolas por trás de Marina – É veneza. – Sorriu - A cidade do amor. – Olhou pra ele com uma expressão apaixonada. Daniel percebeu que caíra em uma armadilha.

Marina se aproximou na intenção de beijá-lo. Ele se esquivou. – Não... – Ela o encarou, decepcionada, e virou o rosto pro lado – Ainda não. – Seu rosto se iluminou, afinal com aquele “ainda”, acendeu-se dentro dela uma centelha de esperança.

Maria segurou sua mão e o conduziu até as gôndolas. Pretendia dar uma passeio com ele, intretê-lo tempo suficiente para que o mesmo não fosse ao ensaio da tarde.

**********************************************************************

No intervalo da escola, Júnior e Ricca resolveram ir à sala de computação para pesquisar sobre o trabalho de geografia. Cada um estava sentado em um computador diferente. Eles estavam lado a lado.

Cansado de pesquisar, Júnior resolveu dar uma olhada em seu email. Fazia tempo que não o fazia. Digitou na barra, o endereço do seu email, e entrou nele. Havia várias mensagens na sua caixa de entrada, mas uma em especial lhe chamou a atenção. Clicou nela de imediato e a leu com atenção.

- Ei, Ricca, chega mais! – Puxou o braço do amigo -Dá uma olhada nesse email.

Ricca estava entretido em uma página de esportes, mas com a insistência do amigo, levantou e foi até o computador dele.

- De que se trata? – Perguntou Ricca com desinteresse.

- Lembra que eu pedi pra Millena fazer uma enquete pra saber quem era o garoto mais popular do colégio? – Ricca assentiu com a cabeça – Pois é, se liga no resultado...

Ricca franziu a testa e se abaixou a fim de ver melhor o email. Leu com atenção.

- Cara, eu não tô acreditando! – Ricca exclamou, espantado – Isso só pode ser brincadeira!

- Engano seu, meu amigo... Essa é a mais pura verdade. Mesmo andando com os nerds e namorando a garota menos popular do colégio, o Nícolas continua sendo o garoto mais popular da colégio.

- E agora, cara, o que a gente faz? – Quis saber Ricca, afinal, desde que Nícolas começara a andar com os amigos Nerds, eles não falavam mais com ele.

- Eu ainda não sei. – Júnior começou a responder – O que eu sei é que, se a gente pretende ganhar a atlética, a gente vai ter que trazer o Nícolas outra vez pro nosso lado.

Ricca concordou em pensamento, então puxou uma cadeira,e colocou-a do lado da de Júnior. Os dois precisavam discutir um modo de trazer Nícolas para o lado deles. O mais rápido possível, pois, a eleição para atlética estava próxima.

*************************************************************************

Ao término da aula, Nícolas foi deixar sua namorada em casa, como de costume. Estava feliz como um menino apaixonado. Julie ao contrário, permanecia triste, porém, tentava de todas as formas fazer com que Nícolas não percebesse seu mau humor, rindo e se deleitando com suas conversas enquanto caminhavam em direção à sua casa.

Ao chegar na porta de casa, Nícolas lhe roubou um beijo de surpresa. Julie retribuiu o beijo, o que fez com que percebesse que o sabor não era mais o mesmo, e o que era pior, percebeu também que já não gostava mais do namorado como antes. Despediram-se, e Julie entrou em casa. Seu Raul que estava sentado no sofá lendo seu jornal diário, percebeu o olhar triste de sua filha. Quis saber o porquê de sua filha estar assim, mas Julie fez que nem o viu, subindo as escadas com rapidez, antes que suas lágrimas ganhassem seu rosto, e seu pai ficasse ainda mais preocupado.

Abriu a porta de seu quarto, lançou a bolsa em cima da mesinha de estudo. E jogou-se com ímpeto em cima da cama, dando vazão às suas lágrimas que já não se seguravam mais.

Pedrinho apareceu alguns minutnhos depois lhe perguntando se ela ia descer para almoçar. “ Vá embora! Me deixa em paz! Eu quero ficar sozinha.”, foi o que ela respondeu com a voz embargada. Ficou preocupado com ela, e foi correndo contar para seu pai. Seu Raul também preocupou-se e tentou, em vão, convencê-la a descer para comer. Recebeu a mesma resposta. Não insistiu. Conhecia sua filha muito bem para saber que era irredutível. Esperaria até que ela mesma resolvesse descer, do contrário, ligaria para sua mãe. Ele sempre fazia isso quando a coisa apertava. Lidar com menina era bem diferente do que com menino, precisava de uma ajudinha extra de vez em quando.

Duas horas depois, Julie levantou e se sentou na beira da cama. Tinha cochilado um pouco, mas não conseguiu relaxar. Sua cabeça latejava muito prenunciando a chegada de uma bela enxaqueca. Costumava ter isso de vez em quando. Esticou a mão, e abriu a gaveta de seu criado mudo. Pegou um tablete de comprimidos que sempre tinha a mão para casos como esses. Ao virar o rosto e olhar pra cima de sua escrivaninha, percebeu uma bandeja. Em cima dela havia um prato com almoço, e um copo com suco de laranja. Decerto seu pai tinha colocado ali na esperança de que ela, ao se sentir bem, pudesse se alimentar.

De pé, e com o comprimido na mão, ela se dirigiu até a escrivaninha, pegou o suco e num só gole, engoliu o comprimido. Não quis comer, seu estômago ainda estava embrulhado. Então, pressionando um pouco as têmporas, foi ao banheiro a fim de tomar um banho. Só faltava meia hora para o ensaio. Não queria se atrasar. Tinha que estar bem disposta para o que viria pela frente. E a última coisa que queria era que Daniel percebesse sua tristeza. Não lhe daria esse gostinho. Não mesmo – Falou para si mesma.

Colocou uma de suas melhores roupas, apesar de se tratar de um short e blusa. Amarrou o cabelo de lado e passou um batonzinho, convencendo-se de que não se arrumava para Daniel.

Foi para edícula como de costume, e a primeira coisa que percebeu foi a ausência de Daniel. Perguntou para os outros fantasmas por ele, ao que responderam, com sinceridade, que ele havia saído com uma “amiga”. Julie ficou furiosa ao imaginar que poderia tratar-se da mesma garota que o beijou na noite anterior.

Algumas horas se passaram, sem que Daniel aparecesse, os fantasmas cansados de esperar, guardaram seus instrumentos e desapareceram. Julie ainda permaneceu um pouquinho, sentada no sofá vermelho-fogo.

- Er.. Oi! – Cumprimentou Daniel quando atravessou a a parede, entrando na edícula.

Julie que estava com a cabeça baixa, levantou o olhar – Oi! – Cumprimentou-o, fria.

Fazendo cara de adolescente que chega em casa tarde da noite e é pego no flagra por seus pais, mesmo eles dizendo para chegar o mais cedo possível, Daniel aproximou-se de Julie que continuava sentada com cara de poucos amigos – Cadê o resto da banda? – Perguntou com tom inocente.

Julie se levantou, ficando cara a cara com ele – Martim e Félix foram lá em casa procurar o Pedrinho. E Bia... – Pausou -  O Valtinho veio buscá-la pra tomarem sorvete. – Falou séria.

- Hum... – Daniel não sabia o que dizer, estava sentindo-se muito mal por ter perdido o ensaio. A cara de Julie o repreendendo, o deixou ainda pior.

O silêncio pairou dentro da edícula, até que foi quebrado por Daniel que perguntou o óbvio, sem coragem para encará-la: - O ensaio terminou cedo?

Julie suspirou com raiva – Não teve. Porque o nosso guitarrista resolveu não aparecer hoje. – Sorriu com ironia, e sem mais delongas, caminhou, passando por ele sem nem encará-lo.

Ele segurou seu braço, impedindo-a de continuar – Espera, Julie, na boa, tô detestando essa sua cara pra mim! Tudo bem que eu errei, mas... Foi a primeira vez, droga!

- Aonde você tava? – Quis saber Julie, ignorando por completo seu ataque de arrependimento.

Daniel foi pego de surpresa com essa pergunta – Por aí... – Nunca iria dizer a verdade. Julie não saberia interpretar com bons ouvidos.

Julie balançou a cabeça e retomou sua caminhada. Daniel segurou outra vez seu braço – Não... peraí, Julie, não é nada disso que você tá pensando...

- Não? Então, me diz... Com quem você estava?

Daniel engoliu a seco – Julie, eu... – Franziu a testa. Não sabia o que falar.

Julie suspirou – Foi o que imaginei... Mas, eu juro que prefiro não saber que você estava com ela.

Daniel a olhou, mudo. E Julie abriu a porta da edícula, sem olhar pra trás – E quanto ao show de sábado?! A gente tem que dar o nosso melhor e... Julie, eu estarei aqui amanhã no horário marcado. Eu juro. – Tentou se redimir.

Julie parou, e se virou devagar. Queria machucá-lo de alguma forma, assim como ele estava fazendo com ela – Não vai mais ter show. Foi cancelado.

Daniel baixou a cabeça. Sua pupilas tornaram-se órbitas frenéticas. Estava muito arrependido. Se pudesse voltar atrás nunca teria faltado ao ensaio.  – E... será que eu posso perguntar o porquê disso? – Perguntou, levantando a cabeça.

Diante daquela pergunta, Julie agora tinha sua chance de machucá-lo – Porque... O Nícolas me convidou para acompanhá-lo no casamento da irmã dele.

Daniel ficou com tanta raiva que apertou os punhos rente ao corpo, e falou trincando os dentes – Você tinha que mencionar o nome desse mané?! Será possível que ele sempre vai estar no meio da gente!?

Ela não respondeu, apenas lhe lançou um olhar de desprezo, abriu a porta e saiu. Ainda dentro da edícula, Daniel soltou um urro, como que desabafando.

Do lado de fora, Julie permanecia parada com as costas encostada na porta da edícula, respirando ofegante. Não tinha sido nada fácil enfrentar Daniel, ainda mais quando, mesmo com raiva, sentia a mesma coisa que sentira durante o beijo que trocaram. Enxugou com a mão, uma lágrima furtiva que teimava em querer molhar sua face. Não queria chorar, muito menos na frente de Daniel, por isso, sem pensar mais, levantou o zíper de seu moleton, enfiou as mãos dentro de seus bolsos – já era noite e estava frio - e se dirigiu com pressa para casa de Bia que ficava a três quarteirões da sua. Sua amiga a entenderia, com certeza.

Já estava dobrando a segunda esquina quando ouviu algo. Tinha o som de passos, como se alguém a estivesse seguindo. Olhou pra trás e não viu ninguém, o que era bastante estranho, visto que, o som era bastante claro. Com medo, vestiu o capuz do moletom e apertou os passos, olhando para trás sempre que podia. Mais uma vez não havia ninguém. O som de passos continuava... Julie já estava bastante assustada. Chegou a pensar que pudesse ser Daniel ou osoutros fantasmas tentando assustá-la, mas lembrou-se que aquilo não era de seu feitio. Eles nunca a iriam assustá-la daquela maneira. Nunca.

Dobrou a terceira esquina, estava a poucos metros da casa de Bia. Já conseguia enxergá-la, o que lhe deu um certo alívio. Ouviu um estalido como que alguém quebrando um galho ou coisa parecida. Correu. Estava em pânico.

Chegando na casa de Bia, bateu freneticamente em sua porta, então, de repente, uma mão segurou seu ombro...

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – Gritou Julie com desespero, sem nem ao menos virar para ver de quem se tratava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí mereço reviews ou um belo de um castigo?!

Quem vcs acham que é o dono dos passos??? E os amigos de Nícolas o que pretendem fazer??? Será que Julie perdoará nosso fantasma? E esse casamento???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Descobrindo O Erro!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.