Capítulo I

Um garoto ruivo andava despojadamente pelos corredores da grande locomotiva, chamando atenção por onde passava.

Ao seu lado direito estava um loiro com grandes chances de descendência veela. Era sem dúvida um dos garotos mais charmosos que já pisara em Hogwarts.

E ao lado esquerdo se encontrava uma morena, em seus belos dezesseis anos e olhos verdes hipnotizantes. Que tagarelava sobre alguma coisa que lhe acontecera no último sonho que tivera, mas nenhum dos dois realmente lhe dava atenção.

–E então aparecia o professor Jones fantasiado de coelho, o mais estranho era que ele parecia zangado comido. Acham que isso é alguma premonição ou alguma coisa assim? – A morena disse fazendo os dois garotos lhe olharem estupefatas. – Quê?

–Jan-Jan, entenda uma coisa. – O ruivo disse tranquilamente segurando a amiga pelos braços. – SEU SONHO NÃO FAZ O MENOR SENTIDO! – exclamou enquanto chacoalhava a morena. O loiro apenas encostou-se em uma das paredes do corredor olhando a cena com um sorriso brincando em seus lábios.

–Mas... Mas... Eu pensei que o professor Jones... – começou com os lábios tremendo.

–Pelas calçinhas fio dental douradas de Morgana! Não chore, Jane. – pediu o ruivo abraçando-a.

–Nossa querida e adorada Rosa. – começou o loiro desencostando-se, mas o sorriso ainda brilhava em seus lábios. – Sonhar com o professor Jones, ou qualquer professor vestido de um animal bizarro não é nenhum tipo de premonição.

–Hey! Coelho não é um animal bizarro, é fofinho. – discordou a morena fazendo biquinho. – Tão fofinho quanto o Sr. Fofura.

–Quem?

–Meu coelhinho! Mamãe comprou para mim no meu aniversário, mas como eu não posso trazê-lo para Hogwarts ela está cuidando dele até que eu volte. – respondeu sorrindo. – Olhem como meu bebê é lindo. – sorriu mostrando-lhes uma foto que sua mãe havia lhe mandado.

–Quando você recebeu essa carta? – indagou o ruivo.

–Ontem a noite, por quê? – perguntou inocente.

–E você dormiu admirando seu coelho. – afirmou o loiro com o sorriso brincando outra vez em seus lábios.

–Como você sabe? – assustou-se a garota.

–Eu sou vidente.

–Sério? Isso é muito legal! Bem que você poderia me explicar o que foi esse sonho.

–Pelo que eu vi até agora. Você está apenas traumatizada por sua poção ter explodido na aula de ontem, deixando o professor inconsciente. E então dormiu olhando para seu coelho. Entendeu?

–Ah! Você é bom. – animou-se a morena, dando um soco amigável no braço do loiro e saindo saltitando pelo corredor.

–Merlin. – suspirou o ruivo enquanto o moreno gargalhava gostosamente. – Eu acho que a Jan-Jan esqueceu-se de crescer, meu caro Jhonzito.

–Enquanto você acha eu tenho certeza, esplendido Fre-Fre. – respondeu o loiro dentre gargalhadas.

–É melhor irmos atrás dela, antes que aconteça alguma coisa não acha? – perguntou ao loiro depois de algumas boas gargalhadas.

–Eu acho... – começou sendo interrompido pelo barulho de algo caindo, em seguida som de gargalhadas. – Bom, agora eu tenho certeza.

Olharam-se por alguns segundos antes de saírem correndo na mesma direção que a morena seguira a poucos minutos.

xXx

Em outra parte do trem, em uma das cabines encontravam-se seis pessoas conversando animadamente.

Uma morena de olhos azuis, encontrava-se numa conversa animada com uma morena, sobre os melhores livros que já haviam lido. Ao lado da morena, estava um loiro que lia atentamente, não dando a mínima atenção ao que as duas diziam.

Ao lado da morena, estavam duas garotas de 14 anos conversando relaxadamente sobre onde iriam passar as férias. Julie Robins e Jennifer Harvey eram melhores amigas desde que chegaram a Hogwarts.

Julie, ao contrário de sua irmã possuía os olhos em tom claro de verde, mas fora isso poderiam dizer que eram gêmeas, a não ser pela idade, é claro.

Já Jennifer possuía os cabelos loiros cacheados na altura dos ombros, marca natural dos Carter. Violet, mãe de Jennifer e Kevin é uma veela, tornando ambos meio-veela.

Kevin era realmente o delírio das garotas. Não sabia se dizer o por que, mas apenas duas garotas conseguiram resistir ao seu charme. Com seus cabelos loiros, num tom um pouco mais escuro que o da irmã. Olhos azuis tão claros, e uma boca carnuda. Sem dúvida deixava todas as garotas sem fôlego.

O loiro também possuía um corpo sensacional. Com seus 1, 97 m de altura, apenas 16 anos. Jogava no time de sua casa como batedor. Mas ao contrário do que todos pensavam não era tão cheio de si.

Era extremamente tímido. Apenas depois de muita insistência, ou chatice, da parte da morena foi que começara a se soltar um pouco mais. Não era tão tímido quanto antes, devia tudo graças a uma de suas melhores amigas.

–Se não quiser conversar conosco é só dizer, não precisa fingir ler um livro para isso. – O loiro tomou um susto ao ouvir a voz magoada da morena, nem ao menos notara que havia se perdido dentre os pensamentos.

–Desculpe-me Ju, não havia notado, estava distraído. – mumurrou constrangido.

–Distraído pensando em uma certa Grifinória desastrada? – questionou a morena, fazendo-o corar.

–Não sei do que está dizendo. – mumurrou o loiro com sua bochechas em um vermelho escarlate.

–Ora Megan! Não sabe que o Keke é tímido? – exclamou Sophie sentando-se ao lado do amigo. – Não liga para ela, Keke. – Tranquilizou o amigo. – Mas é claro, se quiser me contar alguma coisa, não vou impedir.

–Soph, não é mais fácil infernizá-lo até que nos conte sobre sua paixão por uma garota de cabelos castanhos e olhos verdes? – questionara Megan com um tom de diversão em sua voz.

–O que tem a Robins na história? – perguntou o ruivo confuso fazendo as duas amigas gargalharem.

–Existem muitas garotas de cabelos castanhos e olhos verdes em Hogwarts, querido Kevin. – Megan disse com um sorriso brincando em seu rosto.

–Acabou de entregar-se, honrado Keke. Pode abrir o jogo. – mandou a de olhos azuis, tomando o livro da mão do amigo.

–Meu livro. – protestou com as bochechas ainda coloridas em um brilhante tom escarlate.

–Conte-nos primeiro. Quem sabe se você for me visitar nas férias eu devolva seu livro. – brincou a de olhos azuis.

–Agora é sério, Kevin. Por que não nos disse antes? – perguntou a outra morena se sentando em frente ao loiro, gesto seguido por Sophie.

–Não confia em nós? – perguntou Sophie.

–Não é isso. Nem eu mesmo sei quando comecei a gostar dela. – mumurrou o loiro.

–No verão passado, quando estávamos passando o resto das férias na casa da Soph. – interrompeu Megan, recebendo dois olhares de descrença. – O quê? Eu não sou só um rostinho bonito, sou observadora também.

–Bom, agora que a Meg já explicou uma coisa sobre mim que nem eu mesmo sabia. Posso voltar a ler?

–Não!

–Por que não fala com ela? – perguntou Sophie suavemente.

–Falar o quê? Eu sou apenas mais um nerd, Sophie. – suspirou o loiro.

–Bom, é o Nerd mais bonito que eu conheço. – comentou a morena de olhos escuros.

–Sério? Só um Nerd? – perguntou a Weasley incrédula. – Kevin, você é um dos melhores jogadores de Quadribol que eu já conheci. O garoto mais honesto que eu já vi na vida. Sua timidez te deixa mais fofo do que seu cabelo. Você é meio-veela. Está dentre um dos garotos mais bonitos de Hogwarts, competindo fielmente com o Fred e o James. É o melhor aluno de toda a Hogwarts. E ainda diz que é só um Nerd? – terminou deixando os amigos de boca aberta.

–Uau! Depois dessa acho que você tem uma quedinha pelo Kevin. – brincou Megan. – Agora você inflou o ego dele pelo resto da eternidade.

–Eu não sou isso tudo. Só diz isso por que é minha amiga. – mumurrou o loiro.

–Ainda bem que eu sou sua amiga, porque se não fosse já teria te agarrado em algum corredor. – respondeu fazendo Megan gargalhar.

–Aí, aí. Kevinzitcho ia ser assediado. – disse a Corvinal entre risos.

–O caso é sério aqui, Robins! Riremos depois de terminar um interrogatório! – interrompeu Sophie.

–Sim, capitã. – disse Megan batendo continência. – Tenho permissão de sair para comprar Sapos de Chocolate?

–Só se trouxer para mim!

–Eu vou com você. – afirmou o loiro levantando-se rapidamente e seguindo para fora da cabine.

–Fugir não vai te livrar do interrogatório, Harvey. – avisou a morena, fazendo o ruivo soltar um riso pelo nariz.

–Eu sei disso, mas não custa nada tentar.

xXx

Jane andava saltitando pelos corredores procurando pelo carrinho de doces, estava desejosa por alguns muitos Sapos de Chocolate. Só de pensar sua boca já se enchia de água.

Encontrou-a perto dos vagões da Corvinal, saltitou alegremente até a Sra. do carrinho de doces, tirando alguns galeões do bolso.

–Seis Sapos de Chocolate, por favor. – falou a morena ao mesmo tempo que um garoto.

Olhou para o garoto sorrindo inocente, encontrando apenas a vista da gravata da Corvinal em seu pescoço. Era alto, muito alto. Cabelos loiros caiam-lhe na testa, seus olhos num tom de azul hipnotizante.

Conhecia aquele garoto, era Kevin Harvey. Melhor amigo da irmã do seu melhor amigo.

–Desculpa Keke. – sorriu enquanto o loiro corava.

Corava pela garota que tanto gostava estar tão perto de si, falando consigo, e ainda mais chamando-lhe pelo apelido que ela mesmo dera no primeiro ano de ambos.

FlashBack

“-Hey, posso sentar aqui? – perguntou uma garotinha de cabelos cacheados na altura dos ombros, os olhos verdes brilhando. Usava vestes vermelhas, o que indicava ser da Grifinória.

–Claro. – respondeu o garoto sorrindo bobamente.

–Obrigada. Sou Jane Bruce. – apresentou-se sentando-se animadamente ao lado do loiro que continuava lhe admirando.

–Prazer Jane, sou Kevin Harvey. – disse sorrindo bobamente.

–Kevin parece um nome muito sério para você. Vou te chamar de Keke. – avisou com um sorriso infantil no rosto. – Você é da Corvinal! Deve ser muito legal! Quando eu era pequena meu sonho era ser classificada para a Corvinal, mas mamãe disse que eu era desastrada demais. Que cairia ou na Lufa-Lufa ou na Grifinória. E ela estava certa. Você me acha desastrada, Keke? – tagarelou no final olhando para o ruivo.

–Não acho.

–Você é a primeira pessoa que me diz isso. Todos os que me conhecem dizem que eu sou muito desastrada. Mamãe disse que quando eu era pequena, sem querer derrubei todos os pratos. – a morena interagia com a mão enquanto falava, batendo em seu tinteiro, derrubando-o no chão.

–Isso foi pura coincidência, não? – perguntou alguém ironicamente atrás deles. Ambos viraram-se dando de cara com um Fred Weasley risonho.

–Olá Fredzinho, é bom te ver de novo. – cumprimentou a morena antes de virar-se outra vez.

–Bem, você pode ser um pouco desastrada. – comentou o loiro, enquanto acenava com a varinha, finalmente utilizando um dos feitiços que havia aprendido nas férias.

–Você é bom. – observou a morena sorrindo ao ver seu tinteiro inteiro outra vez. – Por que estão todas as garotas lhe encarando? – perguntou inocentemente enquanto olhava ao redor.

–Eu sou um veela. – respondeu apenas para ela escutar.

–SÉRIO? – perguntou animada. – Eu li em algum livro sobre veelas, eles as descreviam como assustadoras, nem parecia que falavam de uma pessoa. Mas agora eu tenho certeza que eles estão errados, com certeza você não é como eu lia... – tagarelou a morena outra vez.

Ela era adorável, o jeito como jogava os cachos de um lado a outro enquanto falava, o gesto com a mão. Simplesmente adorável.

E nada se comparava ao cheiro encantador que emana da morena. Sua mãe havia lhe contado sobre o que significava isso. Havia encontrado sua companheira veela.

–...Eu os acho adoráveis. Você também? – perguntou a morena fazendo-a sair dos seus pensamentos. – Não acha? – perguntou outra vez.

Agradeceu a Merlin que a professora entrava na sala nesse exato minuto, chamando a atenção de todos.

Passou a aula toda admirando-a. Era simplesmente adorável.”

–Keke? – perguntou fazendo o loiro saltar. –Foi bom te encontrar novamente. Espero te ver nas férias. – sorriu ficando na ponta dos pés e dando-lhe um estalado beijo na bochecha, em seguida saindo saltitante pelo corredor. – Espero te ver nas férias. – acenou sumindo dentre os estudantes.

–Vamos bobinho apaixonado. – sorriu Megan puxando o amigo de volta a cabine.

Mesmo tendo se passado 5 anos, para Kevin, Jane continuava aquela mesma garota adorável do seu 1º ano.

xXx

Algumas horas depois a Plataforma 9 ¾ estava lotada. Alunos andavam por todos os lados, procurando suas famílias, despedindo-se de amigos.

Familiares trocavam abraços cheio de saudades. Amigos se despediam animadamente. Namorados despediam-se dentre promessas.

Mas duas pessoas realmente se destacavam no meio de toda multidão.

Fred Weasley e Jhonny Carter faziam um cena digna de filme.

–Óh, meu belo Jhon-Jhon, não sei como sobreviverei durantes três meses sem tua presença. – dizia o ruivo, em um choro fingido.

–Meu precioso Fre-Fre, não chores, são apenas alguns meses! Enviarei-lhe cartas, te visitarei! Não chores, óh bela ruiva. – dramatizava o loiro.

Algumas pessoas passavam e riam, outras para saber o que estava acontecendo, mas os estudantes que conviviam diariamente com eles, apenas para dar boas gargalhadas.

–Okay, chega de purpurina. – resmungava Katherine enquanto puxava o irmão em direção aos seus pais. – Acho que já paguei mico pelo resto de minha existência.

–Está bem, Kath. Deixe-me apenas me despedir da Jan-Jan. – pediu o loiro se soltando do aperto da irmã mais nova e correndo até onde a morena conversava distraidamente com o ruivo.

Parou as costas da loira, abraçando-a de surpreso, fazendo-a soltar um grito e em seguida cair na gargalhada.

–Oh bebê. Me põe no chão. – pedia dentre gargalhadas.

–Vou sentir saudades Jan-Jan. – sorria abraçando-a outra vez.

–Também vou sentir saudades de você, Jhon-Jhon. – sorria a Grifinória bagunçando os cabelos do amigo dentre o abraço. – De você também, ruivo. – separou-se do loiro, esmagando o ruivo em um abraço.

–Wow! Calma Jan-Jan. – rira o ruivo pondo os braços ao redor da amiga levantando-a e girando-a. –Vou lhe visitar, quem sabe passar algumas semanas te infernizando.

–Os dois estão convidados para irem quando quiserem. – sorria a morena. – Mas agora eu tenho que ir, papai está chamando. – sorriu a morena dando um beijo na bochecha de cada. – Até mais.

–Até mais Jan-Jan. – sorriram os dois Grifinórios para a amiga.

–Até mais cara. A Kath está me enchendo. – sorriu o loiro dando um último abraço no ruivo. – O convite da Jan-Jan também vale para mim. Está convidado a hora que quiser na minha casa.

–Sua prima gata está lá? – perguntou e o amigo riu.

–Não sei, se estiver te envio uma coruja. Até mais cara. – despediu-se enquanto era puxado pela irmã.

–Sério que ele conversou com ela? – perguntava a Weasley animada.

–Eu ainda estou aqui. – resmungou o loiro.

–Não foi bem uma conversa. Ele ficou com uma cara de bobão olhando-a. – rira-se Megan.

–Por acaso vocês me notaram aqui? – perguntou o ruivo.

–Sim. – responderam as duas.

–Me responde uma coisa, Kenken. – pediu Sophie olhando o amigo. – Por que você não consegue falar com ela, como fala conosco?

–Eu não sei. Apenas fico nervoso. É a primeira garota que eu falo.

–Somos homens, agora? – questionou a Robins arqueando uma sobrancelha em direção ao amigo.

–A verdade, Kevin. – pediu a Weasley.

–Ela é minha companheira. – mumurrou o loiro em tom tão baixo que elas não conseguiram escutar. Suspirou mais um vez e repetiu, agora em um tom mais claro: - Ela é minha companheira.

–Oh! – exclamaram as duas.

–Temos muita coisa que conversar. – avisou Megan apontando o amigo. – Mas eu tenho que ir agora.

–Amanhã estou na sua casa. Está avisado. – disse Sophie. – Vamos conversar o porquê de você não ter nos contado isso antes.

–Tudo bem. – suspirou, sabendo que nada as faria mudar de idéia. – Vejo vocês amanhã. – sorriu dando um abraço em cada. – Amo vocês. – completou.

–Awnn! Ele está emocionado! – chorou Sophie abraçando o amigo mais uma vez.

–Vamos nos ver amanhã, loirinho. Não chore. – brincou a morena de olhos escuros ficando na ponta dos pés e beijando a bochecha do loiro. – Até amanha, amores.

–Até Meg. – sorriram os dois enquanto a morena se afastava.

–Repito o que a Meg disse. Não chore, lobinho. Vemos-nos amanhã, sim? – perguntou a Weasley, bagunçando de leve os cabelos do amigo.

–Sim. Até amanhã. – disse abraçando a amiga fortemente.

–Se você não me soltar papai vai vir te matar. Você sabe que ele sempre teve ciúmes de você. – brincou a morena, finalmente se afastando. – Também amo você, bobinho. – disse puxando a cabeça do amigo para baixo e depositando um beijo em sua testa.

–Até amanhã. – sorriu o loiro enquanto a amiga se afastava.