O PÉGASO AVANÇOU EM DIREÇÃO À FLORESTA, contornando as arvores em uma velocidade quase impossível.

Você disse que nós não podemos entrar na floresta sozinhos! - Gritei apertando meus braços entorno de Leo.

Não estou sozinho, estou com você. E, tecnicamente, não estamos na floresta, estamos sobre ela! - Resmunguei para mim mesma, deveria saber que ele faria isso. - Prepare-se! - Ele avisou, mas foi tarde demais.

Nós tínhamos saído da floresta e estávamos subindo em um ângulo de quase 90º, meus braços tentavam se agarrar ao Leo, mas a gravidade não ajudava. Então o pégaso virou de cabeça para baixo, fazendo um lupin, e eu não consegui me segurar, minhas mãos se agitaram, procurando a camisa de Leo.

Eu me senti caindo, ouvi um grito desesperado saindo da minha boca, na mesma hora que uma das mãos de Leo agarrava meu pulso e prendia meus braços, novamente, em volta de sua cintura.

Ele continuou fazendo voltinhas até chegar no chão. Quando paramos, vi que não estávamos sozinhos, mas não tive tempo de prestar muita atenção, porque Leo soltou minhas mãos, desceu do cavalo alado e me pegou para me ajudar a descer. Assumo que eu precisava mesmo de ajuda.

Assim que os meus pés tocaram o solo, minha cabeça começou a rodar - pela milésima vez hoje -, eu percorri o grupo de pessoas com os olhos, enquanto cambaleava para ficar de pé. Finalmente, encontrei Grover, ele parecia... diferente. Fui tropeçando até ele.

Grover! Por que não me disse que tinha três cabeças?

Porque eu não tenho três cabeças... - Ele respondeu segurando meu ombro, para me impedir de cair.

Ah... Então eu acho que preciso de ajuda. - Avisei -como se ele já não tivesse percebido isso-.

Alguém agarrou meu outro ombro:

Ela está bem, só um pouco tonta. - Ouvi a voz de Leo explicar, seguida por risadinhas.

– Eu posso ajudar. - Disse uma garota, mas eu não pude ver quem era, minha visão estava embaçada.

Ela parou na minha frente e eu pisquei varias vezes tentando enxerga-la.

Feche os olhos. - Sua voz era calma e gentil, mas soou como uma ordem.

Eu já devo ter dito que não sou do tipo que gosta de obedecer, normalmente eu sou muito cabeça dura. Mas alguma coisa na voz daquela garota fez com que meu cérebro se curvasse à sua vontade.

Meus olhos ficaram pesados, como se eu estivesse com sono, quando eles se fecharam, meus joelhos devem ter falhado, porque eu senti braços me apoiando. Lentamente, a tontura passou e eu fiquei bem novamente.

Abri os olhos e dei de cara com Leo, que estava, literalmente, me carregando. Foi bem constrangedor, já que nós tínhamos nos conhecido à apenas algumas horas e ele continuava me olhando, então eu tive que baixar os olhos para não corar e me afastei dele.

Não pude ir muito longe, uma garota estava no meu caminho, e me observava.

Ela era muito bonita, com sua pele bronzeada e cabelos castanhos longos presos em uma trança. Seu rosto era delicado, seus olhos não tinham uma cor definida Não como os meus, que realmente mudavam de cor, os dela eram impossíveis de distinguir, se eram marrons, azuis, verdes ou completamente pretos-. Ela não usava maquiagem, ela não precisava e devia saber disso - eu também não usava até meus doze anos, quando ouvi dizer que o lápis preto envolta dos olhos, reflete e faz a cor escurecer, era uma maneira de esconder a mudança de cores, então eu comecei a passar maquiagem e, com o tempo, acostumei -.

Tinha alguma alguma coisa naquela garota que me era familiar. Ela deve ter pensado a mesma coisa, pois nós perguntamos ao mesmo tempo:

Nós nos conhecemos?

Não sei. - Ela respondeu primeiro, dando de ombros. - Seu nome é Shell, não é?

Isso, Shell Hudson. - Confirmei. - E o seu é? - Apertei sua mão.

Piper Mclean. - Me disse ela e, de repente, eu sabia porque ela me parecia com alguém.

Mclean! - Exclamei. - Você por acaso não é a filha de Tristan Mclean, o ator, é?

Eu mesma... - Ela suspirou.

Nossa! Deve ser...

Maravilhoso, Incrível? - Ela completou cética, eu lhe dei um sorriso de compreensão.

Eu ia dizer que deve ser horrível ter que dividir seu pai com os paparazzi e a mídia. Eu sei como é. - Expliquei.

Ah... Bem, você tem razão, sobre ser horrível. - Piper aceitou. - Como você sabe que é ruim?

Minha mãe era atleta. - Disse. - Ela se aposentou à três anos, mas continuam chamando ela para eventos e coisas do tipo. - Ela se chama Victory.

Por um momento ninguém reagiu, aí um dos garotos do grupo, bem bonito... Epa, espera aí! Prestando atenção, todo o grupo de campistas que estava ali, mais ou menos quinze, pareciam ter acabado de sair de uma revista de moda: lindos e bem vestidos. Estranho, mas é a minha vida, então...

Continuando, o garoto, loiro, gato e convencido, saiu de traz dos outros e exclamou:

Eu sei quem ela é! Victory Hudson é aquela que deu a volta ao mundo em um barco à velas à anos atrás, ela já ganhou milhões de medalhas de ouro e costumava fazer propaganda para aquela marca esportiva inglesa.

Você não me disse isso. - Leo me cutucou.

Você não perguntou. - Revidei, Piper sorriu.

Você me lembra alguém. - Repetiu ela. Dei de ombros.

Pelo menos nós sabemos que a novata não é filha de Afrodite. - Disse uma garota do grupo, que usava maquiagem o suficiente para ser confundida com um palhaço - um palhaço muito bonito e feminino, mas um palhaço -. Era uma Barbie versão ásio-americana.

Leo já tinha me chamado de novata antes, só que de um jeito gentil, brincalhão. A maneira que essa garota falou me fez parecer uma aberração. Mas o bonitão, que conhecia minha mãe veio em minha defensa:

Cale a boca Drew! - Ele lançou em direção à menina. - Por mim está tudo ótimo, ela não ser filha de Afrodite. - Ele piscou para mim.

Austin, já tínhamos falado sobre essa tradição idiota. - Avisou Piper.

É, Austin, ouviu a Pipes, fique quieto. - Concordou Leo.

Ela ainda pode ser filha de Hefesto, Valdez. - Lembrou Austin, Leo rosnou.

Que tradição é essa? E qual é o problema se Hefesto for meu pai? - Sussurrei para Grover.

Ele riu.

A tradição é coisa do chalé de Afrodite. E sobre Hefesto, talvez Leo queira te explicar mais tarde, quando soubermos quem é seu pai.

É verdade! Quando vou saber quem é meu pai? - Perguntei alto, para que todos ouvissem.

Pretendemos descobrir hoje à noite, na fogueira. - Disse uma voz grossa atrás de mim.

Levei um susto, não tinha visto que havia um adulto entre nós e percebi que devia ter um sério problema de visão.

A primeira vez que olhei, da cintura para o alto, achei que fosse algum tipo de gigante, mas então realizei que seria um gigante meio anoréxico. E foi quando eu olhei para baixo, para o resto do seu corpo que entendi tudo.

Você, com certeza, já deve ter estudado na sua aula de historia, latim, grego ou até Inglês, os mitos grego-romanos. Lembra-se daquele carinha, um personagem secundário, mas que aparece em quase todas as historias, aquele que treina os heróis antes deles ficarem famosos? Bem, se você tiver uma boa memória, você saberá que o nome desse cara é Quíron, e que ele é um CENTAURO.

E o mais engraçado nisso tudo - ou não tão engraçado assim -, é que os dois caras que me acompanharam de Manhattan até aqui esqueceram de me avisar esse pequeno detalhe, então você pode imaginar minha cara naquele momento.

Me recuperei o mais rápido possível, para que os outros não vissem, principalmente essa tal de Drew.

E quando é a fogueira exatamente?

Depois do jantar. E o jantar só é servido às 18 horas. - Ele sorriu. - À propósito, sou Quíron, o...

Diretor de Atividades do acampamento, é, ouvi falar de você. - Completei devolvendo seu sorriso.

Você parece estar levando tudo muito bem. - Disse ele, via-se que ele estava curioso.

Acredite, ela está tentando não enlouquecer. - Falou uma ruiva, saindo de traz dele. Ela se virou para mim. - Shell, estou contente que tenha chegado bem. Fui eu quem mandou os meninos te acharem.

Obrigada,...hum... Qual o seu nome?

Rachel.

Rachel. - Repeti. - Mas como sabia que eu estava lá?

Eu abrigo o oráculo do acampamento, aprendo coisas.

Você vê o futuro. - Reformulei.

É. - Ela deu de ombros, como se não se fosse nada.

Olha, Shell. - Começou Quíron. - Entendo que esteja cansada, então te deixarei tempo para descansar um pouco, na grande casa até o jantar, mas depois disso gostaria de falar com você, conhece-la melhor.

Eu assenti:

Não estou cansada,mas gostaria de um tempo sozinha, na praia, de preferencia.

Ele franziu as sobrancelhas e sua calda balançou.

Claro, Piper pode acompanha-la até lá. Se quiser, posso guardar sua mochila, assim não corre o risco de algum filho de Hermes rouba-la.

Obrigada. Eu só preciso pegar uma coisa nela antes. - Botei minha mão na mochila, imediatamente senti o que estava procurando e a puxei para fora.

Você trouxe uma toalha de banho! - Exclamou Leo, surpreso.

Trouxe o que preciso. Você estava lá, devia ter visto. - Disse, entregando a mochila à Quíron. - Vamos Piper?

Hum... Você não vai precisar de um biquíni? - Ela perguntou.

Estou usando um. - Cumprimentei Quíron, Rachel e Grover com um gesto de cabeça e comecei a andar, Piper ao meu lado.

Espera! - Gritou Leo, nos alcançando. - Eu vou com vocês, tenho que ir para o chalé de Hefesto. Além disso, essa foi a única parte do acampamento que eu ainda não te mostrei, os chalés.

Ainda não mostrou os chalés para ela? - Piper o censurou. - É a parte mais importante!

Por isso mesmo achei melhor para ela conhece-lo à pé. - Defendeu-se ele.

Isso, ou você estava ocupado demais fazendo ela passar mal com suas manobras loucas...

Decidi interromper a discussão:

Eu deixei ele fazer as manobras, e, de qualquer jeito, você me ajudou depois. O que era aquilo, afinal?

Poder de persuasão. Especial Afrodite. - Ela disse com rancor, parece que ela não gostava muito do seu dom.

Ela costumava roubar carros. - Anunciou Leo, um sorriso diabólico no rosto.

Eu não roubava! - Ela protestou. - Só pedia emprestado.

Uau! - Exclamei. - A próxima vez que sairmos, vou te deixar pedir um Porsche emprestado.

Piper riu:

Com prazer! Agora, olhe.

Eu não tinha me dado conta, mas estávamos parados no centro da área comum dos chalés.

São vinte ao todo. - Falou Leo.

Foram construídos em forma de um Omega Ω. - Continuou Piper.

Omega, para Olimpo em Grego. - Não me perguntem de onde eu sabia isso, eu mesma não faço a mínima ideia.

Costumavam ser separados por sexo, Deuses de um lado, Deusas de outro, mas tivemos que fazer algumas adaptações. - Ela disse.

Qual chalé é de quem?

Os dois ali do meio são os chalés 1 e 2: Zeus e Hera.

Eles parecem vazios. - Notei.

Eles estão. - O Leo afirmou. - Zeus só tem 2 filhos, Thalia, virou uma caçadora de Ártemis, ela não mora no acampamento.

E Jason, meu namorado. - Piper suspirou. - Ele é filho de Júpiter, o Zeus Romano, então ele está no acampamento Romano.

Tem uma coisa que eu ainda não entendi. Por exemplo, Grover disse que aquele amigo dele, Percy Jackson, era filho de Poseidon e que sua namorada era filha de Atena. Mas se Atena é filha de Zeus que é irmão de Poseidon, isso não faria de Percy e sua namorada primos, ou algo assim?

Sim. Mas os genes de nossos pais deuses não contam. Então, dois filhos de Atena não poderiam namorar, mas uma filha de Afrodite e um Filho de Júpiter, sim, sem problema algum. - Leo explicou.

Entendido. E os outros chalés?

Certo.

Chalé 3: Poseidon;

Chalé 4: Deméter;

Chalé 5: Ares;

Chalé 6: Atena;

Chalé 7: Apolo;

Chalé 8: Ártemis;

Chalé 9: Hefesto;

Chalé 10: Afrodite;

Chalé 11: Hermes;

Chalé 12: Dionísio.

Esses são os dos Deuses Principais. O resto são dos Deuses menores: Hipnos, Iris, Nêmesis, Hecate,...

Enquanto Leo falava, Piper apontava para cada um dos chalés. Na maioria deles nós conseguíamos ver alguns campistas, em outros via-se que eram ocupados, mas que estavam vazios naquele momento e alguns poucos que restavam, estavam como o de Zeus e Hera, bem mantidos por fora, mas claramente abandonados por dentro. Nós paramos na frente do chalé 9.

Então é isso garotas, eu vou indo. Não sintam muito minha falta. - Leo se despediu, ele estendeu a mão para abrir a porta, mas esta se escancarou antes que ele pudesse alcançar a maçaneta e um garotinho de mais ou menos 9 anos apareceu seguido por uma garota mais velha, da minha idade talvez.

O menino vestia bermudas sujas de graxa e uma camiseta com vários rasgos. Ele era magro e parecia alto e musculoso demais para a sua idade. A menina estava usando uma calça camuflada e regata de cor escura, seus cabelos negros eram segurados para traz com uma bandana, deixando seu rosto severo livre.

Olá, Leo! - O garotinho disse, abrindo um sorriso.

E aí, irmãozinho. - Leo bagunçou seus cabelos. - Se divertiu sem mim?

Não, Nyssa não me deixou ir nas forjas, nem no Bunker 9.

Já disse que você não pode forçar seu pulso ainda Harley. - Explicou a garota chamada Nyssa.

Mas eu comi ambrosia, estou melhor... - Reclamou Harley.

Falamos sobre isso antes, não comece de novo. - Nyssa interrompeu. - Como foi a missão, Leo?

Fácil, fácil, mana. Grover poderia ter ficado no acampamento, eu gerei tudo como um chefe. - Leo se vangloriou.

Deixei escapar uma risada :

É, a não ser quando você quase foi comido por um cão infernal.

Você é o... a semideusa? - Nyssa me perguntou, enquanto Piper ria ao meu lado.

Eu mesma, Shell Hudson, muito prazer.

O prazer é meu. Acho que você já ouviu meu nome e já sabe de quem sou filha. Esse é Harley. Reze para não ser filha de Hefesto e ter que aturar Leo Valdez o tempo todo.

Leo é mais legal que você. - Harley a criticou.

Sou mais legal que você! - Leo repetiu cantando e deu a língua para ela.

Mané! - Ela respondeu, balançando a cabeça.

Shell, se você quer ir à praia, melhor irmos logo. - Piper me chamou.

Vocês vão à praia! Posso ir junto? - Harley pediu, puxando meu braço.

Eu comecei a abrir a boca para dizer Sim, sempre tive um fraco por crianças, mas Nyssa falou antes de mim.

Não, Harley, você fica! - Ela olhou para nós duas cansada. - Podem ir, nos vemos no jantar.

Nós partimos e deixamos Leo consolando seu irmãozinho, enquanto Nyssa brigava com ele por ser tão desobediente. O resto do caminho até a praia foi silencioso, fora algumas explicações sobre isso ou aquilo que Piper me dava.

Quando chegamos à praia coloquei minha toalha na areia seca e comecei a tirar minha roupa, para ficar só de biquíni.

Eu sei que é difícil... E acredite, só vai ficar pior. - Piper tentou me acalmar, ela provavelmente tinha visto minha cara de desesperada.

Francamente, ter conhecido os irmãos de Leo tinham mexido comigo. Eu só tinha visto dois deles, mas pelo que pude ver pela porta, baseando-se no numero de camas eles são no minimo quinze. E se eu tivesse um rebanho de irmãos também? Claro, um ou dois, tudo bem, mas dez!

Ela devia estar mesmo preocupada comigo, porque se aproximou e apertou meu ombro amigavelmente.

No final, você se acostuma. E você teve sorte, devia ter visto o caos que estava quando eu cheguei aqui. Eu quase morri afogada. - Ela estremeceu com a lembrança.

Mais uma historia para você me contar mais tarde.

Com certeza. - Ela concordou, virando-se para ir embora. - Boa sorte com seus pensamentos!

Esperei ela desaparecer e fui em direção à água. Assim que meus pés tocaram o mar, meu cérebro relaxou. Eu sempre gostei do mar, ele combina com meu nome, e apesar da Inglaterra ser um país incrível, as praias de lá não são muito boas para nadar.

Acelerei o passo e saltei cada uma das ondas que quebravam sem nenhuma dificuldade. Continuei avançando até a água estar na altura do meu ombro e, só então, me deixei afundar lentamente.

Como o de qualquer outra pessoa, meu corpo voltou à superfície, mas eu não levantei a cabeça, só estiquei os braços e pernas e continuei boiando, os olhos fechados, dês de pequena sou muito boa em prender a respiração debaixo d'água.

Tentei não pensar, esquecer tudo: Deuses, monstros, sátiros,filhos de Hefesto... e John. Por isso fiz a primeira coisa que me passou pela cabeça, e isso foi aquela musica da Bela Adormecida O sonho tão lindo que eu sonhei, então comecei a cantar para mim mesma:

Foi você, o sonho mais lindo que eu sonhei.

Foi você, eu lembro tão bem, você na linda visão...

Shell! - Pensei ter ouvido chamarem. Esperei um momento, mas tudo estava silencioso.

Que me fez sentir,

E o meu amor nasceu então...

Shell! - Escutei, de novo e, mais uma vez, silencio.

Ah! Vamos lá, Shell. Pensei. Você está aqui à menos de 1 minuto, eles disseram que faltavam 2 horas para o jantar. Continue cantando!

E aqui está você, somente você,

A bela visão, aquela do sonho que eu sonhei...

Shell!

Sheeeeeell!

SHELL!

Ahá! Eu não estava ouvindo coisas, tinha, sim alguém me chamando, ou melhor, vários alguéns. Devia ser sério. Nadei até onde pude, depois fiquei de pé e saí da água.

Estranho, o sol parecia ter decido rápido demais... Não pensei muito nisso, porque avistei as pessoas que estavam me chamando. Eles eram muitos...

Leo vinha de um lado seguido por Nyssa, Harley e uns outros campistas que deviam ser seus irmãos. Piper vinha do outro, acompanhada pelo seu chalé. E bem na minha frente, onde eu tinha deixado minhas roupas, estavam Quíron, Rachel e Grover.

O que aconteceu? - Perguntei para eles.

O centauro enrugou a testa e Rachel tentou esconder um sorrisinho, mas nenhum deles respondeu.

Onde você estava? - Leo me abraçou, ele parecia angustiado. Meu queixo caiu de surpresa pelo abraço e pelo fato dele estar em plena crise.

Onde eu disse que estaria, no mar.

Mentira! Você nem está molhada! - Exclamou o pequeno Harley.

Eu toquei meu cabelo. Ele tinha razão, sequinha.

Impossível! - Falei, mais para mim mesma do que para os outros.

Não,não é... - Grover disse pensativo.

Shell, o que você fez depois que eu saí? - Piper questionou, parecia que eu estava em interrogatório.

De repente, senti os olhos de todos em mim - meninos inclusos e me lembrei que estava só de biquíni, minhas bochechas queimaram de vergonha, agarrei minhas roupas e comecei a me vestir, só quando terminei é que eu respondi:

Assim que você se foi, eu entrei no mar. Ora, gente, o que houve, assim de tão grave? Eu só fiquei na água durante 3 minutos, no máximo!

Quíron balançou a cabeça em discordância:

Não, Shell. Nós te deixamos aqui faz uma hora e meia, faltam só dez minutos para o jantar.

Olhei para ele desesperada. Se estava aceitando tudo muito bem antes, agora eu estava surtando, mesmo. Estava tão ocupada tentando entender como o tempo tinha passado tão rápido sem eu perceber e, principalmente, como eu tinha ficado esse tempo todo debaixo d'água, que nem percebi a luz verde que apareceu acima da minha cabeça, até ouvir a exclamação geral que à seguiu.

Virei a cabeça para o alto, bem à tempo de ver a imagem brilhante de um garfo de três pontas, um tridente, rodar sobre mim. Vagarosamente, ele desapareceu e eu voltei a olhar para baixo.

Quíron e Rachel trocaram um olhar e eu tive quase certeza de ouvir a voz de Rachel dizer: Eu falei, era só uma questão de tempo....

Estava prestes a perguntar o que aquilo tudo queria dizer, quando Quíron dobrou suas patas dianteiras em uma reverencia, todos os outros o seguiram. E eu fiquei lá, no meio de trinta campistas, um sátiro, um oráculo e um centauro, sem entender nada do que estava acontecendo. Foi aí que Quíron anunciou:

Salve Shell Hudson, filha do Deus dos mares e terremotos, filha de Poseidon!