Toda aquela história entre Stefan, Elena e Katherine estavam deixando-me nervoso, ou melhor furioso. Depois de um belo fora de Katherine, pensei que tudo para mim perderia o sentido. Mas eu estava enganado. Não sabia ao exato o que estava sentindo, mas agradecia muito por Katherine ter me dito toda verdade. E sempre, sempre seria Stefan.

Era óbvio que eu invejava meu irmão, Katherine tinha o escolhido. Elena tinha o escolhido. E agora eu era o vampiro mal e amargurado da novela. Infelizmente, eu não aguardava meu final feliz. Vampiros não têm finais. Claro, a não ser que eu enfie uma estaca de madeira em meu coração, acho que eu morreria feliz, ou amargurado.

Mystic Falls como sempre estava tediosa e sombria. A névua a baixo de mim deixava a rua completamente assombrada. Eu precisa me distrair, precisa aquecer minha garganta. Qual melhor forma de fazer isso? Me alimentando da primeira pessoa que passasse.

Então ela apareceu. Caminhava silenciosamente, com uma suave e ingênua expressão. Seus cabelos achocolatados, ondulados até o meio das costas; seus olhos tinham o mesmo tom dos cabelos; tinha uma linda e clara pele; um corpo delicado e com curvas. Ela era linda. E uma ótima janta.

Suas pernas cessaram os passos logo que ela notou o pássaro negro pousado na árvore. Seus lábios se apertaram fazendo uma suave e reta linha. E sua delicada expressão ficou pensativa.

– Boa noite, Senhor Corvo. - ela murmurou. Sua voz tinha um delicado, mas forte sotaque britânico. Era aveludada e suave.

Sorri comigo mesmo vendo o quão ingênua ela era. Prendi um breve suspiro quando o pássaro avoou e passou sobre a cabeça da garota. Ela abaixou-se rapidamente e logo ficou erguida, virando seu corpo na direção que o pássaro voara. Naquele mesmo segundo movimentei-me até ela, ficando a sua frente sem a mesma perceber.

Quando ela virou-se na minha direção, seus olhos se arregalaram imediatamente e sua boca se entreabriu. Tombei minha cabeça levemente de lado, enquanto a olhava curioso. Eu realmente nunca tinha a visto na cidade.

– Você... Você me assustou... - ela finalmente conseguiu dizer algo e sorrateiramente deu um passo para trás.

Acabei por sorrindo levemente e ela engoliu em seco, avaliando-me com certo receio.

– Eu não tive a intenção. - disse a encarando melhor. Seus olhos queriam demonstrar confiança e felicidade, porém eu não conseguia enxergar muita felicidade alí. Era como se ela sofresse por algo - Você é nova na cidade, certo?

Ela ficou calada, me olhando com precaução.

– O que foi? Eu não tenho cara de psicopata, não sou um. - neguei soando divertido. Ela sorriu levemente.

– Eu não consigo decifrar quem é um psicopata. - ela disse encolhendo os ombros sutilmente - Mas... - ela respirou fundo - Sim, eu sou nova na cidade.

Sorri de leve.

– Então seja bem vinda. - afirmei e ela suspirou de leve.

– Obrigada. - sibilou aliviando a tensão nos ombros, mas com uma expressão desconfortável.

– Você não se sente bem vinda, certo? - eu a olhei curioso.

– Apenas... não me adaptei. - murmurou desconfortável - Não era para eu estar aqui.

– Deixe-me ver... - me fiz de pensativo - Seus pais lhe obrigaram? - sorri simpático. Seu semblante ficou chateado e ela olhou para seus próprios pés. Entendi aquele olhar e surpreendentemente me senti mal - Seus pais faleceram?

Ela me olhou surpresa.

– Tenho uma ótima intuição. - tentei amenizar a estranha situação - Eu sinto muito. - fui completamente sincero e ela sorriu.

– Eu já ouvi tanto "Sinto muito" - ela comentou chateada - Mas ninguém sente o tanto que eu sinto.

– Claro que não. - murmuro negando - Eles eram seus pais, imagino que você tinha apenas a eles.

Ela engoliu em seco novamente e pareceu prender suas lágrimas.

– É estranho eu querer dizer isso para você... mas... - ela uniu o cenho e respirou fundo - É tudo tão difícil... - seus olhos ficaram umidos - Num dia eu ria e me divertia com eles... no outro eu os encontro mortos. - ela cruza seus braços rapidamente, como se abraçasse a si mesma.

Sua dor era tão profunda que de uma maneira estranha me afetou. E eu não queria vê-la assim.

– Eu só queria que essa dor passasse. - sussurrou limpando a unica lágrima que escorreu.

– Você ficará bem, eu sei. - sussurrei fazendo-a me encarar incrédula - É idiota de minha parte dizer isso?

– Um pouco. - ela sorri levemente e dou uma baixa risada - Mas, obrigada. - balançou a cabeça afirmativamente - Você me pareceu sincero.

– Pode ter certeza de que fui. - sibilei surpreso comigo mesmo.

– Ah... Eu nem me apresentei. - ela revirou seus olhos sutilmente - Eu sou Demitria Gilbert.

Meus olhos se arregalaram brevemente enquanto ela esperava eu me apresentar.

– Você disse Gilbert? - murmurei surpreso.

– Sim. Obviamente você conhece minha família. - deu de ombros - Uma das famílias fundadoras...

Enquanto ela falava inutilmente fui me lembrando de algumas coisas que Stefan e Elena comentavam sobre a chegada de uma prima dela. Por tantos problemas que estávamos passando, imaginei que Elena cancelaria isso tudo. E agora acabo de conhecer a integrante Gilbert, que acabou de abrir seu coração para mim, e acabei de mostrar uma parte humana minha à ela.

– E você? - ela me olhou curiosa.

– Você não vai querer saber. - sussurrei de certo modo irritado.

Desde o momento que ela começou a se abrir eu já estava cancelando os pensamentos de fazê-la como meu lanche, minha diversão... Agora sabendo quem era ela, jamais eu lhe faria algo. Principalmente depois de tantas palavras sinceras e tristes.

Demitria me olhou um pouco incrédula e respirei fundo.

– Demitria... - segurei suas mãos e a vi ficar um pouco arrepiada - Você não ficará triste para sempre. Você vai superar. Isso é apenas uma fase, e você vai seguir em frente; irá levantar a cabeça e começar um novo dia. Suas dores permanecerão, mas você irá aprender a conviver com elas e será uma ótima garota, forte e determinada.

Demitria olhava em meus olhos silenciosa, da maneira que eu queria.

– Eu sei que você irá se sair bem... Você é uma Gilbert. - sorri sem humor, mas era verdade essa declaração - Eu queria não ter que fazer isso, mas é realmente preciso, eu sinto muito. - agora seus olhos demonstraram um pouco de confusão - Você se esquecerá dessa nossa conversa, e jamais me conheceu... Mas seguirá tudo que lhe disse. - afaguei seu rosto levemente.