Todos estavam sentados, espanhóis e brasileiros, eu arranhava um pouco da língua, me juntei ao Capitão. Sentamos ao lado de outros que estavam ali liderando a mesma ou outras missões.

Peguei uma 'tostada com aceite', sentei novamente ao lado de Charles, ele estava me observando de longe. Um manchado estava a sua frente e um a minha, agradeci por tê-lo pego para mim. Ele comia uma 'media tostada'. 

- Há quanto tempo ganhou esse posto? - ele perguntou sem me olhar.

- Um ano, eu acho - eu o olhei - O que foi isso em seu rosto? - eu passei o dedo no meu para indicar-lhe ao que eu me referia.

- Em um ataque - ele virou o rosto, alguns marinheiros faziam muito barulho, não eram os nossos, mas eram para eles. - Me posicionei para o ataque, mas nos explodiram primeiro, uma placa de ferro me atingiu e abriu isso. - ele deu de ombros - Essas coisas acontecem.

Eu ri, bem entendia o que queria dizer.

Assim que terminei me aproximei do barulho, os brasileiros se levantaram rapidamente, batera continência, pedi para que me seguissem, o fizeram. Fomos par ao campo de treinamento, era enorme, pedi para darem quatro voltas pelo campo, eu os acompanhava ao fim da fila para ter certeza de que faziam tudo corretamente. Depois algumas flexões e abdominais. 

Um grupo espanhol passava por nós enquanto terminávamos o aquecimento. Eu sempre tive uma forma de treinar não muito aceita, mas digo que foi muito eficiente. Armas de paint-ball, fomos para um outro campo de treinamento, levamos as nossas próprias, começamos a treinar. Tiros e gritinhos para todos os lados, risos, parei com dois tiros, mas os outros estavam melhor do que eu esperava, o que havia levado mais tinha levado sete. 

Quando terminei e saí do campo fui surpreendida com Charles acompanhado de seus marinheiros nos assistindo. Ele tinha uma sobrancelha arqueada, eu o olhei, sua aprovação não era mais necessária para meus trabalhos, ele sorriu o que me fez imitá-lo.

- Nunca pensei em fazer algo assim. - ele falou sorrindo.

- Acontece - dei de ombros - O que vão fazer?

- Sair, querem vir? - um dos marinheiros falou e depois olhou para o Capitão. 

- Se nos esperarem nos arrumarmos.

- Claro. - Charles falou.

Nos arrumamos, e nos encontramos com eles, andavam pelas ruas com um cuidado, Charles puxava o grupo e eu os cobria na retaguarda. Observei todos os prédios, as ruas e seus buracos, desenvolvi boa memória. Charles entrou em um bar, eu o encarei quando passei pela porta que ele segurava aberta. Os marinheiros se sentaram em uma enorme mesa que cabia a todos, sentei-me e Charles ao meu lado. Duas cervejas, não sou muito de bebidas, mas uma única vez não me mataria.

Alguns marinheiros espanhóis e seus capitães estavam ali também, nos observavam como se fossemos fazer algo de errado, Charles falava a língua deles e entendi todas as fofocas que eram feitas, ele se aproximou de mim, abaixei meu ouvido para escutar melhor.

- Aqueles dois - eu olhei de leve - acham que vamos nos embebedar até se tornar vergonhoso.

- E não vamos? Agora estou triste, achei que beberíamos até cair ao chão. - ele me olhou e eu ri o fazendo rir.

- Senti muito a sua falta - ele falou e apertou minha mão entre seus dedos, eu olhei a cena e depois para ele, sorri levemente e pude sentir alguns olhares na nossa direção, nos voltamos para a mesa e então todos voltaram a conversar e nós dois rimos. - Ficar tanto temp...

- Yeva? - olhei para quem me chamava, Charles estava de pé e pela posição da cadeira havia acabado de se levantar e me visto ali.

Capitão segurou minha mão por alguns instantes mais forte e a soltou abaixando a cabeça após reconhecer a voz.

- Oi, Charles. - me levantei para cumprimentá-lo - Como você está?

- Muito bem - ele olhou para o Capitão e para os marinheiros e depois para mim. - E você?

- Bem também. - falei e sorri desajeitada. - Lembra do Capitão?

- Claro, impossível esquecê-lo. - ele fitou Charles e depois me olhou, o Capitão se levantou e ficou parado ao meu lado.

- Garanto que sim. - um capitão espanhol falou rindo. Nós três os olhamos, ele fazia gestos a frente do corpo, imitando seios.

- Mas tão pequenina aguentar os dois? - o outro falava e me olhava de cima a baixo.

Eu me virei para os Charles, eles os encaravam.

- Bom, eu acho que já vou indo. - eu falei ao final - Depois eu acerto com você a minha bebida. - falei para o Capitão, ele me olhou meio triste - Foi bom revê-lo. - falei abraçando Charles.

Peguei minha blusa no encosto da cedeira e saí. Voltei andando pelas ruas escuras cujos buracos e prédios eu já havia decorado, entrei no dormitório, subi até meu quarto e entrei, meu hálito cheirava a cerveja, a ponta de meus dedos ainda estavam gelados, virei de lado e fechei os olhos. 

Tornei a abri-los com o som dos marinheiros chegando, abriam as portas e as batiam com força, não estavam bêbados, mas não pareciam sóbrios. Entre-abri minha porta no instante em que Charles passava, ele me olhou e sorriu. Abri ainda mais a porta e ele entrou, fechei-a, ele estava sentado em minha cama me analisando. Andei até ele e parei na sua frente, ele me puxou, meu corpo se encaixou entre suas pernas e eu despenquei sobre ele, segurou meu cabelo com força e me beijou mais forte e sentimental do que nunca havia feito.

Eu me afastei um pouco assustada, ele me olhava parecia assustado com o que havia feito. 

- Desculpa. - eu rolei para o lado e o olhei de canto, ele fitava o teto - Eu não devia ter...

- Esquece - falei, agora eu fitava o teto e ele a mim - Eu sentia falta disso.

Ele ficou me olhando por um tempo, sentou e colocou a cabeça entre as mãos, me fitou por alguns instantes, eu me sentei.

- Amanhã é dia de folga par ao nosso grupo - ele falou - não há treino nem nada, seria legal levar-lhes pela cidade par a aconhecer, o que acha?

- Pode ser.

- Certo, te vejo amanhã.

Confirmei, tranquei a porta e voltei a dormir.