O Verdadeiro Lar - A Luz De Safira escrita por Yui


Capítulo 1
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Olá, estamos aqui com mais uma aventura de Kung Fu Panda.
Sejam-bem vindos, queridos leitores. Espero que gostem dessa aqui também.
Ela acontece um ano depois de O Verdadeiro Lar.

Boa leitura.



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Se passou um ano desde a derrota de Hui Nuan, tal como havia dito a profecia. A segunda vez, seria para não voltar. A China estava segura mais uma vez e apesar de não haver rastros daquele que brincou com a ira do tigre, tudo estava em paz.

Agora mais tranquilo, o imperador se preparava para saber qual de suas filhas receberia a coroa. Ele era um urso negro com uma mancha em forma de lua minguante no centro de sua testa. Jamais houve imperador mais bondoso e tolerante do que ele, até permitiu á Hui Nuan que continuasse vivo, a pedido de Mestre Shifu que era um grande amigo e lhe explicou que era o pai biológico de Mestre Tigresa.

Ele tinha duas filhas adotadas, duas panteras, característica herdada da mãe, An, das pequenas e eram brancas devido ao fato de seu pai ser um tigre branco. O nome delas era Ayra e Xue. Ayra era a mais velha e tinha olhos azuis da mãe, tinha apenas cinco anos e Xue era sua irmã, de apenas quatro meses, tinha os olhos verdes do pai. O imperador Zhi as manteve escondidas dos outros clãs o tempo que pôde por temer a reação do povo ao saber que, no ataque dos outros clãs ao tigre tirano e seus asseclas, elas escaparam e chegaram até a casa de um dos guardas do palácio imperial.

Sem saber o que fazer com a mãe que rogava a ele por um abrigo, o lagarto as levou até seu imperador, na esperança de que ele lhes desse um destino e ele o fez. Ele teve uma esposa que se foi ao dar a luz a seu primeiro filho, que não vingou e depois disso, deixou de lado a ideia de formar uma família, mesmo sendo criticado pelos membros do conselho chinês.

- Você precisa de herdeiros e logo, ou vai partir e isso será um caos – diziam eles repetidamente como se fosse tão fácil.

Nenhum deles teve tal experiência pela qual ele passou e a chegada das felinas deixaram as coisas mais do que alegres na vida do pobre urso negro. Com o tempo Zhi teve que revelar a presença delas que, devido a acontecimentos e ajuda de amigos, foram aceitas pelos membros do palácio que eram os únicos que conheciam a presença delas ali e foram tidas pelo povo como as exceções dentre os felinos malfeitores.

Um bom tempo depois, uma outra felina de iguais boas intenções foi apresentada pelo Palácio de Jade ao império chinês como uma defensora e líder dos novos Cinco Furiosos: Mestre Tigresa, o tigre-do-sul-da-China fêmea originária do Orfanato de Bao Gu que era a guerreira mais temida, honrada e justa que já se ouvira falar, até então, mas mesmo assim, o urso negro temia por suas protegidas. Aquela tigresa foi criada junto a sábios mestres de kung fu e quanto à Ayra e Xue, não. Sua mãe estava viva e talvez suas cultura e intenções fossem diferentes das dele.

- Meninas, vão brincar no jardim. Preciso falar com o imperador Zhi á sós – pediu a pantera.

- Tá bom, mamãe – respondeu Ayra com agora treze anos, levando Xue de oito pelo braço.

- Ah, não – disse a pequena com manha – não, me larga Arya, eu quero ficar com a mamãe e o papai.

- Depois a gente busca vocês, meu amor – disse An carinhosamente.

- Vem logo, Xue!

Quando saíram pela sala, a pantera virou-se para Zhi com uma expressão séria. O urso a convidou a sentar em uma das cadeiras da sala privada que havia no primeiro andar. Ela se sentou com ele à sua frente segurando suas patas.

Como ele foi bom pra ela e suas filhas... cuidou dela como amigo e das meninas, e Xue o adotou como pai.

- Você é um amigo que eu jamais encontrei igual – Na sorriu.

- Haha, eu sei, você sempre me diz isso.

- Porque é verdade. E você é o único em quem eu confio. Só preciso de uma coisa...

- Pode dizer, é a primeira que você vai me pedir depois de ter misericórdia com vocês três.

- Eu não estou bem de saúde há muito tempo e estou com medo de deixar as meninas sozinhas no mundo...

- Não diga isso, você é muito nova pra falar essas coisas. Eu vou deixar essa terra primeiro, tenha certeza disso. E seja como for, elas não vão ficar sozinhas e nem você, quando esse dia chegar. Meu testamento está com meus conselheiros de confiança e há um com meu selo guardado em um pergaminho no compartimento secreto e você sabe onde está.

- Estou falando sério. Estou mais fraca à cada dia e não quero deixa-las sozinhas.

- Você vai passar pelos médicos e enquanto puderem cuidar de você, eles vão – respondeu Zhi tomando-a pelos ombros – não se preocupe, nem você e nem as meninas estão sozinhas. Eu estou aqui.

A pantera não estava com a boa saúde e os médicos imperiais apenas retardaram que ela se fosse naquele momento. E cerca de três anos mais tarde, ela se foi.

À partir daí, a educação das irmãs ficou por conta do urso negro. Foram educadas com a história de seu povo, senso de justiça, ensinamentos de sabedoria, entre boa arte e cultura. Ayra era especialista em armas de kung fu e Xue em combates corpo-a-corpo e também espada e arco e flecha. Deveriam saber se defender em caso extremo.

Sabiam tocar alguns instrumentos, pintavam belos quadros de paisagem ou retratos, eram poetizas e, como o imperador não tinha um filho do sexo masculino para sucedê-lo, ele ensinou a elas como defender seu país e liderar. Especialmente Arya que seria a primeira na linha de sucessão.

Depois da derrota de Hui Nuan elas foram apresentadas e aceitas. Ninguém mais temia os felinos, por conta da façanha dos guerreiros do Palácio de Jade, do Conselho dos Mestres e os guerreiros da Academia Lee Da que fizeram de tudo para trazer a paz.

A notícia sobre o pai da guerreira Tigresa foi preso para pagar pelos seus crimes, deu a sensação de paz à China novamente, mas os únicos que sabiam sobre o verdadeiro vilão eram os próprios guerreiros que lutaram para proteger à todos e os ursos pandas da Vila Yu Qin. Outros animais, inclusive o imperador sabiam que ele ainda era procurado, mas foi decidido pelo Conselho dos Mestres não contar a verdadeira razão porque alguém poderia querer fazer justiça com as próprias mãos e como o imperador Zhi era um velho amigo dos pandas, inclusive de Fa Huo, temiam que antepusesse sua amizade à justiça.

E o dito vilão agora vivia em um local escondido de todos, com uma ideia para conseguir o poder que sempre quis dominar. Era o antigo castelo das irmãs Wu que agora era se esconderijo.

Fa Huo estava encapuzado depois de voltar da vila próxima onde comprou mais comida. Entrou no castelo abandonado e foi até o fim do salão com a intenção de se sentar, mas lembrou-se de que tinha que alimentar um convidado de longa data.

Caminhou pelo corredor principal até a cozinha e pegou um prato da comida que sobrou, daquela que fez para si mais cedo. Voltou pelo mesmo corredor até uma porta, pela qual se podia ver a escadaria de três lances. Segurou a tocha mais próxima que tinha para poder descer naquele breu e assim que chegou ao último degrau. Ali era o calabouço do palácio e havia muitas correntes e algemas velhas e enferrujadas, ossos dos presos antigos das três irmãs, antes donas do castelo.

As luzes azuladas chamaram sua atenção. Vinham das pequenas janelas das celas, e tinham barras também, os prisioneiros não tinham como escapar.

- Quase me esqueci de você hoje – disse Fa Huo passando o prato por um espaço abaixo das grades.

O ser apenas lançou a ele um olhar assassino sem forças pra grunhir. Aqueles olhos, olhos que tanto odiava e que sempre negaram ajuda-lo.

- Não se preocupe, talvez... tudo isso acabe, mais cedo do que você imagina – disse o panda e saiu andando, mas não sem antes acrescentar – basta eu fazer visita a velhos amigos.

E se foi para um quarto em particular na mansão onde havia um espelho especial para ele. Foi pensando nos boatos que ouvira sobre os mestres do Palácio de Jade.

“Quer dizer que Lin e o Dragão Guerreiro vão se casar? Não adiantará nada. E Ayra receberá a coroa... eu tenho que parabenizar meu amigo Zhi por isso e levar minha filha para rever suas amigas”, pensou ele com um sorriso malicioso se dirigindo ao quarto do qual emanava luz.

-

Agora, na China, a preocupação era com a coroação da futura imperatriz Ayra em breve na Cidade Proibida diante da presença de todos os chineses que quisessem aparecer. A cerimônia seria a portas abertas. Temiam pela invasão mongol das muralhas por conta de antigas rixas e com a coroação, Ayra ficaria encarregada de selar um pacto para tentar melhorar as relações na fronteira e proteger seu povo.

Uma guerra seria iniciada em último caso, portanto, não eram necessários que os estudantes de kung fu se preparassem, embora continuassem treinando para o que der e vier.

E os guerreiros do Vale da Paz, inclusive Po, deveriam estar presentes para assegurar que ela recebesse o seu símbolo de poder. Mas no momento, eles tinham outras preocupações, quero dizer, ao menos dois deles.

- Víbora... você puxou demais a cinta.

- Tigresa, acha que justar seu q’pao de casamento é fácil? – Brincou a serpente.

- Nunca pensei que veria você assim – disse emocionada a ovelha que foi a cuidadora de Tigresa em sua infeliz época no orfanato.

A felina sorriu diante do comentário e se sentiu feliz em tê-la convidado para o que seria o dia mais importante de sua vida. Ela foi a primeira pessoa que conheceu e conviveu, apesar de tudo.

Tigresa usaria o q’pao que sua mãe mandou que fosse feito para ela quando ainda era um filhote. Estava numa das mochilas que um soldado de seu primo trouxe para ela.

- Já viu o tamanho e tudo o mais? Quero tirar isso... não gosto de vestidos. Por favor.

- Calma, vira de frente pra gente pra vermos como você tá.

Era uma peça de roupa vermelho sangue com a bainha em vermelho vivo e flores de pessegueiro bordadas em rosa com o contorno dourado. O caule das flores era negro e as ligava, dele, em algumas partes, saíam espirais e desenhos imitando folhas. O bordado era magnífico e seguia da bainha e tomava apenas um pouco mais do tecido porque do centro para as bordas haviam desenhos de chamas em dourado e no centro da saia do q’pao havia uma tira larga e reta fixada por baixo da cinta e nessa tira, a figura de um dragão chinês também em cor de ouro.

A cinta que rodeava a cintura da felina era larga e também dourada com bordados vermelhos imitando chamas, ou seriam suas próprias listras? Ela ficou na dúvida.

Por cima, ela colocou uma segunda peça que era um manto largo na cor vermelho vivo. Ele arrastava no chão na parte de trás, quase como uma roupa da realeza imperial e encobria a cauda da felina, que tentou mantê-la relaxada para que não agitasse o manto. Ele tinha os mesmos bordados que o vestido.

- Uau! Que... linda!!! Tigresa você tá linda.

A felina levantou uma sobrancelha e depois virou-se para se examinar ao espelho. Passou o olhar por cada detalhe que viu. Era tão diferente do que ela costumava ser, mas sentia que era parte de si mesma, um lado só viu uma vez em sua vida. Ela não saiu de seu caráter e ainda era ela mesa. Apesar de tudo que viveu e tudo que já fez, era assim que ela se sentia.

Abriu um sorriso ao passar as patas para alisar a saia e depois o manto que a cobria desde os obros.

- Vamos, Tigresa, tira esse que tem mais pra experimentar e ajustar.

- O que?

- Esse foi só o primeiro. É o que você vai usar na cerimônia, na recepção são outros.

- Outros? – Ela olhou para Víbora.

- É, casamentos são assim, minha jovem – disse a ovelha – a noiva não fica com apenas um vestido.

- E temos que ajustar logo, porque o casamento vai ser em alguns dias e Po vai chegar logo, ele não pode ver você com o vestido – explicou a serpente.

Com um grunhido, ela foi atrás do biombo se despir. Estendeu a pata pedindo o outro e o vestiu para terminar de ajustar. Quanto antes ajustasse todos, melhor.

Dali a uns dias o panda chegaria da cidade da qual governava agora com a ajuda de seu pai Jing-Quo. Ele e senhor Ping haviam viajado para lá da última vez que o panda veio para acertar os últimos detalhes de seu casamento e queria que seus pais se conhecessem antes desse grande momento.

Shifu estava do lado de fora do quarto de sua filha e ouvia com um sorriso o que as fêmeas diziam. “Quem diria que eu veria Tigresa se casar?”, pensava ele, caminhando para fora.

No entanto, uma coisa o inquietava. Po estava fazendo de um tudo para que o Conselho dos Mestres e o Conselho de Ônix, igualmente aos conselheiros imperiais, não tirasse o título dele e de sua noiva por conta da união de ambos. Eles estavam tentando arranjar argumentos contra apenas um que Po usou e que já os deixou sem fala. Na reunião em Gongmen, da qual participaram todas as 27 escolas de kung fu e outras, inclusive Grão-Mestre Shifu representando o Palácio de Jade e o Vale da Paz, ele disse:

- Eu sou o Dragão Guerreiro e Mestre Oogway me escolheu porque o universo me escolheu, já mostrei que eu sou mesmo um guerreiro lendário e vocês podem tirar os nossos títulos, mas não podem tirar o kung fu da gente e nem o Chi dos Heróis de mim.

Sendo assim, os conselhos pediram algum tempo para aceitar ou não esse argumento que, ao parecer, não sabem responder.

Pensando nisso, Shifu riu irônico e foi em direção à cozinha. O jantar seria servido logo pelos empregados do palácio.

Sabia que as palavras de Po haviam calado a todos e que independente do que acontecesse, ele jamais deixaria Tigresa sofrer, jamais a abandonaria e caso acontecesse algo a ele, a felina teria seus amigos e seu pai.


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Notas finais do capítulo

Xue: Neve
Ayra: Respeitável
Zhi: Sabedoria

Bem, espero que tenham gostado do capítulo. É o começo de uma nova aventura.
Até mais. o/



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