Sixteen Moons, Sixteen Years escrita por Ann Duchannes


Capítulo 1
Antes - Bem Vinda à Gatlin


Notas iniciais do capítulo

Oláá! Bem... Estava com a ideia para essa fic há um tempo, e só agora tomei coragem de postar! Gostei bastante desse capítulo, que será como um prólogo mesmo. A história, como eu disse, é a mesma do livro, mas pelo ponto de vista da Lena. Quem não leu o livro, pode não entender algumas coisas, mas acho que no geral está bom!
Vou calar a boca agora e deixar vocês lerem! Boa leitura! =^.^=
— Ann ♥



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Eu nunca quis ter nada a ver com magia. Sempre imaginei como minha vida seria diferente se eu fosse normal. Infelizmente, eu tive o azar de ser uma Conjuradora. Encostei minha cabeça na janela do carro e olhei para fora. Estava me mudando para Gatlin, pequena cidade sulista, onde iria morar com meu tio, Macon Ravenwood. É claro que eu simplesmente poderia aparecer por lá, mas vovó e Tio M. acharam melhor que ela, Althea, dirigisse até Gatlin para me levar em segurança. Suspirei. Por que eu mesma não pude dirigir? Por que me mudar para Gatlin era necessário? Olhei para baixo e encontrei aqueles números me encarando. 187. Voltei a olhar pela janela.

- Seu cabelo está se mexendo de novo, Lena - observou vovó, me olhando pelo espelho retrovisor.

Passei a mão pelos fios pretos e embaraçados, tentando me conter. A chuva começou a cair forte, e os relâmpagos cortavam o céu a todo minuto.

- Chuva de novo, Lena? - vovó me repreendeu. - Já conversamos sobre isso. Você tem que se controlar.

- Vovó, isso é mesmo necessário? - perguntei, fazendo uma careta. - Não quero ir para lá.

- Também já discutimos isso, cher. É importante que você fique com seu tio. Logo, logo, você será Invocada.

Soltei um suspiro de frustração. Invocada. Aquilo estava me assombrando desde o ano passado. Bem, na verdade, desde que minha prima, praticamente irmã, foi Invocada para as Trevas. Nós nunca imaginamos que aquilo poderia acontecer. E a próxima poderia ser eu. Encostei novamente minha cabeça na janela e fechei os olhos. Eu não iria dormir. Não poderia confiar em meus pensamentos e ter aquele estranho sonho de novo, não aqui, em frente à vovó. O sonho em que eu precisava ser salva.

- Chegamos - ela anunciou, parando o carro.

Olhei para fora. A Mansão Ravenwood. E logo depois, os jardins de Greenbrier, com os maravilhosos limoeiros... Sorri um pouco. Pelo menos poderia andar por Greenbrier e ficar escrevendo por horas debaixo de um dos lindos limoeiros. Nem tudo estava perdido.

Abri a porta do carro e saí, já podendo sentir o habitual cheiro de limão e alecrim que rondava a casa e Greenbrier. Vovó já estava na varanda da casa, conversando com Tio M. Lembro da primeira vez que vim aqui. Tinha apenas seis anos. Estava feliz, brincando com minha prima, como se nada ruim pudesse acontecer. Nunca mais visitei a Mansão Ravenwood depois disso, principalmente depois que minha prima fora Invocada para as Trevas. Mas por mais que eu gostasse da Mansão Ravenwood, não era aqui o meu lugar. Eu não queria estar aqui. Eu odiava Gatlin com todas as minhas forças, mesmo sem entender o motivo. Não era nada contra Macon, Tio M. era legal, na verdade. Era contra o que isso representava. Me mudar para Gatlin e ficar com meu tio. Faltando apenas alguns meses para a minha Invocação. Era por isso que eu não queria estar aqui, mas tinha que me conformar.

Antes que eu pudesse me mover, o cachorro de meu tio, Boo Radley, nome dado em homenagem ao misterioso personagem do livro "O Sol é Para Todos", saiu pela porta da casa e correu em minha direção, abanando o rabo e latindo, feliz. Me abaixei para que pudesse abraçá-lo.

- Olá, Boo - disse, acariciando seus pelos negros, enquanto ele me respondia, lambendo minha bochecha.

Boo parecia um lobo. Era um cachorro enorme, com pelos negros e grossos, que se eriçavam quando ficava com raiva. No entanto, era o cachorro mais carinhoso que já vira.

- Como você está, hein, garoto? - perguntei a ele, sorrindo. Como se Boo pudesse me responder.

Ele latiu e dei uma risada, que foi rapidamente substituída por um sorriso triste. Realmente, nem tudo estava perdido. Havia Greenbrier, e Boo. No entanto, Boo era o mais perto que eu teria de um amigo aqui. Me levantei do chão, tirando a terra de meu longo vestido cinza e andei em direção à varanda, segurando com força meu colar. 

Macon vestia um de seus ternos pretos. Honestamente, nunca o vi usando uma roupa informal.

- Lena - Tio M. sorriu, seu habitual tom de voz educado. - É bom tê-la aqui.

- Tio M. - respondi, sorrindo timidamente. - É bom te ver.

Sei que muitos, principalmente vovó, esperavam que eu falasse 'é bom estar aqui', mas não era. Eu não podia mentir. Porém, Tio M. sabia como eu me sentia, e entendia, não me condenava por estar triste, e até preocupada. Dei um rápido abraço em Tio M. e me virei para vovó.

- Adoraria ficar - ela disse. - No entanto, é melhor que eu vá. Está ameaçando a chover.

Vovó me lançou um olhar de repreensão e me abraçou.

- Fique bem, minha garotinha - ela sussurrou, como se Tio M. não pudesse ouvir. - Nos veremos em breve.

- Adeus, vovó - disse, com um nó na garganta.

Ela sorriu, e se virou, andando em direção ao carro. Ficamos ali parados, observando o carro prata de minha avó se afastar.

- Vamos entrar? - Tio M. finalmente perguntou.

Concordei com a cabeça. Assim que entrei na casa, tive lembranças fortes da casa de vovó, os lustres, as cores, as cortinas, o carpete... Tudo. Imagino que Tio M. queria que eu me sentisse em casa.

- Você pode mudar a decoração sempre que quiser - ele disse, suavemente.

Suspirei. É claro que ele queria que me sentisse em casa. Imaginei uma coisa completamente diferente da casa de vovó. Não queria lembrar de minha antiga vida despreocupada. Pensei em algo no estilo de Tio Macon. E aí, aconteceu. O salão principal pareceu rodar, as paredes mudaram de cor, os móveis escureceram, a grande mesa de mármore passou a ser de mogno e, em questão de segundos, a salão principal estava completamente diferente. Clássico e sóbrio. Exclamei, surpresa. Eu definitivamente não imaginava que era disso que Tio M. estava falando. Ele deu um leve sorriso diante da minha reação.

- Acho que também prefiro essa decoração - ele disse. - Quer ver seu quarto?

Concordei com a cabeça e hesitei.

- Macon? Tio Macon? Como devo chamar o senhor? - perguntei.

- Do jeito que você preferir, Lena - ele riu.

Relaxei um pouco.

- Tio M. - sorri. - Onde estão minhas malas?

- No seu quarto. E você pode decorá-lo também.

Subimos as escadas e Tio M. apontou para uma porta branca com uma lua crescente prateada enfeitando-a. A Lua Conjuradora. Fiquei parada em frente à porta por alguns segundos e me virei para falar com Macon. Mas ele não estava mais lá

- Tio M.? - perguntei, confusa.

Suspirei e abri a porta. Eu realmente não precisaria fazer nenhuma mudança aqui. Havia uma linda cama perto de uma janela. As paredes brancas contrastavam perfeitamente com o armário de madeira escura. Uma cadeira de balanço se encontrava no canto do quarto, perto de uma estante completamente cheia de livros. Perto da cama havia uma mesinha de cabeceira com um lindo e antigo abajur em cima. Minhas malas estavam perto de uma cômoda branca. Sorri para mim mesma depois de analisar cada canto de meu novo quarto. Tirei minha jaqueta preta e andei até uma das grandes janelas. Boo latia atrás da porta fechada. Não lembro de a ter fechado, mas provavelmente fui eu. Precisava ficar sozinha. Olhei para fora, aproveitando o sol, enquanto a chuva, que seria provavelmente causada por mim, não vinha. Eu tinha uma visão completa dos jardins de Greenbrier, e de uma pequena parte da cidade. Não era muito difícil saber o que estava acontecendo lá. Todos estavam comentando sobre a chegada da sobrinha do Velho Ravenwood na cidade. Gatlin era assim: você sabia dos segredos de todos, e todos sabiam de você. Eles nunca tinham muitas novidades por aqui, então a chegada de uma forasteira era um grande acontecimento. Provavelmente comentariam sobre isso até o fim de minha vida. Suspirei. Bem vinda à Gatlin, Lena, eu disse à mim mesma, o lugar onde você será julgada, olhada com repulsa e odiada.

Eu gostaria que fosse apenas isso, mas não era.

Havia uma maldição.

Havia um túmulo.

E, havia Ethan, o misterioso garoto de meus sonhos. O garoto que sempre tentava me salvar.

Mal sabia eu no que estava me metendo.


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Notas finais do capítulo

Entãão?? Gostaram?? QUERO OPINIÕES!! Comentem :3
Beijooos, e até o próximo cap! (sem previsão para postar, por causa da semana de provas) ;***