Acordei, mas continuei com os olhos fechados.

Senti o que estava acontecendo comigo. Estava deitada numa cama bem confortável. Não estava coberta.

Senti uma toalha molhada tocar minha testa. Foi tão no impulso que dei um soco na pessoa que fazia isto. Só ouvi a mulher cair no chão e começar a gemer de dor. Olhei para o lado, e vi a mulher com as mãos no rosto. Sua roupa era de governanta, um vestido preto rodado muito bem coberto nos ombros. Ela usava também um coque, e sem nenhum tipo de jóias.

Percebi que não estava sozinha. Havia pessoas encostadas na porta do quarto, e seus olhos podiam quase gritar que estavam com medo de mim. Ao todo eram três pessoas, uma delas era a mulher que falei na rua, e as outras duas eram crianças

– Quem são vocês? - pergunto.

– Não tenha medo, meu bem. - diz a mulher com uma voz bem leve, ela vai até a ponta da cama e se senta - Vamos nos apresentar. Eu sou Agnes.

Ela faz um gesto para as crianças, e eles começam a falar.

– Meu nome é Ester, tenho quinze anos, sou filha de Agnes Bloom. - diz uma bela menina, de cabelos lindos dourados, olhos pretos, e uma incrível pele pálida. Vestia um vestido vermelho de renda longo, que cobria seus ombros, com uma renda vermelha que ia ate seus braços.

– Meu nome é Emma, tenho apenas sete anos, senhorita, sou filha de Agnes Bloom. Qual é o nome da senhorita? - perguntou uma menininha, de cabelos loiros, olhos claros, e também pele pálida. Usava um vestidinho branco com listras azuis clara, com uma faixa branca, e uma flor do lado.

– Meu nome é Emily. Tenho 16 anos, e sou filha de Jenna e irmã de Matt Lufthnever.

– Tenho mais dois filhos, uma chamada Agata, que esta em seu quarto dormindo em seu berço, e outro chamado Dimitri, que esta em uma viagem de estudos. - diz Agnes.

– Mas, onde estou?

– Você esta em minha casa, meu bem.

– Na rua, você me disse que estamos no ano 1910. Foi uma pegadinha?

– "Pegadinha"? O que é isto? - pergunta a menor fazendo uma careta.

– Meu santo! - digo nervosa - Isso e sério?

– Você esta bem? - pergunta Ester.

– O livro... - me lembro do livro, ele me trouxe para cá, ele que deve ter a explicação certa - Minha bolsa!

A governanta pega minha bolsa que estava numa cadeira, e me dá.

Tiro varias coisas de lá, meu iPod, Macbook, roupas, até achar o livro.

– Por favor, escutem! Este livro foi quem me trouxe para cá. Eu não sou deste ano, eu sou de 2013, século 21, onde não usamos este tipo de roupas, mulheres podem votar, não á escravidão, nem nada deste tipo!

– Mas que tipo de coisa a senhorita esta falando? - pergunta Ester.

– O tipo de coisa que vai ser. Por favor, acreditem em mim!

Agnes olhou para as três, pensou, e logo disse:

– Como isto aconteceu?

– Bem, eu abri este livro, e primeiro ele não tinha nada escrito, mas depois começou á criar palavras, e tudo o que eu fazia era escrito no livro, até que em baixo de mim criou tipo uma cratera, e eu cai.

– Onde isso ocorreu?

– Numa biblioteca enorme, perto de onde nos falamos pela primeira vez.

Ela pensou, pensou, pensou, ate que disse:

– Não acho que você seja uma maníaca.

– Por favor. Eu não tenho para onde ir, me deixem ficar.

– Não deixaria uma menina linda como você nas ruas de uma cidade tão perigosa como está. Frida!

– Sim senhora.

– Prepare um banho para a senhorita...?

– Emily. – digo, a informando meu nome.

– Prepare um banho para a senhorita Emily. E pegue algumas roupas de Ester para que ela possa usar.

– Sim senhora.

– Obrigada senhora Agnes. – digo.

–

–

Nem acreditei que Agnes tinha me deixado morar na casa dela por um tempo. Sabia que eles eram uma família honesta e que não me fariam mal.

Agnes e as meninas me deixaram sozinha para que eu pudesse tomar um banho e me trocar.

Quando o meu banho já estava pronto, pude entrar.

A empregada havia deixado uma roupa na cama para que eu vestisse. Mas, não queria vestir algo tão pesado para dormir. O pijama que ela havia preparado para mim era um vestido branco com varias rendas, e sua saia alongava até os pés. Não queria isto. Preferiria vestir o meu pijama.

Eu iria dormir na casa da Lily, então na minha bolsa tinha um pijama.O pijama que eu tinha era um que eu tinha cabado de comprar, pois eu e a Lily nos desafiamos sair de pijama na rua. A calça da minha roupa de dormir era toda listrada de preto e branco, a parte de cima era um moletom que também é listrado, e atrás estava escrito “Bananas de Pijamas”.

Me olhei na penteadeira antes de descer as escadas e ir para a sala da casa, como me foi me mandado.

Quando desci as escadas a senhora Agnes me olhou assustada.

– Mas, que roupa é está? Ordenei a Frida que lhe desce algo para dormir, e algo feminino.

– Ela deu senhora Agnes. Mas, aquelas roupas eram pesadas, e não muito legais para dormir.

– Tudo bem. Isto não importa agora. O que importa é o que vamos fazer com você. Você já tem 16 anos, não pode ficar solteira.

– Como assim não posso? Sou jovem. Posso sim.

– Meu bem – Agnes se levantou de onde estava e foi até onde eu estava sentada – Não sei como funciona em sua era. Nem sei como deve ser lá. Na verdade nem sei se você é mesmo deste ano que diz que é. Mas, eu quero que você me prometa, que em quanto estiver aqui vai fazer de tudo para que está família não caia mais do que já caiu.

Os olhos desta pobre mulher estavam desesperados. Sabia que ela deveria ter sofrido algo ruim no passado, e que isso ainda a tormenta. Então, resolvi apenas prometer, e não dizer mais nada.

– Prometo.

– Ótimo. Muito obrigada. Emily queria lhe dizer que tenho um plano para você.

– Que plano? Acho que não precisar de nada. Prometo ficar no meu canto.

– Aqui neste tempo, é preciso se casar com no mínimo 15 anos. Você já tem 16, já esta um pouco velha, então precisamos de um casa...

– Não. Não quero me casar Não POSSO me casar! Só tenho 16 anos, já disse. Não posso me casar!

– Você prometeu. Tem que se casar.

Descobri os planinhos dela. Ela fez aquela ceninha de mulher sofrida só para me comover. E eu cai feito um patinho T-T.

– Não sei como é na sua era que funciona essa linda hora, mas aqui, já esta mais do que na hora de você se casar, ou quer que seu útero apodreça junto com a sua beleza? Seu utero ira apodrecer se nao logo se casar e ter varios filhos.

– Minha meta de ter filhos é: primeiro, ter pelo menos dois filhos, um casal, segundo, ter esses filhos com uns 28 anos, e me casar com uns 24! Então não me vem com casamento agora!

– Minha querida, e só para distrair o falatório das pessoas da cidade! Você vai se casar, e depois, quando você for embora, diremos que foi uma morte súbita. Não fique preocupada.

– Senhora Agnes, eu prometi, vou cumprir minha promessa. Será que eu poderia ir até um quarto?

– Obrigada querida Emily. Por favor Frida, leve-a até o quarto de hospedes.

Ao chegar no meu quarto pego meu celular, começo a ver as fotos da minha família.

Me sento na cama. Meu coração dói.

Uma lagrima cai de surpresa, a limpo imediatamente.

Vejo uma foto de mim com o Matt, estávamos no museu da cidade. Mais uma lagrima caiu sobre meu rosto.

– Que saudades de você meu irmão.

Como será que ele esta? Agora que sabe que Lisa o trai? Penso.

Pulo para uma foto de mim com minha mãe, estávamos na praia. Que saudades.

Começo a pensar em Matt, como ele deve estar se sentindo, onde ele esta?

Te odeio Miguel! Estou nesta situação por você! Você me fez isto. Vou ter que me casar por causa de você! Se não tivesse me traído. Se realmente você me amasse.

– Eu te amava. – sussurro ente os choros.