O Outro Lado do Livro escrita por Mirela


Capítulo 7
1910




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Corro para o estacionamento. Com pressa, vou para o carro de Matt. Não tenho a chave, mas me abaixo e encosto minhas costas na roda da frente.

Não sei o que fazer.

Tento forçar alguma lagrima, mas não sai nada, apenas sentimento de puro ódio.

Pego meu celular, e começo á relembrar os nossos momentos, em cada foto que passa.

Apago todas as fotos.

Meu celular toca, vejo que é o Miguel, faço questão de desligar.

Como dói.

Dói tudo.

Dói principalmente meu coração.

Disco uns número, no meu celular.

– Alo? - pergunta Matt me atendendo imediatamente com uma voz baixa.

– Matt... Você pode vir aqui no estacionamento um estante? - pergunto lentamente.

– Por quê? Aconteceu algo?

– Por favor, Matt. Venha rápido!

– Tá. Onde você está?

– Estacionamento, no carro.

– Já vou estar ai.

Desligo o celular.

Escondo meu rosto entre minha mãos.

***

Depois de algum tempo, sinto alguém tocar meu braço.

– O que aconteceu? - pergunta Matt ao meu lado.

O abraço, sem nenhum rumo.

Estou com medo.

– Matt...

Ele se afasta de mim perguntando-me mais uma vez:

– O que aconteceu?

Faço-o entrar no carro, e eu entro também.

– Matt... - paro, olho para minhas mãos tremulas, fecho os olhos - Miguel...me traiu...

Ele para.

Olho os olhos para saber o que está havendo.

– Aquele cretino! - ele bate forte com a mão no volante.

Logo penso: Tenho que contar á ele, sobre a Lisa.

– Matt, tem mais.

– O que?!

Não consigo dizer. Surge um grande nó que prende minha garganta. Um grande aperto no coração.

Mas se eu não contar, estarei o enganado também...

Pego meu celular e mostro a foto para ele.

Primeiro ele não entende o que quero dizer. Mas depois de fazer um zum no rosto dos indivíduos, ele cai na real.

– Desculpa, desculpa estar te mostrando isto. Mas mesmo que te doa, você precisa ver...

Ele da um sorriso para mim. Mas ainda vejo sua tristeza escondida em seus olhos.

– Obrigada. Não se preocupe comigo.

Fico aliviada com tudo isto. Me sinto bem.

Preciso ir em um lugar que me acalme, que acalme nós dois.

– Matt, me leve aquela biblioteca, por favor.

Quando chegamos a biblioteca peguei minha bolsa e sai do carro.

Algo me chamava para aquela biblioteca, não sei o que é.

– Vai levar mesmo ela? - perguntou Matt, apontando para minha bolsa.

– Sim. Quando estou sem ela me sinto vazia.

Ele apenas deu de ombros.

Depois de subirmos todas aquelas escadas, entramos.

– O que desejam? - perguntou uma mulher.

Matt estava pronto para responder, mas me intrometi.

– Por favor, eu quero aqueles livros cheios de sangue, que os alvos principais são os homens, e que descreva muito bem a morte deles.

– Ook. - a mulher fica meio sem graça - então vamos por a...

– Ah, e também pode rolar sorvete? - falei a interrompendo.

– Pode.

Eu e Matt seguimos ela.

Fomos andando por um corredor.

Até que parei diante de uma sala, na verdade, de uma porta de uma sala. Na verdade, parei enfrente de uma escada, que ia para esta porta.

Coloquei a mão em meu colar.

Comecei á relembrar o dia em que o ganhei.

Flash Back on

Estava um pouco cansada da festa de comemoração pra mim. Fui para a praia, pensar um pouco.

Já estava noite, a lua deixava tudo cada vez mais lindo.

Sentei na areia, não me importava com o sujeira no meu vestido, nos meus sapatos, ou a maresia no meu penteado e maquiagem.

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Apenas fiquei observando o belo mar á minha frente.

– É você, Emily? - uma voz rouca invadiu meu espaço de pensamentos.

Olho para o lado, e vejo uma senhora, de cabelos bem branquinhos, uma maquiagem bem leve, de rímel, um pouco de delineador, e um batom rosa bem clarinho. Usava a seguinte roupa:http://www.ocontexto.com/wp-content/uploads/2012/07/Dicas-e-Fotos-de-Roupas-Femininas-para-Terceira-Idade61.jpg

– Sim, sou eu. Mas quem é a senhora? - pergunto.

– Sou eu minha querida, Emma.

Busquei todas as pessoas da minha vida toda. Mas nenhuma possuía um nome tão delicado e bonito como este. E nem mesmo á conhecia.

– Desculpe, mas...

– Você disse para eu te encontrar aqui, neste momento. - diz ela.

– Desculpe senhora, mas acho que se confundiu.

Ela fica meio que pensativa. Mas depois me olha e diz.

– É estranho pensar que sou mais velha que você agora... Mas provavelmente não encontrou o livro ainda, por isto que não se lembre. Quero lhe entregar isto. - ela tira do pescoço, um lindo colar, e me da.

– É para mim.

– Sim. - diz ela, mostrando seu sorriso.

Observo o belo colar, que agora esta em minha mão.

– Não posso aceitar.

– Pode sim, por favor, um presente, por você ter chegado nesta família.

– Mas como... - antes de terminar a frase, Matt me chama de longe.

O olho por um segundo. Depois olhos para a senhora, mas ela se foi...

Flash Back off

Ainda não sei o por que deste colar, e por que ela me deu? Mas sinto uma coisa estranha nele agora. E algo especial por ele, desdo dia que ela me deu.

– O que foi Emily? - pergunta Matt.

– Vamos lá encima? - aponto para a porta a nossa frente.

– Não. Precisamos ir com ela. - nós olhamos para a atendente, que continuava andando, como se tivéssemos atras dela.

– Ela nem vai notar. - falei.

O puxei pela mão, e fomos andando - não, voando hihi - pelas escadaria.

– Senhores? - ouvi a mulher nos chamando, e voltando o trajeto.

Puxei Matt para dentro da sala, e fui junto. Fiquei olhando para ver o que ela faria.

Ela apenas olhou em volta, e deu de ombros, voltando ao seu trabalho, a unica coisa que sei que ela queria fazer.

Voltei para dentro da sala.

– Por que quis vir aqui? - pergunta Matt.

Penso um pouco, e digo:

– Apenas quis.

– Aqui é área restrita, não podemos ficar aqui.

Ele foi para a porta, mas o segurei pelo braço.

– Matt, nós já estamos aqui, vamos aproveitar.

– Aproveitar o que? Livros velhos, e com certeza chatos?

– Os livros nunca são chatos, as pessoas que não os compreendem.

Sem dizer uma palavra a mais, ele parou.

– Taaaa. Mas vai rápido, enquanto eu vigio a porta.

– Você é o melhor irmão do mundo.

Abracei ele, e dei um grande beijo. Mas isto durou pouco.

Fui ver os livros. Fiquei vendo cada prateleira, cada livro.

Até que um me chamou muita a atenção.

Ele era em branco. Apenas na capa tinha o numero "1910". O abri, e vi que não tinha nada em escrito.

Me ajoelhei no chão, deixando minha bolsa encostada do meu lado, e o livro na minhas pernas.

– Matt, vem cá. - o chamei, ele logo veio.

– O que foi? - perguntou ele vindo até mim.

– Olha esse livro, não tem nada escrito. - o mostro.

Ele pensa, e logo diz.

– Deve ser que ainda vai ser escrito algo ai.

– É.

Vou até a ultima pagina para ver se tem algo escrito lá.

Volto para a primeira. Até que vejo algo escrito. Leio com atenção.

"A menina Emily e seu irmão mais velho, questionavam o por que do livro não estar escrito nada..."

Depois de ler, uma luz começa á vir do livro.

– Matt, olha. - ele começa á estranhar aquilo.

– O que é isto? - pergunta ele.

– Não sei não.

Ainda seguro o livro, e vejo a luz ficar ainda mais forte.

Meu colar sai do meu pescoço e entra no livro.

Começa á abri uma enorme cratéria em baixo de mim. E então eu caio.

Tudo foi tão rápido, sem eu poder fazer nada.

Apenas escuto Matt gritando.

Fecho os olhos.

Não quero mais brincar de espionar!

E então, tudo para...

Abro os olhos novamente, vejo tudo escuro, mas ainda estou na sala. Matt não está mas ao meu lado. Só quem esta comigo, é minha bolsa, e o livro.

Me levando. Me sinto um pouco tonta, mas mantenho o equilíbrio.

Matt deve ter se assustado e ido pedir ajuda.

Pego o livro, e o coloco na bolsa.

Tento ligar para ele, mas só da fora de área.

Desso as escadas, sem ninguém perceber, claro.

Vejo pessoas com roupas antigas.

Que uniforme estranho,penso, por ser uma biblioteca bem antiga, devem ter tido essa ideia de criar um clima, gostei :)

Todas as pessoas me olham com desprezo e nojo. Nunca viram uma menina jovem?

– Olha mamãe, um palhaço! - grita uma menininha, apontando pra mim. Ela usava um belo vestidinho rosa.

A mãe á repreende, e vai embora.

Não pretendo me preocupar muito com esse tipo de coisas.

As crianças de hoje em dia não sabem muito da moda, mas nem devem saber, devem se preocupar com as princesas da Disney, e as coisinhas delas.

Vou para fora da biblioteca, e vejo que tudo mudou. As casa, ruas, roupas.

Vejo lindas mulheres elegantes, que usam belos vestidos, e caras joias, junto com belos rapazes, que usam longos chapéus, e com lindos paletós pretos.

Deve ser as passeatas que os jornais falam tanto. Mas não sabia que era de antiguidades.

Desso os degraus da entrada da biblioteca, e pergunto para a primeira mulher que vejo.

Que usa um belo vestidos, e não tem como não reparar em suas joias de diamantes.

– Bom dia senhora. Que tipo de passeata é esta? - pergunto tentando receber informações.

– Passeata?

– Sim. É do que?

– Minha querida, a unica que deve estar fazendo isto é você. Que vestimentas são essas?

Olho para a minha roupa. Não são tá assim... Um shorts de cintura alta, uma camiseta vermelha, com um casaquinho de listras preta e branca, e um salto alto vermelho.

Admito que ir para escola com isto, é meio assim, mas eu troquei quando cheguei lá.

– Desculpe minha senhora, mas acho que você não deveria falar comigo assim.

– "Você"? A moça está falando com uma senhora, não com seu criado, se tiver um.

– Tá, sorry. A SENHORA poderia me dizer que dia é hoje para estar havendo este tipo de coisa?

– Hoje é dia __ do mês __ e do ano 1910.

– Desculpe, mas que ano a senhora falou?

– 1910.

Comecei a sentir uma terrível tontura. Coloquei a mão na cabeça.

– Você está bem? - perguntou ela.

Não conseguia responder, minha cabeça doía muito.

Então, tudo ficou escuro.


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