Meu Pai escrita por Mariyas2


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Não sei se ficou muito boa, eu até gostei dela, não foi um dos meus melhores textos, mas não está ruim *-*

http://www.youtube.com/watch?v=_yGOf0ECBkk



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Olhei para o sol se pondo e suspirei. Estava cansado e ensanguentado devido à fuga que quase não deu certo. Peguei a sacola com as mercadorias roubadas (pão, carne, leite...) e voltei para casa. Meus irmãos vieram correndo ao meu encontro e vi minha mãe num canto nos observando.

-Mano! Nós vamos ter janta hoje? – perguntou o caçula, Nando, de apenas três anos.

- Sim, hoje vamos ter o que comer- respondi.

Alguns minutos mais tarde, depois de tomar um rápido banho gelado, nos reunimos ao redor de uma pequena e instável estrutura de madeira que servia como mesa e tivemos uma breve refeição. Minha mãe se retirou logo em seguida, alegando que iria orar.

Suspirei novamente. Infelizmente isso já estava se tornando um hábito, mas eu não pude me segurar. Desde o ano passado, quando uma chuva devastou nossa plantação, eu tive que roubar comida para sobrevivermos. Recomeçamos a plantação, mas ainda não temos o suficiente para nos sustentarmos. E toda vez que eu roubava, ela ia para o seu quarto e lá rezava por horas e horas, pedindo perdão à Deus pelo meu “pecado”. Que escolha eu tinha? Ou roubava ou deixava minha família morrer de fome!

Aos poucos, meus irmãos iam se retirando, levando os poucos utensílios domésticos, lavando-os, guardando-os e, por fim, indo para a cama. Fiz o mesmo.

Já na cama (se é que da pra chamar um colchão velho de palha no chão de cama), me deixei levar pelos pensamentos, pelas memórias, me lembrando de uma época, não muito tempo atrás, na qual eu não tinha tantas preocupações. Quem cuidava da casa, da família, era o meu pai. Ele não havia ido para escola (a qual eu faltava constantemente), era um pequeno agricultor, mas tinha um bom coração e trabalhava arduamente para nos sustentar. Lembro-me como se fosse ontem do dia em que ele morreu. No seu leito de morte, ele colocou a mão no meu ombro e disse que eu deveria ser forte, que chorar só o faria sofrer. Deu-me “boa sorte”, passando suas responsabilidades para mim. Falou ainda que havia feito o seu melhor e que eu deveria fazer o meu também.

Enquanto me afogava nessas lembranças, senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto e adormeci.

Marvin – Nando Reis

Meu pai não tinha educação

Ainda me lembro era um grande coração

Ganhava a vida com muito suor

E mesmo assim não podia ser pior

Pouco dinheiro pra poder pagar

Todas as contas e despesas do lar

Mas Deus quis vê-lo

No chão com as mãos levantadas pro céu

Implorando perdão, chorei

E meu pai disse: boa sorte

Com a mão no meu ombro

Em seu leito de morte

E disse: Marvin,

Agora é só você

E não vai adiantar

Chorar vai me fazer sofrer

Três dias depois de morrer

Meu pai eu queria saber

Mas não botava nem o pé na escola

Mamãe lembrava disso a toda hora

E todo dia antes do sol sair

Eu trabalhava sem me distrair

Às vezes acho que não vai dar pé

Eu queria fugir

Mas onde eu estiver

Eu sei muito bem o que ele quis dizer

Meu pai eu me lembro

Não me deixa esquecer

Ele disse: Marvin, a vida é pra valer

Eu fiz o meu melhor

E o seu destino eu sei decor

E então um dia uma forte chuva veio

E acabou com o trabalho de um ano inteiro

E aos 13 anos de idade

Eu sentia todo o peso do mundo em minhas costas

Eu queria jogar

Mas perdi a aposta

E trabalhava feito um burro nos campos

Só via carne se roubasse um frango

Meu pai cuidava de toda família

Sem perceber seguia a mesma trilha

E toda noite minha mãe orava

Deus! Era em nome da fome que eu roubava!

Dez anos passaram

Cresceram meus irmãos

E os anjos levaram minha mãe pelas mãos

Chorei e meu pai disse boa sorte

Com a mão no meu ombro em seu leito de morte

E disse: Marvin,

Agora é só você

E não vai adiantar

Chorar vai me fazer sofrer

Marvin, a vida é pra valer

Eu fiz o meu melhor

E seu destino eu sei de cor


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?



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