Anelli Vongola escrita por reneev


Capítulo 11
O véu branco do pecador - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Última parte do capitulo ''O véu branco do pecador''



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Os olhos azuis encararam os verdes por longos minutos, e ficaram ainda mais tempo, se um terceiro não fingisse estar limpando a garganta, recendo os olhares em sua direção. O guardião da nuvem deu um olhar significativo para seu chefe e este concordou com a cabeça, ele levantou-se e limpou o uniforme.

A discussão da vez estava relacionada com o fato de o mais velho não querer que o loiro voltasse para sua casa sozinho, já que havia desmaiado novamente. O mais estranho de tudo aquilo era a tal mulher misteriosa que fez a temperatura do baixinho voltar ao normal e em poucos minutos recobrar a consciência, permitindo que este pudesse assistir a todas as aulas do dia. Se assistir você considerar dormir na maioria delas.

– Fique ao menos para jantar em casa esta noite, meu pai ira fazer Suki-Yaki(1)

O moreno sorriu de leve ao ver os enormes olhos azuis brilharem e olhar timidamente para o moreno mais alto de olhos laranja que os encarava. O loiro cabou suspirando e concordou com aquela proposta; na verdade, não tinha mais nada em sua geladeira e não era um grande cozinheiro, e odiava ter que comer comida enlatada.

– Esta certo... Mas não dormirei lá!

Disse com convicção, se virando e caminhando em direção da casa do moreno de longas madeixas encaracoladas, deixando aqueles dois para trás, mas logo sendo seguido.

– Algum problema em ficar lá?

– Sim... Encontrei um gato e um corvo ontem na rua... estou cuidando deles, tenho que estar lá para dar comida e tratar dos machucados do Nero.

– Nero?

Acabou soltando a pergunta o guardião da nuvem, se sentindo observado novamente, acabando por desviar o olhar. A verdade é que se interessou por aquela conversa ao ouvir a palavra ‘’gato’’. Gostava muito desse animal e de certa forma aquele loiro lhe lembrava um.

– Sim... o corvo que encontrei ferido.

–Então eu te ajudo a cuidar dele

Disse o chefe de maneira calma, mas teve que desviar sua atenção ao sentir o celular vibrar. Pediu com licença e foi se afastando da dupla para atender.

Naquele momento, o loiro e o sério portador da chama da nuvem se encararam. O moreno estava gostando daquele silencio, e por mais que não reparasse muito nas coisas, os detalhes lhe chamavam a atenção, notando não ser ‘’ela’’, mas sim ‘’ele’’. Um garoto... Como não pôde perceber isso antes?

O loiro deu um passo para trás e franziu as sobrancelhas ao notar ser encarado com tanta intensidade, parecendo acordar o dono de olhos laranja que riu sem graça e chutou uma pedrinha, olhando para seu chefe, começando a perceber a rigidez de seus ombros. O assunto parecia sério.

O mais velho dos três desligou o aparelho e foi retornando com um sorriso nos lábios, que parecia forçado, mas nenhum daqueles dois se sentiu a vontade em perguntar o porquê daquilo e o que houve.

X-X-X-X-X-X-X-X-X

A peça do cavalo branco derrubou a rainha do adversário, tomando o lugar desta no tabuleiro.

– Xeque...

Os dedos finos e pequenos pegaram a peça do rei e o beijou rapidamente antes de derruba-lo e sorrir.

– Um rei nunca foge.

Aquele comentário fez o homem de cabelos brancos sorrir e concordar com a cabeça, olhando para os anéis do trovão, tempestade, sol, céu e chuva que estavam ao seu lado. Faltava tão pouco...

Ele ergue-se e caminhou até uma das paredes, onde um homem já de idade estava preso, com a cabeça abaixada e parecendo em outro mundo. Os olhos abertos, porém sem vida e sem brilho.

– Um rei nunca foge...

Repetiu as palavras da menina e levantou o rosto daquele homem, ficou o encarando por alguns segundos, mas logo teve que afastar sua mão antes que fosse mordido. Aquela reação o fez sorrir e começar a olhar pela janela.

– Amanhã à noite... pegaremos o anel branco...

– Tão cedo? Pensei que ele seria o ultimo... Sabe? Brincar um pouco mais.

Sorriu cheio de sarcasmo o homem musculoso de cabelos negros, que se encontrava apoiado na porta. Bem, seria divertido de qualquer forma.

– Depois de amanhã é lua cheia... É quando as bruxas gostam de aparecer... E eu não quero ser interrompido.

Sorriu de canto o platinado, retirando o cachecol roxo antes de sumir.

X-X-X-X-X-X-X-X-X

Um relâmpago iluminou aquela noite escura. As nuvens iam se juntando formando um redemoinho e todos os homens corriam e gritavam. Os olhos do guardião da chuva estavam vidrados naquele fenômeno.

Por outro lado, o capitão do navio estava bem calmo, sentado em um banco com as pernas apoiado em outro limpando sua espada. Parecia alheio a tudo que acontecia. Foi quando o segundo trovão cantou, que o moreno se levantou e agarrou o mais jovem pela cintura e foi o carregando até estar de pé na borda do navio, olhando para o mar.

Ethan gritava, protestava e tentava se soltar. O mar voltou a ficar violento e dele também surgir um redemoinho. Sentia a fina garoa lhe molhar, os ventos cortantes que tiravam o equilíbrio de muitos e arremessavam outros para outro canto. Mas o dono do navio permanecia calmo e com um sorriso confiante em seus lábios.

– Nossa carona chegou, pivete.

Antes que o portador da chama azul pudesse reclamar, o homem pulou no mar levando ele consigo, e então aquele clarão tão característico surgiu.

Quando abriu seus olhos novamente estava todo encharcado e em seu quarto, com o livro aberto em uma cena de uma tempestade, entretanto não pôde pegar de volta o objeto, já que alguém se apossou deste muito mais depressa e o fechou sem nem pensar duas vezes.

Ao reparar que aquele capitão maluco estava ali também, levou um susto, e gritaria, se conseguisse é claro, já que sua boca foi tampada e o mais velho fez sinal que fizesse silencio. Respirou uma, duas, vinte vezes, antes de se acalmar e poder se ver livre da mão do outro.

– Por que veio?

– Digamos que eu tenho um assunto inacabado por aqui.

Foi sua única resposta, antes de ouvir o barulho de alguém batendo na porta. Andou de forma cautelosa até a abertura e viu sua empregada com os olhos marejados se jogar em cima de si e falar rapidamente coisas como: ‘’meu deus, que bom que esta seguro’’, ‘’onde estava?’’ e ‘’fiquei tão preocupada!’’

Por quanto tempo ficou fora?

Antes que pudesse olhar para trás, sentiu a brisa gelada do outono adentrar seu quarto, se vendo sozinho ali com sua empregada.

X-X-X-X-X-X-X-X

Sato estava com um mau pressentimento. Teve uma noite agradável ao lado de seu pai e daquele loiro irritadinho, mas mal conseguiu pregar os olhos à noite por causa daquele telefonema. E não foi surpresa alguma acordar com bolsas debaixo de seus olhos, o que preocupou seu pai e teve que contar o que estava para acontecer.

Por mais que aquele tipo de discussão fosse o que causou o divorcio de seus pais, o mais velho apenas suspirou e disse que deixaria aquela resposta na mão de Sato, não o obrigaria a nada e disse que ele deveria seguir seu coração.

Ainda estava preocupado, não sabia se devia aceitar. Aquilo era um fardo muito pesado. Mas entendia perfeitamente as circunstancias e se via sem saída. Era aceitar ou aceitar. Caminhava pensativo o caminho todo, nem reparando no milionário que se juntou em sua caminhada, só o notou porque ouviu a voz de alguém muito alterada, fazendo com que parece de andar e olhasse surpreso para seu lado direito.

– Kuso-Jones (2) ! Onde diabos estava quando precisávamos de você?

A platinada agarrou o uniforme do moreno e o levantou, seus olhos vermelhos estavam raivosos e Sato teve que agir rápido antes que houvesse sangue espalhado tão cedo pela manhã. Conseguiu afastar aqueles dois com a ajuda de sua guardiã da tempestade, que só de aparecer fez a da névoa dar um passo para trás um pouco corada e parecer mais calma.

– Certo certo... vamos nos acalmando...

Naquele momento o jovem guardião da nuvem encontrou o grupo e suspirou. Tão barulhentos. Ele e sua oposta, a dona das chamas vermelhas, se olharam, mas logo desviaram a face, olhando para o outro lado como se não se suportassem. Era estranho serem tão diferentes em todos os aspectos de personalidade possíveis. Eram literalmente opostos.

– Onde estava seu merda?! Quase morremos e você nem atendeu a bosta do celular!

Continuou a falar nervosa a dona dos olhos vermelhos, fazendo com que todos se calassem e olhassem para o milionário. A ultima a chegar foi a guardiã do sol. Ninguém tinha marcado nada, mas por alguma razão todos se encontraram na esquina do colégio.

Aquilo estava chamando muita atenção, fazendo com que o futuro chefe suspirasse e mandasse todos irem para o terraço para continuar aquela discussão. Na metade do caminho acabou vendo um pequeno loiro conhecido lendo um livro em um dos bancos do pátio, mas este não pareceu lhe ver. Acabou ficando um pouco aliviado com aquilo.

Quando chegaram lá, tiveram a surpresa de ver os dois príncipes mais um estranho vestido de pirata em pé, se encarando com certa fúria, apenas o estranho estava com um sorriso divertido nos lábios. Mas assustados mesmo ficaram com a voz que veio atrás deles, os obrigando a pular para frente, levando os jovens ao chão e trazendo a risada do idoso sem dentes.

Logo atrás, Reborn adentrou e cumprimentou a todos em silêncio, apenas com o movimento de seu chapéu. Tabolt parou de rir e se aproximou daqueles três homens, se colocando entre eles e olhando os colegiais.

– Quero lhes apresentar Nereu(3), ele não tem sangue real como esses dois –apontou para o príncipe do sol e dos dragões – mas é tão forte quanto eles, e foi conhecido como o rei dos mares...

Aquele nome fez Ethan arregalar os olhos, conhecia e gostava de mitologia, e ao reconhecer aquele homem, aquele nome parecia ter sido atrelado a ele perfeitamente.

– Obrigado por cuidar do nosso guardião da chuva incompetente

Foi a vez de Reborn falar, chamando a atenção de todos os mais jovens, que estava com seus queixos quase no chão de tão surpresos por ver aquele hitman agradecendo a alguém. Aquilo fez o pirata rir com gosto, o que pareceu irritar ainda mais Halaka.

– Antes que aqui comece uma guerra sem fim... O que esta fazendo tão longe de seu navio?

– Digamos que eu... me interessei pela causa e quero ajudar.

– Poupe-nos de suas mentiras!

Disse ríspido o de olhos roxos, com suas pupilas já finas, pronto para iniciar uma luta ali mesmo, mas o capitão apenas sorriu de forma sarcástica, colocando a mão na bainha de sua espada.

– Com um preço é claro...

O dragão apenas revirou os olhos e foi caminhando em direção das grades. É claro que aquele capitão não faria nada de graça. Mas se aqueles dois príncipes fossem honestos, nem eles estavam fazendo aquilo sem nenhuma intenção por trás.

– E qual seria? – o futuro chefe disse de forma séria, o que fez o hitman do sol sorrir e chamando a atenção de seus guardiões.

– Vocês não podem me oferecer agora... Na verdade... Eu estou depositando minhas fichas, não sei se terei o retorno de volta...

– Uma aposta no destino... – disse o velho joalheiro.

– nada mais divertido e desesperador, não é mesmo?

– E como irá nos ajudar?

Perguntou o velho sem dentes. O moreno retirou o pequeno anel de perola de seu bolso, fazendo com que os príncipes parassem de respirar e olhassem com os olhos arregalados. Eles sabiam o quanto aquele anel significava. O que seria tão importante que ele estava apostando aquilo por algo tão incerto? Tal estado de estupefatamento não passou despercebido pelos demais, mas nada puderam perguntar.

O capitão apertou a pedra em sua palma e uma aura azul cobriu sua mão. As nuvens em cima de sua cabeça se tornaram escuras e só chovia em cima de si, e quando ele abriu seus dedos, revelou, não mais uma perola, mas uma pedra azul, envolta de chamas de mesma coloração.

E assim jogou o anel em direção do jovem milionário, que quase deixou o objeto cair no chão.

– Estarei esperando pelo meu prêmio.

O pirata se curvou, como se estivesse em frente da realeza, mas aquele sorriso apenas demonstrava o quanto estava zombando daquela cena e pulou em cima da grade sumindo conforme saltava.

O vento frio do outono carregava algumas folhas secas, mas aquele anel ainda queimava e ardia. Ethan sentia como se ele estivesse chorando, mas de certa forma, se sentiu mais forte naquele momento.

X-X-X-X-X-X-X-X

Já havia anoitecido. E aquele sentimento não largava o futuro chefe da família. Futuro... Em poucas horas seria condecorado chefe oficialmente. Balançou a cabeça tentando afastar tais pensamentos e assim que ouviu uma buzina, saiu de sua casa.

Vestia um belo terno, providenciado pelo melhor hitman do mundo. Era totalmente negro, até mesmo sua camisa que por baixo estava, a única coisa que dava cor era a grava laranja, com um broche de uma concha nela e seu cabelo era amarrado com a costumeira fita amarela e vermelha. Ao entrar no automóvel viu seus guardiões já nele.

Sua guardiã do sol estava um pouco corada, com as mãos agarrando seus joelhos, e o líder teve que concordar que aquele vestido dourado caiu perfeitamente nela. Era longo, não era justo, o que era muito bom no ponto de vista de Akira, já que não marcaria nenhum de seus músculos, e possuía mangas cumpridas. Seu cabelo curto preto permanecia solto e um baixo sapato branco se encontrava em seus pés, que estavam suando de tanto nervosismo.

Misth estava o total oposto de sua colega mexicana, não estava nada casta. Seu vestido era curto e colado, na cor índigo. O vestido era de alcinha, e possuía um belo decote, revelando uma parte de seus seios, o que praticamente todos já estavam acostumados a olhar, uma vez que ela vivia com os botões da camisa do uniforme abertos até aquela altura. Apesar de tudo aquilo, seu cabelo estava solto e com leves cachos nas pontas que eram brancos, e em seus pés estava uma bota preta de salto grosso e baixo.

Akio era outro exemplo de displicência. A gravata roxa estava frouxa, o primeiro botão da camisa negra um pouco aberta, o cinto caído sobre a calça formal preta, fora os inúmeros anéis e brincos e a sua já conhecida gargantilha de couro. E é claro, de tênis. Ele estava no banco mais afastado de todos, olhando pela janela de forma despreocupada com as pernas cruzadas.

O vestido vermelho de Giulia destacava-se ainda mais por causa de sua pele branca e cabelos negros, que nesse momento estavam presos em um coque bem feito na qual era preso com palitos e na ponta deles havia um pingente de um coelho prateado. Havia seu costumeiro coelho, presente de sua falecida mãe, pendurada na saia rodada, enquanto o decote era tão avantajado quando de sua companheira de armas da névoa. Trazia nos pés uma sandália de tiras negras e parecia entediada jogando em seu celular e arrumava constantemente a echarpe rubra, que por causa da porta aberta a fazia sentir frio devido ao vento.

Ethan, assim como o futuro líder, era o mais comportado ali. Usava seu terno perfeitamente, carregando uma gravata azul, e sua camisa de baixo era branca. Olhava seu novo anel, só desviando sua atenção quando viu o moreno sentar-se ao seu lado. Sorriu de leve para ele e sentiu o carro se movendo.

O último era Ryuji, que estava também com uma camisa branca, mas sua gravata era do estilo borboleta e com a cor do trovão, verde. Sua cabeça ainda estava enfaixada, mas nem por isso deixava de ficar jogando cantadas nas meninas, fazendo com que a lutadora de luta livre ficasse ainda mais vermelha, Misth quisesse o matar e Giulia apenas inflasse seu ego.

O caminho seria tranquilo se não tivesse sentido algo caindo em cima do capô do carro, fazendo com este virasse para frente, arremessando todos os passageiros nessa direção. Akio que estava mais próximo de uma das saídas empurrou o corpo de Giulia para o lado, já que ela estava em sua frente e foi arremessada em seu colo com o impacto, abrindo a porta.

Os outros logo o imitaram, vendo um homem com uma mascara cobrindo a boca em cima do motor que estava todo amaçado. Ele estava com os joelhos flexionados, com os braços descobertos, apenas com uma regata e uma calça militar, fora seus coturnos. Seu cabelo era negro como uma noite escura, sua pele um pouco bronzeada e repleto de músculos.

Todos podiam sentir uma força nele que não sentiram contra aqueles que lutaram há poucos dias, talvez se comparecesse com o albino que surgiu no último segundo, mas mesmo assim, só sua aura fez todos entrarem em posição de defesa.

O futuro chefe da família sentiu o coração bater mais forte e outro pressentimento. Teve a imagem do garoto que se assemelhava com o gato, fazendo com que apertasse ainda mais seus punhos. Ele ainda não possuía um anel, já que nem mesmo os comuns possuíam as chamas do céu e só receberia o anel Vongola naquela noite.

– sabe o que ira acontecer não é mesmo, boss?

Praticamente cuspiu aquele vocativo então retirava o lenço de sua boca, deixando visível o sorriso sarcástico. Ele levantou-se e saiu daquele monte de metais, deixando o óleo ir escapando e caindo no asfalto.

O homem abriu os braços e foi andando sentindo o vento frio em sua pele, mas parecia não se importar. Aquela frase fez com que um estalo passasse na mente do moreno de longas madeixas, era como se o outro estivesse lendo sua mente, antes que ele pudesse se virar para sair correndo até onde seu amigo estava o corpo do maior se colocou em sua frente.

– Mas é claro que... Eu não vou deixar.

Ele sorriu sarcástico, dando um soco no portador das chamas do céu, que o arremessaram para longe. Akira correu na direção dele, o segurando e vendo que este cuspiu um pouco de sangue o ajudando a se levantar.

Giulia pegou uma das adagas que estavam embaixo de seu vestido, a envolvendo em uma chama vermelha e a arremessou na direção do outro, que evaporou assim que o metal se aproximou do moreno. Os olhos azuis dela se arregalaram e deu um passo para trás assustada, mas ficou assombrada quando viu aquele homem enorme ressurgir na sua frente.

– Bu...

Ela foi agarrada pelos ombros, recebendo uma cabeçada que levou-a até o chão a deixando completamente zonza.

X-X-X-X-X-X

– Onde estão aqueles imbecis?

Uma irritada morena dirigia um carro preto enquanto olhava pela janela a procura de alguém. Já era para a futura família ter chego e nenhum deles atendia os celulares, nem mesmo o motorista. Aquela situação estava estranha e antes que Tsuna e seus guardiões se preocupassem, Lambly pediu permissão para Reborn ir procurar os mais jovens.

O GPS da limusine também não estava funcionando, fazendo com que a morena franzisse a sobrancelha e apertasse mais forte o volante, antes de virar uma esquina pisou fundo no freio ao ver algo voando na sua frente.

Retirou o cinto com pressa e quando saiu do veículo e viu o que estava diante daquela esquina, todas suas duvidas foram respondidas; Retirou da faixa de sua coxa um pequeno bastão prateado, na qual ela apertou um botão começando a sair vários raios, e logo foi envolvido por suas chamas verdes, aumentando a potência daqueles choques.

Lambly não era do tipo de garota que esperava uma explicação para o que estava acontecendo, se aquilo parecia uma briga, ela iria lutar com todas suas forças, se fosse um mal entendido, ela simplesmente pediria desculpas. Depois de perder seus pais ela nunca esperava o inimigo a atacar, ou ficava vendo seus companheiros apanhando. Era seu jeito de ser, de se proteger.

Aquele estranho estava bem diante de seus olhos, de costas para si, distraído tentando socar a face do futuro guardião do trovão, que usava as chamas verdes como um escudo. Seus olhos se encontram com o do rapaz, que apenas deu um sorriso de canto e entendeu a mensagem.

Enquanto a garota estava no ar com a arma apontada para as costas do inimigo, Ryuji ficou se protegendo com um dos braços, enquanto com a mão livre foi criando uma bola de energia. Eles contaram e esperaram.

E então o atacaram juntos.

A filha do antigo e falecido guardião do Trovão da Vongola não se envergonhava de atacar alguém pelas costas, ainda mais depois de ver o estado de seus amigos, todos feridos ou caídos. Às vezes as circunstancias te da uma oportunidade e você deva acata-la.

O homem gritava de dor, todo seu corpo tremia e era envolvido pelas chamas verdes e elas só sumiram quando o corpo deste caiu no asfalto e estava repleto de queimaduras. A mais velha do grupo ajeitou o cabelo, e encarou os adolescentes. Ela suspirou e antes que pudesse falar algo, sentiu seu tornozelo ser agarrado com força e ser puxada com violência.

Quando a mulher caiu, pôde ver o sorriso sarcástico e maldoso daquele que pensou ter derrotado,

– Você é igualzinha a seu pai... Só faltam os chifres.

Aquele comentário fez os olhos verdes da garota se arregalarem e uma raiva se apoderar dela, antes que pudesse erguer o punho para soca-lo, aquele homem cheio de músculos retirou dois pares de chifres que uma vez pertenceu a seu pai, o que fez lágrimas se juntarem em seus olhos.

– Será que vai gritar tanto quanto ele?

Ele saltou, sem se importar com suas feridas, levantou junto a morena e pegou impulso ainda no ar, a jogando no chão fazendo com que ela saísse rolando, ouvindo o barulho de seus ossos se partirem. Quando ela parou sentiu algo caindo em frente de si, quando ergueu os olhos estava lá, os adereços de seu progenitor.

Ela ergueu sua mão tremendo e pegou o objeto, colocando com dificuldade em sua cabeça e sorriu. Sentiu alguém a erguer e pode reparar ser o futuro guardião da nuvem. Acabou sorrindo de canto. Definitivamente Hibari não faria aquilo.

– Vão...

Falou baixo, mas firme. Sua cabeça estava abaixada e suas madeixas cobriam todo seu rosto, mas não foi preciso outra ordem. Trovões começaram a ressoar e todo seu corpo ser envolvido por raios e uma chama verde. Akio teve que se afastar e ir tapando seus olhos por causa da claridade.

– Vão!

Gritou e um raio caiu em um poste, fazendo com que chamas surgissem brevemente antes desse cair, arrebentando os fios negros deixando várias casas do perímetro sem luz. Aquele homem queimado apenas riu com escarniu e parou em sua frente aceitando o desafio.

– Acha que consegue me parar sozinha?

– parar? Eu irei te matar!

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

Pablo estava com seus costumeiros shorts curto e meias de lã 7/8. Estava parado em frente da pia com uma caixa de massa para bolo em suas mãos o lendo enquanto provava a massa. O gato branco começou a ronronar e a se esfregar nas pernas do loiro, que apenas sorriu e deixou a colher no pote.

– Não posso te pegar agora Belyy, estou cozinhando.

Piscou para o pequeno felino que apenas rolou no chão fazendo charme. Aquilo fez o dono rir um pouco, mas reparou que o corvo estava silencioso o dia inteiro e o encontrou encarando o lado de fora pela janela. Foi se aproximando da ave e analisou a assa deste. Talvez quisesse voar.

– Desculpe Nero... Acho que é perigoso ir agora no seu estado, tente aguentar firme, ok?

Acariciou as penas deste, tendo que ir lavar as mãos em seguida para voltar a cozinhar, mas antes de chegar ao cômodo, ouviu o gato começar a rosnar e um bater de assas junto de berros. O loiro virou-se e encarou os animais nervosos encarando a janela.

Nero não conseguia voar direito, mas se esforçava para arranhar a janela, e a todo o momento voltava a cair no parapeito, mas foi Belyy que correu para frente do russo, ainda rosnando e começando a crescer, olhando ao redor como se esperasse um ataque.

– Ei... O que esta acontecendo?

Começou a ficar preocupado, andou até a janela a abrindo, mas sentiu um golpe de ar muito forte, fazendo com que voasse para trás e batesse as costas com força na parede oposto os vitrais. De lá entrou um homem de um curto cabelo branco e olhos violetas, sorrindo e com um levantar de dedo fez com que o gás do fogão se ligasse.

– É uma pena não poder experimentar seu bolo.

E assim desapareceu, trancando as portas e as janelas e aumentando a quantidade de gás que vazava. O e estrangeiro correu até o fogão para tentar parar com o vazamento, mas os botões estavam todos desligados, olhou a mangueira e dela não passava nada. Tentou abrir as janelas e as portas, mas todos estavam bloqueadas e por mais que forçasse nenhuma delas se abria. Tentou até mesmo quebrar os vidros, mas estes pareciam mais resistentes do que antes.

O ar começou a lhe fazer falta, ainda mais por estar se esforçando tanto e a entrar em desespero. Caiu de joelhos no chão, começando a ver tudo embaçado e a ouvir miados e piados bem distantes. Antes que perdesse totalmente a consciência, sentiu-se ser envolvido por algo.

O albino estava olhando para seu relógio e sorriu de canto, estralando os dedos e ouvindo uma explosão, ele viu as chamas consumindo o que fora uma casa bem na sua frente. Ele assistia tudo àquilo de camarote, em cima de um poste.

Foi quando viu sete crianças indo naquela direção correndo. Tal visão fez o dono das mexas brancas crispar os lábios e saltar para alcançar o chão.

– Nem para parar insetos aquele energúmeno presta...

Ficou esperando eles se aproximarem, e já estava preparando a risada histérica para quando aqueles jovens vissem o corpo em chamas de um civil, de um amigo.

O primeiro a chegar foi Sato, que engoliu em seco ao ver a cena, procurava com seus olhos o pequeno loiro, o encontrando desmaiado no chão, ele estava de bruços, não podendo ver as condições dele, mas todo ao seu redor era destruição, a madeira queimada e cinzas. Podia ver resquícios de sangue no asfalto, assim como uma poça rubra perto do corpo.

Aquilo fez o sangue do futuro chefe ferver, ele não se importava mais com sua posição, com o fato de não ter um anel. Ouvir a risada de um estranho o enfureceu e percebeu que este era o responsável. Correu até ele mais rápido do que jamais correu, ergueu seus punhos com tanta raiva que jamais pensou existir dentro de si.

Todos olhavam admirados em como o portador da chama laranja lutava bem, e como aquele albino tinha que se desviar dos golpes, recebendo alguns, mas todos ele conseguiu barrar. O estranho não parecia nada feliz com aqueles acontecimentos, envolvendo uma chama vermelha em sua mão e a arremessando.

Se não fosse por Giulia que se jogou no maior, aquilo teria acertado seu chefe, e o destino que foi de uma arvore que estava mais atrás, explodindo, seria o do moreno. Aquele ser tão calmo que era o símbolo do céu estava furioso, cego por uma cólera que assustou a guardiã da tempestade.

E antes que o moreno pudesse dar mais um passo, viu Ethan, Akio, Ryuji e Misth na sua frente, todos com suas respectivas armas. Sentiu um calor um pouco atrás de si, vendo Akira envolta pelas chamas do Sol tentando curar o pequeno russo.

O loiro de olhos verdes ativou sua box, saindo de lá seu tigre que rugiu e foi correndo na direção do inimigo, que corria de costas, tentando desviar das chamas deste.

– Vamos ver o que temos aqui...

Ethan disse, e abriu sua box azul, saindo de lá dois corvos, um de olhos verdes e outro de olhos vermelhos, igual ao sonho que teve naquele navio. O moreno lembrava-se de seus ensinamentos, sabia que as chamas da chuva desaceleravam quem era atacado, e foi isso que fez. Tirou a espada que recebeu daquele capitão estranho antes de sair de casa, vendo aquela ave de olhos vermelhos de acoplar a arma, e o inglês pode jurar que a sentiu mais poderosa, assim como o tamanho de suas chamas azuis aumentaram.

Os dois rapazes atacavam juntos e conseguiram fazer o albino perder velocidade, facilitando o ataque de chamas que Ryuji mandou com seus punhos e o arranhão que o tigre deu na face do estranho. Giulia envolveu suas duas adagas com chamas vermelhas e abriu sua box. Era a primeira vez que veria o que de lá sairia.

Qual sua surpresa ao ver uma água branca com olhos da mesma tonalidade de suas chamas surgir, ela se sentiu conectada naquele momento, sua visão melhorou milhares de vezes, e podia ver o corpo do albino como se este estivesse parado, como um mapa, analisando todo seu corpo, conseguindo enxergar um ponto fraco. Ela sorriu de canto e declarou:

– São as chamas da tempestade que destroem a tudo!

E com isso, as adagas foram arremessadas, acertando o peito e a barriga do estranho, logo todo o corpo deste foi envolvido em chamas vermelhas, que pareciam consumir o corpo deste.

– Sato!

Gritou a jovem lutadora de luta livre, chamando a atenção de todos, que correram para ver o que era vendo o corpo do pequeno loiro envolto por braços desconhecidos. Era uma mulher de longos cabelos vermelhos, que estava flutuando e irradiava uma aura muito mais ameaçadora do que as dos inimigos anteriores.

– Me passe o anel branco e deixá-lo-ei vivo...

– Anel?

Os olhos do líder se arregalaram e sua mão correu para dentro de seu bolso, sentindo o pequeno anel alvo muito mais gelado do que o dia em que o recebeu. O retirou de suas vestimentas e viu o quanto este brilhava.

Um pequeno barulho nos escombros fez todos dirigirem sua atenção para lá, e debaixo de pedaços de gesso e cimento, saiu um gato branco todo sujo e ferido. O felino foi andando com dificuldade, mas rosnou e aquilo fez o anel brilhar mais ainda.

Algo parecia envolver o pequeno animal, até que este se transformou em uma sombra, a mesma da noite no colégio e disparou em direção da mulher que conseguiu se desviar, mas não saiu ilesa.

Quando esta alcançou o chão, viu seu ombro completamente congelado e aquilo pareceu irrita-la. Logo todo o lugar foi ficando negro como a noite, gosmas roxas escuras faziam com que os corpos dos guardiões fossem afundando pouco a pouco, e quando mais estes tentavam se livrar mais rápidos iam adentrando naquele lugar.

Os olhos azuis do loiro iam se abrindo devagar e encararam o rosto de Sato, que parecia tenso, mas tudo em sua volta ia adquirindo uma coloração laranja e a gosma ia assumindo a mesma tonalidade, começando a desaparecer. Era a harmonia do céu.

A ruiva urrou e fez mais sombras atacarem os colegiais, o gato se pôs na frente, congelando todos os feixes negros, menos um, que conseguiu alcançar o anel branco e voltou para trás com este.

O que a mulher não contava, era com o fato de o anel brilhar ainda mais forte na presença do russo e que uma forte luz a empurrasse para trás. Todas as sombras sumiram e deram lugar ao gelo. Neve começava a cair com violência, como se estivessem no inverno presos em uma tempestade.

O vento mudou sua direção e se tornava mais frio. Um feixe de luz surgiu no céu e começou a sugar a ruiva, que tentava se agarrar em qualquer coisa, mas aquilo parecia ser bem mais forte do que ela. Quando seus olhos magenta se encontraram com os azuis do pequeno loiro, ela foi completamente congelada.

Blocos de gelo iam flutuando e se encaixando, e então... Um grunhido alto, e o barulho de algo se mover. Era um boneco de gelo gigante, que carregava uma foice e ia andando pela cidade, e tudo onde pisava se congelava.

As chamas vermelhas que destruíam o corpo do albino se apagaram e a foice de gelo penetrou o corpo alheio, vendo este cuspir sangue e todas suas forças se esvaírem. E assim continuou o gigante de gelo, avançando, parecendo com um destino certo.

O corpo de Pablo estava flutuando e correntes de ar o rodeavam, flocos de gelo caiam em cima de si e seus olhos perderam a vida, como se não fosse ele quem estivesse fazendo aquilo.

Sato correu até aquele corpo pequeno e tentou se aproximar deste, mas todo vez era repelido e jogado para trás. Ele bateu o punho contra a rua repleta de neve e se amaldiçoo. Novamente as chamas do céu se fizeram presentes e o moreno voltou a tentar se aproximar.

Os ventos iam se enfraquecendo, até se tornarem brisas suaves, e assim o futuro líder da família Vongola pôde pegar no colo o loiro. O gigante de gelo parou de e mover e foi se desmontando, tendo o gelo se quebrado em vários pedaços quando alcançou o chão.

A luz ainda era forte, mas foi diminuindo conforme o aperto do abraço se tornava mais forte, até o corpo do estrangeiro parar de flutuar, tendo apenas os braços do mais velho para lhe apoiar.

O moreno ajoelhou-se no chão, ainda carregando o corpo gelado de seu amigo, podendo reparar só agora que o anel branco estava em um de seus dedos, mais brilhante do que quando estava consigo e acabou sorrindo de leve. Seu ultimo guardião estava bem embaixo de seu nariz e ele não percebeu.

Toda a neve foi desaparecendo, se tornando água e em poucos segundos as poças também desapareceram, mas o corpo gelado do loiro permanecia na mesma temperatura, fazendo com que Sato retirasse seu terno e o colocasse no corpo menor que o seu.

Um trovão alto soou e um brilho forte tocou no chão, junto de uma explosão. Todos estavam assustados, mas recordaram-se que era naquela área que Lambly lutava com o estranho. O primeiro a se levantar e sair correndo foi Ryuji e logo atrás foi Akio.

Akira ficou repartida, não sabia se devia ficar e ajudar o loiro, ou se ia até a morena, prevendo que ela estivesse machucada. Seu chefe não parecia disposto a largar o corpo do outro, e lágrimas já caiam dos olhos deste.

Ela se virou para trás quando sentiu uma mão pesada em seu ombro, e ela saiu correndo na direção de seus dois amigos que estavam mais afrente, deixando aquela situação com o recém chegado.

– Sato...

Tentou começar o príncipe do Sol, mas o moreno apenas envolveu o corpo do russo mais, como se estivesse o protegendo de qualquer outro perigo. O futuro chefe não ouvia mais os batimentos do loirinho.


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Notas finais do capítulo


Notas:

1- São cozidos variados de carne peixe, frango, que podem vir acompanhados de com legumes, tofú e cogumelos. As panelas em que são servidos na mesa também podem variar de acordo com o pedido: de ferro ou barro. 


2-Misth chama todos de Kuso(merda) + sobrenome ou posição da pessoa. Se fosse um professor seria Kuso-sensei e assim por diante.


3 – Era para eu ter explicado o significado desse  nome capitulo passado, mas como eu esqueci, aqui esta a definição: Na mitologia grega, Nereu é um deus marinho primitivo, representado como um personagem idoso – o velho do mar. É conhecido por suas virtudes e por sua sabedoria. Píndaro celebra sua justiça benfazeja, daí seus epítetos "verídico", benfazejo", "sem mentira nem esquecimento". Tem o dom da profecia e, como outras divindades, pode mudar de aparência. 


Essa foi a parte dois!

Espero que tenham gostado :3 O que será que vai acontecer agora minha gente? Esperem pelo próximo capítulo e não esqueçam de comentar ;)

Bjs

Sz



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