Haunted House escrita por Haunted House, Angel of Silence


Capítulo 6
Natasha Romanov


Notas iniciais do capítulo

Por Angel of Silence
Em homenagem à Jessica Rose!



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Reprimir um grunhido de impaciência foi impossível para Natasha. O apartamento era pequeno, decepcionantemente pequeno. Isso não era necessariamente um problema, desde que a russa tivesse um espaço para ela. Não era como se o emprego lhe desse oportunidade de ficar à toa vendo filmes na Netflix e engordando. Não era como se o fato de ter nascido na família errada com o sexo errado e na hora errada lhe desse oportunidade de não olhar por cima do ombro a cada dois passos.

Não, ela podia lidar com quase qualquer lugar em que fosse jogada. Por exemplo, um porão fedido e tão pequeno que ela não podia ficar de pé - com seus gloriosos 1,47 - , ou então uma cabana no meio do nada com um quarto, um banheiro e uma cozinha. Hipoteticamente falando.

O grande problema era que ela estava confinada à um apartamento de três quartos, uma cozinha e um banheiro com duas garotas frescas cujo QI era menor que o número de amigos vivos de Natasha Romanov (três).

"Eu não vou conseguir fazer isso", ela disse, na porta do apartamento, as costas gritando em protesto ao peso que ela carregava. 

Clint lhe deu um sorriso encorajador. "Claro que vai. Quantas vezes você disse que não conseguiria fazer alguma coisa e fez?"

Ela fez uma careta, que não tinha em todo a ver com suas dores.  De certo modo, Clint tinha razão, mas ela nunca havia tido, em nenhum dos casos, a opção de recuar, ou de errar. Uma das primeiras lições do seu pai foi, Não cometa erros, porque erros resultam em morte. E ele sabia muito bem quem ela não podia deixar morrer. Não era uma questão de ela mesma sobreviver - sua vida não valia muita coisa. Ser responsável pela própria morte, ela aguentava, mas não a morte de outra pessoa, especialmente dele. "Era diferente", ela disse. "Eu tinha um motivador."

"É", Clint concordou, mas era óbvio que não acreditava em uma sílaba que saíra da boca dela. "Tente ser simpática."

"Não prometo nada", Natasha respondeu, e tirou a chave do bolso. 

*

"Estou assumindo que não deu certo."

Se olhares matassem, Clint já teria virado pó, voltado à vida e morrido de novo. "Brilhante dedução", Natasha disse friamente.

Clint se levantou, se espreguiçou e passou a mão pelo cabelo curto e castanho claro, quase loiro. "Você não durou uma semana", ele comentou, pegando algumas malas dos braços de Natasha. 

Ela sacudiu a cabeça. "Claro que não. Mas eu não atirei em ninguém, então eu mereço algum tipo de prêmio."

"Vou pegar a bebida."

Duas garrafas de cerveja depois, os dois estavam se sentindo muito mais confortáveis, o sofá preparado para ser a cama de Natasha Romanov até ela encontrar um outro lugar para morar. Ela ria das piadas estúpidas de Clint, os dois imersos no companheirismo que havia nascido doze anos antes, quando ambos tinham 12 anos, e Natasha conquistou a amizade dele chutando as bolas de um quarterback do segundo ano, que estava perseguindo Clint junto dos outros idiotas que ele chamava de amigos.

Rapidamente, brigar na escola se tornou um dos passatempos preferidos dos dois, e agora, com 24 anos, seus gostos não haviam mudado muito.

"O que você vai fazer?" Ele perguntou, quando os dois haviam se acalmado de outra piada sem noção e estavam vermelhos de tanto rir. "Você sabe que pode ficar aqui o quanto quiser, mas eu sei que você não vai querer ficar muito tempo."

Natasha sacudiu a cabeça, mordendo o lábio. Ele a conhecia tão bem que era quase assustador. "Não quero depender de ninguém. E vou ter que olhar por aí, certo? Deve ter alguma coisa que preste nos jornais."

Clint não conseguiu evitar ficar um pouco desapontado. Gostava da companhia dela, mas sabia que ela se sentiria como uma sanguessuga se ficasse por muito tempo. E também sabia que ela não ficaria longe, de jeito nenhum. Eles se vistavam o tempo todo, trazendo cerveja e comida chinesa, exceto quando ela tinha que trabalhar. 

Antes, até precisamente os 18 anos de Natasha, era mais difícil. Ela estava presa, precisava se manter isolada e era constantemente enviada à serviço d'O Último Império. Por outro lado, desde que escapou deles, havia ganhado um pouco mais de liberdade e o risco que sua vida corria 24 horas por dia havia sido um pouco reduzido. Não completamente eliminado, nunca. Ela era uma Romanov, estava condenada a ser eternamente perseguida. Teria sorte se quebrasse o recorde de vida dos Romanov (42 anos).

O estômago de Clint despencou com o pensamento, mas o sacudiu para longe. Melhor aproveitar o presente do que se preocupar com o futuro, ele disse a si mesmo, então sorriu e se levantou para pegar mais bebida da geladeira.


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