Annabeth

Mari levou um bom tempo cuidando de minha mão, não pude negar que fiquei grata a Mari por isso, acredito até que tenhamos criado um elo de amizade, o que me surpreendeu bastante. Minha mão estava engessada e Percy não saía de perto de mim, ficava se culpando dizendo que poderia ter chegado antes se não fosse a lerdeza da Mari e aquele maldito degrau, sendo que, na minha opinião, eles haviam sido bem rápidos para quem não estava a vista em lugar algum.

-É sério, Percy, eu estou bem?- falei pela décima vez. Percy assentiu.

-Tudo bem, você está bem!- ele suspirou. Olhei para ele e sorri, me aproximei dele e lhe beijei a bochecha. Percy olhou para mim.

-Eu tenho tanto medo de te perder!-disse ele com a voz quase não passando de um sussurro. Senti meu coração dar um pulo.

- Eu também tenho medo de te perder!- Percy sorriu e se aproximou de mim, nossos rostos já estavam a centímetros, podia sentir o calor que emanava de sua pele e...

-Sem querer interromper mas... eu estou com muita fome e... só estamos esperando os pombinhos.- olhei para Mari irritada, ela parecia constrangida, ela definitivamente estava corada.

Ouvi um barulho alto, olhei em volta atenta.

-O que foi isso?- perguntei.

-Foi o meu estômago.- disse Mari ainda mais vermelha. Encolhi os ombros, ela estava realmente com muita fome.

-Tudo bem é melhor irmos.- falou Percy já se levantando. O olhar de Maresia foi de alívio, sorri para ela e ela retribuiu.

Segui  Percy  até a mesa, que estava realmente incrível. Havia arroz a piamontese, carne ao molho madeira, e refrigerante, pois nós não podíamos beber vinho, com exceção de Jasão que bebia de bom grado.

-Quanto tempo até Atenas, Jasão?- perguntei o mais educada possível.

-24 horas, querida Annabeth!- forcei-me a não fazer uma careta quando ele me chamou de querida. Assenti e olhei para Nico, que mexia no prato, mas sem comê-lo, ele tinha um olhar distante e triste, me perguntei o que poderia ter acontecido.

-Nico, você está bem?- perguntei preocupada. Nico ergueu a cabeça parecendo ter acordado de um sonho. Ele fixou o olhar em mim por uns segundos antes de assentir e voltar sua atenção para comida.

Nico não estava bem, qualquer um podia ver isso. Olhei para Maresia a procura de uma resposta, não sei por que olhei justo para ela, mas foi como se algo me indicasse que isso era por causa dela. Mari comia sua comida calmamente fingindo não notar nada.

Terminamos o jantar em silêncio e Percy, Mari e Jasão se retiraram, eu estava enrolando com meu jantar também, esperando uma oportunidade de falar com Nico. Quando ele se levantou o segui.

-Nico!- ele se virou e me encarou.

-Sim?

-Posso falar com você um instante?- ele engoliu em seco parecendo cogitar se seria uma boa ideia, mas logo abaixou a cabeça e me seguiu, nós fomos para o deck, onde eu acreditava ser um bom lugar para conversar.

-Pode falar, o que anda te incomodando?

-Não sei do que está falando, Annabeth.- estreitei os olhos e ergui uma sobrancelha.

-Nico, vamos lá, somos amigos ou não somos?

-É claro que somos é só que...- ele suspirou parecendo exausto.

-É só que...?

-Eu, eu... sabe,...

-Não, não sei!- Nico revirou os olhos e suspirou novamente.

-Eu estou apaixonado por... por uma pessoa.- sorri.

-Hã?E...?

-E que eu nunca sei o que ela quer de mim de verdade, quero dizer, afinal de contas, ela gosta ou não de mim? As vezes eu sinto que ela me trata como se... como se...

-O que?- perguntei, curiosa.

-Como se me conhecesse a anos, mas... que isso não fosse o bastante.- engoli em seco, o medo de que as atitudes de Maresia a estivessem entregando começou a me tomar.

-O que quer dizer com isso, Nico?- ele olhou para mim, os olhos parecendo conseguir enxergar a minha alma. Os olhos dele estavam um pouco sem foco, era como se estivesse tendo uma batalha interna.

-Sabe que pode confiar em mim!- Nico balançou a cabeça e olhou para o chão.

-Estou cansado, Annabeth, preciso dormir.- ele se levantou colocou as mãos nos bolsos do casaco preto e foi pelo caminho de onde viemos.

-Ei, Nico... espere!- ele não olhou para trás, simplesmente continuou andando.

Nico

Entrei em meu quarto e tranquei a porta, minha cabeça doía de um modo quase insuportável, deitei na cama e tirei os sapatos, não me importei em trocar de roupa.

Fechei meus olhos, o que eu queria afinal? Por que todas essas perguntas que eu sempre me fazia? Qual era o meu objetivo afinal? O que eu queria de Maresia? Por que tinha tanta necessidade de segui-la?

Uma cena me veio a cabeça, senti meus músculos relaxarem enquanto deixava a lembrança me envolver.

“Tu és minha, minha Maresia”

“Sim, Joseph, sua- ela sorriu- para sempre, sua!”