Loucuras em Cinco Estrelas escrita por James Fernando


Capítulo 2
Capítulo 2: Barraco em Cinco Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Sophie já fez sua primeira não-fã. Agora é esperar que essa não-fã não cuspa em seu prato.



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Depois do banho, passei um hidratante no corpo, pintei as unhas com uma cor bem clara, passei uma leve maquiagem, um pouco de rímel, um batom vermelho bem claro. Meus cabelos vai ficar solto mesmo. Vesti um vestido verde longo de festa, cujo não cobre nada as costas, com um decote ousado (nem estou usando sutiã). Um salto alto preto. Uma bolsa de mão. E eu estou pronta para perder todo o resto do dinheiro que me resta.

Dou uma ultima checada no espelho, vejo meu corpo inteiro. Estou maravilhosa. Sim eu sei, sou meio convencida. Mas o que vocês esperavam? Uma mocinha com auto aversão de si mesma? Desculpe, endereço errado. Não sou nenhuma super modelo, e nem quero ser. Já viu como elas são esqueléticas? Tenho curvas nos locais certos, não tenho celulite e nem pneus. Deus me livre disso. Mas eu sei que sou gostosa. Não posso esquecer de reservar uma mesa no restaurante do hotel.

Tranquei a porta do quarto e fui direto para o elevador. Estava cheio, mas ainda coube mais um. Eu. Ainda bem que o deus grego não estava aqui, pois guarde as minhas palavras, a temperatura iria esquentar.

Peguei meu novo Iphone. Qual é? Desse jeito eu não vou ter espaço para as mensagens importantes, tipo... aquelas promoções irritantes das operadoras, ou aquelas mensagens de cadeias dizendo que você ganhou um carro. A verdade é que, qualquer coisa é melhor do que as duzentas mensagens de toda a minha família. Owl. Tem ate algumas mensagens do aleijado (Trevor, meu ex-namorado). Acho melhor dizer alguma coisa.

Estou bem, mãe. Estarei no seu aniversário na segunda com seu presente. Bjs...

Tem uma coisa que você precisa saber sobre a minha mãe. Ela é uma socialite de 55 anos (vai fazer 56 na próxima segunda-feira) com aparência de 45 anos. Ela é doida. Doida por Prada. Doida por Gucci. Doida por joias. Ela é capaz de queimar água. Nunca cozinhou em sua vida. A única vez que ela tentou, eu tinha 9 anos, meu teve que gastar uma fortuna para restaurar a cozinha.

Meu pai é o CEO de sua empresa de publicidades. Ele tem uma mania de ter controle. Como eu posso explicar...? Sabe o Christian Grey? O mocinho perturbado de 50 Tons de Cinza. Não sei se meu é perturbado como ele, mas sua mania de controle é igual. Por isso que desde a minha adolescência, eu guardei a minha mesada em uma conta no banco desconhecida dele. Fiz dezoito anos e fui para a faculdade o mais longe o possível dele. Na minha conta tem quase dois milhões de dólares, e eu pretendo gastar tudo nesses sete dias. Eu sei. Eu sou doida que nem minha mãe, talvez mais. Mas pense bem, tem mulheres que se trancam em casa e vai ganhar uns quilos com sorvete de baunilha. Cada uma sofre de um jeito. Se é pra sofrer a traição, eu prefiro sofrer feliz. Mesmo que eu me arrependa ate a morte de gastar essa fortuna. Estou pensando em descarregar a frustração fazendo mais omelete (se isso for possível) no meu ex. Afinal, é culpa dele.

Mas que porcaria é essa? Eu acabei de ser encoxada? Isso é sério? Engulo em seco, e dou um vislumbre entre os ombros.

Me.Mate.Agora. Quantos anos essa múmia tem? 100 anos? Eu vim aqui pra ser feliz, e não pra fazer omeletes jurássico (se é que ainda sobrou alguma coisa). É sério, deve estar murchos como ameixa seca.

Graças a Deus, o elevador chegou no andar do cassino. Bati em disparada. Nem ousei olhar para trás, não estava afim de testemunhar aquele sorriso bizarro no rosto daquela múmia.

Ok. Respire fundo. Lembre-se do porque você veio aqui. Ser feliz. Ganhar dinheiro. Tentar não fazer omeletes. Isso vai ser difícil.

Entrei no cassino. Se você assiste filmes que nem eu, então já viu os cassino de Las Vegas. Então sabe como o cassino do Hotel Mason Yin é. Eu já fui a Las Vegas. Tive que trabalhar um bocado para pagar a fatura do cartão de credito depois que eu voltei da viagem da Cidade do Pecado.

Peguei uma dessas bonitinhas bebidas rosas que essas periguetes passam servindo. É sério. Cadê os homens gostosos servindo as bebidas? Se possível, somente com uma calça social, uma gravata e sem camisa alguma. Ou a bebida esta fazendo efeito, ou de um dia para o outro fiquei com a mente muito poluída. Prefiro dizer que é a bebida (mesmo sabendo a verdade). Que foi? Eu sou virgem, não sou nenhuma santa.

Olhei em volta. Os jogos que envolvem uma certa cara de blefe estão fora de cogitação. Sou uma péssima mentirosa. As maquinas? Acho que elas tem mente própria. Em outras palavras, elas me odeiam.

Olho em volta, esta lotado. E já sei o que vou jogar. Uma hora depois, consegui recuperar tudo o que gastei nas compras. É um milagre. Depois de trocar as fichas e depositar o dinheiro em minha conta, estou pronta para fazer as pazes com meu estomago.

Me dirijo para o elevador, rezando para que não tenha nenhum pervertido. Por sorte só tem mulheres. Pra ser exata, seis mulheres, todas vestidas para matar. Os vestidos devem ter custado uma fortuna.

Essas mulheres são umas vadias. Uma esta dizendo que fez um ménage na noite anterior. A outra foi para cama (não a dela) junto com um cara que lhe pagou uma bebida no bar do restaurante. Mas apenas cinco delas estão comentando suas aventuras sexuais, parece que entre elas tem uma igual a mim, decente, não-vadia, tímida e essas coisas. Sabe aquela amiga certinha que é arrastada para as maiores confusões pelas amigas. Ela tem um cabelo ruivo, porem curto ate os ombros e arrepiado nas pontas. Seus olhos são um castanho esverdeado, umas pequenas e quase invisíveis sardas no rosto. Ela deve ter a minha altura, esta usando um vestido azul de cetim rendado, brincos de esmeralda (nada extravagante), um colara parecendo com uma coleira de prata e ouro com diamantes. Oh.Meu.Deus. Será que ela é uma... submissa? É que eu li um livro erótico, onde uma moça virgem conhece uma CEO. Ela acaba entrando em seu mundo e descobre que o cara é perturbado, ele lhe entrega uma coleira de diamantes pra dizer que ela é dele. Nos livros, isso é muito romântico, mas na vida real? Eu morro virgem, mas nada de BDSM. Desculpe, mas dor, não comigo.

Claramente ela esta envergonhada com as amigas, ela me olha e dá um sorriso tímido. Eu retribuo o sorriso. Droga. E se ela for lésbica? Nada contra, mas eu não jogo nesse time. Apesar que já tive um sonho erótico com minha colega de quarto na faculdade. Não olhei pra ela por uma semana. Como as coisas estavam ficando tensas entre nós, eu disse do meu sonho com ela. A vadia caiu na gargalhada. E do nada ela me disse que também já tinha sonhado comigo. Acho que nem preciso dizer que uma tensão pairou no ar. Katy Perry pode ter I Kissed a Girl e ter gostado, mas não eu. Foi estranho, ela também achou estranho. Então decidimos enterrar aquilo a sete palmos e nunca mais falar disso. É claro, ela devia me conhecer melhor. Eu não consigo guardar um maldito segredo por muito tempo. Só espero que ela não me processe quando as pessoas descobrirem que é ela.

O elevador parou, e nós sete descemos no andar do restaurante. A mulher metida, com nariz empinado e tudo, perguntou o nome da reserva.

– Tavares. – respondi.

Ela deve ser inglesa, ou coisa assim. Aparenta ter em torno dos 50 anos. E quando ela começou a falar, eu queria pular no pescoço dela esganar a megera metida.

– Desculpe, mas estamos lotados hoje. Acabou formando uma confusão nas reserva, que no fim... – acho que ela viu eu ficando vermelha de raiva, pois teve a decência de engolir em seco. – A senhora acabou compartilhando uma mesa com outra pessoa.

Eu poderia ter armado um barraco. Espere. Foi isso o que eu fiz. Elevei minha voz na oitava (ainda bem que eu fiz aula de cântico), eu comecei a falar um monte de merda. Coisas do tipo: “Que diabos de serviço é esse? Eu reservei uma maldita mesa há duas horas atrás! Você é uma megera!”. Quando eu termine de falar, o traidor do meu estomago roncou que nem um leão.

– Ok, eu aceito. – disse simplesmente.

Ela ficou me encarando com os olhos arregalados. É claro que todos estavam me encarando. Mas minha fome foi maior que a minha vergonha na cara.

– A mesa, onde fica? – perguntei tentando faze-la voltar a sí.

Ela se recompôs toda, tomou sua atitude profissional, e agiu como se nada tivesse acontecido.

– Por aqui... – ela disse o mais profissional o possível, mas eu notei um certo tom de “Se eu não precisasse desse emprego, você estaria no hospital agora sua vadia.

Ainda bem que ela precisa do emprego. Eu sei fazer omeletes, mas não sei nada sobre brigas de mulheres. Tive sorte de arrancar os cabelos de minha irmã, porque ela estava traumatizada de ter sido pega no fraga. Só quero ver a cara dela quando eu mostrar o vídeo para todos na festa de aniversario de minha mãe. Não. Eu não estou sendo uma vadia total. Simplesmente vou acertar dois pássaros com uma tacada só. Minha mãe arruinou o meu aniversário de 16 anos. Tive ate que mudar de escola, pois não conseguia aguentar os sorrisos de humilhação que me davam nos corredores. Estava tudo ocorrendo bem ate que ela resolveu ler o meu diário para todos. Pode acreditar nisso? Só uma bruxa do inferno faria algo assim, ainda mais com a própria filha. Naquela noite, todos descobriram que eu tinha uma paixonite secreta por Brian O’Connell, o quarterback do time de futebol americano da escola. Que fui eu que derramei acidentalmente tinta na caixa da água do banheiro feminino na escola, as lideres de torcida saíram do vestiário com o cabelo verde grama. Que fui eu a responsável pelo acidente no teatro (precisou de uma generosa contribuição dos pais dos alunos para restaurar o teatro depois do incêndio). Acho que filho de peixe, peixinho é. Devo ter herdado o genes de minha mãe para causar confusões.

A mulher me levou ate uma mesa, já tinha um homem sentado de costas para mim. Já vi aquele cabelo em algum lugar. Ao que parece, ele estava usando roupas Black Tie (terno, gravata, essas coisas, mas tudo de marca e que vale mais que o aluguel do meu apartamento). Ao que parece, ele já estava ciente do que tinha acontecido. Ele se levantou e se esbarrou em mim. É sério, esse dia esta ficando cada vez pior. Além de ter sido demitida, ter pego meu namorado afogando o ganso com minha irmã caçula, ser encoxada por uma múmia, fazer um maior barraco e agora, pra completar, estou caindo de bunda no chão. Quer dizer, estava caindo. A pessoa que eu vou ser obrigada a jantar junto, acabou de me pegar antes que o Ritual da Humilhação se completasse. Tenho certeza que a megera estava contando com isso, pude ate ver o desapontamento em seus olhos.

Me recompus com o pouco de dignidade que ainda me resta.

– Você esta bem? – perguntou uma voz sexy, que fez as minhas entranhas se revirar.

Não sei porque, mas estou com um péssimo pressentimento quanto a isso. Tenho absoluta certeza de que eu não quero olhar para o rosto de meu causador e meu salvador da quase humilhação. Não pode ser ele, não é? Quero dizer, quais são as chances disso acontecer?

Olhei para o cima. Eu conheço aquele pomo de adão, e aquela mandíbula, aquele nariz e aqueles olhos.

Deus.

Grego.

Quero dizer.

Santa.

Merda.

Sério, o que diabos eu fiz para merecer esse dia? Por que dentre todas as pessoas tinha que ser ele? E por que o meu maldito coração puxou o freio de mão sem me avisar de novo? E agora pisou fundo no acelerador e bateu em disparada?

Que diabos? Eu vou jantar com o deus grego do elevador? O homem mais sexy, quente e bonito que eu já vi. Olhe pelo lado bom, disse uma voz bem lá no fundo de meu cérebro, Pelo menos não é a múmia. Nisso tenho que concordar.

Droga. Esqueci que ele me fez uma pergunta. Er... o que foi mesmo que ele me perguntou? Ah, sim.

– S-Sim... – pare de gaguejar idiota. – Estou bem, obrigada. – mentira, meu coração esta prestes a ter um infarto.

Esses malditos olhos azuis são hipnotizantes. Acho que ele pode ler meus pensamentos, pois deu aquele maldito sorriso sexy e malicioso. O sangue se acumulou em minha bochechas.

– Respire... – disse ele em meu ouvido com uma voz extremamente sensual que fez meu corpo todo vibrar para ele.

Espere, o quê? Ele disse para eu respirar? Owl, certo, nem sabia que estava segurando a respiração. É oficial, esse homem vai ser a minha perdição. Soltei uma bufada de ar que não me agradou nada. Isso que eu cabei de fazer, e ate eu mesmo reconheço, foi extremamente sensual. O que diabos o meu corpo pensa que esta fazendo?

A megera fez um barulho com a garganta. Estou grata por isso, pois estava prestes a entrar em combustão espontânea.

– Por favor, aqui esta a mesa. – ela disse apontando a mesa.

O deus grego puxou a cadeira para mim e a ajeitou conforme eu me sentei. Ele se sentou no outro lado da mesa e a megera me olhou.

– Aqui esta o cardápio. – foi o que ela disse. Mas o que ela queria dizer era: “Na próxima vez olhe seu maldito acompanhante antes de fazer um barraco.

Eu peguei o cardápio e lhe dei um olhar de Suma daqui sua megera, não esta vendo que você esta atrapalhando, e não faço ideia do por que eu fiz isso, afinal, não tem nada acontecendo aqui, somos só duas pessoas que teve um infeliz infortúnio de acabar tendo que jantar juntos, não é? Por favor, diz que sim, diz que não tem nada rolando entre ele e eu.

A megera empinou o nariz e sumiu. Só espero que ela não cuspa em minha comida.

– Nos encontramos de novo. – disse ele com uma certa diversão em sua voz. Maldito. Pare de fazer isso comigo.

– Hã...? – eu ouvi entendi o que ele disse, mas prefiro agir como se nunca o tivesse visto além de agora.

– No elevador mais cedo. – ele disse em sua extrema voz sexy.

Elevador? Que elevador? Ah, é mesmo. Droga, ele me fez perder em meus próprios pensamentos. Ok. Respire fundo.

– Ah, sim, é mesmo... – eu disse com um sorriso de que dizia que eu acabei de lembrar do que aconteceu mais cedo e que tinha acabado de reconhecer ele.

Droga. O que ele pensa que esta fazendo? Eu não quero conversar. O que eu quero é experimentar aqueles lábios... o que diabos eu estou dizendo? E por que eu sou tão consciente de sua presença? Mesmo olhando para o meu cardápio, eu sei que ele esta olhando para mim. Eu tenho que pensar em algo. Esse silencio constrangedor esta me matando. Espere um pouco, por que eu tenho que pensar em algo? Nós só estamos dividindo uma mesa, não é como se estivéssemos em um encontro, não é?

Levantou meu olhar para ele. Droga. Ele é muito gato. Seu olhar é... é... o que é mesmo? E lá vamos nós de novo. Por que eu tenho que agir como uma idiota, mesmo em meus próprios pensamentos.

– Prazer, Alec Maxfield. – ele se apresenta sério e depois sorri. Eu acho que ele quer me matar.

Droga, agora eu tenho que me apresentar também.

– Prazer, Sophie Tavares. Desculpe por isso, teremos que dividir a mesa. – tentei ser o mais agradável o possível.

– Não tem por que se desculpar, afinal, uma boa refeição só é boa com uma agradável companhia. – sim claro, e eu te quero como sobremesa. Desde quando eu virei esse tipo de pessoa? Ainda bem que ele não pode ler pensamentos.

– Digo o mesmo. – droga, eu estou flertando?

Antes que isso tome rumo a proporções em que eu acabe perdendo meu pote de ouro, eu chamo o garçom e faço meu pedido. Pedi uma sopa e vinho branco (o mais caro o possível). Ele também fez seu pedido, mas estava muito ocupada imaginando aqueles lábios pelo meu corpo para prestar a atenção no que ele pediu. É oficial. Eu estou afim desse cara. Adeus pote de ouro, vou sentir sua falta.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, e por favor, não deixem de comentar...