Uma Vingança A Três escrita por Annie Fiore


Capítulo 2
Esse será um longo dia.




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28 de Março de 2013, 06h30min.

Deu uma longa tragada no seu cigarro, sem desviar seu olhar da longa estrada que percorria. Estivera dirigindo à noite inteira, estava exausto, mas não podia se dar ao luxo de parar, não agora.

– “Agora você é um escravo até o fim dos tempos aqui, nada impede a volta da loucura.” – Escutou a voz do amigo (vulgo Harry), cantarolar um dos sucessos do Avenged Sevenfold.

Harry tinha um gosto um tanto peculiar, não era nada parecido com os demais filhos de Apolo, além de sua cabeleira loira, seus olhos azuis e o corpo atlético, não havia como dizer que eram sequer parentes. O garoto era, por assim dizer, do contra, enquanto seus irmãos só ligavam para sua aparência, para competições bestas e sair pegando qualquer uma por ai, Harry preferia compor canções, ouvir um bom e velho, rock, beber e vagabundear com os amigos.

– Hey, 1 e 2, falta muito para chegar? – Perguntou a menina, impaciente.

– Por que mesmo a trouxemos? – Perguntou ao garoto loiro, que deu de ombros em resposta. – Olha Fer, se você perguntar mais uma vez que seja, eu mesmo mando você pro fundo do tártaro, ok? – Ameaçou.

Fernanda, ou como os íntimos a chamavam, Fer, era irmã de Harry, no caso filha de Apolo, e como dito antes, não tinha nada haver com o irmão, apesar de também ter cabelos loiros, olhos azuis e um corpo de Deusa. Ela era uma garota imprevisível, com gosto eclético e como o irmão gostava de falar, bipolar. Mas apesar do jeito louco, era extrovertida, brincalhona e atrevida.

– Eu sei que você me ama Nico. – Ironizou, se apoiando entre os dois bancos da frente. – Posso mudar a rádio? – Perguntou fazendo bico.

– Nem pense em encostar no meu rádio! – Disse ao ver a mão da irmã se aproximar-se do aparelho.

– Larga de ser chato, seu... bocó! – A menina já estava iniciando a discussão, mas Nico não estava com animo nem cabeça para aquilo.

– Vamos parar com isso? – A voz dele havia aumentado dois graus à cima. – Harry deixe a menina mudar de rádio! – Falou com os dentes cerrados.

– Mas...mas Nico... Ela vai colocar no Justin Bieber ou na Lady Gaga! – O garoto tentou se explicar, mas Nico não lhe deu oportunidade.

– Mas nada! Pode mudar essa merda, Fernanda!

A menina seguiu as ordens, com um sorriso imenso no rosto por mais uma vez, ter ganhado do seu irmãozinho, que praguejava olhando alem da janela.

Enquanto ouvia Fernanda cantarolar animadamente, a música do Justin Bieber, no qual ele detestava, e tragava o seu cigarro, sua mente vagava, pensando na missão que o fizera estar ali.

[...]

A menina corria pelo pátio do internato, sentindo seus cabelos dançarem com o vento. Estava atrasada. E com toda certeza a Senhora Kramel iria matá-la.

Apesar de saber que os poucos alunos que estavam ali a encaravam, ela continuava a correr, sem importar-se de seus materiais estarem caindo, sua saia estar fora do lugar, ou sua blusa estar extremamente amassada.

Viu o prédio depredado que tanto almejava, entrou rapidamente nele, sem se importar em pegar o elevador, ela simplesmente, não podia parar.

E quando percebeu, estava na porta da sala 12, a onde acontecia a aula de Física avançada, a onde ela deveria estar, mas não estava, pois passará tempo demais dormindo e tendo sonhos estranhos, que só ela era capaz de ter.

Parou de perder tempo com seus pensamentos, e sem demora abriu a porta, chamando atenção de todos que estavam ali.

– Está atrasada, senhorita Marques. De novo. – A mulher de baixa estatura e peso um pouco acima do recomendado, a encarava com um olhar sombrio, que era somente dirigido a ela.

– Me desculpe senhora Kramel, prometo que isso não repetirá novamente. – Falou cabisbaixa.

– Sei disso minha querida, mas para termos certeza, você está de detenção. De novo. – Kramel dizia com desprezo na voz, era quase palpável o ódio que sentia pela garota. – Agora sente-se, antes que eu te mande para o diretor! – Ordenou, e a garota logo obedeceu.

Sentou entre suas duas, únicas, amigas.

– Oh só Deus sabe o quanto eu odeio essa mulher! – Sua amiga, que estava sentada atrás de si (Vulgo Renata), reclamou.

Renata, ou como diriam os íntimos, Reeh era uma garota diferente, apesar de suas madeixas ruivas, seus olhos negros e misteriosos, que deixavam isso bem claro. Suas roupas demonstravam que ela não estava nem ai para o que os outros achavam, sua maquiagem pesada, inadequada para a luz do dia, indicava que a garota curtia Heavy Metal, ou um rock bem pesado e sua forma fria e irônica diziam que ela queria que o mundo explodisse. Mas por traz de toda essa máscara, havia uma garota doce, amigável e extrovertida.

– Percebe que ela só trata a gente desse jeito... – Ela dizia até ser interrompida pela outra amiga.

– Escroto? – Fez uma pergunta retórica. – Pois é, desde a quinta série essa mulher nos trata assim, como se não fossemos nada! – Falou indignada, Milly odiava ser tratada desse modo, por quaisquer que fosse a circunstância, e nesse caso, ela não havia feito nada.

Tamilly, ou Milly para ser mais exata, era a defensora dos injustiçados, odiava ver injustiça onde quer que fosse. Morena dos olhos azuis acinzentados e corpo perfeito, tinha um jeito girlie, gostava ler quaisquer livro, curtia músicas soul e amava o Jason Mraz, dizia que um dia iria se casar com ele. Mas não se deixe enganar pelo jeito meigo, pois a menina era uma verdadeira onça quando necessitava, teimosa que só ela e uma tremenda cabeça quente.

– Pelo jeito essa aula vai custar a passar. – Murmurou vendo a professora mandarem abrir os livros.

[...]

28 de Março 2013, 11h49min.

Nico por pouco não gritou de alegria, quando estacionou o carro em frente do seu destino, o Internato Saint Roses em Dever.

Ficara mais de 4 horas ouvindo Fernanda e Harry discutirem por qualquer besteira, mesmo não ter ligando nem um pouco para o que falavam, sua cabeça já estava a ponto de explodir.

– Será que dá pra calarem a merda dessas bocas, antes que eu enfie meu punho na cara de você? – Falou olhando para os irmãos, que pararam de discutir na hora, mas ainda sim, trocaram olhares raivosos.

–Já chegamos? – A loira perguntou, ainda mandando o seu melhor olhar ameaçador para Harry.

– Já. – Nico revirou os olhos, abrindo a porta e saindo do carro.

– Graças a Zeus! – O filho de Apolo deu um pulo para fora do Mustang, ano 1965. – Não morremos!

– O rei do drama chegou. – Fernanda ironizou revirando seus lindos olhos azuis. – Nico. – Chamou, estendendo sua delicada mão, para que ele a ajudasse a sair do conversível. – Obrigada.

– Depois eu sou irritante, né? – Harry reclamou da atitude enjoada da irmã mais nova, que mostrou a língua. – Quem mostra língua pede beijo, maninha!

– Sai pra seu nojento! Eca! – A menina correu para longe dele, quando o mesmo fez um bico de pato.

– Harry! – Nico o repreendeu.

E então os três ouviram gritos afeminados, os fazendo se virarem para um enorme prédio cinza e de situação precária.

– Merda. Chegamos tarde demais. – Falou transformado seu anel em uma espada grande, negra e polida.


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