A Maldição De Afrodite escrita por Rafael Piotto


Capítulo 27
Uma invasão inesperada acontece




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Eu fiz vocês pensarem que ataquei Monet? Bem, desculpem-me por fazer aquilo, depois de conhecer Franky eu acabei aprendendo como é divertido irritar outras pessoas por fazê-las acreditarem que você fez alguma escolha idiota (Eu pedi desculpas, mas lá no fundo não me arrependo de nada.)

Na verdade, ao correr na direção de Monet, eu já havia tomado minha decisão. – Pode até ser que eu morra, ou que todo mundo de meu grupo morra por isso, mas se é para cairmos então que seja gloriosamente. – Pensei comigo mesmo. E quando cheguei à frente de Monet, errei meu golpe propositalmente, fazendo minhas laminas irem em direção de Afrodite. Eu usava poderes divinos para esquentar minhas armas enquanto a Deusa estava distraída sorrindo para o publico. Aposto que ela deveria estar pensando coisas como “Eu sou incrível, olhem todos, como eu criei um plano cruel e inteligente para acabar com esses semideuses!”, como o golpe estava à altura do pescoço dela, eu teria ao menos cortado à cabeça da Deusa caso meu ataque a atingisse.

                Afrodite era uma Deusa, duvido que isso fosse matar ela de vez, ou que algum milagre aconteceria e eu conseguiria matá-la e sair impune por isso. Vocês sabem como minha sorte é horrível, mas um milagre diferente aconteceu. Quando estava perto de desferir meu golpe, Ares apareceu com um flash na frente de Afrodite e tomou o golpe por ela. Por ser mais alto que ela, o meu golpe acertou seu peito ao invés de sua garganta, mas mesmo assim ele foi fundo o bastante para abrir dois cortes enormes pelo peito de Ares, o fazendo cair em seus joelhos enquanto tentava parar seu sangue dourado de jorrar.

                Todos exclamaram ao mesmo tempo, Afrodite se assustou e deixou Monet cair no chão (fazendo-a bater a cabeça e acabar acordando). Assim que se recuperou do susto, Afrodite olhou para mim com um olhar furioso. – Já chega! Seu mortal insolente! Eu vou apenas voltar a minha forma original e transformar vocês em pó! – Ela estava tão irritada e sua voz soava tão alta pela arena que todos os Deuses começaram a ir embora as presas, como se todos tivessem se lembrado que estavam atrasados para uma reunião ou que tinham se esquecido de que tinham marcado de destruir a vida de algum filho de seus filhos naquele horário. Eu já disse que os Deuses são péssimos pais? Já? Que bom, vamos continuar então.

                –Espere! – Gritou Ares. – Você sempre disse como você recompensava aqueles que se sacrificavam por amor. – Disse ele enquanto se levantava e ficava de frente a ela, sangue dourado escorria de seu peito em grandes quantidades. Imagino que ele poderia ter usado seus poderes para se curar sem muitos problemas, mas ele decidiu deixar seu ferimento aberto, provavelmente para deixar claro como ele havia se sacrificado por Afrodite (ou para aumentar o drama da cena, algo que eu entenderia.). – Eu me coloquei na frente de um golpe por você.

                –Nossa, parabéns para você, quer uma medalha? – Disse Afrodite, transbordando de ironia.

                –Não, quero que tire sua maldição de meus filhos. Na verdade... – Disse ele enquanto segurava as mãos de Afrodite. – Quero que deixe tudo isso de lado. Vamos esquecer que aconteceu e vamos seguir em frente, todos nós. Eu apenas levei esse golpe porque te amo e não te quero ver machucada.

                Pessoalmente, eu achei aquilo super clichê. É claro que eu não esperava que Ares fosse o Deus mais romântico do Olimpio, longe disso. Mas mesmo assim aquilo foi bem tosco... Sem contar que soou meio estranho, eu não colocaria minha mão no fogo pela veracidade daquela declaração de Ares.

Deixando o fato de aquela declaração ser clichê ou não, Afrodite segurou as mãos de Ares e disse enquanto olhava para o chão. – Só se você for fiel a mim... Dessa vez de verdade! – De repente, Afrodite parecia uma garotinha de 11 anos, falando com medo de ser traída pelo primeiro namorado.

                –Claro. Mas primeiro, a maldição.

                Eu estava atrás deles ajudando Monet a se levantar quando Afrodite se aproximou de mim, ela encostou a mão em minha cabeça e deu um beijo em minha testa. Sinceramente, eu não me senti diferente (Bom... Talvez meu corpo tenha reagido por conta própria quando Afrodite me beijou e talvez eu tenha tido a mesma reação que tive quando a vi nua, mas tentei disfarçar aquilo como pude.), mas ela me garantiu que a maldição havia sido extinta. Disse também que meu olho direito (assim como o esquerdo de Rin) continuaria com a marca da maldição, mas que ela não iria nos observar de agora em diante.

                –Ótimo... Agora, antes de vocês irem embora... – Disse Ares ao se aproximar de mim e colocar sua mão em meu ombro. – Primeiro... Filho, você foi bem, estou orgulhoso de você. – Odeio admitir, mas quando ele disse aquilo eu dei o sorriso mais honesto de minha vida. Eu não esperava aquilo, nem fiz nada daquilo por Ares, mas ao o ouvir falar aquilo eu me senti genuinamente feliz. Pela primeira vez, senti que seria normal chamar Ares de “pai”. – Agora vocês têm que ir logo, seus amigos e sua irmã estão lutando uma guerra enquanto nós conversamos.

                –O que?!? – Gritei junto de Monet. – Guerra? Minha irmã?

                – Me sigam, vou levar vocês até lá.

                Voltamos correndo para o tempo de Ares, passamos por dentro de sua casa novamente e fomos até a varanda, enquanto a frente de seu tempo dava diretamente ao resto do Olimpio, a parte de trás de seu tempo dava a um espaço aberto onde se podia ver todo o horizonte sem nada para atrapalhar sua vista já que nós estarmos acima das nuvens. Não era hora pra pensar nisso, mas meus deuses que visão linda! Dentro do Olímpio tudo era tão brilhante que não dava para saber se era dia ou noite, mas olhando para o mundo de fora, se podia perceber que já era perto de meia-noite. O céu estava completamente cheio de estrelas e constelações que elas podiam ser vistas claramente.

                A visão daquele céu era tão impressionante que eu nem percebi o navio pirata que estava flutuando logo ao nosso lado. Sim, um navio pirata flutuante.

                Olhei para dentro dele e vi uma serie de caveiras (de novo? Que falta de criatividade, Pai.), a maioria delas estava sem roupa alguma e cada esqueleto levava ao seu lado uma espada. Todas tinham uma espécie de vapor vermelho que brilhava levemente ao redor de si.

                –A tripulação pirata que foi comandada por William Kidd, um filho meu que viveu entre 1600 e 1700. – Disse Ares, com orgulho. – Eles morreram lutando no mar até o seu ultimo suspiro. Hoje? Seu navio é meu meio de transporte favorito. Claro que voar pelos céus com minha típica biga grega tem mais estilo e é muito mais rápido, mas viajar com piratas é algo tão divertido!

                –Ok... E o que devemos fazer com isso? – Disse enquanto subia no navio com Monet.

                –Eles vão levar vocês até o local da batalha. Parte do acampamento meio-sangue está lutando junto de seus amigos, Pierre está usando todos os monstros e semideuses escravizados que estavam sob seu controle. Eu não sei exatamente o que ele é, mas eu percebi algo enquanto observei a batalha... Quanto mais monstros ele tem sobre seu controle mental, mais sobrecarregado ele fica. Não só isso, mas a organização de suas tropas depende apenas de seus poderes. Sem ele, seu pequeno exército fica desorganizado e confuso, usem isso em sua vantagem. Vocês dois foram vistos comigo pelos piratas, então eles devem obedecer qualquer ordem que vocês gritem a eles. Outra coisa... Quando isso tudo terminar, vá ver sua mãe. – Disse Ares rispidamente. – Ela vai estar confusa e com medo, agora que sua mente foi liberada da maldição, não vai entender porque vocês a deixaram... Então, por favor, não a deixe sozinha.

                Uau. Fiquei sem palavras quando Ares falou aquilo a mim. Vê-lo pedindo “por favor” fez eu perder noção do real e surreal. Apesar disso, assenti. Prometi que resgataria Rin e ajudaria minha mãe.

                E então, com um tapinha nas costas, Ares nos mandou em direção a grande batalha. Os piratas pareciam animados, eles cantavam e gritavam sobre como estavam felizes em poder ir à batalha novamente. Eu encostei-me à borda do navio logo ao lado de Monet, ficamos em silencio por alguns instantes enquanto apenas observando o lindo céu estrelado, reparei nos ventos levantando seu cabelo conforme o navio se movia e reparei como seu rosto ficava bonito à luz do luar. O navio era consideravelmente grande, mesmo assim nós nos movíamos em grande velocidade.

                Após alguns minutos de silencio entre nós dois, decidi falar algo. – Monet... Obrigado por... Bem, você sabe, salvar minha vi... – Sem mais nem menos, Monet me puxou pelo braço e me beijou, interrompendo minha fala. Por mais que ela passasse sua mão em minha nuca conforme me beijava, tinha algo de melancólico no jeito em que ela agia.

                – Por favor, pare. Não quero que me agradeça, nem que me retribua, apenas... Continue ao meu lado, sempre. – Disse ela enquanto afundava sua cabeça em meu peito sem me olhar nos olhos. Concordei em silencio e passei a mão em sua cabeça, apenas aproveitando o momento. (Aproveitando também o calor do corpo dela porque eu AINDA estava sem uma camisa descente para usar, estava indo para uma grande batalha com uma camisa rasgada amarrada na cabeça, uma calça jeans cheia de areia e pés descalços. Além disso, estávamos voando acima das nuvens, lá em cima é frio pra caramba.)

                De repente, devido a estarmos logo acima de nosso destino,  o navio parou de ir em frente e começou a descer lentamente, atravessando as nuvens. Comecei a me preparar para entrar em batalha quando de repente, ouvi uma voz ressoar em minha mente. – Sabe... Ares foi bonzinho de te salvar, mas eu ainda não posso simplesmente esquecer que você tentou me matar. – Disse Afrodite com um tom animado. – Então apenas considerem isso meu presente de despedida, se segurem firme e boa sorte lá em baixo, espero nunca mais te ver!

                E sem mais nem menos, nosso navio despencou. Minha sorte é que eu estava segurando no navio, assim que o navio começou a cair como um cometa eu me segurei na borda no navio e agarrei Monet pelo braço para que ela não saísse voando junto dos piratas. Ficamos caindo por quatro segundos até atingirmos o chão a toda velocidade.  Os piratas caíram logo depois do navio, se transformando em pilhas de ossos no chão, apesar de que conforme eu fui me levantando, vi a névoa vermelha de antes cobrir seus corpos e reconstruir seus esqueletos novamente.

                Levantei-me pesadamente com Monet logo ao meu lado, olhando em volta percebi que a batalha havia parado para observar o navio gigante que tinha acabado de cair dos céus e então aproveitei para anunciar nossa chegada. Subi na proa do navio, abri meus braços com espadas em mão, dei um sorriso e gritei na direção do exercito de monstros que estava a minha frente. – Vamos dançar!


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