A Filha da Sabedoria escrita por Annabel Lee


Capítulo 8
Eu quero vingança!


Notas iniciais do capítulo

Hello, guys!



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Eu queria sentir ódio naquele momento. Deuses, como eu queria! Mas tudo foi substituído por uma angústia melancólica, um vazio, uma dúvida. Será que aquele mulher impotente e poderosa realmente me amava? Será que veio me visitar por que se importa comigo?

- O que você está fazendo aqui? - pergunto, mais seca do que esperava.

O sorriso de Palas Atena some, como se nunca tivesse existido. E não consigo lembrar nem um pouco dele. Aquele sorriso sarcástico, nunca maternal ou carinhoso.

O que eu esperava afinal? Ela nunca me respondeu. E agora ignora os outros filhos. Nunca me amou. E não vai me amar agora.

- Vim te pedir ajuda. Melhor, vim te implorar uma ajuda.

Implorar? Ela? Palas Atena, a deusa da estratégia e sabedoria. Patrona da capital grega hoje e sempre. A filha de Zeus mais poderosa que até o pai tentou mata-la antes de nascer...

- O que quer que eu faça?

Ela tira algo do bolso da calça e pressiona na mão. Não consigo distinguir o que é.

- Eles me mudaram, Alexia - estremeci ao ouvir meu nome daquela voz, agora exalando tanto ódio - eles tiraram meu lar de mim, minha pátria. Mudaram minha personalidade, meu nome, minha família. E até o que represento.

- Quem?

Atena fecha os olhos com força, como se sentisse dores. Deuses não podem sentir dores. São imortais, inalcançáveis. Como vão sentir o que tanto atormenta os mortais?

- Roma - ela responde como um grunhido.

Roma. Sempre. Será que tudo na minha vida leva a esta maldito lugar?

As coisas que Atena disse a alguns minutos começam a fazer sentido. Me atrevo a olhar em seu rosto e dar um palpite:

- Você quer dizer dos deuses. Eles te nomearam Minerva. Te fizeram uma simples deusa do artesanato. Tiraram a guerra de você, atribuíram toda a glória a Marte. Mudaram sua personalidade, seu nome e a mesma coisa com os outros deuses. Tiraram a pátria que tanto te amava de você. Você deixou a Grécia sozinha, assim como...

Paro de falar. O ódio começando a surgir e mostrar sua face. Notei que eu iria dizer: "assim como eu", senão me calasse. Atena pressionava o que quer que seja em sua mão como se cada palavra dita por mim a atingisse como uma espada.

Eu gostei de vê-la daquele jeito.

- E o que você quer que eu faça? - torno a perguntar.

Ela abre os olhos. Vermelhos e úmidos, e também cheios de raiva. Ela me fitou como se eu fosse a culpada. Como se eu pertencesse a Roma.

- Vingue-me - ela diz - siga a Marca de Atena. Mostre-me que é minha filha e que Apolo e suas profecias estão errados...

- Apolo? Espera, que profecias?

Ela não me escuta, continua falando. Ela põe o que estava em sua mão na minha e pressiona o que parece uma moeda contra a palma de minha mão.

- Siga a Marca de Atena - ela repete com os olhos distantes - me leve para casa. Tire Minerva de dentro do meu corpo e acabe com os romanos.

- Tirar Minerva do seu....?

- Por favor! - lágrimas começam a descer de seu rosto, por um momento seus olhos pareciam demonstrar o amor que tanto rezei para que ela provasse - por favor, minha filha.

Aquilo era o suficiente para me derrubar. Mas mantive-me de pé. Pressionei a mão dela e a moeda, confiante. Eu baniria Minerva, os romanos e tudo que impeça que ela seja, no mínimo, uma mãe que responda preces ou que pelo menos me lance um olhar como aquele.

Sim, eu faria de tudo.

- Eu o farei - digo.

A súplica e o carinho maternal se diluem do rosto de Atena rapidamente. Transformam-se em pura vingança e ódio. Não. Eu a quero de volta. Quero aqueles cinco segundos maternos de volta. Eu sei que foram sinceros... Eu sei....

- Você é minha filha - diz - vai saber como chegar até a Marca de Atena. Saberá como restaurar minha glória e como exterminar todos os romanos. Eu confio em você.

A frase final saiu tão dura e seca que mal pude me sentir agradecida com ela.

Atena desaparece. Deixando comigo apenas um peso de chumbo nas costas e uma moeda de prata na palma da mão.

Avalio a moeda. Prata, como já disse. Com um busto de Atena no verso e uma coruja na frente, ao lado da coruja haviam as letras gregas ΔθE - delta, teta e épsilon. Reconheci a moeda de imediato, assim como a sigla grega estampada na mesma.

Atena me dera um dracma ateniense, usada na capital grega dos tempos antigos e atuais - que adorava minha mãe mais que qualquer deus ou rei. A sigla ΔθE significa: dos atenienses.

Aquilo marcava minha busca e minha responsabilidade.

E foi então que eu me toquei: A Marca de Atena por toda Roma é incendiária...

É o que tenho que fazer. Queimar Roma, achar a Marca. E sozinha.

A filha da sabedoria caminha solitária...

Até agora temos um quarto da profecia resolvido. Seria essa a profecia que Atena mencionou? Talvez. Mas ainda não faz sentido. Por que Apolo mandaria uma profecia sobre mim, a filha de Atena mais ignorada pela mãe?

Pare de pensar, Alexia. Apenas faça!

Aperto a moeda com força e a coloco no bolso de minha calça. Pego meu arco e encho minha aljava com quantas flechas consigo. Vou até meu beliche e pego minha mochila cinza posta ao lado dele com cuidado, enfio o resto das 12 flechas extras lá dentro e um pouco de néctar e ambrosia - a comida dos deuses que cura seus filhos.

Pego minha faca de bronze celestial em cima da mesinha de cabeceira e a prendo no cinto da calça.

Avalio tudo o que coloquei e o que realmente necessito para minha pequena missão no Acampamento Júpiter.

A confusão quer se estabelecer em meu cérebro. Tudo aquilo d e profecias e missões pode me deixar maluca e por tudo a perder... Mas de duas coisas estou convicta, e só elas realmente importam:

Primeira: Os romanos são culpados de todas as merdas e desgraças que ocorreram na minha vida.

Segunda: Eu vou me vingar de cada um deles.


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