A Filha da Sabedoria escrita por Annabel Lee
Notas iniciais do capítulo
Olá, semideuses! O capítulo vai ser bem decisivo.. Espero que mais leitores se apresentem na fic... :(
O silêncio no Bunker se estende. Desconfortável e tenso. Todos nós sabíamos o quanto as amazonas eram poderosas e seu número de recrutas era muito - muito - grande!
- Nós podemos ganha-las. - eu digo sem alterar o tom de voz relaxado.
- Ah, mesmo? - pergunta Miranda - e como?
Olho para ela como se ela fosse a pessoa mais burra do mundo. Afinal, a resposta era tão óbvia....
- As Caçadoras são imortais, L'Fleir. Já esqueceu desse detalhe?
- A menos que morram em combate - Thomas nos lembra.
- Sim. Mas elas são muitos mais experientes. Pensem bem... Elas viveram e lutaram por séculos. As amazonas, não.
Todos começam a relaxar e concordar com assentimentos. Então Louis levanta o dedo, como se fosse uma palestra.
- Pode falar, Louis - eu lhe digo.
- Mas elas ainda estão em maior quantidade que as Caçadoras.
- Mas elas não tem algo que as Caçadoras possuem - lembro a todos, sorrindo.
- O que? - pergunta Gabriel, que brincava com uma de suas flechas.
- Elas tem a deusa Ártemis.
Todos sorriem. Posso ver alguns olhos brilharem e algumas exclamações animadas. James Went estava pensativo em relação ao assunto, então se vira para mim com o cenho franzido.
- Será que a deusa irá nos ajudar? Os deuses tem se mantido distantes ultimamente. Nenhum deus responde nossas preces.
- É mesmo? - dessa vez minhas sobrancelhas se juntam - desde quando?
- Começou mais especificamente quando achamos o mapa do Acampamento Júpiter.
- Sim - diz Alejandro - agora me lembro. Papai disse algo sobres os deuses estarem com dor de cabeça.
Me viro para ele, confusa.
- Dor de cabeça?
- É. Eles estão divididos entre as personalidades romanas e gregas, ainda mais agora que temos estado tão... influentes uns com os outros. Como uma ressaca.
Reviro os olhos. Ele sempre associava suas falas ou comentários com algo relacionado a bebida.
- Podemos não contar com Ártemis - diz Gabriel - mas pelo menos elas tem a imortalidade a favor delas. Isso é um ponto a mais.
- Mas e agora?
Todos se viram para Miranda, tentando entender o que ela quis dizer com aquilo.
- Agora o que? - pergunto.
- Já descobrimos a localidade do Acampamento, sabemos quem são seus aliados... O que faremos agora?
Todos refletem sobre isso.
- Atacamos - diz Alicia normalmente.
- Não.. - falo, mas soa como se eu estivesse falando comigo mesma ou pensando alto - precisamos estudar mais o território. O Império Romano é poderoso... Não podemos deixar nada escapar.
- E o que você sugere? - Miranda me pergunta com a sobrancelhas erguida.
Ando um pouco pelo Bunker, pensativa. E quando tenho a resposta, meu grito faz todos darem pulos em suas cadeiras.
- Um espião! - digo estalando os dedos.
- Um espião... - diz Thomas, aderindo a ideia - é perfeito. Mas quem seria esse espião?
- Precisamos de alguém que saiba furtar informações... - diz Alicia.
- E que seja bom estrategista - fala Miranda.
- E que pense rápido - esse é Gabriel falando - para caso de suspeitas serem levantadas.
- E que minta bem. - comento.
- E que lute bem - diz James.
Então, aos poucos, as pessoas no Bunker começam a direcionar seus olhares em minha direção. Demoro um tempo para compreender que estão sugerindo que o espião seja eu.
- Eu? - pergunto exasperada.
- É nossa líder - diz Gabriel, me incentivando - quem mais para nos representar no lado inimigo.
- E é filha de Atena - fala Thomas - quem melhor para ser estrategista e coletor de informações que uma filha de Atena?
- Hã... um filho de Hermes? - sugiro.
Alicia sorri.
- Sim. Somos bons coletores e persuasivos - ela diz - mas não tão sábios. O raciocínio e senso de batalha de um filho de Atena é perfeito para espionagem!
Ela tinha razão. Todos tinham. Mas como eu poderia fingir colaborar com aqueles assassinos a quem tanto odeio? Meu ódio por Roma poderia colocar tudo a perder e nosso Acampamento poderia ter destruído.
Ao mesmo tempo, eu sabia que estar dentro do território inimigo era o que eu - e o lado grego - mais precisava. Então, assenti. Concordando em espionar o Acampamento Júpiter.
- Serei a espiã - digo - consultarei o Oráculo de Delfos.
Todos fazem que sim com a cabeça. Peço a James que lidere as reuniões no Bunker em minha ausência. Nós arquitetamos um esquema de Mensagens de Íris - uma espécie de "telefone" para meio-sangues - para que eu mantenha o Acampamento sempre informado.
Quando a reunião termina, eu e Gabriel nos dirigimos até a enorme casa branca com o acabamento vermelho que fica no centro do Acampamento Meio-Sangue, a Casa Grande. Cujo porão guarda a múmia que um dia foi uma profetisa, sacerdotisa de Apolo.
A sacerdotisa morreu. Mas o espírito de Delfos ainda fala através de seu cadáver morto e decadente. A visão mais assustadora que o Acampamento resguarda.
Gabriel e eu subimos a varanda da Casa Grande, onde Quíron - não mais em sua forma de centauro - e o Sr. D. jogavam um jogo de cartas de baralho com satisfação.
Quíron é quem nos vê primeiro. Ele sorri e põe suas cartas sobre a mesa, viradas para baixo, de forma que o diretor do Acampamento, e deus do vinho, não veja seu jogo.
- Como posso ajuda-los? - Quíron pergunta a nós.
O Sr. D, vira de costas e seu rosto passa de "jogando cartas alegremente" para "completamente entediado" em segundos. Ele respira fundo e bebe um gole profundo de sua garrafa de vinho.
- Você pode beber isso aqui? - pergunto, crítica.
Ele vira seus olhos púrpuros para mim.
- É claro que posso - diz.
Prefiro não discutir. Dionísio era o deus da loucura, também. Quem sabe em que pessoa louca ele pode me transformar?
Gabriel se vira para Quíron.
- Senhor, Alexia pretende visitar o Oráculo.
Isso atrai completa atenção, e curiosidade, de Quíron.
- O Oráculo? Não é para essa guerra irracional de vocês, é?
- Quíron - digo - o Oráculo é nosso único contato com os deuses...
- Ei - protesta o Sr. D. E eu o ignoro.
-... Ele pode ter um conselho sábio - continuo - quem sabe não nos diz para acabar com a guerra?
Quíron pensa um pouco.
- Se ele disser isso... Vocês param de lutar?
- Paramos - eu e Gabriel dizemos em uníssono.
- Então vá.
- Então, Daniel - diz Dionísio virando-se para meu amigo - quer jogar pinoche?
- Gabriel - ele o corrige - não, obrigado.
Decido entrar na Casa Grande logo de uma vez.
E quando desço as escadas para o porão, a visão do cadáver em pedaços que agora é nosso porta-voz divino me assusta de imediato. Porque ela (se é que devo chamar aquilo de "ela") me aguardava.
Eu sabia disso. Pois quando abri a porta do porão, os lábios ressecados e mortos do Oráculo de Delfos se abriam num sorriso sádico.
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