A Filha da Sabedoria escrita por Annabel Lee


Capítulo 15
Informações divididas.


Notas iniciais do capítulo

HELLLOOOOOOOOOOOOOO!



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Demorou um pouquinho para Jane finalmente abrir a boca para dar algumas informações úteis sobre as táticas de batalha da Legião Fulminata.

Pelo menos um dia inteiro de treinamento só para ela dizer que os romanos almejam a honra acima de tudo. Enquanto eu atirava flechas e a ouvia tagarelar, observei como os outros lutavam. As táticas eram diferentes das gregas... as nossas eram mais eficientes. Usavam não apenas a espada ou lança como ataque, mas todo o corpo. E até o escudo.

Nós gregos lutamos para viver. Os romanos lutam por honra.

Isso é uma vantagem.

Atirei, treinei, lutei. Isso durante todo o dia. Até nos retirarmos para o banho e, enfim, para o compartimento da Quarta Coorte.

Haviam mais campistas na Quarta do que imaginei. Mais gente que no Chalé de Atena, porém muito menos que no Chalé de Hermes. Uns onze garotos e umas nove garotas. Todos guerreiros, filhos de deuses diferentes - e as vezes netos.

Não guardei o nome de todos eles. Uma Mary, talvez um John. É complicado quando tanta gente fala seu nome e aperta sua mão depois de segundos. Tampouco gravei o nome de que deus eram parentes.

Enfim, estava eu traçando um plano para esgueirar do compartimento na madrugada, sabe... para informar o Acampamento... quando alguém me fez uma pergunta improvável.

- Você já se apaixonou, Alexia?

Que diabos de assunto era esse que eles conversavam? Amor? Nunca cheguei perto, ao menos o amor que tenho pelos meus melhores amigos e meu lar - o Acampamento Meio-Sangue.

Que perguntou foi o tal John. Tinha cabelos cor de mel e olhos azuis, como um anjinho. Um anjinho que ficaria muito bem com uma lâmina atravessando o pescoço. Deduzi que sua mãe era Afrodite - ou Vênus, tanto faz - por conta da pergunta idiota.

- Não - eu finalmente respondo - nunca.

Ele suspira, como se eu tivesse falado que matei minha mãe. Ele tinha o jeito um pouco afeminado, como maioria dos filhos da deusa do amor no Acampamento...

- I-M-P-O-S-S-Í-V-E-L - ele diz - muito impossível!

- Dê um tempo para ela, John, foi expulsa de casa a pouco tempo - diz Jane, lançando-me um olhar de lamento logo depois.

Não me importo.

Na verdade... Fiquei muito feliz em lembrar que mataria todos eles...

Infelizmente, mataria em nome de Atena e de minha missão para com ela...

... Mas nem tudo pode ser perfeito, não é mesmo?

E nós duas podemos finalmente nos dar bem!

- Tudo bem - eu digo para todos - não me importo.

Mas John ainda estava abismado.

- Qual é. Deve ter alguém! Uma paquera?

- Não. Ninguém.

- John, deixe a garota - diz o Centurião, Tales.

- Tá. Só estou comentando...

- Vamos dormir pessoal? - pergunta Jane, com um ânimo forçado.

As luzes se apagam, mas meus olhos permanecem abertos como os de uma coruja. Aguardando. Traçando planos e raciocínios complexos enquanto minha visão se adaptava com a escuridão. Pensei nas táticas de guerra, nas proteções e pontos fracos da cidade. O ataque poderia ser ali mesmo, por ar.

Mas eu tinha mais a resolver. Precisava de um mapa para a Marca de Atena. Não estava ali, no Acampamento Júpiter. Disso eu já sabia. Mas em que lugar de Roma eu deveria procurar? Que lugares explorar?

E que perigos vou encontrar?

Atena estudava o mapa de Roma com cuidado. Ameaçou os romanos, especialmente os desse Acampamento. A rixa entre eles e os gregos com certeza parte desse artefato desaparecido... Esse símbolo ateniense...

Símbolo ateniense.... Como não pensei nisso antes?

A estátua. Há muito desaparecida da capital grega, a cidade abençoada pela Atena em si. A estátua do Templo de minha mãe mais respeitado de todo o mundo. O próprio Pathernoon.

E a estátua, por sua vez, era da própria deusa. A Atena Paternos.

Quando o relógio branco na parede mostra três horas da madrugada, percebo que é o suficiente para informar Gabriel e os outros do que precisam saber sobre os romanos. O básico. Onde ataca-los e como. Precisa ser uma batalha rápida que os retarde...

Talvez num lugar que derrube a honra deles.

Dizem que os Confederados, da Guerra Civil Americana, eram romanos. Então alguma base confederada - ou um musel - deve ser de grande honra para os campistas. Derrubar essa honra era causar um buraco. Um buraco que pode nos ajudar.

Levantei silenciosa como um felino da cama. Eu não pus pijama. Caminhei silenciosa até o lado de fora. Estava frio, e escuro. Mas não sou de sentir frio, e meus olhos já estavam mais que adaptados a escuridão.

Andei até o lago. Olhei diversas vezes para ver se ninguém me via, ou me seguira. Tomei todos os cuidados possíveis. Todos. Tirei meus sapatos devagar e peguei dois dracmas. Um para por no lago, outro para que a luz do ouro reflita.

- Oh, deusa Íris, aceite minha oferenda - sussurro - mostre-me Gabriel, no Bunker 9.

Como esperei que acontecesse, a imagem do Bunker se forma. Apenas James, Gabriel e Miranda estavam lá. Dormindo. Gabriel babava em cima do sofá. James roncava encostado na parede e Miranda dormia silenciosa, segurando uma faca com firmeza.

- Psiu - chamei.

Apenas um leve movimento de James.

- Psiu!

Miranda leva um susto e já apontava a faca para todas as direções. Ela me vê e quase esfaqueia a mensagem de Íris. James a segura e Gabriel vem falar comigo.

- Está viva - ele sorria radiante - graças a Apolo!

- E à minha inteligência - comento - Gabriel, não tenho tempo. Tracei um plano. E será feito no Museu de Charleston.

- Charleston?

- Apenas me escute.

Contei a ele tudo o que sabia, inclusive meu plano. Ele escutou atentamente. E devo admitir, que Charleston também era o lugar perfeito para se esconder um mapa. O lugar se encaixa perfeitamente. Mas não tomarei medidas de imediato!

Gabriel escutou com atenção. Garantiu que falaria com Miranda e James que quase se matavam. Então uma pergunta surge em minha mente:

- Alguma notícia de Thomas?

Gabriel faz que não.

- Ferdinand partiu para New Jersey faz 24h. Não temos nenhum notícia dele desde então.

Deixo para lá. Thomas estava bem! Ele é o melhor sátiro que conheço.

Me despeço de Gabriel e a mensagem de apaga. Fico um bom tempo com os pés mergulhados no rio, pensando. Refletindo.

- O que está fazendo a essa hora no rio? - uma voz me pergunta.

Com uma calma assombrosa, levanto os olhos e vejo Júlio César. Vestia apenas uma camisa do Guns & Roses e uma bermuda de tecido - provavelmente um pijama. Os cabelos negros estavam bagunçados. Os olhos me fitavam.

- Não consegui dormir - respondo.

Ele faz a coisa que menos esperei em toda a minha vida: se sentou do meu lado. Mergulhando os pés no rio também.

- Eu também não.

Franzo o cenho, desconfiada.

- Não está chateado pelo eu ter te vencido?

- Essas coisas acontecem - responde de modo simplório - melhor eu aprender com uma derrota aqui do que num campo de batalha de verdade.

Assenti. Fazia sentido. Mas a presença dele ainda era desconfortável. Havia algo estranho... Complexo. Não sei explicar de nenhuma forma possível.

- Hum...senhor pretor...

Ele ri.

- Júlio - corrige - só Júlio.

- Júlio... eu poderia falar com você?


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Notas finais do capítulo

Vihsh



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