Iridescent escrita por Miwa Mazur


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

OIE GENTE LINDA.
Então, não me matem. Eu só esqueci que tinha que postar aqui semana passada t.t mas em compensação tava tudo uma loucura, então... Não me odeiem!
Hoje eu termino de escrever o 12º capítulo e volto com posts semanais. Afinal, após o fechamento do trimestre, tudo vale!
Beijinhos enormesss!
J.



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Um pequeno fato sobre mim: Eu não suporto pessoas que tentam mandar em mim.

Sendo assim, quando Derek me disse, pela nona vez, que eu deveria agir como sua namorada ao chegarmos ao hotel e depois me mandar dali, apenas obedeci à segunda parte e, assim que ele estacionou o carro, pulei para fora e segui meu caminho.

No início, eu não sabia o que fazer, de forma que acabei indo parar em um pequeno café, com uma xícara de chá e uma caixa de donuts em mãos, enquanto vasculhava minha mente atrás de informações.

Eu precisava descobrir o motivo de estarem atrás de Dimitri – o.k., esse era o item número um. E depois precisava descobrir quem estava liderando essa ação, e matá-lo. Nada mal. Nada mal mesmo. Só esperava estar viva até a metade da segunda parte.

Um pensamento muito irônico surgiu em mente – eu estava exatamente nessa posição quando vim atrás de Dimitri para encontrá-lo: Sem saber por onde começar. Naquela época eu tinha os descompromissados, mas com Tamara e Denis mortos, e Derek sendo um babaca, eu poderia riscá-los da lista de pessoas a quem recorrer.

Bufei. Ótimo, eu estava encrencada.

Decidi continuar do ponto que parei: As coincidências de quando vim procurar por Dimitri. Eu não tinha informações suficientes, apenas a ajuda deles para encontrar Strigoi... E com eles, a informação.

Larguei o pedaço final do donuts na caixa, enquanto procurava por alguma indicação de em que parte de Novosibirsk eu estava. Eu não podia falar com ninguém porque não sabia nem mesmo o básico do russo – e não era como se eu me interessasse em fazê-lo – e também não tinha nenhuma referência.

Se eu quisesse algo, deveria levantar a bunda dali e tentar buscar na memória lugares afastados e propícios. Bem, eu ainda estava em tempo. Larguei a caixa sobre a mesa, terminei de beber o chá, e saí do estabelecimento.

Eu me lembrava daquela rua – aliás, eu ainda estava perto do hotel em que os descompromissados se estalavam. E, se eu não estava enganada, havia um dos principais ninhos de criaturas malignas após o centro, que ficava a dois quarteirões dali.

Segui até o centro, atravessando um mar de pessoas que corriam por causa dos preparativos de fim de ano. Bem, eu não estava tão animada assim. Continuei andando, sem me importar com aqueles que tentavam me vender algo – em parte porque eu não tinha tempo pra isso, em parte porque eu não os entendia – e continuei andando.

Cerca de quarenta minutos depois, eu havia atravessado a maior parte do centro e me deslocado para uma viela muito movimentada, porém cheia de tendas e pessoas que poderiam ser confundidas com seriais killers.

Continuei andando até o final da viela, onde se encontrava a porta de uma boate. Ela ainda não estava aberta – inferno, ainda estava anoitecendo –, então eu precisei contorná-la para chegar aos fundos, em uma viela menor ainda.

Assim que pisei na calçada, uma náusea forte me atingiu. Eu estava no lugar certo.

Larguei a mochila atrás de uma lata de lixo, empunhando ambas as estacas. Segui caminho, examinando o fim daquele beco, onde eu podia ouvir os gemidos de alguém. Uma humana.

Fiz uma careta. Nojento.

Mantive-me nas sombras, avançando por trás do Strigoi. Ele provavelmente era novato, já que não havia percebido a minha presença e apenas se concentrava no êxtase que estava tendo. Dei mais um passo em sua direção, pronta para enfiar a estaca em seu abdômen e torturá-lo até descobrir algo útil – se é que ele falava inglês – quando a adolescente gemeu ainda mais alto.

Balancei a cabeça, e avancei contra o Strigoi. Só que minha estaca nem mesmo o arranhou. Assim que eu parti para cima, ele arremessou o corpo da humana contra a lata de lixo em que eu havia escondido minha mochila, e se virou para mim, torcendo meu pulso direito.

Filho da mãe.

Dei um chute em seu estômago para que me soltasse, e o ataquei novamente. Desta vez, a estaca atingiu seu braço esquerdo, fazendo com que ele urrasse de dor e viesse para cima de mim, tentando me esmagar com seu punho. Passei por debaixo do arco que seu braço formou, ficando contra ele e dando um chute em suas costas. Ele cambaleou para frente, e eu aproveitei para cravar a estaca naquela região.

Ele gritou ainda mais alto, e antes que eu percebesse, aquela mesma menina que antes estivera em êxtase estava ao meu lado, segurando a outra estaca. Bem, ela não parecia ser tão indefesa assim. Aliás, ela sabia como segurar uma estaca.

Só então percebi que ela era como eu. Os cabelos longos, a estatura mediana – a pele mais clara que a minha – e o cabelo quase igual ao meu. Ela poderia me ser útil, e vi esse vislumbre passar pelos seus olhos também.

Bem, eu havia ganhado uma cúmplic-

Distraída em pensamentos, o Strigoi acabara se aproveitando da minha distração e, mesmo com a estaca cravada nas suas costas, me chutou para trás. Infeliz!

Elevei a mão ao peito, o local em que ele havia chutado, tentando recuperar o fôlego. No instante seguinte, minha “sósia” estava arrancando a estaca de suas costas e tentando estaqueá-lo.

–- Para! – Gritei para ela, empurrando seu corpo para o lado. O monstro de olhos verdes aproveitou para me dar um soco, e em resposta o atingi com meu joelho entre as pernas, empurrando seu corpo para trás e recuperando uma de minhas estacas.

Por um instante, a menina me julgou com o olhar como se eu fosse louca, e então se juntou a mim.

Prendemos o Strigoi no chão: eu havia me sentado sobre sua barriga, prendendo seus punhos, e ela segurava as pernas. Ele cuspiu algo no meu rosto, e jurei me vingar disso mais tarde.

–- Dimitri Belikov. – eu disse. – Você o conhece?

O Strigoi se debateu ainda mais sob mim. Então, minha nova assistente – que havia se sentado sobre suas pernas – pegou minha segunda estaca e cravou em seu joelho, fazendo-o urrar e se debater ainda mais.

–- Cale a boca. – Gritei para ele. – Você o conhece?

–- Quem não conheceria o cara que derrubou o Império de Galina? – Ele me respondeu, juntamente com uma enxurrada de palavrões em turco. Bom, tínhamos um avanço. Ele também não era russo, e conhecia o ponto principal da história.

–- Sabe que estão atrás dele? – Continuei a interrogá-lo. Gesticulei para que a garota sem nome se preparasse para mais um golpe, e assim que ela ergueu a mão, o Strigoi berrou as palavras:

–- É claro que eu sei. Todos os Strigoi estão. – Ele se debateu ainda mais. – Eu vou matar você, sua garotinha estúpida. Vou matar você, Rose Hathaway. Todos estão à sua espera, todos querem você para se juntar a eles.

Revirei os olhos para o maldito. Provavelmente tentava me amedrontar para que o deixasse sair dali. Bem, essa não era a primeira vez que eu torturava alguém – muito menos um Strigoi.

–- Você verá. Mais cedo ou mais tarde, você matará o homem que ama. – Então ele soltou uma gargalhada monstruosa. – Pobre Dimitri, deveria tê-la matado enquanto a tinha sob controle.

–- E como eu me juntarei a eles? – Tentei erguer a sobrancelha para ele.

–- Você irá até o Castelo. – Ele cessou as gargalhadas, me fitando. – O Castelo, ah, você se lembra dele? – Disse ele em tom melancólico, quase doentio. – Onde os Strigoi reinam. Onde será o nosso trono quando tomarmos a Corte.

–- Quem está comandando isso?

–- A Rainha. – Ele disse. – Vá até o Castelo, ofereça seus serviços. Você é a nossa Rainha, Rose. Você comanda isso.

Engoli em seco, sentindo suas palavras me atingirem como socos. Ele era louco. Louco. Eu nunca me juntaria a eles! E nunca mataria o homem que amava!

–- Sua escuridão é a Rainha, eu posso escutá-la. Ela comanda isso, e você é sua intermediária. Você, dampira estúpida e impulsiva.

–- Chega. – gritei, soltando um de seus punhos e cravando a estaca em seu peito no mesmo instante.

–- Eles estão vindo. – A menina murmurou atrás de mim. – Sabem que você está aqui, Rose, você tem que correr.

–- Que diabos é você? – Vociferei para ela. Eu já havia estourado minha cota de esquisitices do dia. Primeiro um Strigoi me diz que quem comanda esses ataques contra Dimitri sou eu, ou melhor, minha escuridão, e agora ela me diz isso como se estivéssemos em Premonição?

Ah, fala sério!

–- Melina. Uma shadow-kissed. – Disse ela, levantando-se e me entregando minha estaca. – E, se a gente não correr agora, você estará morta.

Um arrepio percorreu a minha espinha. Ela era como eu, afinal. Eu já havia encontrado muitos usuários de espírito, mas, até agora, somente um shadow-kissed. Mas Melina era diferente, algo me dizia isso.

–- Eles estão vindo do Norte. – Então olhou para mim. – Anda logo! – Reclamou. – E me dê a sua jaqueta, se não quiser ser descoberta.

–- Como sabem que estou aqui? – Perguntei, jogando a jaqueta nela e pegando minha mochila.

–- Te viram na praça. – Então me lançou um olhar de desprezo. – Você deveria ser mais cuidadosa, Rose.

Revirei os olhos. Ela tinha sorte de estarmos em perigo, ou eu faria com que seu nariz fosse mais uma grande diferença entre nós, por estar quebrado.

Assim que corri pelo beco, uma náusea me atingiu. Olhei para Melina, que sinalizou para irmos por caminhos diferentes, e assenti. Então, comecei a correr mais do que estava acostumada.

Os treinos de Dimitri tiveram um propósito, afinal.

Mas hey, nós não havíamos combinado um ponto de encontro. Pensei em frear para dizer isto a ela, mas assim que cogitei olhar para trás, percebi as sombras que nos cercavam. Droga.

Apertei o passo, correndo ainda mais rápido. Assim que tive a oportunidade, atravessei a ponte e entrei no centro novamente, caminhando entre as pessoas.

Não havia sinal de ninguém atrás de mim, e me permiti respirar aliviada por isso. Desta vez, fingi estar mais interessada nas mercadorias para examinar ao meu redor. Nada. Melina havia ficado com todos eles.

Respirei fundo, voltando a correr. Eu precisava voltar para aquele café, e então pensaria no que fazer para encontrá-la. Ele havia se tornado um ponto para mim, já que não tinha para onde ir, já que não queria mostrar a Eddie e Mia que estava em problemas. Não, já havia gente demais envolvida nisso.

Assim que cheguei à mesma rua sem saída em que havia partido, caminhei para a cafeteria. Bem, eu tentei, porém algo – ou melhor, alguém – me chamou a atenção. Era aquela mesma senhora, na calçada ao lado do Hotel.

Mudei meu percurso caminhando até ela, que parecia estar absorta em seu cobertor. Porém, assim que me viu, seu rosto se alegrou e ela começou a exclamar mais coisas em russo. Parecia feliz em me ver.

Continuei a encarando, notando que alguém havia sentido a minha falta, afinal. Uma rajada de vento me cercou, me fazendo abraçar a mim mesma para tentar aquecer-me. Maldita hora em que havia entregado a minha jaqueta à Melina!

Continuei encarando a mulher, que agora havia se posto de pé e estendido seu cobertor a mim. Recusei com a cabeça, tentando gesticular para que ela usasse em si mesma. Ela me examinou minuciosamente, e então assentiu, jogando o cobertor ao redor do próprio corpo.

Continuou examinando-o como se fosse uma joia rara, e então ergueu a cabeça para mim, como se para perguntar se eu não concordava. No entanto, sua expressão mudou para algo aterrorizante.

Eu já havia visto isso antes. Parece que eu não havia conseguido despistar todos, afinal.

Fechei minhas mãos em punho, pronta para lutar, quando sua voz me atingiu:

–- Você ainda não aprendeu a lição, não é mesmo Roza? – Alguém murmurou. Eu dei um pulo na calçada, me virando para ele. Como Dimitri havia me descoberto, por Deus? E, pior ainda: Por que ele estava aqui?

Justamente depois de ter sido acusada de ser a líder dessa caça a ele.

–- Que diabos você tá fazendo aqui? – consegui perguntar. Então, o empurrei para trás, assumindo uma postura defensiva.

–- Eu é que te pergunto isso. – Ele contrapôs, cruzando os braços em frente ao peito. – E não sairei daqui até conseguir uma resposta.

Bufei. Ah, que ótimo: -- Eu tenho que esperar uma amiga, o.k? – Torci para que isso bastasse e que ele me desse algum tempo.

–- Ah, você não precisa. Ela deve estar nos observando agora mesmo, ao lado do Hotel. – Ele balançou a cabeça. – O que deu em você, Roza? – Então passou a mão pelos seus fios castanhos. – Por que você fugiu daquele jeito?

–- Porque alguém tem que parar isso. – Falei mais alto do que pretendia. – E o que você quer dizer com... Oh! – Assim que me estiquei para enxergar além de Dimitri, percebi o que ele queria dizer. Melina de fato estava nos observando com um sorriso traiçoeiro nos lábios.

–- Eu vou estar no hotel. – Ela gesticulou. – Quarto 206. Espero não ter interrompido nada. – Então piscou para mim, entrando no prédio. Revirei os olhos. Ótimo. Duplamente ótimo!

–- E então, agora que você não tem que esperar essa amiga, será que pode me responder? – Dimitri insistiu. Encarei a lanchonete, sentindo meu estômago me trair. Bem, eu havia gastado energia, afinal.

Dimitri balançou a cabeça: -- Certo, Rose. Mas lá você me contará tudo.

–-

Dimitri não ficou comigo na cafeteria. Ele pediu o nosso lanche, e então um quarto de hotel para mim. Ele disse que se arranjaria depois, porque teria que resolver algumas coisas já que estava em Novosibirsk.

De qualquer forma, fomos para o meu novo “lar, doce lar” para discutir sobre isso.

–- Por que você veio pra cá? – Dimitri esperou que eu terminasse com meu sanduíche para começar o interrogatório. Bem, pelo menos a refeição ele havia respeitado.

–- Porque alguém tem que parar isso. – Lancei um olhar inquisitivo para ele. – E eu já te disse isso.

–- Parar isso? – Ele me encarou, perplexo. – Você acha que alguém, ainda mais você, parará isso? – Então balançou a cabeça, o que fazia quando eu estava sendo absurda.

–- Bem, segundo o que o Strigoi disse, eu sou a pessoa certa para isso. – Mordi meu lábio assim que as palavras saíram. Merda. Dimitri me encarou ainda mais fixamente, como se exigisse que eu continuasse. Parabéns, Rose! – Eu torturei um Strigoi, assim como fiz com Nathan, e ele me disse que, na verdade, quem lidera isso sou eu. Eu matarei você. E você deveria ter me matado quando teve a chance.

–- Como ele era? – Dimitri ergueu uma perfeita sobrancelha para mim. De repente, comecei a rir.

–- Eu te conto que eu sou a possível Rainha dos Strigoi, e posso ser a razão de você estar sendo caçado, e você se preocupa em saber como ele era? – Encarei Dimitri. – Desculpe desapontá-lo, camarada, estava ocupada demais lutando para prestar atenção em como ele era.

–- Eu quero saber como ele era porque isso pode me remeter à posição que ocupa entre os Strigoi. – Então voltou a me encarar da poltrona em que ocupava. – E não comece com isso novamente.

Suspirei: -- Não estou começando. Estou dando continuidade no processo. – Então o fitei. – E dizendo a verdade. Eles querem a mim, Dimitri. Acho que, se eu me entregar, isso acaba. – Ponderei por um momento essas palavras.

Eu nunca me entregaria para meus inimigos – não havia sido criada para isso. Mas e se esse fosse o único jeito de salvar Dimitri do que eu mesma o havia colocado? Eu não o protegi na caverna, e então ele se tornou um Strigoi, e todo esse inferno havia começado.

Se eu fosse um pouco mais eficiente, quem sabe onde estaríamos? Provavelmente eu estaria conhecendo sua família hoje, em um relacionamento já assumido na Corte.

Mas não, eu estava aqui, ponderando como salvar o homem que eu amava, e que havia arruinado a vida.

Melhor ainda: E se Dimitri não tivesse me amado, e aceitado a proposta de Tasha? Nem mesmo na caverna ele estaria! E não correria mais nenhum risco.

–- Nem pense nisso. – Ele balançou a cabeça. – Eu já te disse o que eu acho.

–- Mas não me deixou dizer o que eu acho. – Gritei, erguendo-me da cama. Comecei a caminhar pelo carpete enquanto falava: -- E se eu for a razão, Dimitri? Você estava certo em ter desistido de mim, eu sou um caso perdido. E mais: E se o único meio de te libertar, for se eu me entregar? Eu estaria disposta a pagar esse preço depois de ter acabado com sua vida, Dimitri. – Confessei, parando para encará-lo.

Ele havia apoiado seus cotovelos nas pernas, encarando-me como se decidisse o que fazer comigo. Bem, eu já tinha a resposta. Essa agora parecia ser a única alternativa.

–- E tem mais, e se você tiv-

–- Eu amo você, Rose! – Dimitri explodiu, pondo-se de pé. – Pare de cogitar essas coisas absurdas, porque, pelo amor de Deus, eu amo você! – Ele diminuiu o tom, dessa vez me encarando com aqueles olhos castanhos que me envolviam.

Ele está mentindo – uma voz soprou dentro de mim. – Ele só não quer que você se arrisque.

–- Mentiroso. – Acusei em um sussurro.

–- Você realmente acredita que eu estou mentindo, Roza? – Ele continuou a me encarar. Seus olhos me envolviam. Eram repletos de algo quente e maravilhoso, algo que derrubava a voz que me dizia o quão ele estava tentando me impedir de fazer a coisa certa.

Afinal, o quê era o certo? Qual era a coisa certa a ser feita?

Eu não sabia mais.

–- Você deveria ter me dito isso antes. – murmurei em resposta. – Na igreja.

–- Você não deveria ter vindo até aqui. – Ele rebateu.

–- Mas eu vim.

–- E eu não disse naquela Igreja. – Dimitri concluiu. – Pelo contrário, preferi mentir pra você. Perdoe-me, Roza. – Ele soprou. – Eu queria protegê-la, não fazê-la sofrer.

–- Eu sei. – Balancei a cabeça. Eu realmente entendia, porque até minutos atrás, tentava seguir a mesma linha de raciocínio que Dimitri usara comigo. Acho que, se eu apontasse o dedo para ele e o acusasse agora, seria uma hipócrita. Além do mais, eu não queria fazer isso. – E eu amo você por iss-

Nesse instante, uma explosão soou próxima de nós. Próxima demais de nós. Como se viesse do corredor. E, tão rápido quanto o som se fez presente, uma náusea forte me atingiu.

–- Merda. – Olhei para Dimitri. – Tem Strigoi.

Dimitri segurou minha mão e me puxou para o banheiro do quarto, onde uma pequena báscula nos daria acesso a uma árvore. Bem, parecia que a única saída seria escalá-la.

Examinei a abertura da minúscula janela: Eu passaria por ali, mas Dimitri? Nunca. Ele era alto demais para passar por algo tão pequeno.

E eu não estava disposta a deixá-lo para trás.

Examinei o banheiro, vendo um extintor de incêndio escondido. Corri até o local, pegando-o e arremessando-o contra a janela, de forma que mais um estrondo se fizesse presente, e aumentasse o tamanho da nossa “passagem secreta”.

Sibilei para que Dimitri passasse logo, e assim que vi que ele começava a descer pela árvore, me joguei pela minúscula janela. No entanto, assim que meu pé tocou no galho da árvore, um “crac” se fez presente e o meu ponto de apoio deixou de fazer parte da minha rota de fuga, me levando ao chão.

–- Inferno. – resmunguei, levantando-me. Dimitri já pulara da árvore, e agora estendia uma mão para mim. Ignorei a fisgada de dor que senti em meu tornozelo e comecei a correr com ele ao meu lado, lançando um ou outro olhar para trás.

Bem, eles estavam atrás de nós. E quando eu dizia “eles”, me referia a mais ou menos dez Strigoi. Com minha “sósia” no meio.

Só que, dessa vez, ela tinha anéis vermelhos ao redor dos olhos. Ah, não. Duplamente merda.

–- Pronta? – Dimitri apertou minha mão assim que passamos pela praça, refreando seu ritmo. Ele não esperou minha resposta, e tampouco consegui perguntá-lo para quê.

A única coisa que eu percebi fora que, em um minuto, nossos pés não tocavam o chão. Havíamos pulado diretamente no esgoto da cidade.



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Notas finais do capítulo

(Lolita, are you busy?)