Sobrenome Beija-flor escrita por Anniki


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Yo nekos da Anniki, estou aqui para publicar mais uma one ;)
Essa foi feita para o Concurso Let Me Love You no "AS".
Agora vamos aos avisinhos de costume:
O1. Todo o texto é de minha autoria, então por favor sem plágio.
O2. A fanfic foi inspirada no filme: "E se Deus fosse o sol?", mas SOMENTE inspirada. Oooou seja, não é uma adaptação e muito menos continuação.
O3. Assim como o texto, as montagens feitas para servir como capa da fic e do cap. são de minha autoria.

Espero que apreciem a leitura e me perdoem os erros gramaticais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/380779/chapter/1

“Beija-flor: Pequena ave de penas fortemente coloridas. Suga o néctar das flores através de seu longo e fino bico. Também conhecido como “colibri”, é a única ave capaz de voar rotacionando suas asas para trás. Na poesia, sempre aparece como amante das flores e do doce sabor de seu mel...”

– Acho que deveríamos mudar o nome dessa ave para o nome da mamãe – Disse o moreno, fechando o livro de ciências e olhando para a menina em seu colo.

– Nós podemos fazer isso papai? – Perguntou, fazendo os olhos cegos brilharem em vida.

– Sim, esse será nosso segredo – Cochichou de forma cúmplice a pondo no chão.

– Isso ai! – Gargalhou, fazendo o homem rir junto – Posso ir até o jardim agora?

– Mas você já passou a manhã inteira lá – Ergueu uma sobrancelha, confuso.

– Gosto do cheiro! – Respondeu simplesmente e colocou suas duas mãozinhas no rosto do homem – Não faça essa cara, papai.

– Às vezes me pergunto se você não é mesmo capaz de enxergar – Falou com um meio sorriso na face.

– Vovó Tsunade disse que meus outros sentidos são mais aguçados.

– Quem você está chamando de vovó? – Perguntou uma mulher loira de enormes seios se juntando a eles na varanda.

– Vovó! – Exclamou a pequena antes de, orientada pela voz, se atirar no seu colo em um abraço cheio de saudade descabida.

– Ora essa, não sou tão velha assim. Tenho idade de ser sua mãe – Comentou a pondo de volta no chão – Você cresceu bastante desde a última vez que nos vimos, Hinata.

– Eu estou comendo e brincando muito, ficarei forte igual um touro – Respondeu dando batidinhas em um dos braços, representando o que falava.

– Claro que irá – Falou o moreno, soltando um breve riso anasalado – Pode ir brincar agora.

Como um raio a pequena de longas madeixas negras, correu na direção do jardim, onde sentou-se em meio as flores e ficou a cheirar cada uma delas.

– Obrigado por atender meu chamado – Começou o homem, indo mais para o lado no pequeno sofá para que a mulher pudesse sentar.

– O que o preocupa tanto, Sasuke? – Perguntou já sentada a seu lado.

– Hinata tem tido um sono inquieto. Ela solta algumas risadas, parece conversar com alguém... Nas primeiras noites pensei que estava acordada, mas quando a chamava percebia estar dormindo.

– Sonambulismo não é tão incomum assim – Disse não compreendendo onde o rapaz queria chegar.

– Não é esse o problema. O caso é que, na manhã seguinte quando pergunto do assunto, ela responde sempre a mesma coisa: “Não se preocupe papai, a mamãe estava lá” – Terminou olhando para as mãos entrelaçadas.

– Entendo – Olhou para a pequena sentada no jardim e rindo muito – Sou médica há muito tempo, me formei na melhor universidade do país e não é atoa que cheguei ao posto de diretora do Hospital Konoha, mas sabe Sasuke... Mesmo tendo todos os motivos, todos os argumentos da ciência a meu favor... Eu ainda acredito em coisas como fé. Já cogitou a possibilidade dela realmente aparecer nos sonhos da pequena Hinata?

– Você acha que isso é possível? – Questionou confuso.

– Olhe para ela se divertindo entre as flores, logo elas que eram a verdadeira paixão da nossa amada – Disse fazendo-o olhar para o mesmo canto que ela – Veja como ela parece calma, conversando com o invisível... Há mais coisas entre o céu e a terra do que nós podemos imaginar, a ciência não explica tudo.

– Obrigado por ter vindo, sei que é muito ocupada.

– Não se preocupe, ela era como uma filha para mim – Respondeu levantando-se e preparando-se para ir embora.

– Eu gostaria de ter, ao menos, um pouco dessa sua fé – Confessou entristecido.

Tsunade olhou para onde ele estava sentado, a expressão de desespero começando a ser estampada em sua face. Aquilo lhe cortou o coração. Antes de se despedir da criança no jardim, deixou suas palavras cravadas na mente de Sasuke.

O moreno, ainda absorvendo aquelas palavras, fechou os olhos e se deixou levar pela brisa. Seus músculos tencionaram e a nostalgia se abateu sobre si como uma serpente traiçoeira. Memórias o atingiram como um soco...


Hospital Konoha.

O grande letreiro pairava sobre as duas pessoas paradas ali, cada uma com uma expressão diferente. O homem possuía uma determinada, confiante. A mulher uma entediada.

– Não havia necessidade de tudo isso Sasuke-kun – Reclamou manhosa.

– Nós já falamos sobre isso – Disse irredutível.

– Não acredito que vou passar os últimos dias da minha vida presa em um hospital.

– Não fale sobre isso como se fosse fácil. Não trate a morte com tanta intimidade – Repreendeu, sentindo um nó na garganta.

– Um dia todos nós iremos sucumbir, é o preço. – Falou séria, pela primeira vez em muito tempo – Cada um de nós tem uma dívida a ser quitada e às vezes nós pagamos a dos outros.

– Isso não é justo – Finalizou o moreno, apertando-a contra si.

– Ninguém disse que seria, certo? – Perguntou risonha, afastando-se – Se me trouxe até aqui é bom que me leve já pra dentro, não garanto que concordarei com isso por mais tempo.

– Não conseguiria fugir de mim – Soltou um sorriso lateral e selou os lábios nos dela.

– Não se superestime – Riu, entrando de mãos dadas com ele.

Caminharam pelos extensos corredores até chegarem à porta desejada, o letreiro dourado de caligrafia elegante informava: Dra. Tsunade. A sala era extremamente organizada, tirando o fato da mesa estar abarrotada de prontuários e outros documentos, ali podia ser visto o topo de uma cabeleira loira.

– Ouvi dizer, que debaixo de todo esse papel, reside uma senhora velhinha de cabelos loiros e enormes seios – Provocou a mulher.

– Mas quem você pensa q... – Se interrompeu ao notar quem havia falado. Seus olhos correram para o moreno ao seu lado e quando o viu balançar a cabeça positivamente, seu sorriso foi imediato – Por Deus, finalmente um pouco de juízo.

– Não se gabem tanto, estou aqui contra vontade.

– Isso não exclui o fato de estar aqui – Debochou levantando-se e a abraçando fortemente.

– Vai com calma – Brincou retribuindo o carinho.

– Contamos com você, Tsunade – Falou Sasuke, abraçando protetoramente a rosada.

– Farei até o impossível para curá-la, Sakura – Afirmou determinada.

Um borrão e a cena já era outra. Dessa vez, a mulher de longos cabelos róseos estava deitada em uma cama, com soro aplicado em sua veia. Sua expressão era cansada, mas o sorriso ainda podia ser visto adornando sua face.

– Ele dormiu aqui? – Perguntou Tsunade terminando de anotar algumas coisas no prontuário e notando um casaco negro abandonado na poltrona bege.

– Saiu há algum tempo para finalizar os papéis da adoção de Hinata – Disse alargando o sorriso.

– Invejo sua alegria, qual o segredo? – Perguntou brincalhona.

– A eminência da morte – Falou olhando através da janela, os pássaros que voavam.

– Que conversa descabida é essa? – Espantou-se a loira – A conheço desde pequena e você sempre foi animada, não me venha com essa.

– Nós começamos a morrer desde o momento em que nascemos – Respondeu, sorrindo meiga para a mulher a sua frente.

– Prometi que iria te curar desse câncer a todo custo, eu ainda não fiz tudo que posso – Afirmou confiante.

– Tsunade-sama... – Disse séria – Eu também sou médica, sei das fases da doença que carrego. Eu já comecei a perder o apetite – Revelou serena.

– Nós ainda não tentamos tudo – Teimou sentindo os olhos marejarem.

– Por mim está tudo bem, já é o suficiente – Confortou afagando as mãos daquela que considerava como mãe.

Sasuke havia chegado há algum tempo e via tudo através de uma fresta na porta, não fora um gesto proposital, apenas aconteceu. Sentiu as pernas bambearem e por pouco não sufocou com a falta súbita de ar. Estava em pânico, sabia que estava a perdendo, a doença fora descoberta tarde demais, mas... A ver desistir da própria vida com um sorriso no rosto o fez tremer.

– É muito feio ouvir atrás das portas – Falou Sakura rindo divertida.

Não podia deixar que ela o visse vulnerável dessa forma, respirou fundo e entrou com o melhor sorriso que pôde.

– Me desculpem, não quis atrapalhar a conversa de comadres – Debochou beijando o topo da cabeça da esposa.

– Então ainda estamos na fase das orquídeas? – Questionou Tsunade observando o pequeno jarro que ele carregava, onde havia belíssimas orquídeas brancas.

– Sim, essas são as últimas. As próximas serão as, tão clichês, rosas – Revelou a rosada animada.

Sakura tinha uma paixão por flores que superava a pela medicina, então todas as manhãs, Sasuke levava um vaso para ela. Quando as cores disponíveis de uma mesma espécie se esgotavam, eles trocavam. Foi assim com os lírios, crisântemos, petúnias, tulipas e agora com as orquídeas. Todos os dias quando trocava o vaso, o levava para casa e plantava as flores no próprio jardim.

– Não me admira o quarto estar sempre tão perfumado – Brincou Tsunade.

Mais uma vez a cena foi trocada. Sasuke agora estava no corredor do hospital, observando a porta do quarto onde a esposa repousava. Era de manhã cedo, o sol mal tinha nascido e havia recebido uma ligação de Tsunade. Seu coração palpitava desenfreado e o medo espreitava as sombras, pronto para apoderar-se de seu corpo. Refreou os pensamentos conturbados quando viu a porta ser aberta e Tsunade passar por ela com os olhos vermelhos. Sentiu o baque que aquela expressão significava.

– Ela está partindo, Sasuke – Revelou liberando as lágrimas contidas.

– Não podemos fazer mais nada? Ainda podemos tentar a quimioterapia! – Pediu desesperado.

– O câncer dela foi descoberto em um estágio avançado demais. Ela já sabia desde o começo que não havia escapatória – Afirmou enxugando os olhos e disse antes de sair – Ela quer vê-lo.

Engoliu todo o desespero que teimava em subir pela garganta e fez um esforço sobre-humano para afugentar o grito de agonia quando tocou a maçaneta. Ela estava deitada de olhos fechados. Por Deus, como era bela!

– Está linda hoje – Disse com o tom mais animado que conseguiu e depositou um cálido beijo em sua testa e lábios.

– Somente hoje? – Falou baixo, abrindo os olhos. O cansaço era evidente.

– Sempre – Afirmou abrindo as cortinas – Sei que gosta de ver o dia nascer.

– Obrigada – Sorriu simpática – Sente aqui – Pediu e respirou cansada depois.

– Como se sente? – Começou ao sentar-se ao seu lado e segurar-lhe a mão.

– As pessoas mentem sobre a morte – Confessou, fazendo pequenas pausas devido à fraqueza – Não sinto dor, muito menos frio.

– Isso é por causa dos remédios, hime – Disse calmo.

– Devo agradecer por eles – Brincou e soltou uma risada, que a fez ter uma pequena crise de tosse.

– Não se esforce – Advertiu vacilante.

– E pensar que meu pai fumou a vida toda e quem irá morrer com câncer de pulmão sou eu – Sussurrou com dificuldade.

– Essa é sua dívida – Falou de forma risonha o que a mesma havia dito no dia que foi internada. Precisava dar o melhor de si para que ela não o visse triste.

– Sim, meu preço é pegar os pecados do meu pai – Sorriu e olhou para o céu azul, a luz que invadia o quarto atingia seu rosto e a trazia calma – Sabe, é como se Deus estivesse aqui conosco – Disse tendo outra crise de tosse.

– Ele certamente está – A abraçou até que ela conseguisse parar, sentiu a camisa úmida no local onde a boca dela encostava, ela sangrou.

– Sabe... Eu acho que Deus é o sol – Confessou afastando a cabeça do peito dele e olhando através da janela, a voz mais vacilante do que antes.

– Por que acha isso? – Perguntou a ajudando a deitar-se novamente.

– Eu me sinto tão quente... – Cochichou fechando os olhos.

– Não me deixe, por favor – Implorou, os cabelos cobrindo a face.

– Cuide da pequena Hinata, você é tudo que ela precisa – Disse acariciando a mão dele que repousava a seu lado.

– Ela tem questionado sobre quando irá chegar, ela adora você! O que direi a ela quando perguntar sobre você novamente? Como irei explicar por que nunca mais voltará para casa?– Não era mais possível esconder a agonia.

– Quando perguntarem de que morri... Lhes diga como vivi.

Silêncio.


Voltou à realidade ao abrir os olhos de vez. Estava, certamente, com os olhos marejados. Sentiu a gentil brisa da tarde e quando olhou para cima viu o pôr do sol. As mesclas de vermelho, roxo e tons de laranja tingiam todo o lugar de vida. Olhou para onde a filha ainda se mantinha sentada e não segurou o sorriso abobalhado, levantou-se indo até a lateral da casa e desligando a mangueira que a pequena usou para aguar as flores.

Voltou até os fundos e ficou novamente a observar o jardim. Uma pequena poça d´água, próxima a Hinata, refletia um prisma indescritível. Foi apenas o tempo de mover os pés na direção da filha e tudo aconteceu. Quando o sol bateu novamente na poça, uma figura feminina de longos cabelos róseos e olhos verdes fora refletida.

Ela olhava em sua direção e esbanjava o sorriso mais confortante que já viu na vida. Apenas um lampejo, mas foi o suficiente para acalmar-lhe o coração. Novamente as palavras de Tsunade ecoaram em sua mente e, dessa vez, não foi a letargia que o atingiu, ele agora era tomado de uma onda de coragem invejada.

“– Não desista agora. Hinata é a prova de que Sakura ainda luta por você.”

Sim, ele havia entendido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esclarecimento: Não citei o "tempo" de forma clara, a única coisa que fiz para basear vocês foi o costume das flores, então levando em consideração que eles só trocavam um espécie quando sua gama de cores se esgotava e que Sasuke já havia levado várias espécies... Resolvi deixar a critério de cada um imaginar quanto tempo se passou após a morte de Sakura.

Muito, muito obrigada a todos que leram, espero que não tenham ficados confusos com nada e, caso isso tenha ocorrido, podem me dizer e eu esclareço tudo.
Ja ne, nekos :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sobrenome Beija-flor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.