Trouble! escrita por MyParadise


Capítulo 5
Problemas em casa... Ah, não!




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Continuamos sentados na pedra por mais um bom tempo, e quando começou a escurecer Greg me deixou em casa. Entrei em casa com um sorriso de orelha a orelha. Eu andava e parecia estar flutuando. Tudo parecia ocorrer bem. Eu o conhecia há tão pouco tempo, mas parecia que não.

Ao fechar a porta de casa, comecei a ouvir gritos do andar de cima. Eram meus pais. Meu sorriso se desfez e corri para ver o que estava acontecendo. Ao entrar no quarto deles vi a cena mais horrível da minha vida, que não sairia da minha cabeça jamais. Minha mãe estava aos prantos, no seu rosto estava estampada a infelicidade. Meu pai, com uma mala em cima da cama, colocava todas as suas roupas dentro da mesma.

— O que está havendo aqui? — perguntei.

— Não é nada, querida. — minha mãe forçava um sorriso. Como ela conseguia?

— Como não é nada? Olhe pra você, chorando! E papai arrumando as malas. Eu não sou mais criança, já sou bem grandinha e tenho o direito de saber. Isso interfere na minha vida também! — senti minha voz se exaltar enquanto eu falava. Papai ao ouvir parou de arrumar a mala e colocou as mãos na cintura, mamãe se sentou a cama com as mãos a cabeça.

— Conte a ela, James! Conte a ela como você é um canalha, safado! — cuspiu ela, contendo o grito.

— Cala a boca, Judith! Nosso casamento já estava frio há muito tempo. — meu pai olhava pra minha mãe, pude sentir o desprezo em sua voz e em seu olhar. Ele respirou fundo e olhou pra mim, seu tom de voz tinha mudado. — Eu estou me encontrando com outra mulher, filha. Eu a amo. Ela trabalha comigo. Eu contei a sua mãe, mas ela não aceita que nós não temos mais jeito. Acabou.

—Não se faça de vítima, James! — minha mãe se levantou da cama e continuava chorando. — Você estava tendo um caso com essa mulher há meses, quase um ano! Não me contou cedo quando começou a se apaixonar por ela, me contou só agora! Enquanto a trouxa aqui achando que tinha um marido fiel.

— Eu errei nisso, mas não quero mais errar. — papai permanecia com a voz tranquila, ele falava diretamente comigo, ignorando minha mãe. — Eu estou me separando da sua mãe, Kate. Não de você. Nossa relação não muda nem um pouco.

— E adivinha pra onde ele está indo agora? Morar com aquela vadia em outro estado! Pra mim já chega. — mamãe passou esbarrando em tudo e desceu correndo as escadas. Fui atrás dela.

— Mãe, onde você vai? Não pode sair de casa nesse estado. Por favor, fica. — supliquei.

— Eu preciso sair daqui, Kate. — ela pegou a chave do carro e saiu pela porta. Corri atrás dela, mas quando a vi já estava dentro do carro e dando partida para a rua.

Voltei para dentro de casa sentindo o gosto das lágrimas encostarem minha boca. Sentei no sofá me sentindo uma criança chorona, mas eu realmente parecia uma. Em um segundo tudo estava perfeito e em outro eu via minha família sendo destruída. Enquanto eu chorava, não podia deixar de lembrar os bons momentos que passamos juntos. Natais, festas de aniversário, tudo parecia perfeito. Meus pais pareciam se amar. Mas vai ver só estavam fingindo o tempo todo.

— Filha — senti a mão quente do meu pai me tocar o ombro. —, eu... Não sei o que dizer.

— Que tal: eu sou ridículo e estou trocando minha família por uma paixãozinha? — esquivei meu ombro da mão dele e virei para trás. Ele já estava pronto para ir embora. — Pode ser que eu te perdoe depois, mas por enquanto eu estou sentindo um ódio tão grande que poderia te matar. Então vai embora daqui!

As palavras saíram tão doídas que fui pega por mais um ataque de choro. Fechei os olhos e deitei no sofá, esperando ele ir embora. Não demorou muito para eu ouvir a porta de casa bater.  Eu estava sozinha em casa, desesperada.

Acordei com uma dor no corpo terrível no dia seguinte. Sim, havia dormido no sofá e sim, o sofá daqui de casa é realmente desconfortável. Meus olhos doíam e me sentia terrivelmente ruim. Levantei do sofá e estava tudo em perfeito silêncio. Me perguntei se tudo não tinha passado de um pesadelo. Até alguém abrir a porta de entrada e eu ver minha mãe entrando, com uma garrafa de vodca e bêbada como uma... Uma... Uma bêbada!

— Mãe?! — indaguei, correndo em sua direção para ajuda-la a andar. — Como veio dirigindo até aqui?

— Não vim... Eu vim de taxi. — Judith dizia, até porque aquela mulher podia ser qualquer uma, menos minha mãe. — Aliás, que dor de cabeça horrível. Me leve para o quarto.

— E onde você deixou o carro?

— Sabe, não me lembro. Acho que em frente a um barzinho bem bonitinho... Ah! Gilderoy’s. — sua voz estava arrastada e ela fedia a cachaça.

Ajudei minha mãe a ir para o quarto, até ver que ela começava a chorar. Arrancando-me um choro também. Mordi o lábio, tentando me conter. A deixei deitada na cama, enquanto começava a tirar suas roupas e seus sapatos. A puxei novamente, colocando um braço em volta de sua cintura e seu braço esquerdo em volta do meu pescoço. Fui com ela até o banheiro e entrei com a mesma no box. Me diziam que remédio pra gente bêbada é agua fria, espero que seja verdade.

Abri a torneira na água fria e deixei a água cair bem em minha mãe. Consequentemente eu estava me molhando também. Aquilo não era uma cena bonita de se ver e me deixava mais triste ainda. Eu nunca imaginei ver minha mãe nesse estado... Bêbada. Assim que terminamos, ela já conseguia ficar em pé sozinha. A enrolei em uma toalha e voltamos ao quarto. Ela se jogou na cama do mesmo jeito.

— Mãe, você precisa vestir uma roupa. — mexi nela, mas em vão, ela já estava dormindo. Não tinha outra saída, ela iria ficar assim. A arrumei na cama e a cobri com o cobertor. Ela dormia como um bebê. Desliguei a luz do quarto e saí do mesmo, indo direto para o meu.

Tomei um banho e vesti roupas secas. Peguei meu celular e tinha uma mensagem. Gregory! Não pude deixar de sorrir. Era uma parte boa, ele. Abri a mensagem: “Princesa, vamos sair hoje?”. Digitei rapidamente uma resposta: “Eu não posso, príncipe. Problemas em casa.”.

Precisava de alguém... Amy. Liguei para ela e não demorou muito ela já estava na linha.

— Amy, preciso que você venha aqui.

— Sim, eu posso ir só a noite, estou na casa da minha tia com meus pais.

Comecei a chorar, pensando nos almoços de domingo com a família. Aliás, domingo. Hoje estaríamos fazendo um churrasco no quintal, a casa estaria cheia e todo mundo estaria feliz.

— Kate, você está aí?

 — Amy, eu estou, mas queria não estar. Meus pais se separaram, Amy. Meu pai foi morar com a amante dele e minha mãe está dormindo, terrivelmente bêbada no quarto. — chorei e minha única vontade era chorar.

— O que? Mas como assim? Isso é terrível! Olha, eu vou tentar ir pra casa o mais rápido possível, está bem? Não chore, tente manter a calma.

— Eu vou tentar.

Não durou muito tempo a ligação, desligamos e lembrei-me do carro que devia estar em algum lugar, perdido por aí. Ah, céus! Meu celular tocou, era Gregory!

— Oi, princesa. Problema? Há algo que eu possa fazer?

— Oi, príncipe. — engoli o choro. Pensei em dizer não, mas logo lembrei que Greg sabia dirigir e podia ir comigo buscar o carro. Aliás, seria uma boa ter alguém com quem conversar. — Tem sim, vem aqui em casa e eu te conto tudo, ok?

Demorou um pouco até Greg chegar, o que me frustrou muito. Minha mãe tinha acordado e estava chorando. Fiz um café para ela e levei até o quarto, onde ela bebeu e disse que queria ficar sozinha.  Sim, havia amor entre meus pais, mas esse amor só vinha da parte da minha mãe. Ela o amava muito.

Quando Greg chegou, saí de casa e ele estava com o carro. Completamente lindo, o que não era incomum em relação a ele. Entrei no carro e ele percebeu que eu estava chorando.

— O que aconteceu, Kate?

— Meus pais se separaram. — comecei a chorar de novo, aquilo doía muito quando eu falava. Parecia uma cicatriz aberta e latejante. Contei tudo o que havia acontecido e era realmente assim que os pais dele haviam se separado. Greg não disse nada, só me abraçou e eu me senti protegida ao lado dele, como se nada e nem ninguém pudesse me abalar. — Preciso que você vá comigo buscar o carro da minha mãe, ela o deixou no Gilderoy’s ontem à noite quando saiu descontrolada pra beber.

— Claro que eu vou. Vamos lá!

Greg deu partida e fomos para o Gilderoy’s, mas o carro não estava lá. Demos mais uma volta pelas ruas e encontramos o carro em uma rua deserta. Greg estacionou seu carro bem atrás do carro da minha mãe.

Saímos do carro dele e fui andando até o outro carro, parecia tudo ok. A não ser a chave que estava dentro do mesmo.

— Ótimo, a chave está dentro. Milagre ninguém ter roubado.

— Calma. Pra tudo se dá um jeito. — Greg foi até seu carro e abriu o porta luvas. Tirou de dentro algo pequeno, parecia um cabide de ferro, só que torcido e com uma extremidade fina. — Uso isso aqui pra abrir portas, bem útil. Pra abrir portas, não roubar carros, ok? Não se assuste.

— Se você está dizendo. — dei risada, pela primeira vez no dia!

Greg se agachou e enfiou o objeto na fechadura. Começou a virar, mas sem sucesso nas primeiras tentativas. Nas quarta tentativa ouvi um uma espécie de click, e a porta se abriu!

— Parabéns, senhor abridor de portas! Melhor que muito chaveiro por aí, eu diria. — passei a mão pelos cabelos dele.

— Mereço uma recompensa, certo? — ele se levantou e abriu os braços, me aproximei dele com um sorriso e envolvi minhas mãos em sua nuca, o beijando. Suas mãos alcançaram minhas costas e foram descendo pela minha cintura, até na altura da minha bunda, onde Greg a apertou de leve. Era a primeira vez que ele fazia isso, senti meu corpo todo se esquentar. Suas mãos subiram novamente pelas minhas costas e desceram até minha cintura novamente, a apertando. Suas mãos eram quentes e eu me sentia pequena quando ele me segurava.  O beijo foi ficando mais quente, mais intenso e eu me esqueci de tudo, meu nome, meu sobrenome, tudo. Dei um sorriso, lembrando-me de um pequeno detalhe, apesar de estar deserta, estávamos em uma rua.

— Tudo bem, depois você me recompensa mais. — Greg deu um sorriso e beijou meu pescoço.

— Você vai deixar seu carro aí? — perguntei, ao vê-lo entrar no carro da minha mãe.

— Ah, não tem perigo, fica tranquila. Depois eu volto pra buscar.

Entrei no carro da minha mãe e fizemos todo o caminho de volta para casa, assim que Greg estacionou o carro na garagem saímos do mesmo e o convidei para entrar em casa. Entramos rindo em casa, pois ele havia feito uma piada sobre uma mulher que estava na rua, minha vizinha, no caso. E, apesar de todos os meus problemas, estar com ele me fizera esquecer todos eles, até chegar em casa...

Minha mãe estava na sala, deitada no sofá bebendo, não em um copo, ela bebia diretamente na garrafa.

— Mãe! O que você pensa que está fazendo? — tomei a garrafa da mão dela e ela me olhou como se eu tivesse feito algo horrível.

— Katherine, se tem algo que me faz esquecer essa porra dessa minha vida é a bebida, dá licença. — Judith pegava a garrafa da minha mão e subia diretamente para o quarto. Ela parecia uma adolescente problemática.

Sentei no sofá e não sabia se chorava ou se gritava. Eu estava pasma. Greg sentou ao meu lado e pousou uma de suas mãos em meu ombro.

— Vem cá. — ele me aconchegou em um abraço e deitei minha cabeça em seu ombro.

— Fica comigo, por favor. — murmurei, me apertando mais a ele.

— Tudo bem, eu fico. — ele depositou um beijo em minha testa e me apertou mais ainda.

Passamos o resto do dia juntos. Almoçamos juntos, pão com queijo e ovo e um suco de laranja demasiadamente doce que Greg tinha feito. Vez ou outro ele dizia algo que me fazia dar muitas risadas e eu reclamei do ovo que estava queimado e ele era péssimo na cozinha, ele contestou e disse que sabia cozinhar muito bem, só não sabia fritar ovo. Apesar dos apesares, estar com ele ali era muito bom. No fim da tarde nos despedimos, Greg tinha que buscar o carro. Falou que pegava um ônibus até lá e se eu precisasse de alguma coisa era só chamar.

Não demorou muito para Amy chegar logo que ele havia saído. Ela entrou preocupada e contei meu drama, contei tentando não chorar. Mas era quase que impossível. Tocar no assunto era a pior parte.

—Sinceramente? Nunca imaginei que seus pais um dia fosse se separar. — Amy balançava a cabeça incrédula.

— Nem eu, pra falar a verdade. Sem contar que minha mãe está no quarto enchendo a cara.

— Sua mãe? Tem certeza? Dona Judith? Não posso acreditar. — Amy estava pasma, ninguém acreditaria. Não em relação minha mãe.

Ouvimos passos na escada, não podia ser outra pessoa a não ser minha mãe. Ela estava com uma cara de enterro e chorava. Ia direto ao bar que tinha na sala, onde meu pai possuía uma coleção de vinhos, tequilas e várias outras bebidas. Levantei do sofá e fui de encontro a ela.

— Mãe, já chega! — berrei, tirando a garrafa que ela retirava da prateleira. — Você não vai ficar enchendo a cara! Papai se foi, eu sei que é recente, mas não vale a pena. Se ele não te amava, era melhor ele ir embora do que ficar com você vivendo em um casamento sem amor! Acorda pra vida, você não é mais uma adolescente. Eu sou! E não estou fazendo isso, então para, por favor! Para por mim. Eu te amo tanto.

Eu olhava pra ela e ela olhava pra mim. Notei as lágrimas brotarem em seus olhos, enquanto ela me abraçava. Continuava fendendo a bebida.

— Eu te amo tanto, meu bebê. E amava seu pai também, muito. Parece que algo foi tomado de mim, bem fundo. Eu preciso dele. — ela chorava em meu ombro e eu... Chorava também.

Ficamos ali por uns instantes, até Amy nos levar ao sofá. Ninguém disse nada por uns minutos.

— Acho que a gente deve comer porcarias e assistir um filme. Que tal? — era Amy. A ideia podia ser boa. E foi o que fizemos.

Pegamos tudo que tinha de ruim no armário e jogamos na mesinha de centro. Vimos Procurando Nemo e demos risada, comemos muito e foi a melhor noite de toda minha vida. Eu nunca tinha estado tão próxima da minha mãe antes.

Mais um dia tinha chegado ao fim. Amy já tinha ido embora e eu subia as escadas com a minha mãe. Dormimos juntas aquela noite, minha mãe tinha me acordado na madrugada com uns gritos, ela continuava dormindo, estava tendo um pesadelo. A abracei forte e chorei baixinho. Eu tinha ódio, tinha um ódio imenso do meu pai.

Acordei sozinha na cama, levantei e fui para o meu quarto. Fiz minha higiene matinal e desci para a sala. Minha mãe estava sentada a mesa, tomando café. Sorri ao vê-la bem. Sentei ao seu lado e dei um “bom dia”.

— Kate, ontem estava um rapaz com você aqui. Quem é?

— Ele é um... Um amigo. — dei um sorrisinho torto pensando em Greg.

— Amigo? Sei... — minha mãe sorriu também.

Tomamos café como se tudo estivesse normal, mas eu sabia que não estava. Meu pai não estava ali. Ele não ia chegar para o jantar naquela segunda feira. Ele não ia voltar nunca mais. Aquilo me entristecia, mas para minha mãe ainda podia ser bem pior.

Eu assistia TV na sala, enquanto minha mãe tirava a mesa do café da manhã. Me oferecia para ajudar, mas a ajuda tinha sido recusada, então me acomodei no sofá e peguei meu celular.

“Topa ir a uma festa hoje a noite?” Era ele!

“Adoraria. Tenho que pedir a minha mãe antes.” Respondi.

“Que tal eu mesmo ir aí agora pedir?”

“Pode vir.”

“Ok, então abra a porta.”

Meu sorriso havia ido de orelha a orelha. Pulei do sofá e corri até a porta.  Greg estava ali, parado.  Puxou meu corpo para próximo do seu e me beijou, mas não demoramos muito, minha mãe estava voltando da cozinha. Ele entrou, arrumando a roupa e fechei a porta, fazendo o mesmo.

— Dona... — Greg começou a falar, mas ele não sabia o nome da minha mãe. Então sussurrei pra ele em seu ouvido “Judith.”. — Judith, bem eu... Gostaria de levar Kate para jantar hoje.

Jantar? Ergui uma de minhas sobrancelhas, ele devia estar mentindo para ela deixar. Com certeza era isso. Olhei para minha mãe e ela olhava para as tatuagens de Gregory. Sim, ela tinha pavor a tatuagens. Se não fosse pelo meu olhar suplicante ela com certeza diria não.

— Eu deixo, contanto que não cheguem em casa ao amanhecer como da última vez. — minha mãe abriu um sorriso irônico. É, pelo visto minha mãe voltara a ser minha mãe.

Greg não demorou muito e prometeu vir me buscar às 9. É, 9:10 ele estaria aqui. Dei risada pensando nisso. 


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Notas finais do capítulo

Digamos que no próximo capítulo o lado mais "dark" de Kate vai começar a aparecer... Ou melhor, Gregory vai fazer com que apareça!



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