Trouble! escrita por MyParadise


Capítulo 18
Ex-melhores amigas.




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— O que você está fazendo aqui? — perguntei não me importando se isso soaria de um modo grosseiro. Um de nós tinha que quebrar o silêncio certo? Não importa como, mas não podíamos ficar um olhando pra cara do outro sem dizer nada.

— Vim te ver. — cínico.

— Como sabia que eu estaria aqui?

— Eu não sabia... Estava tomando um café e te vi saindo do ônibus.

— Já me viu? Pronto, agora já posso ir embora. — me virei de costas para Greg, pronta para ir embora, era meio que óbvio que ele não viria atrás de mim.

— Kate! — Greg segurou firme meu braço me fazendo virar de frente pra ele. — Eu quero muito conversar com você.

— Conversar o que? Nós não temos nada para conversar. — tentei me soltar, mas sua mão permanecia firme me meu braço. — Por que você está fazendo isso? Deixa eu ir.

— Eu vou deixar, mas vamos conversar primeiro. Por favor...

Olhá-lo daquele jeito me pedindo do jeito mais manso possível fez meu coração ceder. Até que eu estava curiosa para ouvir o que ele tinha pra me dizer. Muito curiosa. Assenti com a cabeça e ele me soltou. Permanecemos novamente de frente um para o outro e em silêncio, parecia que tinha uma barreira entre nós. Arqueei as sobrancelhas.

— Como você tem passado? — ele perguntou. Bufei de raiva.

— Como você se importasse. — revirei os olhos.

— Eu me importo.

— Ah, claro. — permaneci com a mesma expressão vazia.

— Tem ficado com alguém? — ele perguntou. Por que estava me perguntando essas coisas? Qual era o seu problema?

— Isso não te diz respeito.

— Você podia facilitar as coisas, Katherine. — de repente o Gregory bonzinho foi embora. Ele respirou fundo e levou as mãos a cabeça, meio que com uma expressão cansada. — Eu desisto. Eu não sou do tipo que recebe patada atrás de patada e continua adulando. Perda de tempo. Não vamos a lugar algum assim, vou embora.

Fiquei boquiaberta. Não acreditava no que eu estava ouvindo. Greg tinha me dado as costas, como ele havia feito da última vez e como ele faria sempre. Ele sempre me daria as costas. Senti as lágrimas virem à tona, junto a um turbilhão de palavras que eu sentia vontade de dizer para ele, mas não tinha dito, porque ele não estava presente.

— Gregory! — gritei. Ele se virou para mim e eu andei os poucos passos de distância que tinha entre nós entre lágrimas. Sim, estava chorando na frente dele. Sim, eu estava completamente vulnerável na frente dele.

— Kate, você está...?

— Cala a boca! — o interrompi. — Por que você fez isso comigo? E o pior, continua fazendo. Em que ponto você quer chegar? Eu te amava, Gregory. Você disse que me amava também, você disse, eu lembro, eu ouvi. E você me deixou, você foi embora e pior, ia sem me dizer nada. Você nunca teve um pingo de consideração por mim. Eu fui só mais uma peça nesse seu joguinho de ter todas, de magoar todas. Mas pra que, me diz? — respirei fundo, mas parecia que as lágrimas não parariam de rolar. — Foi tudo tão horrível sem você por perto. Eu me senti perdida, porque eu não tinha ninguém. E daí você volta me fazendo essas perguntas idiotas como se tudo estivesse bem, como se fossemos velhos amigos. Mas nós não somos, nós somos apenas um nada. Você me destruiu, mas você fez isso da maneira mais covarde possível, porque enquanto me destruía, você me fez acreditar que estava cuidando de mim, eu não tive nem chance de me defender. O pior é que eu não consigo te odiar por isso.

— Eu não sei o que te dizer. — o Greg estava com uma expressão confusa no rosto, parecia que ele não esperava por uma atitude dessa vinda de mim. — Eu pensei que você estivesse bem...

— Bem?! Eu te amava, eu estava completamente apaixonada por você, Gregory. — quase gritei de indignação. — Você me fez acreditar em cada palavra que me disse. Será que você não sentia nada por mim?

— Eu te amava, Kate. — ele sussurrou. Tive vontade de estapeá-lo, porque eu não acreditava em nenhuma palavra. — Eu ainda te amo.

— Você tem um jeito muito diferente de demonstrar o seu amor. — revirei os olhos. Eu me sentia uma completa idiota ali na frente dele.

— Eu não consigo me prender a ninguém, Kate. Eu sou assim, indo de um lugar para o outro. Não vou dizer que não estive com nenhuma outra garota depois de você, mas eu não te tirei da minha cabeça, por isso eu voltei. Senti sua falta. — Greg esticou sua mão e tocou minha bochecha, ele me olhava de um jeito que só ele sabia me olhar. Mordi meu lábio inferior, eu não podia ceder aos encantos, as mentiras dele. Tirei sua mão do meu rosto. — Por favor, facilita as coisas pra mim.

— Greg, eu poderia muito bem facilitar as coisas pra você, seria muito fácil. Mas e pra mim? Eu não estaria facilitando nada pra mim. — disse, segurando o choro.

— Eu quero consertar as coisas. — e me abraçou. Arregalei os olhos, meus braços ainda colados no meu corpo. Greg estava completamente colado em mim. O cheiro dele, o cheiro de seu perfume, a sensação que era ter ele perto de mim. Todas as coisas estavam voltando... Como era maravilhoso ter ele ali. Enterrei minha cabeça em seu peito e decidi aproveitar pelo menos alguns segundos daquele momento. — Não precisa voltar comigo, não precisa me tratar bem. Vamos pelo menos voltar a ser amigos. Eu sinto muito a sua falta, Kate. Ontem eu não fui atrás de você porque pensei que não era o momento certo, me desculpe.

Não respondi nada, eu não sabia o que responder. As palavras simplesmente ficaram presas na minha garganta. Era tão bom tê-lo ali, era tão bom ouvir sua voz, meu coração batia tão rápido... Eu não conseguia resistir. Mas mesmo assim eu não podia perdoá-lo tão fácil.

— Eu preciso ir para casa, Greg. — me distanciei dele.

— Eu te levo lá.

— Não é uma boa ideia. — eu disse me virando de costas para ele.

— Eu te ligo depois! — Greg elevou a voz para que eu escutasse. Não respondi, apenas permaneci andando, completamente confusa com tudo aquilo.

Peguei novamente um ônibus de volta para casa e entrei em casa sem chamar atenção de minha mãe que estava na cozinha. Entrei no meu quarto, ainda sem entender muito bem os últimos fatos do dia. Deitei na cama e me cobri com o cobertor, sem nem ao menos tirar os sapatos.

Ele tinha voltado à cidade, ele estava tão próximo de mim. Como eu desejei que ele voltasse, como eu desejei tê-lo de novo... E agora ele estava ali. Mas ele não me merecia, ele tinha me ferido de todas as maneiras possíveis. Tanto física como emocionalmente. Greg me amava de um jeito muito estranho, mas apesar de tudo eu não podia acreditar. Não podia! São apenas palavras, ele não me ama!

Respirei fundo e peguei meu celular que estava no bolso da minha calça. Eu queria ligar para alguém. Decidi ligar para Amy. Disquei o número dela rapidamente e chamou... Chamou diversas vezes, estava quase desistindo quando ela atendeu.

— Oi.

— Amy?

— Sim. — ela estava diferente comigo. Geralmente ela sempre me atendia de um jeito bem mais animado. Definitivamente, ela estava diferente.

— Amy, aconteceu algo? — perguntei.

— Nada, ué.

— Tenho algo pra te contar! — disparei. Não aguentava mais guardar aquilo pra mim.

— Jura? — indagou Amy, ela tinha dito aquilo de uma forma meio que irônica. Continuava sem entender absolutamente nada.

— Greg voltou à cidade, hoje fui até a praça e o encontrei. Ele disse que sente minha falta e enfim... Diversas coisas. — eu havia perdido completamente a vontade de me abrir com Amy devido à frieza dela.

— Nossa. — e foi isso que ela disse, mais nada. Fiquei em silêncio, na dúvida se desligava na cara dela ou a mandava ir tomar naquele lugar, mas simplesmente ela facilitou as coisas. — Preciso desligar, vou dar uma saída com o meu namorado. Depois nos falamos.

Soltei o telefone no chão quando ela finalizou a chamada. Eu estava boquiaberta, algo de muito sério tinha acontecido com Amy. Não era dela agir desse jeito, muito menos comigo. Sua melhor amiga!

O resto do dia foi assim, normal, como todos os outros. Almocei com minha mãe, conversamos, vi televisão e até fiquei ansiosa para que Gregory me ligasse, mas ele não me ligou. Era de se esperar... Às 21hrs meu celular tocou, era Jimi. Atendi.

— Jimi?

— Kate! — ele falava em um tom animado.

— Tudo bem? — perguntei.

— Tudo ótimo... É que o pessoal tá indo se reunir lá no acampamento agora. Tá afim de ir?

— Jimi... — murmurei meio que indecisa. — Não acho que a Amy vai gostar que você me convide pra ir ao acampamento.

— Exatamente sobre ela que eu quero falar com você...

— Hm... Tá, eu te encontro lá.

Nos despedimos e subi pra me arrumar. Me vesti com várias camadas de roupa, já que fazia bastante frio do lado de fora de casa. Pedi o carro da minha mãe emprestado para ir e, com muita relutância, ela me emprestou. Em questão de pouco tempo já estava estacionando em frente ao acampamento. Saí do carro e fui andando para o túnel de árvores que levava ao acampamento, não haviam muitas pessoas, aliás, ninguém se arriscava a sair de casa nesse frio. Porém tinha uma quantidade razoável de pessoas.

Tocava uma música animada e havia gente bebendo, dançando e rindo. Caminhei ao longo da grama procurando Jimi, sem sucesso.

— Kate! — era Jimi que vinha em minha direção acenando. Assim como eu, também estava com bastante roupa e uma toca, que o deixava muito fofo. Fiquei com as bochechas enrubescidas sem entender o porquê.

— Jimi... — sorri como resposta. Ele me abraçou e me deu um beijo na bochecha. Droga, fiquei mais enrubescida ainda. — Então...

— Vem cá. — ele fez um aceno com a cabeça e fomos andando na direção que ele tinha apontado. Caminhamos até um pouco distante de todas as pessoas da festa, onde havia um banco entre algumas árvores. Era um lugar bem calmo e vazio, vazio até demais para ficar com o namorado da minha melhor amiga.

— E a Amy não vem? — perguntei assim que me sentei ao lado de Jimi no banco.

— Eu não falei com ela hoje, quero dizer, não que eu não tentasse. Liguei diversas vezes e ela não me atendeu. Fui até a casa dela, mas a mãe dela me disse que ela não estava, o que é impossível. Não insisti, até porque minha sogrinha não tá muito contente comigo, por Amy ter dormido fora noite passada.

— Hoje eu liguei para ela também e ela foi totalmente fria comigo. Queria te perguntar o que está acontecendo. — respondi.

— Eu não sei o que deixou Amy tão fria, mas também estou afim de descobrir. — Jimi bufou e notei a frustração em sua voz. Ficamos em silêncio por algum tempo, eu não sabia o que falar, não sabia como me portar diante de Jimi. Antes nós estávamos tão juntos, unidos, éramos grandes e bons amigos, só que agora nada disso parecia fazer sentido. — Odeio isso, sabe.

— O que? — perguntei com as sobrancelhas franzidas.

— Isso, essa barreira que ficou entre a gente. Era tão bom ser seu amigo, Kate. — Jimi parecia triste, embora eu achasse que o melhor a fazer era ir embora, eu concordava com ele. — Sinto sua falta, acho que você sabe disso.

— Também sinto a sua. — abri um sorriso torto, pronta para me levantar. — Acho melhor eu ir embora.

— Fica. — Jimi segurou meu pulso e me forçou contra o banco. Permaneci sentada olhando pra ele, não entendendo o que ele ainda queria comigo. — Eu ainda sou apaixonado por você, Kate. Muito. — ele me fitava de um jeito que nunca tinha feito antes. Fora o barulho do pessoal do acampamento não havia mais nenhum ali onde estávamos, apenas música e vozes ao fundo, mas ali, apenas nossa respiração. — Eu me culpo todos os dias por ser apaixonado por você, mas continuar com a Amy. Não vou dizer que não gosto dela, isso seria muito frio de minha parte, mas não é como me sinto em relação a você, Kate.

— Você não se limitou em pedi-la em namoro quando eu falei para você fazer aquilo.

— Eu estava com raiva, não sei o que deu em mim. Só sei que me arrependi no mesmo momento que a pedi, mas não achava justo magoá-la por egoísmo meu.

— Por egoísmo nosso. — o corrigi, levantando-me, decidida a ir embora. — Jimi, nós devíamos ter contado a ela que nos conhecíamos no mesmo dia que ela me apresentou a você. Tudo teria sido mais fácil, mas não, decidimos mentir. Eu menti para a minha melhor amiga. Que sempre esteve comigo, sabe como isso soa horrível?

— Eu te entendo, só não sei mais o que fazer. — Jimi também se levantou de frente para mim, estávamos próximos, próximos até de mais. — Eu quero estar com você o tempo todo, eu quero ouvir sua voz o tempo todo, quero tocar você... — Jimi levantou sua mão e acariciou minha bochecha com seu polegar. — Quero beijar você.

Antes que eu pudesse me pronunciar em relação aquilo, ele encostou seus lábios nos meus. Estavam frios, devido ao tempo, mas não deixava de ser um beijo quente. Não resisti, eu não queria resistir. Nossas línguas brincavam juntas, enquanto minhas mãos corriam de encontro a sua nuca e as dele apertavam minha cintura por cima de várias camadas de roupa. Eu me sentia livre, bem ao extremo, os lábios de Jimi me levavam a um caminho que só eu compreendia... Um caminho onde eu podia esquecer todos os meus problemas e me concentrar apenas no sabor dos lábios dele.

— Que maravilhoso! —palmas pausadas. Mas não eram as palmas que faziam sentido e sim de onde elas vinham. Amy. No mesmo instante me afastei de Jimi e olhei Amy com a pior cara de ódio de todo o mundo, ela nunca tinha me olhado daquele jeito. Eu não sabia o que dizer, aliás, eu estava errada.

— Amy... — tentei falar.

— Calada! — ela disse. — Ontem de madrugada levantei da cama me perguntando onde é que eu estava, quando me deparei no seu quarto, Katherine. Ouvi algumas vozes e identifiquei sendo sua e do Jimi. Andei meio que cambaleando para a escada e vi vocês dois ali, se abraçando... Mas não era um abraço comum, era um abraço de pessoas que se conheciam a bastante tempo, um abraço de pessoas que estavam apaixonadas. Aquilo doeu mais do que qualquer coisas, eu me senti traída. Vocês conseguem entender isso?

— Eu posso explicar tudo, Amy. Só me deixe explicar. — pediu Jimi, mas eu já estava me sentindo a pior pessoa do mundo. Ela estava completamente certa. Como eu me sentiria se a visse beijando o Gregory?

— Que explicações? Que vocês se gostam e que andavam se encontrando escondidos de mim? Não, muito obrigada. Esse beijo já explica tudo. — ela estava com uma voz terrivelmente chorosa. Ela estava chorando. Amy andou alguns passos até mim e me olhou de cima abaixo. — Porém a pior traição ainda consegue ser sua. Sua vaca, filha da puta! Você tem ideia do quanto eu te odeio agora? Não, né? Aliás, você está muito ocupada em roubar o meu namorado. Eu devia ter transado com o Gregory quando eu tive a oportunidade, assim você sentiria o gostinho do que eu estou sentindo agora.

— Amy, por favor... — implorei sentindo as lágrimas formarem-se em meus olhos também. — Eu conheci o Jimi primeiro que você e nós começamos a nos envolver de um jeito diferente. Quando eu descobri que era o mesmo Jimi que você falava eu não tive coragem, você estava muito apaixonada por ele! Me desculpa!

— Kate, era uma coisa tão simples! Você complicou tudo, você estragou tudo. No início eu só estava atraída por ele, superaria rápido, aliás, era só uma coincidência e você não teria culpa, mas depois eu me apaixonei, você me deixou alimentar um sentimento por um cara que era apaixonado por você! Por que fez isso? — soluçou. Tive vontade de correr para abraça-la, mas sabia que ela iria me empurrar ou coisa do tipo. — Não me procurem mais. Nenhum dos dois.

Amy saiu correndo e nos deixou ali sozinhos, um olhando para cara do outro. Jimi não sabia o que falar e muito menos como reagir. Confesso que estava do mesmo jeito. Decidi ir atrás de Amy e aí sim notei o frio que estava fazendo. Meu rosto estava congelando praticamente. Corri em direção ao estacionamento onde ela estava chorando encostada na porta do seu carro.

— Amy... — sussurrei.

— Vai embora daqui! — ela quase berrou. — É difícil me deixar em paz? Eu não quero te ver, não quero olhar pra você. Você estragou tudo. Tem noção do quanto eu amo aquele cara?

— Nós somos amigas, Amy... — que bosta, mas acho que isso foi a melhor coisa que eu consegui dizer.

— Nós éramos, ou nunca fomos, até porque, que tipo de amiga é você? Você nunca foi minha amiga! Você sempre foi a mais bonita, a mais desejada, a mais tudo. Daí apareceu o Gregory e você ficou com ele, você virou as costas para mim, me deixou sozinha. Acha que eu não sofri com isso? Daí ele te largou e você decidiu dar uma de coitadinha, porque ele te comeu e depois te deu um pé na bunda. E quem foi consolar? A trouxa aqui! E olha o que eu recebo em troca? Um baita de um chifre, dado pela minha “melhor amiga”. — Amy fez aspas imaginárias com as mãos e falava de um jeito irônico. Eu chorava também, aquilo que ela falava não era verdade, eu não tinha dado as costas pra ela. Ou tinha?

Amy entrou dentro do seu carro e deu partida me deixando ali sozinha.


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