Trouble! escrita por MyParadise


Capítulo 17
Ele voltou.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou... Eu! UHAUAHUA Acho que eu devo ter perdido todas as minhas leitoras, não era pra menos já que eu sumi por um bom tempo. Mas minha criatividade voltou e acho que muitos capítulos vão sair, pelo menos estou com ideia para eles e enfim... vamos lá!



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O final de semana não podia ter sido pior. Amy tinha vindo até minha casa e me contado coisas sobre Jimi. Como ele olhava pra ela, como eles se davam bem e ter ouvido só tinha me dado duas certezas: eu tinha feito a coisa certa e eu estava gostando de Jimi. A segunda feira ainda conseguiu ser pior. Amy recebia mensagens dele o tempo todo, o que me fazia ferver furiosamente de ciúmes e vontade de jogar o celular dela no chão e pisar. Ou fazer isso com ele, mas ao invés do celular usar a cabeça. Ele realmente estava fazendo tudo o que eu tinha dito, procurado a Amy e parecia que não ia largar ela nunca mais.

Mentiroso! E ainda tinha dito que gostava de mim, como consegue? EI! Pare já com isso, Kate. Ele está agindo corretamente e foi você mesma quem pediu para ele fazer isso. Você só não esperava que ele fosse seguir a ordem tão à risca.

Tive que ir andando sozinha para a casa na segunda, já que Jimi e Amy iriam sair para almoçar juntos. Ouvir aquilo tinha me dado vontade de vomitar, mas eu precisava fingir estar feliz. Aquilo não era nem um pouco justo com Amy. Eu tinha que me controlar.

Passei o resto da semana me isolando de todos, não tinha o porquê conversar com ninguém. Eu estava me sentindo sozinha por um motivo extremamente bobo. E o pior é que não conseguia me ver chateada com Jimi, a culpa era minha. Nessas horas eu me via perdida e com uma imensa saudade de Gregory, o que trazia o buraco no meu peito aberto com mais força.

— Ele me pediu em namoro, Kate! Em namoro! — Amy me abraçou assim que entrou na minha casa naquela noite de domingo.

— Quem? — perguntei a abraçando de volta, embora soubesse da resposta.

Minha mãe tinha saído com Paul e eu estava sozinha em casa vendo um filme na televisão. Entramos juntas e sentamos no sofá, minhas pernas estavam estranhamente tremendo de um jeito incômodo.

— O Jimi! Ele me pediu em namoro! — Amy sorria, havia lágrimas em seus olhos. — Ontem saímos e ele me pediu em namoro. Eu estou me sentindo a garota mais feliz do mundo, você não tem ideia.

— Tenho sim, já me senti assim antes. — forcei um sorriso, mas acho que Amy não notou meu desconforto. — Que bom! Agora eu sou a única solteirona entre nossos amigos.

— Bobona! Logo você arruma alguém. — Amy segurava minha mão. Ficamos algum tempo em silêncio, até que ela me olhou e deu risada. — Eu ainda não acredito.

— E como foi que ele te pediu? — perguntei, sentindo meu estômago revirar. Eu me sentia quebrada por dentro, não era tão pior como tinha me sentido em relação a Gregory, mas era algo ruim, que queimava por dentro. Eu queria chorar.

— Ontem ele me chamou pra ir à livraria e eu fui, saindo de lá fomos andando e ele me pediu. Foi meio estranho, fiquei muito sem jeito e vi que ele também estava, mas quando ele me beijou eu tive a completa certeza de que realmente estou apaixonada por ele.

— Isso é ótimo, Amy. Jimi é um cara incrível, vocês vão se dar muito bem juntos. Assim eu espero...

Ficamos conversando por um longo tempo, enquanto Amy me contava os seus momentos mágicos com Jimi e eu ouvia tudo como uma boa amiga. Assim que ela foi embora depois de umas duas horas, corri para o meu quarto. Os degraus estavam um pouco turvos devido as lágrimas que brotavam de meus olhos. Normal... Já tinha me sentido assim antes, mas de qualquer modo não planejava me sentir assim novamente.

Ele havia dito que gostava de mim e não dela, então por que tinha a pedido em namoro? Porque você, Katherine, sua idiota, quis assim! Você o empurrou pra ela. Respirei fundo e por fim me joguei na cama, abafando o meu grito com o travesseiro. É, acho que é isso, eu nunca serei feliz no amor. Nunca amarei ninguém e serei amada, porque sempre vai aparecer um obstáculo. O pior é não ter ninguém para culpar a não ser a si mesmo.

Os dias foram passando lentos e torturantes, eu ia para escola, voltava, ouvia Amy falando sobre como amava Jimi, ouvia minha mãe falando sobre como amava Paul e era só. Eu não me permitia falar sobre o quanto eu amava Gregory, até porque dizer que o amava só tornava a dor real demais. Falar que estava apaixonada por Jimi não era nem questão de cogitação. E então aquela sensação de solidão vinha à tona, aquela sensação que eu queria mais que tudo esquecer.

Estávamos no meio de novembro, quase chegando ao fim. O natal estava chegando e esse não seria um natal muito festivo em minha casa, até porque meu pai não estaria ali. Eu estava sentada no sofá assistindo TV num sábado a noite, minha mãe tinha saído com Paul e não tinha hora para chegar. Ouvi meu celular tocando do meu lado e vi que era Amy, atendi:

— Oi, Amy.

— Linda, estou aqui numa festa com Jimi, o Brad resolveu dar uma festa de última hora e por isso estou te convidando, vem pra cá. — Amy falava com a voz um pouco embolada.

— Espera, quem é Brad? Você tá bêbada?

— Ele joga no time de futebol da escola, último ano. Relaxa, não estou bêbada. — Amy deu risada, o som de música alta do outro lado da linha. — Vou te buscar aí com Jimi, chego em vinte minutos.

E desligou.

Arqueei as sobrancelhas não entendendo muito bem o que estava acontecendo, só que não queria e nem tinha clima para ir em festa. Continuei vendo a televisão, até que em menos de vinte minutos ouvi a campainha tocar. Fui atender e ali estavam Amy e Jimi. Jimi mais lindo que nunca, seus olhos azuis, suas sardas, seu rosto, tudo. Ele não estava sorrindo para mim, estava sério. Não demorei muito meu olhar em cima dele, mas pelo que vi notei que estava incrivelmente e absurdamente lindo. Amy vestia um vestido de renda preto, bem maquiada e muito bonita também, apesar de estar um pouco alegre demais.

— Vai de pijama pra festa? — Amy perguntou.

— Eu não vou a festa nenhuma. — respondi decidida.

— Vai sim, vamos! Por mim. Você precisa se divertir, aliás, nunca mais saímos pra nenhuma festa juntas.

— Eu sei, mas... — tentei pensar em alguma coisa enquanto Amy e Jimi entravam, fechei a porta. — Vai estar todo mundo em casal e não quero atrapalhar e nem ficar de vela.

— Por favor, Kate, vai ser divertido. — Amy me abraçou e me de um beijo na bochecha. — Só essa vez, a gente espera você se arrumar.

— Eu nem tenho roupa.

— Como assim não tem? Mocinha, você saía todos os dias com seus amiguinhos na sua fase dark e não pode sair um dia com sua amiga de anos? — Amy me fuzilava com os olhos, ela estava falando sério.

Pensei e pensei. Olhei para Jimi, mas ele não estava olhando pra mim. Ele estava se sentindo incomodado e eu não entendi o porquê. Nunca mais tínhamos nos visto, ele estava bem e feliz com Amy, não era mais preciso disso. Sim, eu ia.

— Vou me arrumar e já volto. — virei as costas e subi para o meu quarto.

Vesti uma calça jeans, botas, um sobretudo preto com vários botões por cima de várias roupas e pronto. Fiz a maquiagem de sempre, delineador e batom vermelho. Em questão de 15 minutos já estava com eles na sala novamente.

— Então... Vamos! — Amy passou pela porta dançando e falando em como a festa estava incrível. Tranquei a porta de casa, mas antes escrevi um bilhete para minha mãe explicando onde eu estava, o deixei em cima da mesa da cozinha.

A festa era em uma casa, logo que entramos na rua já sabia onde era a festa, a música tocava muito alto. Estacionamos alguns metros de distância, o único lugar com vaga, e fomos andando os poucos metros até a casa. No jardim da frente vários jovens conversando com seus copos de bebida, a porta da frente estava aberta. Uma verdadeira zona. Pais viajando? Com certeza!

Entrei na casa logo atrás de Jimi e um copo vermelho já estava em minhas mãos. Cheirei o conteúdo do copo e identifiquei como vodca de maçã. Não curtia muito vodca doce, mas decidi beber pra entrar um pouco no clima.

Encontramos com o resto dos nossos amigos e o que eu temia estava acontecendo, eu estava de vela no meio de todos eles. Revirei os olhos e me retirei de onde eles estavam.

— Ei, gatinha. — uma voz feminina atrás de mim. Olhei para trás e vi Michelle. Arregalei os olhos, ela era a última pessoa que eu esperava encontrar ali. — Assustada?

— Um pouco... Quero dizer, não é o tipo de festa que você costuma ir.

— Ah, não mesmo. Mas estou pegando um gatinho do colegial, então... — ela deu risada, depois levou o cigarro que fumava até a boca e deu um trago. Tirou e apontou o cigarro pra mim. — Quer um?

— Você com caras mais novos? Hm. — arqueei as sobrancelhas e em seguida fiz que não com a cabeça. — Não, obrigada.

— Andando na linha de novo? Não gostei disso. — Michelle sorriu, pegando meu copo. Cheirou o conteúdo e provou um pouco. — Eca, bebida para maricas. Venha, vamos procurar algo melhor pra você beber.

Olhei para trás onde estavam meus amigos e não tinha o porquê eu ficar lá. Muito obrigada, Amy. Decidi seguir Michelle e fui para onde ela estava indo. Andamos até os fundos da casa onde estava o resto da galera, Lorelay, Richard, Chris e Michael.

— Olha quem apareceu! — Richard foi o primeiro a se levantar pra me cumprimentar. — Quanto tempo, mocinha.

— Pois é né. — retribui o abraço e cumprimentei o resto do pessoal.

— Arrumem algo para ela beber. — disse Michelle. Não demorou muito para Richard já estar com outro copo em mãos e me dando ele.

— Tequila? — perguntei, sorrindo. É, uma tequila de vez em quando não me faria voltar a ser uma alcoólatra.

Fiquei ali conversando com o pessoal, depois me deram um cigarro e eu aceitei. Até que estava divertido estar ali com eles. Tomei mais alguns copos e quando vi que já estava alegrinha demais decidi parar. Olhei para as horas no meu celular e era 3 horas da manhã.

— Pessoal, eu devo ir embora agora. — levantei do sofá e me senti um pouco tonta. Fechei os olhos para recuperar um pouco os sentidos.

— Não vai nem esperar o Greg? Ele deve estar chegando aqui. — era Lorelay. Me virei para ela espantada. Engoli o seco formado em minha garganta. — Ele voltou.

Não disse nada, apenas assenti com cabeça e comecei a andar de volta para a casa, procurar Amy para irmos embora. As lágrimas estavam quase saltando para os meus olhos. Talvez fosse a bebida, misturada com a tristeza por saber que o Gregory estava de volta. Mas quem poderia saber? Ela poderia estar mentindo para ver se eu ainda gostava dele ou coisa do tipo.

Já estava dentro da casa e comecei a procurar alguém conhecido, mas não achei ninguém. Fui até a sala, cozinha, banheiro, biblioteca... A casa era enorme. Subi as escadas e entrei em um dos quartos que estava com a porta entreaberta. Levei um susto quando vi Jimi sentado na cama com as mãos no rosto e uma pessoa deitada do lado dormindo.

— Jimi? — perguntei acendendo a luz.

— Ah, é você... — ele estava com uma cara nada boa. Deitada na cama estava Amy com a boca aberta e dormindo. — Me ajuda a levar ela pra casa, aliás, se ela chegar em casa assim a mãe dela me mata.

— Por que deixou ela beber tanto? — perguntei irritada, enquanto me aproximei de Amy.

— Ela não bebeu muito, Kate.

— É, ela é um pouco fraca pra bebida.

— E você me diz isso agora? Aliás, onde você estava?

— Isso não te diz respeito.

— Diz sim, você veio com a gente para a festa e sumiu.

— Desculpa se eu não queria ficar que nem uma idiota no meio de um monte de casais se beijando. — abri um sorriso irônico pra ele, que deu risada. Que ódio! Como ele conseguia ser tão petulante? — Para de rir, seu idiota. Vamos, ela vai lá pra casa. Eu ligo pra mãe dela e aviso que ela vai dormir lá em casa.

— Ótimo, vamos.

Jimi pegou Amy no colo sussurrando palavras carinhosas e dando beijinhos no rosto dela. Revirei os olhos, sentindo uma pontada de ciúmes. Fui descendo atrás dele, enquanto ele tomava cuidado para não cair com ela pela escada. Do topo da escada eu vi ele. Meu chão sumiu, aliás, a escada sumiu. Me segurei no corrimão da escada, enquanto notei que meu estômago estava cheio de borboletas. Bem vindas de volta! Eu estava suando frio, a vontade de chorar era imensa. Meu coração doeu, apertou e eu achei que aquela sensação não iria desaparecer nunca.

Greg estava cumprimentando algumas pessoas, ainda não tinha me visto. Será que tinha pensado em mim alguma vez nesses últimos meses? Será? Ele estava com uma calça jeans desbotada, uma blusa de gola alta preta e a sua habitual jaqueta de couro. O mesmo sorriso encantador, o mesmo olhar tentador, que parou em mim. Ele estava me olhando, ele não sorria mais, estava com uma expressão curiosa no rosto. Eu não sabia o que pensar, não sabia como agir.

Do mesmo modo que queria falar com ele, do mesmo modo que queria correr e abraça-lo, as lembranças da dor que eu tinha sentido quando ele se foi, a dor que eu ainda sentia, a dor que latejava todos os dias quando eu acordava e pensava nele, pensava no porquê dele ter me deixado, no porquê de ter me dito todas aquelas palavras e me dito adeus. E essas dúvidas me faziam sufocar ao ponto de querer perder o controle e chorar. Elas voltavam...

Jimi sem querer esbarrou em Greg e pediu desculpas. É óbvio, ele não o conhecia. Jimi virou para trás.

— Você não vem? — perguntou Jimi. — Viu alguma assombração, Kate?

— Sim. — pensei no que eu havia falado e notei que Greg tinha abrido um sorriso ao me ouvir falar isso. — Ou melhor, não... Já estou indo.

Recuperei minhas forças e desci a escada lentamente, eu não falaria com ele. Ou devia falar? Não! Se eu falasse eu ia ceder, ia acabar demonstrando tudo o que, de fato, estava sentindo. Ergui a cabeça e passei reto, sem parar, sem olhar pra trás, sem olhar no rosto dele. Mas mesmo assim pude sentir seu perfume, ou era coisa da minha cabeça? Pensei que ele viria trás, que ele correria e me perguntaria o que estava acontecendo. Mas ele não fez isso, ele não veio atrás de mim. Olhei para trás e não tinha ninguém. Mordi meu lábio inferior sentindo as lágrimas me corromperem. Cheguei no carro, abri a porta e sentei no banco do passageiro. Jimi estava no volante e Amy deitada no banco de trás.

— Mas que demora, onde é que você... — Jimi virou para mim e me notou chorando. — Kate? Você tá chorando... O que aconteceu?

— Não é nada. — passei minhas mãos pelo meu rosto secando as lágrimas. Eu adoraria contar para Jimi tudo o que estava acontecendo, mas nós já não éramos mais tão próximos, não tínhamos mais nenhum resquício de intimidade. Não éramos mais amigos. E isso só me fez querer chorar mais ainda, porque me lembrei de como ele tinha me dado forças, de como ele tinha me ajudado a seguir em frente. E agora nem ele eu tinha mais...

— Olha, ninguém chora por nada. — Jimi pousou sua mão em meu ombro e senti meu rosto queimar.

—Por favor, vamos embora. — pedi, encostando minha cabeça no retrovisor.

Jimi não disse mais nada e apenas acelerou o carro. Ninguém disse nada na volta pra casa. Por fim paramos em frente minha casa. Jimi me ajudou a subir Amy para o meu quarto, o que foi um pouco difícil. A deixei deitada em minha cama e apenas tirei seus sapatos. A cobri com um cobertor e pronto. De repente senti um cansaço invadir meu corpo, respirei fundo.

— Vamos, eu te levo até a porta. — eu disse a Jimi. Passei reto por ele e ele veio atrás de mim.

Queria que ele fosse embora, assim eu poderia deitar no sofá e chorar tudo aquilo que eu estava precisando chorar. Abri a porta e Jimi saiu, fui empurrando a porta para fechá-la quando ele a segurou e parou em minha frente.

— Temos que parar com isso, Kate. — ele me olhava de um jeito que nunca tinha me olhado antes. — Sinto muito a sua falta. Falta de poder conversar com você, te abraçar, dizer o que eu estou sentindo, igual você me dizia. Me dói ter que ficar fingindo que eu tenho alguma implicância contigo, quando na verdade tenho um carinho por você que nem eu mesmo consigo explicar. Me dói mais ainda ver que você não tá bem e não quer se abrir comigo, não quer me contar o que está acontecendo. Eu quero te ajudar.

— Também sinto sua falta. — eu disse, ignorando meu orgulho, ignorando tudo, apenas o abracei. Envolvi meus braços em seu pescoço e lhe dei um abraço apertado, daqueles que você se sente confortável e que não quer soltar mais. Chorei, chorei, chorei e chorei. Jimi não disse nada, apenas me abraçou de volta.

— Ele voltou, Jimi. — chorei, me afastando um pouco dele. — O Greg, quando eu parei na escada aquela hora foi porque tinha acabado de vê-lo. Você até esbarrou nele e pediu desculpas. Ele voltou, eu não falei com ele, o ignorei achando que ele viria atrás, mas ele não veio. Ele não se importou.

— Kate, você ainda tinha alguma esperança de que essa cara se importa com você? — Jimi estava com as mãos nas minhas costas e olhou bem nos meus olhos. — Ele não se importa com ninguém. Mas tudo bem, eu estou aqui.

— Eu só não sei o que fazer. — sussurrei, encostando minha cabeça em seu peito. Podia escutar as batidas do seu coração, que por sinal estava bem aceleradas. Ficamos por algum tempo assim, até que caí na real. Que eu estava abraçada com o namorado da minha melhor amiga, enquanto ela dormia bêbada no meu quarto. — Acho melhor você ir embora, Jimi.

— É, eu também acho. — ele abriu um sorriso, me soltando do abraço, que por alguns segundos me deu uma imensa vontade de abraça-lo novamente. — Nos vemos depois. Durma bem, Kate.

Assim que Jimi foi embora, ouvi um barulho no andar de cima. Devia ser Amy. Corri para o andar de cima, ela permanecia deitada, só estava descoberta e numa posição diferente da que havíamos lhe deixado. A cobri novamente e fui para o banheiro. Tomei um banho quente e vesti moletom para dormir, era uma noite bastante fria, nem o ar-condicionado quente estava ajudando muito.

Acordei no dia seguinte sentindo minha cabeça latejar de dor. Eu estava no quarto de minha mãe, havia ido dormir lá já que Amy ocupava minha cama. Levantei da cama um pouco cambaleante e segui para o meu quarto. A cama já se encontrava vazia e me senti curiosa em saber onde estava Amy. Depois de ter escovado meus dentes e passado uma escova nos cabelos, desci para o andar de baixo e encontrei minha mãe assistindo TV na sala.

— Bom dia, princesa. — disse ela sorridente. — Acordou tarde hein.

— Bom dia, mãe... Que horas são? — respondi ainda meio grogue.

— 11 horas. Amy já foi embora, ela disse que te liga mais tarde. A mãe dela ligou furiosa para ela, disse que ela vai ficar sem sair por um bom tempo.

— Que pena. — murmurei me jogando no sofá.

— O que houve, meu amor? — minha mãe se sentou ao meu lado e pousou sua mão na minha.

— Dor de cabeça. — respirei fundo.

— Vou lá em cima buscar um remédio, já volto.

Fiquei alguns segundos fitando o nada, tentava assimilar os últimos acontecimentos da noite passada. Havia voltado a falar com Jimi e de um jeito ou de outro isso me alegrava. Mas Greg estava de volta a cidade e sim, isso sim, me deixava completamente desconcertada.

— Aqui está, meu amor. — minha mãe me entregou um copo com água e uma aspirina. A engoli junto a água e entreguei o copo para ela de volta. Não estava a fim de comer nada, queria apenas ficar ali, parada, sem falar, sem pensar. — Querida, você não parece nada bem. Aconteceu alguma coisa?

— Mãe, eu acho que vou dar uma volta. Preciso respirar um pouco.

Me levantei antes que ela dissesse qualquer coisa e saí de casa. Eu precisava de um ar, pensar um pouco. Caminhei sentindo ao ponto de ônibus e peguei um em direção à praça central. Em questão de alguns minutos já estava no ponto em frente à praça. Desci do ônibus. Fazia o mesmo habitual frio de inverno, mas nada se comparava ao frio que eu sentia por dentro. Parecia que as lágrimas haviam secado, até eu me recordar do olhar meio zombeteiro de Greg ontem a noite, um olhar frio. Ele não se importava comigo, nunca se importou. E ter a certeza disso me feria de um jeito fora do normal.

Ela fora a pessoa que eu mais amava, ele tinha despertado em mim todos os sentimentos que um ser humano podia sentir. E apesar de toda a distância ele ainda despertava, ele ainda me deixava com frio na barriga, ansiosa, mas essa ansiedade estava acabando comigo. Fui caminhando pela praça, pela rua entre as árvores, tudo parecia meio estranho, meio vazio. Eu queria poder vê-lo de novo, mas do mesmo jeito seria um erro fazer isso.

— Kate — aquela voz, parei onde estava. Me virei lentamente em direção a voz e era ele, ali na minha frente a alguns centímetro de distância.

— Greg. — sussurrei. Por que eu havia o chamado pelo apelido? Sua idiota! — Gregory.

Ficamos nos fitando por longos segundos, eu não sabia o que dizer, deduzi que ele também não. Seus olhos continuavam o mesmo verde intenso de sempre, seu cabelo castanho estava levemente caindo sobre seus olhos, suas mãos estavam no bolso. Os lábios... Bom, ele não sorria. Ele parecia sério, firme. Queria poder ver como estava minha cara agora, entender os sentimentos que estão impossíveis dentro de mim.

Desmoronando, é assim que eu me sinto.


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