POV AFRODITE:

Ela não aguentava mais. Estava exausta e ofegante. Com certeza, aquilo não era vida para ela. E então, no limite de suas forças, quase sem respirar, gritou: -ARES, ME AJUDE LOGO A CARREGAR ESSASCOMPRAS!!!-

A tarde estava tranquila no Olimpo. E, como sempre, Afrodite retornava de sua maratona de compras. Porém, ela havia trazido tantas coisas, que ficou entalada na saída do elevador, fazendo muitos deuses menores bufarem de indignação, na fila que se formara atrás da deusa.

-Afrodite!Qual é o seu problema?? Por que é que você tem de trazer um par de sapato de cada cidade do mundo?? Você só tem dois pés!!- Disse Ares, revoltado. Para um deus da guerra fortão, carregar quinhentas caixas de sapatos não parecia fácil.

-Ora, Ares, não seja tão insensível!! Sapatos, roupas, bolsas e acessórios são as necessidades básicas de uma mulher!! Agora ande depressa, pois ainda tenho minha tarde relaxante no spa, não posso ficar ouvindo reclamações!- Dizendo isso, a deusa foi para o seu templo, com seu resmungão amante deus da guerra á tira colo.

Enquanto isso, sem que ninguém notasse, um mini-robozinho concluía seu trabalho de observação.

POV HEFESTO:

Sua rede de espionagem melhorava a cada dia. Tudo bem, talvez um deus da forja tivesse coisa melhor pra fazer do que observar e seguir sua esposa. Mas ele tinha que mostrar aos Olimpianos o quanto estava sofrendo nas mãos dessa impiedosa mulher, a quem deram o poder do amor.

Não era de hoje que ele tentava pegá-la no ato, com seu amante Ares. Houveram diversas tentativas e truques. Alguns deram certo, como quando ele prendeu os dois numa fina rede de fios de bronze, na frente de todos os deuses. Aquilo fora super hilário, ele ria disso até hoje. Porém, nem todas as vezes, tivera tal sorte.

Mas a esperança é a última que morre! E novamente, ele estava tentando. Enquanto observava a deusa por meio de sua micro-câmera autômato, não deixou de pensar que dessa vez, eles não iriam escapar!

Pela a tela de seu monitor, Hefesto via o que a câmera captava. E neste momento, Ares esperava em uma das salas de Afrodite, enquanto ela se arrumava para ir ao spa. A deusa chegou, enfiada num roupão cor-de-rosa, calçando pantufas peludas. Ares revirou os olhos quando a viu. Porém, Afrodite se aproximou dele lentamente, como se fosse beijá-lo.

Hefesto prendeu a respiração. Aquele era o momento. Quando ela o beijasse, uma foto seria tirada automaticamente e seria enviada pros e-mails de todos os deuses, fazendo com que todos testemunhassem a traição.

Afrodite chegava mais perto.Ares já se preparava para abraçá-la. E então, quando os lábios dos dois estavam prestes a se tocar... Afrodite virou a cabeça e viu o automato que deveria estar escondido.

Hefesto amaldiçoou sua enorme burrice!Ele estava tão animado ao pegar os dois, que nem percebeu que, sem querer, movera o automato de seu esconderijo, fazendo com que Afrodite o visse.

Com uma expressão feliz e zombeteira no rosto, Afrodite pegou o automato, abraçou Ares, esperou o click da câmera e quando a foto ia sendo tirada, a imagem tremeluziu, como se o mini-robô tivesse sido atirado num vaso de planta. O que de fato, acontecera.

O deus das forjas deu um berro de fúria. Como podia ter sido tão idiota? Mais um de seus planos saiu pela culatra. Talvez nunca conseguisse pegar aqueles dois...

Sem falar, que agora estava triste. No fundo, no fundo, ele amava muito Afrodite e tudo que mais queria era tê-la em seus braços, para fazê-la feliz e ser o melhor marido do mundo para ela. Mas sabia que ela nunca lhe daria uma chance.

Exasperado, Hefesto se disfarçou e desceu ao mundo mortal. Sempre que ficava frustrado, ou chateado, gostava de ir ver como os mortais aproveitavam suas invenções, como a TV de LCD, por exemplo.

Enquanto caminhava por uma movimentada avenida de N.Y, percebeu que em uma dessas lojas de eletrodomésticos, uma TV com placa de venda, exibia um filme infantil dos mortais, na tentativa de mostrar a eficiência do produto.

Muitas crianças haviam se aproximado para assistir e com uma súbita curiosidade, Hefesto fez o mesmo. O filme falava de uma garota bonita que, em troca da liberdade do pai, decidira ficar prisioneira de uma fera horrível, que um dia fora um príncipe arrogante. Com o passar do tempo, a mocinha fora vendo que a fera não era tão má assim e entre eles nascera um forte amor, capaz de quebrar a maldição que cercava o príncipe.

Hefesto adorou aquilo! Claro, ele sabia que as criações dos mortais eram muito esquisitas, mas aquele filme... lhe dera uma ideia brilhante!O.K, ele sabia das consequências, mas o que importava?? Quem sabe, daquela vez, com aquele plano, Afrodite enfim não pudesse amá-lo?

Com a alegria renovada, Hefesto voltou ao Olimpo. E dessa vez, ele iria ter sua Bela!

POV ZEUS:

Quanta baboseira! Ele não suportava mais ver tantos papéis em sua frente!Tinha que assinar isso, carimbar aquilo...será que os doze deuses Olimpianos não sabia resolver nada sozinhos??

Sem falar, que Hera não parava de tagarelar em seus ouvidos, com aquele blá blá blá blá incessante, sobre o quanto era traída.Pelo tártaro!Ele estava pensando seriamente em prendê-la num vaso e nunca mais deixá-la sair.

Enquanto o tédio reinava na sala do trono, barulhos de gritos e pancadaria, eram ouvidos do lado de fora. E quando Zeus já se levantava para ver que quizumba era aquela, Ares irrompe pela sala, gritando:

-AFRODITE SUMIU!!-