The Crush escrita por PrimadonnaBitch


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo dois

Entramos no ônibus e eu aceno para a minha mãe, que se senta nos bancos da frente, dizendo que nos vemos depois. Eliza me mostra a língua pra mim uma última vez antes que eu a ignore. Vou meio saltitante com o balanço do ônibus, para o fim, onde meus amigos estão sentados e me olham como se eu fosse o bicho-papão.

–Que foi? –pergunto.

–Que foi? Hoje é o grande teste e você chaga saltitando? Tem gente nervosa aqui. –reclama Veronica e eu me sento entre ela e meu amigo, Willian.

–Aff. Você tenta me enganar, mas eu sei que está doidinha pra largar a Franqueza e ir para a Abnegação, pra ser uma Careta. –eu rio.

Ela me encara com um olhar feroz, como se eu acabasse de ofender a Deus.

–E você, Willian, vai ser um Careta também ou o quê? –pergunto, virando-me para o lado.

–E-eu não sei. –ele gagueja. –Acho que vou continuar na Franqueza mesmo, sei lá.

Eu percebia a expressão em seu olhar. Ele estava indeciso sobre qual facção poderia aceitar um menino de 16 anos, gay. Então se a Franqueza o aceitou até agora, continuaria o aceitando. De repente, do banco da frente, pula meu vizinho da Amizade, Peter. Ele era um cara que eu nunca imaginara em outra facção a não ser a Amizade.

–E você, Jillian, qual facção vai escolher? –pergunta-me ele.

Olho para os lados e depois murmuro:

–A facção... Não te interessa. –Willian e Veronica começam a rir.

–Ah, qual é! Você sabe onde cada um de nós vai ficar só falta você nos dizer. –reclama ele. –O Willian vai ficar na Franqueza, eu vou ficar na Amizade e Veronica vai virar Careta, digo, vai para a Abnegação e você? Onde Jillian Steel vai ficar? –Veronica ainda o fuzila com os olhos.

–Prometem não contar pra ninguém? –pergunto.

–Claro. –eles respondem.

–Eu quero ir pra Audácia.

Eles me olham, perplexos. Não podem acreditar no que acabaram de escutar. Eu também não acreditava no que acabara de falar, mas, não importava mais agora.

–Mesmo que a máquina diga que você pertença à outra facção? –pergunta Veronica.

–Sou eu quem deve escolher o caminho que devo seguir, sou eu quem escolhe como será minha vida daqui pra frente. Você Veronica, não consegue ser nem um pouco altruísta, mas mesmo assim vai para a Abnegação, aprender a ser altruísta. Eu cresci vivendo feliz e rindo, mas vocês mesmo sabem que eu nunca fui um membro efetivo da Amizade. Em jantares, eu nunca aparecia e etc. - digo. –Pensem comigo, ok? A Abnegação: nunca poderei ser tão altruísta como eles; a Franqueza: nunca, nunca MESMO, na minha vida, poderei deixar de mentir.

–Nisso ela tem razão. –murmura Willian.

Eu viro para ele e dou um sorriso irônico.

–A Erudição seria um lugar perfeito, se eu não tivesse que ficar lendo e buscando conhecimento todos os dias, 24 horas por dia, sete dias por semana. E depois do que aconteceu há dois anos, a Erudição nunca foi uma opção. Minha família chegou a abrigar alguns membros da Abnegação, um deles era pai de Tobias, lembram-se dele? –pergunto.

–Aham. Ele era seu namoradinho de infância, não é? –diz Veronica, rindo.

–Tá Veronica, tá. Os outros dois eram normais, tirando pela garota, que chegou lá mais machucada que os outros e dizia ser a namorada de Tobias. E... Tinha o irmão dessa garota, Caleb. E ah... –e solto um longo suspiro.

–Jillian, o que você fez com o garoto? –pergunta Veronica, sorrindo.

–Digamos que dei a ele ás boas vindas á Amizade. –e rio descontroladamente. –Não, não. Nós ficamos uma ou duas vezes, não foi nada demais.

Fico sentada calma e respiro fundo. Estávamos cruzando a curva que dava para a escola. Minha mãe e Eliza já haviam descido e eu nem havia percebido. Hoje não trazíamos livros ou mochilas (que foram queimadas entusiasticamente no dia anterior) porque não teríamos aulas. Logo que cruzamos o portão, víamos jovens e suas mães chorando aos seus pés, pedindo para que não saíssem de sua facção. Eu acabei rindo daquilo, pois era engraçada a maneira que as pessoas reagiam quando um ente querido estava passando para uma nova facção, onde seus pais provavelmente, nem chagariam a visita-los. Veronica beliscava meu braço, dizendo que eu estava rindo de uma coisa que era triste e que eu deveria ter cautela e bla bla bla. Ela era uma matraquenta.

+ + +

Subimos juntos os três andares que nos levavam ao refeitório. O corredor parecia interminável. No caminho, encontro alguns amigos meus, mais nervosos que eu, preocupados com que facção iriam escolher. A maioria iria ficar na mesma, alguns se aventurariam na Franqueza, na Abnegação ou até mesmo na Erudição. Mas nenhum chegaria a se atrever a ir para a Audácia, apenas eu. Isso era bom. Nos sentamos e esperamos alguém chegar e nos avisar a ordem de ir para a sala. Lílian, sentada na minha frente, era minha melhor amiga e iria para a Amizade, dizendo que agora só se preocuparia em aprender a tocar violão. Ela era da Erudição e não queria nunca mais ver a sua facção na vida, nem pintada de ouro. De repente, uma mulher esguia vestindo um blazer preto e uma calça social entra no refeitório com um envelope pardo em mãos. Ela se ajeita no palco e retira os papéis de dentro. Ajeita os óculos e lê, em voz alta:

–Jillian Steel.

Meu coração bate descompassadamente. Eu não queria ser a primeira a ser chamada, mas me levantei e fui em direção ao palco, onde outra mulher, mais jovem e de melhor aparência, estava de braços cruzados e sorria a me ver. Quando estou cruzando a porta, vejo por trás de meus ombros que meus amigos cochicham e esperam que eu me dê bem, pois ao contrário... Não gostava nem de pensar nisso, me dava uma tontura.


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