Herdeiras Do Trono escrita por Sabrina


Capítulo 9
Olhos de Rose


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Tá, eu sou uma sem coração. Desculpa ter demorado >MUITO< pra postar. Desculpa de verdade. Mas aconteceu uma coisa inesperada: Eu fiquei sem criatividade alguma. Houve um bloqueio. Considerei até em excluir a fanfic, coisa que TALVEZ eu faça mesmo '-' ñ me julguem '-' talvez eu escreva só mais um cap explicando o final da história, afinal vcs merecem saber o que ia acontecer, pq eu acho mais fácil excluir, pq demorar bastante p postar acho isso pior ainda. Mas não sei ainda se vou excluir. Foi apenas uma 'ideia'. Bom, milhões de desculpas de novo, esse capítulo explica o pq da Maluca ( ou quenga, como o FlorDeLotusAzul diz) da Rose está ajudando o Morgan. Tá horrível, vou logo avisando, but... :* boa leitura!



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Determinação.

Era nisso que Emma estava focada. Agora, mais do que antes, ela tinha que ter determinação. Não seria fácil também, claro que não, ela sempre soube disso, mas não era porque não seria fácil que ela ia desistir. Havia pessoas ali, que estavam envolvidas em coisas que elas nem tinham culpa, assim como Cody. Ah, Cody.  Emma iria salvar ele, isso não tinha dúvidas.

Agora Emma tinha que enfrentar a Floresta do Desespero, passar pela Floresta significava enfrentar seus medos, enfrentar seus medos significava ter coragem, e nisso Emma ainda não era boa.  Mas era momento de deixar as inseguranças de lado e reagir. Emma não sabia o que iria aguardar eles dali em diante, mas ela lutaria, fosse o que fosse.

Antes de entrarem na Floresta do Desespero – Onde as árvores são cinzas, o céu é nublado, as folhas fazem um som estranho com o vento, os uivos de lobos tomam conta do lugar, de vez ou outra vozes começam a falar e gritar  e que a sensação de que estavam sendo seguidos, mas quando olhavam para trás ou para os lados não era nada, crescia em cada um. – Liz havia dito para Mandy as palavras de Verena. Tecnicamente dava pra passar pela Floresta sem enfrentar nada, bastava ter foco, muita vontade de continuar. Isso não impedia a Floresta de saber os seus medos, mas você tinha que estar preparado, um descuido seu e pronto, só esperar alguns segundo e você teria que enfrentar seu medo.

- Se isso acontecer – disse Liz. – Ninguém poderá ajudar ninguém, Verena deixou claro que cada um enfrenta seu medo.

- Tudo bem – assentiu Mandy. - Acho melhor acabarmos com isso de uma vez.

- Concordo.

Austin olhou para Emma.

- Tudo vai ficar bem. – murmurou ele.

- Vou tentar pensar isso.

Dentro da Floresta do Desespero, todos ficaram em silêncio, mas Emma entendia o porquê, estavam todos concentrados em não ter medo de enfrentar seus medos, assim como ela. Emma tentou pensar em coisas felizes, mas... Ela não tinha lembranças felizes. A vida inteira fora ela sendo excluída de tudo e Cody o centro das atenções, agora ela entendia o motivo, mas na época era horrível, afinal, ninguém gosta de se sentir sozinho. Então Emma já sem opções começou a se lembrar de histórias, de partes emocionantes de seus livros favoritos, de sonhos e... Foi quando Emma se lembrou de seu sonho com Lauren. Ela sentiu um aperto no coração. Como estaria sua irmã nesse momento? Rose havia voltado lá depois de tudo? Bem Emma sabia que ela não estava, mas será que estava tentando escapar? Por mais estranho que fosse Emma não queria que Lauren saísse – por enquanto. – da caverna. Lauren era prisioneira, mas de alguma forma estava protegida.

Eles caminharam mais um pouco. A Floresta do Desespero era tão grande assim? Eles já haviam saído dela?

Ninguém falava nada, mas as respirações de todos estavam aceleradas. Emma tremia. Não, não, não e não, ela não podia ficar nervosa, tinha que se concentrar e manter o foco. Então Emma respirou fundo e com todas as suas forças pensou o quanto queria achar Cody, acabar com Rose, salvar Hud, Lauren... Ela imaginou o quanto Hud poderia ser linda sem Rose governando tudo. Emma sabia que Hud era bonita. Primeiramente pelo nome Hud, que significava Magia em Galês. Sim em Galês, um idioma do mundo mortal, Emma não entendia bem isso, mas se algum dia pudesse, iria procurar saber melhor o porquê do mundo ter o nome em um idioma do mundo mortal, e bem, para um lugar chamado “Magia” deveria ser mágica as paisagens, a energia do lugar, tudo. Aquelas pessoas mereciam ter seu lar de volta.

Então Emma começou a ouvir vozes, distantes. Essas vozes gritavam, estavam desesperadas. Era duas. Uma mulher e um homem. Emma não entendia muito bem o que gritavam, quer dizer, eles gritavam algo que terminava com A.  Foi quando o coração de Emma saltou, ela reconheceu a voz do homem, era Austin . Austin e Mandy gritavam o nome de Emma. Então ela percebeu o que estava acontecendo, Emma não tinha percebido que ela tinha parado de repente e com isso um redemoinho começou a surgir ao seu redor, e ia ficando cada vez maior.

Emma olhou para o lado e conseguiu ver mais um redemoinho. Liz. Ela também ia passar por seus medos. Mas Liz era forte, e Emma também seria. Ela viu Mandy saindo de perto de seu redemoinho e indo para o de Liz, ela gritava, mas em vão. Austin ficou ali.

- Emma! Seja forte e corajosa! – ele gritou. – Confio em você!

Mas Emma não conseguia responder, parecia que tinha perdido a voz. Então o vento ficou mais forte, tudo ficou escuro e Emma caiu.

Emma abriu seus olhos e viu árvores, mas não árvores como a da Floresta, mas árvores bonitas, e entre as folhas os raios do sol esquentavam seu rosto. Emma estava deitada na grama. Ela se sentou e olhou em volta. Estava de baixo de uma árvore e a sua frente havia um lindo campo. O que aquilo significava? Por que ela estava ali? Claro, os medos, mas... Emma não tinha medo de uma paisagem bonita.

Não tão longe dela, duas crianças estavam correndo. Duas meninas, deveriam ter uns sete ou oito anos, deveriam estar brincando de pega-pega, uma tinha lindos cabelos loiros com cachos, seu vestido era azul claro, ela agora estava correndo da outra garotinha, que era morena, ela parecia ser toda delicada, seu vestido era lilás, e sua risada contagiava qualquer um.

Emma tinha a sensação que conhecia elas. Ela se levantou e começou a andar em direção as meninas, que nem pareciam ter notado sua presença.

- Agora tá com você – disse a de vestido azul.

A outra garotinha começou a correr atrás dela. E assim elas ficaram, e Emma ficou observando, até que as duas caíram. A morena riu com a situação, mas a loira se levantou rapidamente.

- Eu vou contar pra mamãe! – ela gritou.

- Ué, contar o que?

- Que você me derrubou!

- Ei – a morena se levantou. – Rose, eu não te derrubei, você que tropeçou e me levou junto.

- Nem vem Sarah! – e dizendo isso, foi para a direita, que Emma não tinha percebido ter um castelo. Um castelo com cinco torres, era branco, Emma ficou encantada com a visão. Emma entendeu que as duas garotinhas eram sua mãe, Sarah e a loira, Rose. Mas por que ela estava ali? Era uma lembrança, claro, mas Emma não pertencia a ela, e isso definitivamente não era o seu medo.

- Tem certeza? – disse uma voz. Emma olhou para o lado assustada e deu de cara com uma jovem. Tinha longos cabelos pretos, seus olhos eram mais escuros ainda que chegava até dar medo, seu vestido também era preto, a única coisa que não eram escuras na moça era a sua boca, que estava com batom vermelho, e sua pele, que era pálida. Emma olhou para os pés dela e levou um susto, pois a moça não tinha pés, ela flutuava como se fosse um fantasma.

- Quem é você? – o coração de Emma parecia sair pela boca.

- Tem certeza de que não tem medo de lembranças?  - insistiu a moça.

- Eu te fiz uma pergunta.

- Eu também.

Emma respirou fundo.

- Não tenho medo dessas lembranças.

- Ainda.

- Quem é você?

A jovem olhou Emma dos pés a cabeça.

-  Sou Maya, digamos que sou a responsável pela Floresta do Desespero.

- Maya, não estou entendendo absolutamente nada. Eu deveria passar pelo o meu medo e...

- Eu sei, mas espere, você vai entender – disse Maya. – Sabe Emma, eu não costumo “visitar” pessoalmente as pessoas que passam pela Floresta do Desespero, mas óbvio que você chamou a minha atenção, por ser filha de quem é e por ter as responsabilidades que tem – Maya flutuou até o outro lado e ficou olhando o castelo, de costas para Emma. – Seu medo não é algo idiota. Quero dizer, não julgo ninguém, mas cá entre nós, existe cada medo tão... bobo. Enfim, seu medo é o do seu passado Emma, você tem medo das consequências dele, que é o que está acontecendo. Tem medo de não ter coragem. Falhar com todos que ama e que contam com você. Você tem medo de Hud e ao mesmo tempo tem medo de acordar e saber que tudo foi um sonho, e voltar para aquela sua vida de segunda opção para todos. Tem medo de ser esquecida. Tem dificuldade em confiar nas pessoas... Bem, tirando o menino Austin por qual, em breve, vai descobrir seus verdadeiros sentimentos. Tem medo da onde veio – Maya se virou para Emma, e a olhou de um jeito curioso. – Você tem medo de ser você.

- Oi? Não entendi.

- Não é para entender... Pelo menos, agora não. – Maya então suspirou. – Te mostrei isso para você entender da onde todo esse ódio veio. Isso ajudará você, mas lembre-se: Eu poupei você de passar pelos os seus medos, hoje, você sabe muito bem que uma hora ou outra isso vai acontecer.

 - Tudo... Tudo bem – disse Emma. – Sei disso desde que descobri a verdade. Mas saber da onde veio esse ódio? Rose sempre odiou Sarah, fim.

- Sempre? Você acabou de ver as duas brincando.

- Sim, mas também vi Rose arrumando briga por nada.

- Emma as duas eram princesas de Hud. Tecnicamente, eram mimadas, às vezes até Sarah arrumava briga por nada. Mas elas eram amigas. Nunca ninguém poderia imaginar que Rose pudesse fazer qualquer mal a Sarah.

- E quando tudo começou? – perguntou Emma.

- Quando Thomas apareceu.

- Como?

- Veja.

Então tudo girou e em segundos  Emma se viu em uma sala de jantar. Ela viu Sarah e Rose, mas as duas já estavam mais velhas, deveriam ter uns 15 anos. Ao lado de Rose estava um rapaz, parecia ter quase a mesma idade delas, era moreno, olhos verdes, parecia nervoso também, seu sorriso demonstrava isso. Rose sorria, assim como Sarah. Também estavam presentes o rei e a rainha, o rei olhava o rapaz curioso, e a rainha sorria. Emma pode ver em alguns momentos, o rapaz olhando para Sarah, e ela corando.

Emma olhou para o lado, e viu Maya, observando a cena também, sem nenhuma expressão no rosto.

- O que é isso? – Emma perguntou.

- Um jantar, óbvio. Um jantar em que o rei de Hud, está conhecendo o namorado de Rose, Thomas.

Emma sentiu como se tivesse levado um soco no estomago.

- O que?

- Emma querida, seu pai Thomas, namorou Rose primeiro, até ele perceber que amava Sarah. Ele havia escolhido a irmã errada. Percebe-o e Sarah trocando olhares?

Emma assentiu.

- Rose o amava. – murmurou.

- E ainda o ama – disse Maya.

Maya fez um movimento com as mãos e a cena mudou novamente. Agora Rose estava sentada em degraus da sala dos tronos, e ela chorava, chorava igual criança, estava desesperada, Emma conseguia até sentir a sua dor. Sarah apareceu, ela também chorava, ela disse algo a Rose que Emma não conseguiu ouvir, que fez Rose se levantar e começar a berrar, mas Emma não ouvia nada, apenas a voz de Maya.

- Essa foi a noite que Rose viu Thomas beijando Sarah – falou Maya. – Não que isso viesse acontecendo há muito tempo, foi apenas um acidente. O rei colocou Thomas imediatamente para fora do castelo, e Sarah correu para se desculpar com Sarah como está vendo. Sarah amava Thomas, mas ela sempre, acredite Emma, sempre esteve ciente que Thomas era de Rose, porém ela mal sabia que Thomas sentia o mesmo.

- E depois? – perguntou Emma.

- Bom, depois disso, foi que Rose começou a ter ódio de Sarah, e a própria tentou se afastar de Thomas, mas foi impossível. Quando os dois completaram 21 anos, se casaram. Dois anos depois, Sarah recebeu a coroa de rainha, e meses depois, ela ficou grávida de você e Lauren. Rose fingia ter perdoado a irmã, mas todas as noites chorava, e muito, e logo em seguida jurava um dia se vingar de Sarah, mas quando vocês nasceram fora a gota d’água.

E de novo, a cena mudou. Agora Rose, era a Rose que Emma havia visto. Cabelo cinza, pálida, olhos negros, olhos de ódio. Ela estava em um quarto de criança, parecia, e apontava seu cajado para Sarah, que estava na frente de um berço de bebê. Emma olhou pro lado e viu Thomas e mais uma mulher – que Emma deduziu ser Lucy, mãe de Liz e Mandy. – parados. A respiração de Thomas estava acelerada, suas mãos tremiam, e ele olhava desesperadamente para o berço, Sarah e o cajado nas mãos de Rose.

- Rose, não faça isso – implorou Sarah. – Eu sei o quanto me odeia, e eu sempre irei me sentir culpada por isso, mas não vale a pena...

- Cale-se – gritou Rose. – Pouco me importa se sabe ou não quanto eu te odeio. Você não sabe o quanto eu sofri por sua causa! Você acabou com a minha vida!

- Isso não é culpa de Sarah! – gritou Thomas. - É de mim que você tem ódio! Eu que troquei você! E eu peço desculpas por isso Rose, do fundo do meu coração, nunca foi a minha intenção magoar você. Então nós dois temos que resolver isso, deixe Sarah e as bebês fora disso.

- NÃO! – Rose berrou, ela chorava. - Todo mundo tem que pegar! Ninguém tem ideia o quanto dói um coração partido! Ninguém aqui sabe as noites que eu chorei! Ninguém sabe a dor que eu senti! Pra que? Para agora vocês dois criarem duas crianças, que provavelmente serão felizes e isso fará de vocês felizes, eu digo com todas as minhas forças, que o que eu mais quero é ver vocês dois infelizes! Ver vocês sofrerem! Ah, como eu quero isso. Então que essas duas meninas se explodam, não vai mudar absolutamente nada na minha vida.

- Vai embora, sua bruxa! – agora quem gritou, foi Lucy. Emma se espantou ao ver ela. Liz tinha razão, Mandy era cópia de Lucy, a única diferença era que Lucy não tinha mechas.

- Ah, fadinha inútil – disse Rose. – O que está fazendo aqui? Quer saber, pouco importa, vou acabar com você também.

Lucy abriu as mãos, e dela surgiu uma luz azul, muito forte, ela jogou contra Rose, mas ela apenas desviou com o cajado, ate Rose parecia ter se surpreendido com a reação de Lucy.

- Admito que para uma fada, você não é tão fraca. Já vi fadas que pareciam ser mais poderosas que você, e quando lançaram esse tipo de feitiço, explodiram em milhões de pedacinhos.

- Eu já falei para ir embora! – gritou Lucy.- Rose, esqueça isso! Passou! Vá viver a sua vida.

- Não – o rosto de Rose estava sem expressão. – Todos tem que pagar. – e dizendo isso, Rose apontou o cajado para Lucy. Não deu tempo nem de Lucy reagir. Uma luz vermelha saiu do cajado e acertou Lucy, ela deu um grito e caiu no chão, sem vida.

- Lucy! – Sarah começara a gritar. – Minha amiga... Não! Rose, pare!

Rose se virou para a irmã.

- Sarah, eu apenas queria dizer uma coisa a você: Eu te odeio mais que tudo nessa vida! – ela gargalhou, apontou seu cajado para Sarah.- Adeus, irmãzinha querida.

Mas no momento que o feitiço foi em direção a Sarah, Thomas se jogou na frente. Os três gritaram.

- Thomas! – Rose gritou.

- Thomas! – Sarah também.

Thomas estava caído no chão, ainda com vida. Sarah se ajoelhou ao lado dele, tremendo.

- Nossas filhas – ele disse, fraco.- Fique com elas... Eu... Eu amo elas, assim como amo você.

- Eu também. – disse Sarah. – Eu também... Não Thomas, não.

- Amo você. – ele sussurrou, e fechou os olhos. Sarah não tinha mais forças nesse momento, Ela sabia que não sairia viva dali. Mas estava feliz em parte porque tinha salvado suas filhas. Só tinha desejado Thomas saber que as bebês não estavam no berço, e sim longe a uma hora dessas, era um plano dela e de Lucy, para enganar Rose. Oh Lucy! Pobre Joseph e suas filhas...

Sarah olhou para cima e viu Rose a encarando com lágrimas nos olhos. Sarah se levantou e limpou as lágrimas de seu rosto.

- Me desculpa – disse Sarah. – De verdade, me desculpa.

- Não aceito suas desculpas – respondeu Rose. – Odeio você.

- Também me odeio por isso... Mas eu realmente amo... Amava, Thomas. E isso Rose, eu não posso mudar! Sinto-me mal por você ter sofrido esses anos, e a culpa ser minha.

- Não me importo – disse Rose. – Não me importo com nada que você diga. Acabou Sarah, enfim acabou.

- Enfim acabou – ela repetiu. – Espero que um dia seja feliz.

Rose se aproximou de Sarah, a olhou nos olhos, e deu um tapa na sua cara.

- Ver você sofrer seria a minha felicidade, mas não tenho tempo para isso.

Sarah se ergueu de novo e encarou Rose novamente. Rose a segurou pela garganta, colocou o cajado na barriga de Sarah.

- Adeus. – disse ela, e assim a luz vermelha tomou conta do lugar.

Emma não tinha percebido, mas ela estava chorando.

- Sei que deve ser difícil – disse Maya. – Ver o que aconteceu com seus pais. Mas você tinha que entender

- Eu sei – Emma limpou seu rosto. – Mesmo assim... Queria ter conhecido eles.

Maya estralou os dedos, e  agora Emma estava novamente na Floresta do Desespero, mas só havia ela e Maya ali, mais ninguém.

- Agora entende o que Rose está fazendo?

- Não – admitiu Emma. – Desculpa, mas não.

Maya suspirou.

- Rose está ajudando Morgan a se libertar, apenas porque ele prometeu a ela, trazer Thomas de volta.

Emma arregalou os olhos.

- Isso... Isso é impossível.

- Tecnicamente, não – disse Maya. – Morgan pode fazer isso. E pelo o que sei e o que acho, ele realmente vai cumprir a promessa. Cumprir do jeito dele. Ele matará Rose no mesmo instante que sair da montanha, e fará ela ficar com Thomas, em outra vida.

- E ela acha que ele realmente vai trazer Thomas, digo, meu pai – era estranho chamar Thomas de pai. – De volta?

- Acha – Maya ergueu os ombros. – Você viu o quanto Rose amava Thomas. Ela só não chorou tanto quando ele morreu, porque ela sabia que em breve ele voltaria. Mas não tão em breve como pode ver. Quinze anos se passaram, desde tudo, e Rose ainda insiste nisso. Ter colocado você para fora de Hud, foi uma ótima jogada de Joseph e Nicole, admito, mas agora você está de volta, e as responsabilidades são todas suas.

- Tô sabendo disso – disse Emma. – Mas Maya, eu não sei o que fazer, é tudo tão confuso, até dias atrás minha preocupação era minha escola nova, e agora eu sei que sou a princesa de Hud e que minha tia quer me matar. Não fui preparada para isso.

- E desde quando somos preparados para situações difíceis? – perguntou Maya. – Claro, heróis treinam, lutam com mestres para ficarem melhores, mas na hora da guerra, não tem como estar totalmente preparado.

- O que quer dizer?

- Você tem razão. Não foi “avisada” de tudo isso. – Maya sorriu. – Porém não significa que você é uma perdedora. Eu imagino o quanto seja difícil, mas para construirmos coisas grandes, temos que começar com pequenas peças.

- Você está falando então, que eu tenho que começar devagar? Agradeço, mas Maya, se não percebeu, não há tempo.

- Não estou falando de tempo Emma. Você está confusa e com medo. Não pode ter medo e muito menos confusa. Tenha coragem, escute sempre a razão.

- Lá vem aquele papo de escutar a razão e nunca o coração – Emma revirou os olhos.

- E para uma menina inteligente como você isso deveria ser óbvio não é? Aliás, foi pelo “coração” que tudo isso começou.

- Não estou defendo, mas Rose não teve culpa em se apaixonar por Thomas.

- Sim, ela não teve culpa, e ela também sofreu, aposto como não deve ter sido nada fácil para ela, perder um grande amor para a irmã. Mas ela tinha que esquecer isso. Seguir com a vida. Ela ouviu o coração, e olha onde estamos hoje.

- Acho que você está certa...

- Eu sempre estou certa Emma. Eu sei de coisas, eu vi coisas, sei de segredos que você jamais dormiria, eu sei o que é certo e o que é fácil. Você ainda tem quinze anos, vai aprender mais coisas. Você sabe que isso não é uma brincadeira. É uma guerra, onde o forte ganhará e o fraco abaixara a cabeça e irá obedecer, e Emma, eu não sinto que você seja fraca.

Emma olhou para Maya. Ela deveria ser uma boa pessoa, mas por ter que viver com medos, pessoas desesperadas, ela não demonstrava alegria e nem esperança. Ela era o tipo de pessoa que todos respeitavam, não importava se fosse alguém mais “forte” que ela, todos a ouviam. E para ela ter vindo pessoalmente falar com Emma, isso significava que Emma não era perda de tempo.

- Não sei se sou capaz de fazer tudo o que esperam de mim – disse Emma. – Me sinto estúpida por ficar me lamentando, de verdade, mas é o que sinto, eu vou tentar, mas eu... tenho medo de falhar.

- Mas esse não é o seu maior medo – disse Maya. – As pessoas que passam pela floresta, tem medo de ter coragem, não de seus próprios medos. Ridículo em minha opinião.

- É fácil para você falar isso.

- Talvez. Mas eu já tive inseguranças também, acho que até faz parte.

- Parte de que?

- De viver – respondeu Maya, séria. – Emma, eu não entendo muita coisa de esperança, mas eu sei que ter esperança é melhor do que ter medo. Há pessoas aqui em Hud que tem os dois. Pense nelas, pense que elas não têm culpa de nada e estão pagando por isso. Você quer que as crianças de hoje cresçam com medo? Aposto que não. Em momento algum fique pensando que isso é culpa sua, ou que é só de você tudo. Você está com as responsabilidades nas mãos sim, mas chegamos a um ponto que tudo isso é por nós, e que nós temos que acabar com tudo isso.

- Fácil falar – disse Emma. – O problema é colocar em prática.

- Nada é fácil Emma. – Maya respirou fundo. – Queria poder te ajudar mais do que com palavras.

- Palavras ajudam – sorriu Emma.

- Pode ser. Emma, não sei se algum dia vamos nos ver de novo, eu queria muito, mas realmente não sei. Só fique sabendo que há pessoas que ainda não desistiram, que estão aqui, apenas esperando alguém forte o suficiente para ser líder deles. E em minha opinião, você é está pessoa.

- E sobre aquelas coisas, de razão, coração, medos?

- Você entendeu aonde eu quis chegar. É esperta. Está na hora de voltar Emma, você tem uma visita.

- Visita?

- Boa sorte Emma. E lembre-se: É uma guerra.

Então tudo girou.

Quando Emma abriu os olhos ela estava ainda na Floresta do Desespero, mas Maya não se encontrava mais ali. Ela se levantou e limpou suas roupas. Olhou em volta a procura de alguém.

- Emma? – gritou uma voz, porém Emma reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Suas pernas ficaram bambas. Era a voz de Austin.

Ela olhou para trás e viu ele. Seu rosto estava preocupado e aliviado ao mesmo tempo. Emma olhou pro que tinha atrás dele, e encontrou Liz caída no chão, com Mandy ajoelhada ao seu lado.

- Liz – murmurou Emma, e então foi correndo até a fada. – O que aconteceu com ela?

- Ela me defendeu – disse Austin baixinho. – O medo dela... Tentou nos matar, e quando ele estava prestes a fazer isso comigo ela se colocou na minha frente.

- O medo dela? Matar vocês? Mas é um medo... Quero dizer, só acontece com Liz, não é real para quem está de fora.

- Era pra ser assim – disse Mandy. Tinha lágrimas em seus olhos, mas ela estava lutando para não deixa-las cair. – Não tenho poder algum aqui. Este lugar... Fadas precisam de alegria para ter forças. 

Foi quando Emma olhou o ferimento de Liz. Era na barriga, estava com muito sangue.

- O que houve?

- Um escorpião. – respondeu Mandy.

- O medo de Liz é um escorpião?

- Não – disse Austin. – O estranho é isso. Liz não tem medo de escorpião.

- Liz! – Mandy sussurrou. – Fica. Não vai embora... Não, não,não....

Mas não havia nada que eles pudessem fazer. Liz já estava sem cor. Austin caiu de joelhos ao lado delas. Emma olhou para Mandy e se lembrou de Lucy. Liz tinha razão, era até injusto. Mas na verdade, o que era justo ali? Era injusto pessoas inocentes pagarem. Não era justo Mandy perder Lucy, e agora Liz. Emma começou a chorar. Ela não queria perder Liz. O que falariam para Joseph? Isso também não era justo com Joseph.

Então Liz começou a se mexer, e a cor voltar ao seu rosto. Todos ficaram surpresos. Sua respiração voltou ao normal e ela se sentou. Um enorme sorriso se abriu no rosto de Austin e Mandy, mas Emma percebeu algo estranho. Um clima estranho.

- Liz? – chamou Austin.

Liz abriu os olhos, mas não eram os olhos de Liz. Eram os olhos de Rose.

Eles se afastaram rapidamente dela. A expressão do rosto de Liz era estranha. Ela se levantou.

Então houve alguns minutos de silêncio. Austin, Mandy e Emma assustados, enquanto Rose que estava no corpo de Liz, ficava frente a frente com eles.

- Olá queridos! – ela sorriu. – Como vão?

- Rose? – disse Emma. – Cadê Liz? O que fez com ela?

- Oi Emma – ela fez uma expressão de nojo. – Ah, essa fadinha estúpida? Não se preocupe, ela vai voltar.

- O que está fazendo aqui? – perguntou Austin, ele estava com a espada nas mãos, apontando para Liz, ou Rose, Emma não sabia direito.

- Odeio ter que vir a Floresta do Desespero sem a minha forma real. É horrível ter que ficar no corpo de outro alguém para visitar esse lugar adorável.

- O que está fazendo aqui?

Ela respirou fundo.

- Só quis fazer uma visita, sobrinha. Vi que ficou sabendo o que aconteceu naquela noite, e os motivos. Agora sabe quem é a vilã da história.

- Continua sendo você – respondeu Emma. – Sim, você sofreu, lamento por isso, mas não era motivo pra fazer o que fez. Você é a horrível da história.

Ela riu.

- Claro que ia defender a mamãezinha. E você é igualzinha ela, tenho pena de você. Mas pouco importa você descobriu, melhor, não terei que gastar tempo explicando a você.

- Como teve coragem? – Emma praticamente gritou. – Você passou por cima de todos, só para que Thomas voltasse para você, mas uma coisa que você não entende, é que ele nunca te amou. Ele amava a minha mãe. Sabe, eu até tive um pouco de pena de você, mas quer saber? Você não merece. Thomas jamais amaria uma mulher como você, e se ele voltar tenho certeza absoluta que isso não vai mudar. Fez e está fazendo Hud inteira passar por coisas horríveis por caprichos.

- E quem é você para me dizer isso? Acha que só porque falou com Maya já pode sair por ai falando coisas sem nexo? – Rose se aproximou. – Ninguém sabe o que eu senti! – ela gritou. – E eu não me arrependo de nada que eu fiz, a não ser um dia ter confiado em Sarah. Thomas será meu! Ele sempre foi meu! Mas você não verá isso, porque eu mesma faço questão de acabar com você.

- Você não vai encostar um dedo nela. – disse Austin, erguendo a espada mais ainda. – Olha, eu não sabia que você amava Thomas, sinto muito, mas suas ações não tem explicações. Você tirou vidas, por achar que a sua era mais importante. Emma tem razão, Thomas nunca ficaria com alguém como você.

O rosto de Liz, ficou vermelho de raiva.

- Eu vim aqui apenas para dar um aviso. Eu estou com Cody agora. – o coração de Emma acelerou. – Eu tenho informantes. Eu mando em Hud. Eu que vou ganhar. – ela olhou para Emma. – Não pense que só porque Maya lhe mostrou tudo e te disse coisas boas para você, que todos que estão com você, realmente estão do seu lado. Você é mais ignorante que sua mãe, não consegue perceber as coisas. Apenas encare os fatos Emma, o forte ganha, o fraco perde, e sim, o lado que você está é fraco, você é fraca, inútil, poderia acabar com sua existência agora, mas esse corpo não é meu e a fada está lutando para se manter no controle.

- Você é louca – rosnou Emma. – Vá direto ao ponto.

- Renda-se a mim Emma – ela sorriu. – E eu mando Cody de volta para o mundo mortal. Ele não irá sofrer nada. E sim, isso eu posso lhe garanto, eu cumpro com as minhas promessas. Você tem quarenta e oito horas para pensar.

- E se eu não for? Vai matar Cody?

- Não, seria fácil demais. – ela sorriu. – Irei fazer algo pior.

- Ela não vai – disse Mandy. – Sei que está mentindo, posso sentir. Cumpre promessas? Meu pai disse que quando você ainda era uma princesa, prometeu jamais tirar a vida de um ser humano. E agora? Cadê o pai de Austin? Cadê Sarah? – uma lágrima saiu de seus olhos. – Cadê a minha mãe? Minha mãe! Juro que se um dia eu puder acabar com você, farei isso com todo prazer.

- Sua mãe? Sim, ela era uma fada diferente. Seus dons eram maravilhosos. Gostaria muito que ela estivesse do meu lado, mas a pobrezinha escolheu Sarah do que você e está aqui. Ela pagou pelos os seus atos.

- Assim como você vai pagar um dia. – disse Austin.

- Blá blá blá blá – Rose revirou os olhos. – Bom, aviso dado. Se Emma se render, Cody tem sua vida de volta. – Ela encarou Emma. – Vai deixar Cody pagar por problemas seus?

- Olha quem fala.

- Adeus sobrinha – Rose sorriu. – E lembre-se: É guerra. – e assim que disse, fechou os olhos e o corpo de Liz quase caiu no chão, mas Austin largou a espada e rapidamente correu até ela, e a segurou. Emma olhou para mancha de sangue que estava na barriga de Liz e se surpreendeu ao ver que a ferida tinha sumido.

Liz começou a abrir os olhos novamente, mas desta vez era ela mesmo.

- Liz? – chamou Mandy.

Austin e colocou em pé, enquanto ela olhava ao seu redor. Então seu rosto ficou assustado.

- Rose! – ela disse. – Ela... Ela estava em mim, eu... Eu não sei como isso aconteceu. Foi horrível. A vontade que ela tinha de ir até você Emma, e te matar, era forte, o ódio dela mais ainda. Os sentimentos de Rose são... São confusos, mas muito intensos.

- Mas você está bem?

- Acho que sim.

- A ferida?

- Cicatrizou.

Emma respirou fundo.

- E agora? O que eu vou fazer? Me entregar?

- Nunca – falou Austin. – Vamos achar um jeito, mas não vou deixar você se entregar a aquela louca.

- Mas Cody...

- Vamos salvar ele. Te prometo.

Emma assentiu.

- Estão todos bem?

- Não – disse Mandy. – Eu falei com a assassina da minha mãe, assim como Austin. Ela esteve dentro de Liz, e ela te fez uma proposta ameaçando seu irmão. Óbvio que não estamos bem.

Emma suspirou.

- Saudade dessa Mandy – murmurou Liz. – Porém temos que continuar.

- Para onde mesmo?

Austin pegou o mapa de sua bolsa e examinou.

- Caverna Negra. Segundo Verena, a caverna desafia esperteza e coragem.

- Que legal. – murmurou Mandy.

E assim, começaram a caminhar novamente. Emma pensou se sairiam vivos daquela parte escura de Hud. Tinham passado uma fase, ótimo, mas ela nem queria ver como eram as outras. E tinha agora essa proposta de Rose. Salvar Cody. Porém se ela se entregasse, praticamente destruiria Hud. Decisões difíceis. Seu coração mandava ela ir naquele mesmo instante salvar Cody, mas a razão dizia para ela ficar e lutar por Hud.

Era isso então o que Maya disse. Escutar a razão ou o coração. Maya disse para ouvir a razão. Maya tentou avisar Emma do que iria acontecer.  E agora? Emma ainda não tinha as respostas, mas precisava pensar seriamente em relação a isso.

Decisões não são fáceis, principalmente quando se está desesperado. Entre o certo e o fácil, Emma sabia qual deveria escolher, porém ambos tinham consequências nada legais. Mas Rose estava usando as armas que tinha.

Afinal, era uma guerra.


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Notas finais do capítulo

Capítulo horrível, falei. Bom, tentarei postar o mais depressa possível, mas caso ñ tenha jeito, minha opção vai ser excluir Herdeiras do Trono. Talvez.
Beijo :*



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