8. Insuportavelmente sufocante

Bella pov.:

 Sufocante.

Acho que essa palavra é o mais próximo que eu conseguira chegar de uma boa descrição do que sinto.

Toda essa situação era insuportavelmente sufocante. Eu me sentia um jarro vazio, sem propósito. Era como se meu pulmão fosse uma reserva de ar limitada. Que a cada dia, a cada hora, a cada segundo, perdia mais e mais ar, deixando o meu ser desesperado enquanto estava em busca de mais.

E esse ar era ele. Um ar que eu nunca tive o direito, nem nunca terei. E por esse motivo parecia que o meu “eu” estava morrendo lentamente, gradativamente ele ia se desfazendo, se deteriorando.

Eu levantei lentamente, temendo o calendário. Nos últimos dias ele vem sendo meu maior inimigo. Parecia que não havia feriados nem fins de semana nele. Ele estava em uma guerra particular comigo, onde só constava dias de “segunda à sexta”.

Suspirei pesadamente. Ainda Quinta-feira.

- Dois dias, Bella. Dois dias. Só mais dois dias- eu repetia para mim mesma como um mantra.

Entrei debaixo do chuveiro e deixei a água quente cair em meus ombros, me fazendo relaxar quase que instantaneamente. Permiti-me esquecer um pouco de tudo e me concentrei apenas em relaxar.

Saí do banheiro, me vesti calmamente e desci as escadas em direção a minha picape.

Enquanto dirigia para a escola tentei não pensar nele. Juro que tentei, com todas minhas forças. O meu estádio já estava ficando grave. Não conseguia pensar nem em seu nome sem sentir pontadas em meu peito. Doía saber que nós nunca poderíamos ficar juntos.

Avistei a escola e comecei a me animar. Tinha esperanças que ele desistisse, não viesse falar comigo. Seria mais fácil. Ele não merecia ficar triste, de novo.

Estacionei a picape e procurei por ele. E o encontrei. Ele estava pensativo: alienado; encostado em seu volvo prata. Mesmo abatido ele ainda continuava lindo, perfeito.

Fiquei algum tempo sentada em minha picape, só o admirando. De longe. Havia acordado cedo hoje, então tinha muito tempo livre ainda. Faltando 10 minutos para o sinal tocar saí da minha picape resolvi sair, com a cabeça erguida e orgulhosa por não chorar. Não agora, pelo menos.

Tudo o que eu estava sentindo- todo aquele orgulho, amor próprio, felicidade- se esvaiu no momento em que olhei para o lado. Hilary estava agarrada no pescoço de Edward.

Eu tinha plena consciência que não era nada dele, que ele era livre, hilary era sua ex; portanto era normal ele querê-la de volta... mas, mesmo assim, mesmo sabendo de tudo isso, eu não suportei eu amava ele, ela foi quem falou mal de mim para toda a escola. E isso, mais do que tudo, eu não podia suportar.

 Sái andando, sem, necessariamente, saber para onde estava indo. O ar que havia abandonado meus pulmões começou a voltar. Mas em forma de choro, de depressão. Eu não podia. Não ali. Eu tinha que ser forte. Minha consciência estava me deixando. Como uma bexiga que estamos retirando o ar, lentamente.

Eu deveria estar com uma aparência muito engraçada; como uma bêbada, pois estava andando cambaleando para os lados sem conseguir controlar meus movimentos; tentava - a todo momento - abrir mais os olhos, afastar a escuridão de mim;porém, cada vez mais ela me incomodava, me sufocava, até que cheguei na porta do banheiro feminino, e desabei. 

Ao longe eu só ouvi a voz de Jake gritar meu nome, e logo em seguida senti minhas pernas fraquejarem e eu ir de encontro ao chão. Depois disso? mais nada.

Quando abri meus olhos - Em um processo bem lento - Vi que estava na enfermaria do colégio. Ao lembrar o motivo de eu estar ali eu, rapidamente, senti um aperto no peito. As lágrimas escorriam por meu rosto. Sabia que não conseguiria segurá-las por muito tempo.

- Bella? Você acordou? - eu me surpreendi com a voz. Qunado me virei, vi Edward enconstado na soleira da porta.- Bella porque está chorando? - ele deixou uma bandeja com algumas coisas para comer em cima de uma mesinha e correu até mim.

Ele me abraçou fortemente enquanto eu soluçava e molhava sua camisa. Ele me afastou um pouco e limpou minhas lágrimas.

- O que aconteceu? De repente eu vi você no chão. - ele disse preocupado.

Eu olhei para o chão corando e tentando desviar o olhar de Edward. Eu não poderia contar isso a ele.

Assim que levantei meu olhar me assustei com a proximidade de Edward de meu rosto. Mas não consegui parar de olhar dentro de seus incríveis olhos verdes.

Sem perceber eu fui me aproximando dele do mesmo jeito que ele fazia. Ele segurou meu rosto com as duas mãos e eu fechei os olhos.

Ele deu um leve selinho, como se quisesse saborear o beijo antes de aprofundá-lo. Apenas com o suave toque de seus lábios eu fiquei arrepiada.

Ele deu outro leve selinho e logo em seguida prensou os lábios nos meus. Ele passou a língua suavemente em meu lábio inferior e instintivamente eu abri um pouco meus lábios dando passagem a sua língua.

Assim que elas se tocaram eu senti um choque percorrer por todo meu corpo. Não sabia ao certo o que estava sentindo naquele momento, mas era a melhor sensação que eu sentira na vida.

Depois de um tempo o ar foi acabando e nos separamos. Ele me olhou intensamente e acaricio meu rosto com uma das mãos.

- Eu te amo. - ele disse fazendo com que eu soltasse internamente.

Eu te amo. A frase ecoava o tempo todo em meus ouvidos, mas, aos poucos essa frase foi ficando mais distante, assim como a imagem de Edward.

Eu gritava e a todo tempo eu tentava me agarrar a consciência, mas eu não conseguia me manter acordada e num momento de desespero abri meus olhos e gritei a plenos pulmões.

- Bella? Tudo bem? Como você está se sentindo? - perguntou Jacob preocupado. Percebi que a sala da enfermaria estava vazia, a não ser por Jacob que estava sentado em uma cadeira ao lado da cama onde eu me encontrava.

- Onde está Edward?

- Edward? - ele perguntou confuso.

- É, ele estava aqui! - eu disse a beira do desespero.

- Bella, eu estava aqui o tempo todo, ele com certeza não apareceu por aqui.

- O que ? Ele não... - eu tive um lapso de consciência e percebi: tudo aquilo foi um sonho. Então, eu e Edward não...

Depois de concluir que aquilo não passara de uma fantasia de minha cabeça um buraco se abriu em meu peito.

O que eu estava pensando? Edward nunca diria algo assim para mim, eu e ele nunca... - não conseguir nem completar meus pensamentos e pesadas lágrimas escorriam de meu rosto.

- Calma Bella, calma. - disse Jacob afagando meu cabelo enquanto me abraçava. Eu tentava - em vão - me acalmar, mas os soluços denunciavam, pelo menos, uma pequena parcela do tamanho da minha dor.

Meu peito chegava a doer de tanto que eu chorava, mas eu simplesmente não conseguia parar.

Eu me agarrava cada vez mais a Jacob, na tentativa de tentar amenizar a dor. E incrivelmente Jacob me proporcionava isso, fazendo a dor se tornar menos agressiva. Deixando-me respirar um pouco e escapar daquela situação insuportavelmente sufocante.

Mas ele não me fazia esquecer totalmente dela, e essa pequena parte de mim, que insistia em pensar em meu sonho, fazia com que eu chorasse.

Eu senti as mãos de Jacob passarem por baixo de minhas pernas, e em seguida me senti ser levantada da cama onde eu estava deitada.

Eu mal ouvia as coisas em minha volta, meus soluços abafavam todos os sons. Ao longe eu ouvi:

- Senhora Leawis eu queria pedir uma dispensa para Bella, ela não está em condições de assistir às aulas hoje.

Fechei os olhos e procurei me concentrar em diminuir o barulho de meus soluços, nada mais. Apenas me sentia sendo carregada e depois de um tempo fui posta em algo macio.

- Bella, se acalme. - disse Jacob me tirando de minha concentração. Eu assenti e aos poucos meus soluços foram diminuindo até se extinguirem. - Assim está melhor. - ele disse sorrindo para mim e limpando minhas lágrimas.

- Jake eu...

- Não se preocupe, depois a gente conversa. Primeiro vou te levar para casa. - ele disse me cortando. Eu apenas concordei e tentei relaxar um pouco durante a viagem para não incomodá-lo.

Chegamos em casa e eu dei minhas chaves para ele. Ele abriu a porta e me deu passagem. Depois de trancar a porta, ele seguiu comigo até o sofá.

- Bella, me conte o que houve. - ele falou.

Eu não pude deixar de notar preocupação em sua voz. Eu hesitei um pouco antes de falar, eu não sabia se teria forças para contar sobre tudo.

- Pode confiar em mim Bella. - ele sorriu abertamente para mim.

Era possível se ver a aura familiar que Jacob transmitia. Eu senti que podia confiar nele, como se fosse um irmão.

Eu acabei contando tudo. Desde o dia do enterro de minha mãe, de quando eu me mudei para Forks, sobre Edward e ele ouvia tudo pacientemente. Apenas ocultei as partes constrangedoras do sonho, apenas contei que sonhei que ele estava na enfermaria.

- Jake, desculpe por tomar seu tempo, eu sei que eu...

- Bella, Bella. - ele falou. - Eu estou aqui por que quero entendeu?

- Mas Jake...

- Mas nada, eu sou seu amigo, amigos estão juntos em todos os momentos. - ele disse sorrindo carinhosamente para mim.

- Obrigada, Jake. - eu disse envergonhada. Ele riu por eu corar, mas rapidamente ele ficou sério.

- Esse tal de Edward... ele te faz mal Bella, muito mal. Você não vê?- ele disse com evidente raiva na voz.