"Ciel...

Um homem de barbas brancas e olhos roxos e estranhos, como um caleidoscópio místico, vestido com trapos de cor negra, acorda de um sono em sobressalto. Olha para cima e vê a noite escura. Dormia em uma cama de feno e não poderia exigir muito do estado, pois era o melhor que recebia em três meses. Três longos meses. 

- Sim, meu Senhor? - Ele diz, ainda acordando do susto.

Você anda se subjugando muito, meu amigo Ciel. Ainda me lembro de quando era jovem e forte. E continua tentando pregar minha existência, embora ninguém mais o faça, ou acredite.

- Claro que sim, meu Senhor, que outra coisa deveria fazer? É meu destino e minha vontade, Senhor.

Eu acredito Ciel. Você é o melhor oráculo que tenho em seis mil anos. Por isso quero lhe dar a chance de ter uma vida mais confortável. Sem tanto sofrimento. Quero que seja como Delfos, meu primeiro Oráculo, apesar dele me referir pelo nome errôneo de "Apolo", de onde achas que Delfos tirou tal nome, Ciel?

- Não imagino, Senhor. 

Naturalmente. Agora, quero lhe falar sobre seu teste.

- Teste? Vós querei dizer sobre... a nova vida?

Sim. Para provar sua fidelidade, peço que você, meu oráculo, que me diga o que esperas de mim. Apenas e somente isso.

- Querei que eu faça isso mesmo, meu Senhor? Não faráis o mesmo que fez com seu décimo primeiro escolhido, Abrãao?

Não, nunca! Nunca faria isso com você Ciel. Você é especial, diferente dos outros. E merece reencarnar eternamente. Ser feliz e imortal. Como um deus. É isso que espero que aceito, Ciel."

- Akira-kun? Akira!!

Ox chamava Akira repetitivamente. Akira olha em direção á Ox como se tivesse acabado de sair de um transe. Na verdade, não olhar. Pois seus olhos eram cobertos por bandagens. 

- D-desculpe, Ox! E-eu, preciso ir! - Akira sai correndo em direção aos dormitórios do aposento onde viviam os jovens acolhidos pelo grande mestre Kaito. Ox fiva olhando Akira sair correndo, atordoado.

- Akira, espere!

Mas era tarde. Akira fecha a porta do quarto e se senta ao lado da porta, em posição fetal. Ele suava sem parar e sua respiração estava pesada. Seus olhos brilhavam por detrás da bandagem, num tom roxo luminoso. Ele tentava cobrir os olhos com a mão mas não conseguia.

- Pare! Pare com isso! – Gritava Shround para lugar nenhum. – Eu não quero ver isso novamente! Não quero!!

Ciel...

E uma visão é recebida por Akira. Uma visão do passado.

FLASHBACK / ABRE

- São gêmeos. Meus parabéns, senhora Droire.

Era uma sala de parto. Uma mulher de cabelos pretos de mechas brancas, vestida com roupa hospitalar, segurava em seus braços dois bebês. Um deles tinha pequenos olhos brilhantes recém-formados. E o outro, olhos escuros. O médico, tinha cabelos castanhos e queixo fino, com um rosto bem bonito, aparentando ter quarenta, trinta e oito anos.

- O de olhos claros se chamará Tenma. E o de olhos escuros, Mephisto.

- Mephisto? Tem certeza? Pelo que soube, é nome de mal agouro, Serenity.

A mulher olha para os filhos com um ar de carinho e em seguida se volta novamente para o doutor.

- Não se preocupe doutor Walker. Uma pessoa muito sábia uma vez me disse que meus filhos serão bons e se eu não cometesse injúrias, um guiaria o outro para a luz.

Quando ela olha novamente para os garotos, vê que o pequeno Mephisto estava dormindo. Ou não.

FLASHBACK / FECHA

- Eu não quero ver mais! Chega! 

- Akira?! Akira! Abre a porta! – Ox falava batendo na porta com força.

- E-eu... não... q-quero. Não. Quero... não.

FLASHBACK / ABRE

 - Você poderá cuidar dele?

Serenity falava á porta de um senhor de cabelos prateados, com um corpo musculoso e o símbolo de uma rosa dos ventos azul nas costas. Usava uma bandana vermelha no pescoço e não usava camisa.

- Claro, Serenity. Sabe que tenho capacidade para isso. Sempre soube eu acho.

- Sim. É verdade. Afinal, você é um elemental, sim, Kaito? - Serenity Droire se abaixa e coloca uma pequena manta numa pedra num rego d'água. A água levanta a manta revelando um jovem bebê de feições claras e o símbolo de uma rosa dos ventos branca no braço direito.

FLASHBACK / FECHA