Emma ficou paralisada por um segundo e Regina riu da cara de espanto da loira.

- Não, ela é uma duquesa.

A morena respondeu soltando seu braço do da amiga para poder entrar na porta estreita da igreja.

- Não acredito! A desgraçada é duquesa!

Emma pensou com raiva, mas infelizmente não poderia quebrar ou bater em nada por ali, que era um lugar público, mas não um lugar qualquer, era uma igreja. Então a loira se controlou, respirou fundo e seguiu Regina até a sala do reverendo, que já as esperava.

- Regina, querida!

O homem de meia idade se levantou da onde estava sentado e abriu um enorme sorriso, indo até a morena e lhe abraçando fortemente.

- Reverendo Marcelo! Como o senhor está?

- Estou ótimo!

Marcelo respondeu terminando o abraço e direcionando sua atenção para Emma.

- Então esta deve ser a jovem sortuda que vai se casar com a minha bela Regina!

O reverendo disse animado, arrancando um meio sorriso de Emma, mas Regina logo interviu.

- Não, não é com ela que eu vou casar.

- Não?

- Não. Essa é a Emma, a minha madrinha.

- Ah, entendi.

Marcelo sorriu um pouco sem graça e foi abraçar a loira.

- Sentem-se, por favor.

Ele soltou Emma, apontou para as poltronas e foi caminhando até a sua, sendo seguido pelas duas mulheres.

- Vamos falar sobre o casamento.

- Tudo bem.

Regina sorriu.

- Eu preciso de alguns detalhes sobre você e a...?

- Ruby.

- Ruby.

O reverendo repetiu, anotando o nome da garota em seu caderno, que estava em cima de uma pequena mesa.

- Aconteceu muito rápido, sério.

- Me conte tudo.

A morena suspirou um pouco nervosa, ela mal sabia por onde começar e Emma, percebendo isso, falou:

- Regina, você precisa abrir o coração para os votos e contar para o reverendo Marcelo tudo que sabe sobre a Ruby. Tudo que ama nela.

- Ah, tá.

Regina agradeceu Emma com o olhar, algo que a loira entendeu perfeitamente e fez questão de continuar o que dizia:

- Mas não só as coisas óbvias, você tem que contar aquelas características únicas da Ruby.

- Aham.

- Coisas que fazem você rir e falar: É a cara da Ruby.

Emma sorriu e se levantou de sua poltrona.

- Eu também acho que o senhor deveria colher informações sobre a Ruby.

A loira falou olhando para o reverendo, que prestava bastante atenção.

- E enfatizar a empatia delas, a histórias das duas.

- É claro!

Marcelo anotou tudo em seu caderno e depois voltou a olhar para Regina, enquanto Emma andava pela sala e observava os vários livros que compunham as estantes.

- Podemos falar de amor à primeira vista. O que acha?

Regina sugeriu.

- Bom, esse é um assunto que sempre agrada o público, mas pense melhor Regina, me conte coisas sobre ela. O que você realmente sente?

- Ah.

Regina suspirou novamente. Tudo havia sido tão de repente que ela não fazia a mínima ideia de como explicar seu amor por Ruby.

- Para você começar a se soltar, vou te fazer algumas perguntinhas primeiro. Pode ser?

- Pode sim.

- Onde vocês se conheceram?

- Na Escócia.

Quando o reverendo pretendia fazer a próxima pergunta, Emma viu um nome que lhe chamou atenção na capa de um livro e gritou:

- Modigliani!

Regina e Marcelo voltaram sua atenção para a loira, que começou a se aproximar novamente de sua poltrona.

- No seu primeiro verão em Nova York, você estava namorando uma garota que trabalhava em Wall Street. Ela pediu para vocês morarem juntas, só que você estava insegura e foi nessa época que você descobriu o pintor Modigliani.

Emma fez uma pequena pausa e continuou:

- Você ficou obsecada com um quadro dele que tinha uma mulher com uma echarpe azul segurando um bebê. Aí você disse: Esse quadro capturou a essência daquela mulher melhor do que qualquer foto.

- Eu não acredito que você se lembra disso ainda.

Regina falou com um sorriso bobo no rosto. Como era possível Emma se lembrar de uma coisa tão antiga quanto aquela? Regina pensou, ficando realmente impressionada e se considerando muito sortuda por ter a loira como sua melhor amiga.

- Eu também me lembro de que você surtou, porque ficou mais apaixonada por aquele quadro do que pela garota de Wall Street.

Emma se sentou novamente em sua poltrona.

- Foi aí que você pensou se algum dia encontraria alguém que te fizesse se sentir tão apaixonada quanto aquela obra de arte.

Essa parte a loira falou olhando no fundo dos olhos de Regina, hipnotizando-a com seus olhos verdes.

- Isso foi ótimo!

O reverendo exclamou sorrindo.

- Não só ótimo, foi excelente!

Ele anotou o nome do pintor em seu caderno.

- Agora eu sei por que a escolheu para ser sua madrinha.

Marcelo disse para Regina, que abriu um largo sorriso para Emma, que retribuiu.

- Obrigada reverendo.

Emma agradeceu ainda com um lindo sorriso estampado no rosto.

Depois de ficarem mais ou menos uma hora falando com o reverendo, as duas foram embora e decidiram ir a algum restaurante para almoçar. Escolheram ir a um restaurante mexicano que há tempos não iam. Assim que chegaram, escolheram a mesa e o garçom veio atendê-las. Ele anotou o pedido e se retirou rapidamente.

- Emma, eu estou impressionada até agora.

- Como o quê?

- Com o que você falou para o reverendo!

- Aquilo não foi nada, Gina.

Emma tentou soar como se aquela declaração que havia feito tivesse sido algo simples e super fácil, mas no fundo, nem ela sabia da onde tudo aquilo tinha vindo. A única coisa que sabia era que havia se entregado ao seu sentimento e usado o coração, em vez do cérebro, para falar.

- Foi sim! Eu nunca ouvi você falando daquele jeito tão intenso. Eu me arrepiei inteira.

Regina sorriu, fazendo Emma sorrir também e se sentir muito feliz por ter conseguido agradar a morena.

- Obrigada.

Depois de um tempinho, os pedidos chegaram e elas começaram a comer. Ficaram rindo e conversando sobre várias coisas, uma delas foi sobre o chá de panela de Regina.

- Eu estou tão animada!

- Vai ser incrível! Eu prometo.

Emma falou tentando não demonstrar seu nervosismo, já que ela ainda tinha algumas coisas para fazer e o chá de panela era no dia seguinte.

Quando terminaram o almoço, pagaram a conta e Emma deixou Regina em casa.

- Obrigada por tudo amiga.

- Magina. Você sabe que sempre que precisar, pode contar comigo.

- Eu sei.

Regina deu um beijo na bochecha da loira e saiu do carro. Emma esperou a morena entrar no prédio e depois foi embora. Assim que chegou em seu apartamento, mandou uma mensagem para suas amigas dizendo que precisava delas urgentemente . No mesmo momento todas responderam, falando que estariam no apartamento de Emma em uma hora, menos Aurora, que pediu desculpas, mas não poderia ir devido a um compromisso de trabalho. Emma então decidiu colocar uma roupa mais confortável e depois ficou esperando as meninas, que dentro de uma hora pontualmente, tocaram a campainha.

- Oi gente! Ainda bem que vocês vieram!

A loira sorriu nervosamente, dando passagem para as três mulheres entrarem.

- Aonde é o incêndio Emma?

Mulan falou rindo.

- É mesmo Emma, na mensagem você parecia desesperada.

Ashley completou.

- Mas eu estou desesperada.

- O que houve?

Mary Margaret perguntou preocupada.

- Eu preciso de toda ajuda possível.

- Com o quê?

Mulan questionou com curiosidade.

- O chá de panela da Regina é amanhã e eu ainda tenho coisas para serem feitas!

- A gente te ajuda, Emma, fica tranquila.

Mary Margaret disse rindo da aflição da amiga.

- O que temos para fazer?

Ashley questionou com medo de ser muita coisa.

- Vamos ver.

Emma foi caminhando até uma mesa que tinha em sua sala e fez menção para que as outras três a seguissem e se sentassem. Em cima da mesa tinha um papel, que Emma o pegou e começou a lê-lo com atenção.

- Amanhã de manhã o pessoal vai vir montar as caixas de som, as mesas e as cadeiras, mas eles só fazem isso, então nós temos que cuidar da decoração do apartamento. A comida vai ser entregue meia hora antes do chá, então não temos que nós preocupar com isso.

- Então nós só temos que fazer a decoração?

Ashley falou animada.

- Não, nós também temos que montar as cestas, que é a parte mais complicada.

- Cestas?

Mulan perguntou confusa.

- São os presentes do chá de panela.

- Então vamos começar logo!

Mary Margaret exclamou com um sorriso, que Emma logo retribuiu e foi buscar o material para que pudessem começar. Depois das quatro passarem praticamente duas horas decorando o apartamento, que incluía a varanda da gigantesca cobertura da loira, elas se sentaram novamente na mesa.

- Agora vamos fazer as cestas?

Emma perguntou e as três mulheres balançaram a cabeça positivamente, com um sorriso no rosto.

As quatro ficaram mais duas horas fazendo aquilo, que realmente era o mais complicado, já que elas tinham que ter o máximo de cuidado com tudo que ia dentro da cesta, que depois de pronta, tinha que ser colocada em uma embalagem transparente e para finalizar, um laço bem grande e bonito tinha que ser amarrado.

- Ah, finalmente terminamos!

Emma falou exausta.

- Muito obrigada gente, nem sei como agradecer vocês!

A loira abriu um lindo sorriso e as outras três retribuíram.

- Na verdade, eu sei como você pode.

Ashley disse em um tom malicioso, olhando para Mulan, que logo entendeu a ideia e sugeriu:

- Que tal um striptease?

As duas, ao verem a cara de espanto de Emma e de Mary Margaret, começaram a rir desesperadamente.

- Calma meninas, é brincadeira.

Ashley se explicou, limpando as lágrimas que escorriam por seus olhos.

- É, fiquem tranquilas, nós nunca pediríamos isso pra vocês, a não ser que vocês queiram.

Mulan falou voltando a rir e levantando a mão para que Ashley batesse.

- Vocês não tem jeito mesmo.

Mary Margaret falou começando a rir, sendo acompanhada por Emma.

- O striptease eu não vou fazer mesmo, desistam.

Emma mostrou a língua para as duas, que fingiram estar emburradas.

- Mas que tal o meu strogonoff de frango acompanhado de batata palha?

A loira sugeriu e Mulan e Ashley logo aceitaram, balançando a cabeça positivamente e com um enorme sorriso.

- Vou lá preparar.

- Eu te ajudo.

Mary Margaret seguiu Emma até a cozinha, enquanto Mulan e Ashley se sentaram no sofá da loira e ligaram a televisão.

- Então, como andam as coisas com a Regina?

A morena de cabelos curtos perguntou pegando as panelas.

- Como madrinha, eu acho que estou me saindo bem até agora.

Emma respondeu colocando todos os ingredientes em cima da mesa.

- E como conquistadora?

- Aí já é outra história.

- Ela não sacou que você sente alguma coisa?

- Não, mas eu também não dou muita bandeira e tento disfarçar ao máximo.

- Por quê?

- Porque eu acho que preciso sondar a Regina primeiro e descobrir se ela sente algo a mais por mim. Caso não sinta...

Emma suspirou tristemente e continuou:

- ...ela ficaria muito chateada comigo, pois está feliz com outra pessoa e eu tenho certeza que a nossa amizade nunca mais seria a mesma.

- Você tem razão, mas tenta ficar tranquila, vai dar tudo certo e você vai conseguir.

- Eu espero que sim.

As duas sorriram e a loira começou a cozinhar seu strogonoff, que era uma das poucas coisas que sabia fazer, mas era realmente gostoso.

Enquanto Emma cozinhava, Mary Margaret colocava os pratos, os talheres e os copos na gigantesca mesa da sala de jantar. Depois de pronta, a loira levou a comida para a mesa e chamou as meninas para que pudessem começar a comer. As três elogiaram o strogonoff de Emma, que estava delicioso. Quando terminaram, Mulan e Ashley foram ajudar as amigas a arrumarem a cozinha.

- Obrigada por tudo gente!

Emma agradeceu mais uma vez, abrindo a porta para as três mulheres passarem.

- Imagina!

Elas disseram em coro, dando um abraço coletivo na loira.

- Boa sorte no chá amanhã.

Mary Margaret sussurrou.

- Obrigada.

Emma sorriu e suas amigas foram embora. Assim que fechou a porta, ela decidiu tomar um banho e ir dormir, já que amanhã o dia seria cheio e extremamente longo.