Eduardo estava no cinema quando Monica ligou. Não atendeu. Mas avisou aos amigos que se dirigia ao banheiro. Chegando lá, ligou para Monica:

–Oi Mo – Sim, a relação deles já tinha avançado até aquele ponto- O que foi? Tava no cinema...

–Putz, Edu, eu queria sair contigo, mas não vai rolar né?

–Nããão, olha, depois daqui, a gente pode ir pro clube que eu sou sócio e depois vamos pra minha casa.

–Bom, ta. Qual é o clube?

(...)

–Eduardo, que clube mais bonitinho.

Era tão lindo, piscinas azuis e grandes, lanchonetes organizadas e um parquinho pras crianças. Ao longe, Monica via duas quadras, uma de areia (com a areia mais limpa que ele já tinha visto) e uma poliesportiva (daquelas com gol, cesta, rede etc...) E atrás do parquinho, tinha “quiosques” com churrasqueiras, rádios e amigos rindo.

–Onde a gente vai ficar Edu?

– Ali ó – E apontou um lugar lindo, que era cercado por flores, logo abaixo de uma arvore, perto das piscinas e das quadras.

(...)

Monica falava sobre um tal Barrao e Mutantes, mas ele não entendia nada. Entao mudou de assunto e começou a falar de novelas. Dessa vez, ela que não entendeu.

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus

Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud

E o Eduardo gostava de novela

E jogava futebol-de-botão com seu avô

E por isso, foram pra casa de Eduardo. Assistiram um filme, e ficaram abraçadinhos Monica continuava falando coisas que ele não entendia, mas aparentemente, “plantão central” era algo que fascinava a garota.

A única coisa que interessou a Eduardo, foi o papo sobre meditação.

Ela falava coisas sobre o Planalto Central

Também magia e meditação

E o Eduardo ainda tava no esquema

Escola, cinema, clube, televisão

(...)

Já em sua casa, Monica mandou um Sms pra Eduardo.

Dizia: “Saudades, te vejo amanha”

Eduardo ficou um pouco confuso, primeiro por que não era muito normal sentir saudades depois de um dia inteiro juntos. E depois, porque não tinham combinado nada pra amanha.

Deitou-se e dormiu

(...)

A cada dia que passava, eles se encontravam mais frequentemente. Em bares, no clube, em casa, ou no cinema. Desde que se conheceram, havia se passado três meses. E é claro que a relaçao estava adiantada. Bom, era o que ele achava, pelo menos. Eduardo sentia como se Monica tivesse se tornado uma parte dele, uma parte que jamais poderia ser retirada

. Monica, apesar de esconder um pouco, sentia o mesmo.

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente

Uma vontade de se ver

E os dois se encontravam todo dia

E a vontade crescia, como tinha de ser

Monica sempre se interessara por artesanato e coisas do tipo, e pelo que Eduardo percebera, ela já tinha feito curso de tudo o que se pode imaginar.

Eduardo e Monica fizeram aulas de artesanato e Eduardo odiou, diferente de Monica que sempre gostara daquilo. Sua mãe tinha lhe ensinado antes de morrer e desde então, ela fazia o possível para treinar e se esforçava muito. A própria Monica fazia questão de contar a ele, tudo que ela sabia (e ela sabia muito) sobre musica, filmes, os cinco sentidos, os quatro elementos e etc..

Eduardo nem sempre prestava atenção, mas com uma garota bonita daquelas na frente dele, era dificil mesmo de se concentrar. Eduardo olhava fixamente pro rosto dela, e ela mexia a boca. E Eduardo ouvia, ao longe, sussurros: “Agua, terra... tem um quinto...eles combinam... e forma o tal... mas depende do que... para alguns, é metal....” Mas uma coisa que Eduardo sabia, é que ele nunca, nunca em toda sua vida, tinha conhecido alguém tão amável quanto Monica. Garota inteligente, bonita, simpática e tudo o mais.